Tenho um amigo que me diz que os economistas são tipos perigosos.
Tenho outro que afirma que os economistas são aqueles que hoje estão a explicar as razões porque não aconteceram as suas previsões.
Brincadeira à parte e, salvo excepções que sempre existem, os economistas da nossa praça realmente não têm dado conta do recado.
A maior parte dos economistas comentadores são ou foram membros do Governo sem que, durante os seus mandatos, tenham feito algo que tire o país do atoleiro.
No entanto, diariamente temos que “aturar” as suas lições ao Governo actual de como proceder.
Vemos o Dr. Augusto Mateus alinhar pelo lado dos liberais ( ou neo-liberais ), esquecendo, no entanto que, enquanto Ministro comprou a fábrica de Setúbal com dinheiros públicos (o que a Renault agradeceu porque certamente não encontraria comprador para instalações tão grandes para um país como Portugal), para aparentemente cumprir algum “plano da pólvora”. O que aconteceu é que mais uma vez foi tudo por água abaixo e se atirou dinheiro à rua.
O Prof. César das Neves foi assessor de Cavaco Silva, campeão do liberalismo, o qual após oito anos de Governo, ainda deixou o Estado a controlar muitas empresas que foram privatizadas pelos Governos seguintes.
O Dr. Catroga, não se vislumbra o que fez pelo país como Ministro das Finanças, a não ser gastar mais do que estava autorizado pelo Orçamento aprovado na Assembleia da República, tendo para o efeito aprovado um Orçamento Rectificativo, endividando ainda mais o Estado.
O Dr. Bagão Félix que afirma que os portugueses devem desconfiar do “actual” Governo, foi o tal que , enquanto Ministro de Santana Lopes enganou os portugueses dizendo que a crise tinha passado e aprovou um Orçamento que após alguns meses estava esgotado e, mais uma vez, teve que se aprovar um Orçamento rectificativo.
Foram também ilustres economistas (entre eles o Dr. António Borges ) que há muito pouco tempo propunham, face à falência do sistema de Segurança Social, que o mesmo deveria ser parcialmente privatizado, devendo os cidadãos investir nos Fundos que o mercado oferecia.
Perante a situação actual de insolvência absoluta dos referidos fundos, podemos bem avaliar acerca dos magníficos resultados em que tal ideia, a ter sido posta em prática, teria importado!
O que é incrível é que estes senhores que vêem a solidez dos seus conceitos, reduzida a cacos pelas realidades da vida e da economia, continuam a debitar opiniões e a abusarem como Catilina, da nossa paciência.
Agora criticam os governos por intervirem na Economia, com a possível excepção da Banca, e mesmo assim, criticando as entidades e os modos de interferência do Estado nas mesmas.
Ou seja, ainda não reconheceram, como fez o Snr. Greenspan, que humildemente reconheceu publicamente no âmbito de um inquérito, que, efectivamente, se tinha enganado.
Ora, é esta humildade que falta aos “nossos” economistas que continuam a barafustar contra aqueles que não alinham na cartilha da mão invisível.
O problema desta gente, entre outros, é que concebem a Economia como uma ciência (que pelos vistos não é, ou se é, eles não a dominam) numa espécie de relação com a arte industrial (onde a plasticidade das operações buscam a originalidade duma obra de arte original e única), que colocam no centro do mundo, o qual deve girar à sua volta.
Nesta gravitação, o Homem encontra-se ao seu serviço a pretexto de lhe ser essencial!
Na verdade, não é como pensam e se mais provas fossem necessárias, a recente crise internacional, pela sua profundidade demonstra que, por maiores que sejam os seus cérebros e saberes, dominam tanto a economia como o homem domina o mar.
Esqueceram por tempo demais que a economia é obra do Homem e deveria estar sempre ao seu serviço. Não o contrário, cujo ensaio deu no que está à vista desarmada!
Para esses economistas aqui vão os meus conselhos:
1. Adoptem a humildade intelectual como método de análise e reconheçam que o “vosso” sistema falhou.
E falhou porque deixaram a economia ao sabor de si própria e, hoje, é mais que claro que nunca, que não há nenhuma mão invisível
2. Não adianta, aliás continuar a defender um modelo de desenvolvimento que está esgotado.
Não é verdade que a “morte” do sistema comunista tenha provado que maniqueistamente, o sistema capitalista “vencedor “ era o único possível, porque é fundado num consumismo exacerbado que, para ser satisfeito, esbulha o planeta dos seus recursos naturais, aumenta a diferença entre ricos e pobres e não é capaz de corresponder aos anseios de paz dos povos.
3. Seria, portanto de grande utilidade que utilizassem os seus vastos conhecimentos, não para arranjar soluções/remendos para o regime actual, mas, pelo contrário a CONSTRUIR um novo modelo económico mais justo e sustentável.
Justificariam, assim, o investimento que neles, como em todos os licenciados, foi feito pelo Estado, isto é: por todos nós!
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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3 comentários:
Por experiencia propria posso afirmar que são vendedores rafeiros de sonhos.
Mas porque é que lhes dão tanto crédito? Se calhar sabem mais que os outros que estão calados.
Não é fácil ser ministro das finanças num pais pobre como este.
Podiam todos era gastar menos para interesse do contribuinte.
Socialistas andaram em excursão pelo interior algarvio
No passado sábado, a Federação do PS Algarve levou os seus membros a visitar o interior do Algarve, como forma de dar a conhecer a realidade da Serra e do Barrocal
Aproximar a Comissão Política da Federação do PS dos problemas concretos da região, de forma a identificar as principais dificuldades das populações e depois encontrar soluções adequadas, constitui o objectivo das reuniões desconcentradas, que se irão realizar mensalmente, abrangendo todos os municípios algarvios.
A Rota do Interior foi a primeira, no âmbito do projecto «O PS em Acção», e passou por São Brás de Alportel, Salir, São Bartolomeu de Messines e Monchique.
«As principais preocupações nas zonas mais afastadas dos centros de decisão prendem-se sobretudo com a necessidade de incutir novo estímulo às actividades económicas, aumentar a habitação social e o apoio social aos mais velhos, condição decorrente da profunda dispersão das povoações», considera Miguel Freitas, líder do PS Algarve.
Nesta primeira visita dos socialistas, a nota dominante prendeu-se com a futura cadeia do Algarve a ser construída em São Bartolomeu de Messines, no concelho de Silves. Há vinte anos que o esboço do projecto está traçado, mas só agora o PIDDAC inscreveu 50 milhões de euros para as obras, num processo que se deverá começar a concretizar a partir de 2009. No próximo ano, será desbloqueado o primeiro milhão, sendo os restantes atribuídos entre 2010 e 2011.
O edifício a ser construído em terrenos expropriados pelo Estado, terá a capacidade de acolhimento entre 600 e 800 pessoas, permitindo concentrar toda a comunidade prisional a Sul do país. O projecto, segundo os socialistas, é um dos cinco maiores investimentos a concretizar no Algarve nos próximos quatro anos, e vai criar 450 postos de trabalho, constituindo um foco para o desenvolvimento da economia local, beneficiando principalmente os sectores da restauração e alojamento.
Em Monchique, onde se reuniu a Comissão Política Distrital, o presidente da Câmara Carlos Tuta fez questão de salientar que pretende continuar a desenvolver esforços no sentido de integrar a rede de esgotos num único colector e resolver o problema das suiniculturas existentes no concelho.
Dentro do projecto «O PS em Acção» vão seguir-se as Rotas do Guadiana, do Arade, da Costa Vicentina, da Polis Cidades e da Ria Formosa.
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