O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 4 de junho de 2011

Eleições:O que há... é o que está à vista! Enquanto permitirmos...

Nenhum dos partidos candidatos tem créditos suficientemente firmados para constituírem um veiculo de esperança para os cidadãos.

Não têm crédito porque não têm passado que dê garantias minimas e atitude politica que inspire confiança na sua governação. Qualquer dos partidos susceptíveis de vir a integrar o futuro governo, já tiveram oportunidade de governar embora com outros interpretes e todos eles se limitaram a gerir consequências, não a gerarem causas, a sobre elas reflectirem, ponderarem e implementarem.

Hoje, claro, com diferenças de actuação histórica pouco relevantes, por terem sistemática e pendularmente agido afinados pelos mesmo diapasão, o seu, deparam-se com o mesmo resultado, o qual só difere na sua dimensão daqueles que se apresentavam no final de cada legislatura, plena ou encurtada.

O Sacro-Santo Estado não se adaptou a uma existência terrena porque, de facto ninguém teve capacidade (dimensão!) e determinação para o reformar. A economia se evoluiu nalguns sectores ou domínios, decresceu ou desapareceu noutros sectores e domínios, continuando a não gerar a riqueza suficiente para um pais europeu com dez milhões de habitantes se considerar sustentável.

Tudo isto por obra dos Governos, dos Partidos, da classe politica, das elites em geral com particular destaque para a económica e intelectual e também, claro está, do povo que não gerou melhor.

Todos se limitaram a gerir consequências e muito raramente a gerar causas. Ninguém com poder efectivo tem ou apresentou uma estratégia para este pais, por isso andam, andamos todos à deriva ao sabor dos ventos e marés, sem saber por onde andamos ou, pior, para onde nos dirigimos.

Amanhã, por via das eleições, nada de novo vai suceder, ganhe o PS ou o PSD/CDS! A duvida que ainda restará por esclarecer hoje, é se o Sócrates vai ser punido ou não!

Convenhamos que é muito pouco para quem precisa de tanto!

Mas é de coisa pouca que tem sido feita a pratica e condução políticas deste pais.

Aproveitando para responder a um email de um visitante do Blog acerca da ausência de posição expressa do mesmo sobre a contenda eleitoral diremos que, realmente um cidadão deve participar no acto eleitoral, votando nos representantes que melhor defendam o que pensa e lhe mereçam confiança!

Só que se assim o fizerem...ficam em casa (na sua grande maioria).
O cidadão confrontado com a ausência de expectativa de que os mandatários que se elegerão interpretem a sua vontade e o dever de participar, confronta-se com a desesperança de não se ver representado, qualquer que seja o resultado eleitoral, por clara escassez da oferta.

Participar votando, deste modo, é legitimar a actividade política, das mais nobres actividades comunitárias, tal como ela vem sendo desastrosamente desenvolvida, isto é, como variações constantes sobre o mesmo tema, a que podemos apodar: “Do elogio ao poucochinho”!

Por isso, a participação não pode nem deve quedar-se pelo voto. Para que tudo, um dia, possa ser diferente o voto, que realmente deve entrar na urna, não deve ser mais que uma das formas de participação do cidadão, entre inúmeras outras que vão da assembleia do condomínio, à escola, ao partido, à associação recreativa, à associação de moradores, de comerciantes e industriais, aos movimentos de defesa de interesses comunitários variados, à denúncia de violações de direitos dos consumidores, etc., etc., etc.

A abstenção que quanto a nós, não fora sabermos que na maioria dos casos é resultado do total alheamento e falta de educação comunitária, poderia ser uma forma de participação por omissão, quando a oferta partidária é redutora, escassa e não convincente quando ao rigor na interpretação e representação da vontade popular.

Exactamente por isso não é a forma adequada à participação que é necessária e exigível numa comunidade de cidadãos e muito mais numa conjuntura tão adversa quanto a que vamos defrontar a partir de 2ª feira. Sim porque as medidas que estão na culatra só por causa das eleições, e do branqueamento dos candidatos, ainda não foram disparadas contra aqueles que, têm também a sua quota parte de culpa, por omissão, mas não têm, nessa culpa, qualquer dolo.

O mesmo não se pode dizer dos candidatos que amanhã esperam o voto, tendo prometido dolosamente, representar os interesses dos seus mandantes!

Mas estes só são os políticos que temos, porque nos mantemos arredados da vida comunitária! Só sobre isto, é que não há qualquer dúvida!

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