O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

terça-feira, 17 de março de 2009

METAMORFOSE DOS VALORES E DESVALORES

Um tipo vestindo jeans, t-shirt e boné, encosta-se junto à entrada de uma estação de metro, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora "rush" matinal.

Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos transeuntes.

Ninguém conhecia a sua identidade. Tratava-se do músico Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, que ai executava peças musicais consagradas, tocando um instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, cujo valor está estimado em mais de 3 milhões de dólares.



Alguns dias antes Joshua Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a 'bagatela' de 1000 dólares cada.


A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no pescoço, absolutamente indiferentes ao som do violino.

A iniciativa foi posta em prática pelo jornal “The Washington Post” e consistia em lançar um debate sobre VALOR, CONTEXTO e ARTE.



De entre outras conclusões possíveis, uma ressaltou: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num determinado contexto.
No caso concreto, Joshua Bell era uma obra de arte sem moldura.
Um artefacto de luxo sem etiqueta de glamour.


Entre centenas, senão milhares de pessoas, que por ali passaram, somente uma mulher reconheceu a música e o músico...

O sistema de desenvolvimento que constitui o modelo generalizado que nos tem formatado, pelo menos ao ocidente dito civilizado e que tende a generalizar-se enquanto conceito modelar, para os países emergentes, comporta em si, senão os germes da sua própria autodestruição, da qual a crise que vivemos actualmente é evidência suficiente e cabal, como os germes da própria adulteração do homem, desde logo pela conversão dos desvalores – excrescências deste modelo de desenvolvimento – em valores, a promoção do acessório ao estatuto de essencial, a degenerescência dos valores até à sua autêntica subalternidade.

3 comentários:

Anónimo disse...

A vida é assim mesmo. Uns são importantes e ninguem os reconheçe. Outros não valem o seu peso em caca e todos os conheçem como grande coisa

Anónimo disse...

Essas cedilhas estão a mais, acrmita...

Anónimo disse...

carmita, queria eu dizer :)

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