O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
sábado, 8 de julho de 2017
Amigos, Amigos, Racionalidade no uso dos recursos e Ineficiências à parte!
O nosso último post “Como comprar votos em vésperas de eleições” gerou alguma controvérsia na blogosfera – o que não é novo, nem indesejável – mas lá por isso, nada nos impede de considerar os comentários, na blogosfera ou fora dela, algumas vezes, injustos, outras vezes aberrantes e muitas vezes de vistas curtas.
Sem recear a critica, seja ela de que natureza for e independentemente do seu mérito, gostaríamos de revisitar o comentário em questão, o qual aproveitamos para ampliar na sua visibilidade reproduzindo-o de seguida, em primeiro plano, para que não restem duvidas acerca da lealdade no debate de ideias no Blog CIDADANIA, antes de entrarmos propriamente na defesa dos nossos pontos de vista, nos quais assentou o nosso último post, aquele mesmo que gerou a indignação do visitante cujo teor transcrevemos:
Luís Guedes disse...
O Blog Cidadania já teve melhores dias, mas, percebe-se... quando chegam as eleições, há que começar a bater no ceguinho, distorcendo e recortando factos conforme dá mais jeito...
No Lavajo e Benaciate, terras do nosso concelho, aonde existem munícipes como eu que também pagam impostos, mas que não têm água em século XXI, empreitada de 1 milhão de euros, com financiamento aprovado por fundos comunitários a 85%, o que significa que para a câmara só decorre uma despesa efectiva de 15%... e olhe que esta obra ando eu e mais 399 e tal famílias que residem no concelho a implorar há décadas!!!
Uns posts mais abaixo, no mesmo blogue, e noutras noticias já vindas a público, inclusivo com direito a discussão pública na sede dos Armacenenses, sabe-se que em Armação de Pêra, sem considerar as substituições de condutas antigas em fibrocimento que já foram efectuadas nestes últimos dois/três anos, a Câmara vai investir 2 milhões de euros, sem financiamento comunitário, portanto, tudo suportado pelo orçamento municipal, por todos os munícipes do nosso concelho, de Armação a São Marcos da Serra (alguns que não sequer têm água pública, como eu), para renovar toda a rede de águas e esgotos da baixa de Armação de Pêra e acabar de vez com o problema das cheias, com um projecto que já está sendo elaborado só pelo maior especialista do país... Nada contra, parece-me muito bem, que se resolva o problema e que se melhore qualidade de vida às pessoas
Eu que resido no Lavajo pergunto então ao Blogue Cidadania se devo continuar a viver sem água em pleno século XXI, para que os senhores autores deste blogue vivam ainda melhor??! Eu não pago impostos como os senhores? Não pago também IMI? Talvez vocês paguem mais, porque escolheram viver à frente da praia... eu vivo no campo, porque não tenho meios para viver à frente da praia, e então devo ser tratado como cidadão de segunda à luz da lei, é isso?!? É a tal igualdade que os senhores defendem?!? Parece que Salazar está de volta para criar desigualdades!
O blogue Cidadania já teve melhores dias. Neutralidade, imparcialidade e independência zero... com as eleições à porta, há que começar a fazer campanha, julgava eu que este blogue era isento na matéria, mas já vi que não e ainda por cima falta ao respeito a mim e a todos os contribuintes que residem noutros locais do concelho que não sejam de Armação de PÊra... nenhum de nós merece, nem os armacenenses!
O nosso visitante snr. Luís Guedes, em “modo” “ofendido” veio, claramente em defesa da sua “dama”, privilegiar, como aquela, o investimento na construção da rede de distribuição de água em Lavajo e Benaciate.
Pensando poder contribuir para um esclarecimento da questão, racional e não exclusivamente político-partidário, vejamos então o seguinte:
A Câmara de Silves gasta anualmente no sistema de abastecimento de água 3,7 milhões de euros, mas a receita obtida com a venda do serviço é de 3 milhões pelo que o prejuízo é de 700 mil euros anuais.
Com este prejuízo anual, recorde-se: de 700 mil euros, a Câmara de Silves ou qualquer outra, tal como qualquer cidadão, ou recorre ao crédito, engrossando a divida, ou retira o dinheiro de outras verbas do respectivo orçamento, de “caras” ou de “cernelha”, que deveriam ser investidas, dizemos nós, no desenvolvimento do concelho.
Atentando nos seguintes factos:
As perdas de água ascendem a 60 %, o que quer dizer que mais de 3 milhões de m3 vão “pelo cano” que não o do abastecimento público, o que representa cerca de 1,5 milhões de m3/ ano.
Nos últimos 5 anos só foram reabilitados 2,1 km de rede, quando deveriam de ter sido 45 km.
Como é que podemos concordar com a prioridade do investimento em Lavajo e Benaciate?
Não seria mais racional canalizar o investimento na deteção de fugas, reduzi-las a metade e recuperar pelo menos 750 mil euros?
Por outro lado, não podemos deixar de ter presente que falta de água pública não impediu que alguns residentes em Lavajo e em Benaciate tenham construído as suas piscinas, não tendo nós nada contra as piscinas ou contra quem tem meios para tê-las.
Sucede é que ainda temos menos contra a racionalidade ou contra as medidas de força maior que se justificam em casos, exactamente de força maior!
Em matéria de impostos, sem olvidar que paga mais um T0 em Armação de Pera com vista de betão, do que uma das vivendas de luxo com piscina em Lavajo, importa-nos mais saber – visando não continuar a pagar porque sim e independentemente da sobrecarga fiscal que todos suportamos, sabendo-se bem que as necessidades da receita resultam, na maior parte das vezes da incompetência, ineficiência e, ou, solidariedades paroquiais de pacotilha que determinam e agravam uma despesa excessiva- em que medida cada euro gasto pode reduzir a despesa, logo, potencialmente, a carga fiscal, do que as prioridades estabelecidas para a despesa numa lógica de que o cidadão-contribuinte está lá “no matter what?” para ordenhar sempre que necessário como se de uma vaca leiteira (saudável e inesgotável) se tratasse!
Hoje em dia, perder a quantidade de água que se perde no concelho, por ineficiência da rede, a qual não é destinatária, por parte do Município, da devida reparação prioritária e urgente, negligenciando um dever económico e ecológico fundamental, É UM CRIME!
Um CRIME por acção de gerir a riqueza pública que a água constitui, como se se tratasse o pais, de um Estado rico e perdulário, num planeta ambientalmente perfeito;
Um CRIME por acção de gerir as receitas dos cidadãos-contribuintes, aplicando- as através da realização da despesa sem respeito pelas prioridades, racionais e economicamente mais relevantes e sustentáveis.
Nada nos move contra o desenvolvimento de Lavajo e Benaciate, ou que qualquer outra localidade em igual ou pior situação, porém também nada nos move a favor da despesa irracional num contexto de necessidades inventariadas e òbvias que se adiam em manifesto prejuízo da economia, do ambiente e de todos os cidadãos-contribuintes!
A apimentar a coisa: tudo isto em mais um ano de secas severas,com concelhos a verem a àgua dos furos alternativos a secarem e a terem de transportar àgua em auto cisternas para servir as populações, cujo consumo se encontra racionalizado e reduzido.
Não contem connosco para isso!
Sem recear a critica, seja ela de que natureza for e independentemente do seu mérito, gostaríamos de revisitar o comentário em questão, o qual aproveitamos para ampliar na sua visibilidade reproduzindo-o de seguida, em primeiro plano, para que não restem duvidas acerca da lealdade no debate de ideias no Blog CIDADANIA, antes de entrarmos propriamente na defesa dos nossos pontos de vista, nos quais assentou o nosso último post, aquele mesmo que gerou a indignação do visitante cujo teor transcrevemos:
Luís Guedes disse...
O Blog Cidadania já teve melhores dias, mas, percebe-se... quando chegam as eleições, há que começar a bater no ceguinho, distorcendo e recortando factos conforme dá mais jeito...
No Lavajo e Benaciate, terras do nosso concelho, aonde existem munícipes como eu que também pagam impostos, mas que não têm água em século XXI, empreitada de 1 milhão de euros, com financiamento aprovado por fundos comunitários a 85%, o que significa que para a câmara só decorre uma despesa efectiva de 15%... e olhe que esta obra ando eu e mais 399 e tal famílias que residem no concelho a implorar há décadas!!!
Uns posts mais abaixo, no mesmo blogue, e noutras noticias já vindas a público, inclusivo com direito a discussão pública na sede dos Armacenenses, sabe-se que em Armação de Pêra, sem considerar as substituições de condutas antigas em fibrocimento que já foram efectuadas nestes últimos dois/três anos, a Câmara vai investir 2 milhões de euros, sem financiamento comunitário, portanto, tudo suportado pelo orçamento municipal, por todos os munícipes do nosso concelho, de Armação a São Marcos da Serra (alguns que não sequer têm água pública, como eu), para renovar toda a rede de águas e esgotos da baixa de Armação de Pêra e acabar de vez com o problema das cheias, com um projecto que já está sendo elaborado só pelo maior especialista do país... Nada contra, parece-me muito bem, que se resolva o problema e que se melhore qualidade de vida às pessoas
Eu que resido no Lavajo pergunto então ao Blogue Cidadania se devo continuar a viver sem água em pleno século XXI, para que os senhores autores deste blogue vivam ainda melhor??! Eu não pago impostos como os senhores? Não pago também IMI? Talvez vocês paguem mais, porque escolheram viver à frente da praia... eu vivo no campo, porque não tenho meios para viver à frente da praia, e então devo ser tratado como cidadão de segunda à luz da lei, é isso?!? É a tal igualdade que os senhores defendem?!? Parece que Salazar está de volta para criar desigualdades!
O blogue Cidadania já teve melhores dias. Neutralidade, imparcialidade e independência zero... com as eleições à porta, há que começar a fazer campanha, julgava eu que este blogue era isento na matéria, mas já vi que não e ainda por cima falta ao respeito a mim e a todos os contribuintes que residem noutros locais do concelho que não sejam de Armação de PÊra... nenhum de nós merece, nem os armacenenses!
O nosso visitante snr. Luís Guedes, em “modo” “ofendido” veio, claramente em defesa da sua “dama”, privilegiar, como aquela, o investimento na construção da rede de distribuição de água em Lavajo e Benaciate.
Pensando poder contribuir para um esclarecimento da questão, racional e não exclusivamente político-partidário, vejamos então o seguinte:
A Câmara de Silves gasta anualmente no sistema de abastecimento de água 3,7 milhões de euros, mas a receita obtida com a venda do serviço é de 3 milhões pelo que o prejuízo é de 700 mil euros anuais.
Com este prejuízo anual, recorde-se: de 700 mil euros, a Câmara de Silves ou qualquer outra, tal como qualquer cidadão, ou recorre ao crédito, engrossando a divida, ou retira o dinheiro de outras verbas do respectivo orçamento, de “caras” ou de “cernelha”, que deveriam ser investidas, dizemos nós, no desenvolvimento do concelho.
Atentando nos seguintes factos:
As perdas de água ascendem a 60 %, o que quer dizer que mais de 3 milhões de m3 vão “pelo cano” que não o do abastecimento público, o que representa cerca de 1,5 milhões de m3/ ano.
Nos últimos 5 anos só foram reabilitados 2,1 km de rede, quando deveriam de ter sido 45 km.
Como é que podemos concordar com a prioridade do investimento em Lavajo e Benaciate?
Não seria mais racional canalizar o investimento na deteção de fugas, reduzi-las a metade e recuperar pelo menos 750 mil euros?
Por outro lado, não podemos deixar de ter presente que falta de água pública não impediu que alguns residentes em Lavajo e em Benaciate tenham construído as suas piscinas, não tendo nós nada contra as piscinas ou contra quem tem meios para tê-las.
Sucede é que ainda temos menos contra a racionalidade ou contra as medidas de força maior que se justificam em casos, exactamente de força maior!
Em matéria de impostos, sem olvidar que paga mais um T0 em Armação de Pera com vista de betão, do que uma das vivendas de luxo com piscina em Lavajo, importa-nos mais saber – visando não continuar a pagar porque sim e independentemente da sobrecarga fiscal que todos suportamos, sabendo-se bem que as necessidades da receita resultam, na maior parte das vezes da incompetência, ineficiência e, ou, solidariedades paroquiais de pacotilha que determinam e agravam uma despesa excessiva- em que medida cada euro gasto pode reduzir a despesa, logo, potencialmente, a carga fiscal, do que as prioridades estabelecidas para a despesa numa lógica de que o cidadão-contribuinte está lá “no matter what?” para ordenhar sempre que necessário como se de uma vaca leiteira (saudável e inesgotável) se tratasse!
Hoje em dia, perder a quantidade de água que se perde no concelho, por ineficiência da rede, a qual não é destinatária, por parte do Município, da devida reparação prioritária e urgente, negligenciando um dever económico e ecológico fundamental, É UM CRIME!
Um CRIME por acção de gerir a riqueza pública que a água constitui, como se se tratasse o pais, de um Estado rico e perdulário, num planeta ambientalmente perfeito;
Um CRIME por acção de gerir as receitas dos cidadãos-contribuintes, aplicando- as através da realização da despesa sem respeito pelas prioridades, racionais e economicamente mais relevantes e sustentáveis.
Nada nos move contra o desenvolvimento de Lavajo e Benaciate, ou que qualquer outra localidade em igual ou pior situação, porém também nada nos move a favor da despesa irracional num contexto de necessidades inventariadas e òbvias que se adiam em manifesto prejuízo da economia, do ambiente e de todos os cidadãos-contribuintes!
A apimentar a coisa: tudo isto em mais um ano de secas severas,com concelhos a verem a àgua dos furos alternativos a secarem e a terem de transportar àgua em auto cisternas para servir as populações, cujo consumo se encontra racionalizado e reduzido.
Não contem connosco para isso!
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sexta-feira, 7 de julho de 2017
quinta-feira, 6 de julho de 2017
quarta-feira, 5 de julho de 2017
terça-feira, 4 de julho de 2017
Medina Carreira (1931-2017)
Num Conselho de Ministros, o ministro das Finanças do I Governo Constitucional ouvia o pedido de um colega do Executivo que queria um aval para que fossem disponibilizados 600 mil contos do Estado (era 1% do PIB). “Parece impossível o ministro das Finanças opor-se a isto, tivemos um trabalhão”, argumentava-se, na tentativa de convencer o homem a quem todos ali conheciam o espírito somítico e (já então) tantas vezes apocalítico quanto ao futuro do Estado e da sua saúde financeira. “Foi uma pena não terem tido um pequeno trabalho mais que era arranjar os 600 mil contos”, respondeu o responsável das Finanças do primeiro Governo liderado por Mário Soares, Henrique Medina Carreira. Arrumou ali o assunto.
A história foi contada pelo próprio, em 2011, numa entrevista dada à revista Sábado, quando lhe perguntaram sobre alguma reunião de ministros mais difícil, naquele ano e meio no primeiro Governo constitucional em que foi ministro das Finanças. “Acabou a discussão e não houve dinheiro para ninguém”, contou com aquele orgulho na sua disciplina financeira — avareza, diriam alguns dos seus colegas do Governo — com que contava tantas outras histórias. Como aquela que repetia a cada entrevista, dos sapatos que em 1971 levou numa viagem à União Soviética e que ainda hoje conservava. “Não sinto necessidade de esbanjar dinheiro. Gasto muito pouca coisa de uso corrente, sapatos tenho de 30 anos. Fui à União Soviética em 1971 e tinha um par de sapatos que já eram usados cá e ainda lá estão em casa”.
O que o fazia gastar dinheiro? “Livros”, confessou ao Expresso, em 2009. Nos últimos anos lia sobretudo biografias políticas. Atualmente, Medina Carreira vivia sozinho. “Hoje tenho uma vida pacata, vivo só. Enviuvei, depois vivi em união de facto, depois vivi em união de facto, depois casei, depois divorciei-me”, contou numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em outubro de 2009. Tinha uma filha, Paula. Não tinha netos, com pena de hoje não o fazerem “andar de gatas” ou de tê-los “às cavalitas” ou de o fazerem “rebolar no chão” e “esquecer esta cegada”, confessou muitas vezes, como aqui, aqui ou aqui. Estava internado há cerca de um mês, num hospital em Lisboa onde acabou por morrer aos 85 anos, esta segunda-feira, dia 3 de julho de 2017. Insatisfeito com o país, arrasador para os seus políticos e partidos, preocupado com o seu futuro. Como sempre.
Nos últimos anos teve espaços de comentário político e económico, primeiro na SIC e depois na TVI, sempre muito mordaz, incisivo, direto, incómodo e polémico. Mas não gostava que o classificassem de “pessimista”. Respondia no seu estilo muito próprio: “Chamam-me assim porque, para me responderem, tinham de ir trabalhar, estudar os números, raciocinar. Limitam-se a chamarem-me pessimista e dão repercussão a essa ideia. É a coisa mais estúpida deste mundo e é a fórmula cómoda de tentar anular o meu pensamento”.
Enquanto não vir gente capaz de tomar conta deste país, sou incómodo. Quando olho para os partidos, para estes dirigentes, não posso ser outra coisa. Os factos mostram que somos a pior economia da Europa e dos países mais endividados. Até hoje, não consegui arranjar uma pessoa para discutir comigo num programa na televisão…”, disse ao Expresso em 2009
Prometia, não raras vezes, que se lhe dessem uma hora e meia de televisão virava “muita gente do avesso”. A sua experiência política resumiu-se a dois governos. Um provisório, em 1975, como Subsecretário de Estado do Orçamento e o segundo foi o que tinha Mário Soares na liderança. Salgado Zenha e Mário Soares convidaram-no para almoçar numa tasca em Belém, estava ele a preparar os caixotes para sair do Ministério quando percebeu que a sua passagem pelas Finanças afinal não ficaria por aquele Governo provisório.
Na família isso foi mal visto. Aliás, Medina Carreira contava muitas vezes, entre gargalhadas, como o pai lidava com o assunto, recordando dois episódios concretos. Uma vez, António Barbosa Carreira escreveu a um primo: “Veja lá que o meu filho é tão burro que aceitou ser Ministro das Finanças num país falido”. Outra, visitou-o no Ministério e a rececionista percebeu que era o pai do ministro pelo documento de identificação. Abordou-o: “O senhor é pai do senhor Ministro?”. “Não, não, o senhor Ministro é filho de pai incógnito”, respondeu.
Não queria ser ministro, mas aceitou porque na altura, no pós 25 de Abril, dizia sentir um espírito de missão que fazia impossível recusar um cargo de governação. Mas do que gostou mesmo foi de ser sub-Secretário do Orçamento. “Gostei muito de lá estar. Depois transitei para a função de ministro. E detestei lá estar.” Explicou mais tarde que “não era uma atração – ser Ministro das Finanças. Num país rico e próspero, deve ser agradável”. Mas se este não era o momento, menos ainda o era na altura, com o país a braços com um pedido de assistência financeira ao Fundo Monetário Internacional. A primeira necessidade foi em 1977, apanhou Medina Carreira no posto das Finanças, mas negou à Visão ter sido ele que arquitetou o acordo com o FMI: “Quem esteve nisso foi depois o Vítor Constâncio e o Silva Lopes. Eu nem concordava com o acordo com o FMI. Aliás, vi logo que estava mal no Governo, porque não conseguia fazer a minha política, ninguém concordava comigo”.
A conclusão de homem desajustado com o seu tempo e quase um vidente do Apocalipse financeiro era recorrente em Medina Carreira. Isso e a desilusão com os políticos, que mostrou ter sido crescente ao longo dos anos. Chegou a militar no PS, mas poucos anos depois, em 1978, e já depois de ter sido ministro, saiu em rutura pelo chumbo ao Governo de iniciativa presidencial (era Eanes o Presidente) chefiado por Nobre da Costa.
Porque é que me sinto de esquerda? Porque a minha grande preocupação sempre foi a gente que está pior e que não teve sorte na vida. A derivação da engenharia para o que vim a fazer foi motivada por isso”.
Acabou por voltar para sair de novo, em 2001, “por causa daquela trafulhice da reforma do património, no tempo do Guterres. Percebi que aquele partido era dirigido por gente sem palavra e eu não me dou com gente sem palavra”, contou a Anabela Mota Ribeiro. Em causa estava um convite que recebeu, do ministro das Finanças de Sousa Franco, para estabelecer uma comissão para fazer propostas para a reforma do património. Incluía um imposto sobre as ações e Medina teve o compromisso do próprio primeiro-ministro, António Guterres, de que aquilo iria por diante. Não foi e chegou a dizer que, na altura, pediu uma posição pública a Guterres, que nada fez. “Senti que o PS se estava tornar demasiado manhoso para mim.”
Apesar de tudo garantia gostar do pai-fundador do PS, Soares. Reconhecia-lhe o papel decisivo nas fundações da democracia, mas em 2006 foi Cavaco Silva que apoiou como candidato à Presidência da República, precisamente contra Soares. Mais tarde havia de reconhecer que, naquela altura, o país teria precisado de meio Cavaco e meio Soares, na Presidência. Nas Presidenciais mais recentes, já depois de anos de crítica intensa ao sistema dos partidos e aos políticos sem uma atividade profissional, preferiu apoiar o empresário socialista Henrique Neto.
Sinto-me corrosivo nas apreciações, e na política estou cada vez mais corrosivo, porque acho que a desgraça é cada vez maior”.
Sempre viu no seu espírito de “espalha-brasas” uma veia do seu pai, o homem que o ensinou a ler aos 4 anos e que aos 10, quando vindos da Guiné Bissau (onde nasceu), lhe deu três hipóteses para prosseguir os estudos, já em Lisboa: Infante Sagres, o Colégio Militar ou os Pupilos do Exército. “Concluí que o colégio para onde iam os filhos de gente modesta era os Pupilos. O Colégio era para filhos de oficiais, os Pupilos para filhos de sargentos, praças, cabos. Eu, em qualquer circunstância, estou do lado das pessoas que, na escala social, são mais exploradas, mais enganadas. Estou sempre, espontaneamente, do lado do fraco”.
Por lá estudou 9 anos e ganhou uma “educação rigorosa”. Na entrevista à Sábado (já citada e com link) explicou que aos 11 já “manejava armas” e que quando chegou à escola, em regime de internato, “nunca tinha mexido em água fria para além das mãos. No primeiro dia fui obrigado a tomar um duche de água fria às 6h da manhã. Hoje, tomo quente, às vezes fria. Morna não, não gosto de meias-tintas, nem no banho”. Foi lá que tirou um bacharelato em engenharia mecânica e, quando saiu da escola, procurou emprego na área, encontrando-o na Companhia União Fabril (CUF) do Barreiro, na fundição de aço. Por lá ficou três anos, enquanto acabava o curso do liceu. Mais tarde licenciou-se em Direito, na década de 60, frequentando mais tarde o curso que sempre ambicionara: Economia, na Universidade Técnica de Lisboa. Não chegou a terminar: “Não tinha tempo”. Especializou-se na fiscalidade.
No comentário que fazia, nos últimos anos, Medina Carreira era especialmente crítico da despesa do Estado. “A social-democracia tenta igualar o mais possível a distribuição de riqueza e desenvolver um conjunto de mecanismos que protege as pessoas em dificuldades. Foi um ótimo sistema enquanto houve dinheiro.” Agora, clamava muitas vezes, o dinheiro era emprestado e os Estados, dizia ainda, “receberam o passivo das políticas sociais, mas não os aspetos positivos: riqueza, pleno emprego, etc..
Se desapareceram os alicerces do Estado social, este passou a ser ficção. Estamos a fingir. Ou os políticos social-democratas repõem a economia, ou nada feito”.
“Ou percebemos a tempo a nossa doença, ou um dia teremos um Salazar”, avisou na entrevista à Visão (citada em cima), em setembro de 2009, altura em que lançou mais um livro muito crítico da classe política “Portugal, Que Futuro? O tempo das mudanças inadiáveis”. Noutro, o “Fim da Ilusão”, lançado em 2011 em plena chegada da troika, onde se dedicou a explicar as causas do “colapso financeiro”.
De si dizia ter “uma qualidade”. “Sou uma boa pessoa. Sou uma pessoa que não trafulha, que não intriga, que não se vinga, que não persegue, que não odeia.” Em 2009 afirmava, numa entrevista então publicada no Negócios, que não tinha “vontade de morrer”, não por medo da morte, mas pela “maneira de morrer”. Até para isso tinha uma solução radical: “Defendo que desde a nascença devíamos ser portadores de uma ampola com cianeto de potássio. Os nazis andavam com uma. Quando dava para o torto, dentavam e caíam para o lado. Acho que devíamos ser senhores do nosso fim”. Mas também garantiu que até ali, se tivesse a tal ampola, também não a teria utilizado.
A história foi contada pelo próprio, em 2011, numa entrevista dada à revista Sábado, quando lhe perguntaram sobre alguma reunião de ministros mais difícil, naquele ano e meio no primeiro Governo constitucional em que foi ministro das Finanças. “Acabou a discussão e não houve dinheiro para ninguém”, contou com aquele orgulho na sua disciplina financeira — avareza, diriam alguns dos seus colegas do Governo — com que contava tantas outras histórias. Como aquela que repetia a cada entrevista, dos sapatos que em 1971 levou numa viagem à União Soviética e que ainda hoje conservava. “Não sinto necessidade de esbanjar dinheiro. Gasto muito pouca coisa de uso corrente, sapatos tenho de 30 anos. Fui à União Soviética em 1971 e tinha um par de sapatos que já eram usados cá e ainda lá estão em casa”.
O que o fazia gastar dinheiro? “Livros”, confessou ao Expresso, em 2009. Nos últimos anos lia sobretudo biografias políticas. Atualmente, Medina Carreira vivia sozinho. “Hoje tenho uma vida pacata, vivo só. Enviuvei, depois vivi em união de facto, depois vivi em união de facto, depois casei, depois divorciei-me”, contou numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em outubro de 2009. Tinha uma filha, Paula. Não tinha netos, com pena de hoje não o fazerem “andar de gatas” ou de tê-los “às cavalitas” ou de o fazerem “rebolar no chão” e “esquecer esta cegada”, confessou muitas vezes, como aqui, aqui ou aqui. Estava internado há cerca de um mês, num hospital em Lisboa onde acabou por morrer aos 85 anos, esta segunda-feira, dia 3 de julho de 2017. Insatisfeito com o país, arrasador para os seus políticos e partidos, preocupado com o seu futuro. Como sempre.
Nos últimos anos teve espaços de comentário político e económico, primeiro na SIC e depois na TVI, sempre muito mordaz, incisivo, direto, incómodo e polémico. Mas não gostava que o classificassem de “pessimista”. Respondia no seu estilo muito próprio: “Chamam-me assim porque, para me responderem, tinham de ir trabalhar, estudar os números, raciocinar. Limitam-se a chamarem-me pessimista e dão repercussão a essa ideia. É a coisa mais estúpida deste mundo e é a fórmula cómoda de tentar anular o meu pensamento”.
Enquanto não vir gente capaz de tomar conta deste país, sou incómodo. Quando olho para os partidos, para estes dirigentes, não posso ser outra coisa. Os factos mostram que somos a pior economia da Europa e dos países mais endividados. Até hoje, não consegui arranjar uma pessoa para discutir comigo num programa na televisão…”, disse ao Expresso em 2009
Prometia, não raras vezes, que se lhe dessem uma hora e meia de televisão virava “muita gente do avesso”. A sua experiência política resumiu-se a dois governos. Um provisório, em 1975, como Subsecretário de Estado do Orçamento e o segundo foi o que tinha Mário Soares na liderança. Salgado Zenha e Mário Soares convidaram-no para almoçar numa tasca em Belém, estava ele a preparar os caixotes para sair do Ministério quando percebeu que a sua passagem pelas Finanças afinal não ficaria por aquele Governo provisório.
Na família isso foi mal visto. Aliás, Medina Carreira contava muitas vezes, entre gargalhadas, como o pai lidava com o assunto, recordando dois episódios concretos. Uma vez, António Barbosa Carreira escreveu a um primo: “Veja lá que o meu filho é tão burro que aceitou ser Ministro das Finanças num país falido”. Outra, visitou-o no Ministério e a rececionista percebeu que era o pai do ministro pelo documento de identificação. Abordou-o: “O senhor é pai do senhor Ministro?”. “Não, não, o senhor Ministro é filho de pai incógnito”, respondeu.
Não queria ser ministro, mas aceitou porque na altura, no pós 25 de Abril, dizia sentir um espírito de missão que fazia impossível recusar um cargo de governação. Mas do que gostou mesmo foi de ser sub-Secretário do Orçamento. “Gostei muito de lá estar. Depois transitei para a função de ministro. E detestei lá estar.” Explicou mais tarde que “não era uma atração – ser Ministro das Finanças. Num país rico e próspero, deve ser agradável”. Mas se este não era o momento, menos ainda o era na altura, com o país a braços com um pedido de assistência financeira ao Fundo Monetário Internacional. A primeira necessidade foi em 1977, apanhou Medina Carreira no posto das Finanças, mas negou à Visão ter sido ele que arquitetou o acordo com o FMI: “Quem esteve nisso foi depois o Vítor Constâncio e o Silva Lopes. Eu nem concordava com o acordo com o FMI. Aliás, vi logo que estava mal no Governo, porque não conseguia fazer a minha política, ninguém concordava comigo”.
A conclusão de homem desajustado com o seu tempo e quase um vidente do Apocalipse financeiro era recorrente em Medina Carreira. Isso e a desilusão com os políticos, que mostrou ter sido crescente ao longo dos anos. Chegou a militar no PS, mas poucos anos depois, em 1978, e já depois de ter sido ministro, saiu em rutura pelo chumbo ao Governo de iniciativa presidencial (era Eanes o Presidente) chefiado por Nobre da Costa.
Porque é que me sinto de esquerda? Porque a minha grande preocupação sempre foi a gente que está pior e que não teve sorte na vida. A derivação da engenharia para o que vim a fazer foi motivada por isso”.
Acabou por voltar para sair de novo, em 2001, “por causa daquela trafulhice da reforma do património, no tempo do Guterres. Percebi que aquele partido era dirigido por gente sem palavra e eu não me dou com gente sem palavra”, contou a Anabela Mota Ribeiro. Em causa estava um convite que recebeu, do ministro das Finanças de Sousa Franco, para estabelecer uma comissão para fazer propostas para a reforma do património. Incluía um imposto sobre as ações e Medina teve o compromisso do próprio primeiro-ministro, António Guterres, de que aquilo iria por diante. Não foi e chegou a dizer que, na altura, pediu uma posição pública a Guterres, que nada fez. “Senti que o PS se estava tornar demasiado manhoso para mim.”
Apesar de tudo garantia gostar do pai-fundador do PS, Soares. Reconhecia-lhe o papel decisivo nas fundações da democracia, mas em 2006 foi Cavaco Silva que apoiou como candidato à Presidência da República, precisamente contra Soares. Mais tarde havia de reconhecer que, naquela altura, o país teria precisado de meio Cavaco e meio Soares, na Presidência. Nas Presidenciais mais recentes, já depois de anos de crítica intensa ao sistema dos partidos e aos políticos sem uma atividade profissional, preferiu apoiar o empresário socialista Henrique Neto.
Sinto-me corrosivo nas apreciações, e na política estou cada vez mais corrosivo, porque acho que a desgraça é cada vez maior”.
Sempre viu no seu espírito de “espalha-brasas” uma veia do seu pai, o homem que o ensinou a ler aos 4 anos e que aos 10, quando vindos da Guiné Bissau (onde nasceu), lhe deu três hipóteses para prosseguir os estudos, já em Lisboa: Infante Sagres, o Colégio Militar ou os Pupilos do Exército. “Concluí que o colégio para onde iam os filhos de gente modesta era os Pupilos. O Colégio era para filhos de oficiais, os Pupilos para filhos de sargentos, praças, cabos. Eu, em qualquer circunstância, estou do lado das pessoas que, na escala social, são mais exploradas, mais enganadas. Estou sempre, espontaneamente, do lado do fraco”.
Por lá estudou 9 anos e ganhou uma “educação rigorosa”. Na entrevista à Sábado (já citada e com link) explicou que aos 11 já “manejava armas” e que quando chegou à escola, em regime de internato, “nunca tinha mexido em água fria para além das mãos. No primeiro dia fui obrigado a tomar um duche de água fria às 6h da manhã. Hoje, tomo quente, às vezes fria. Morna não, não gosto de meias-tintas, nem no banho”. Foi lá que tirou um bacharelato em engenharia mecânica e, quando saiu da escola, procurou emprego na área, encontrando-o na Companhia União Fabril (CUF) do Barreiro, na fundição de aço. Por lá ficou três anos, enquanto acabava o curso do liceu. Mais tarde licenciou-se em Direito, na década de 60, frequentando mais tarde o curso que sempre ambicionara: Economia, na Universidade Técnica de Lisboa. Não chegou a terminar: “Não tinha tempo”. Especializou-se na fiscalidade.
No comentário que fazia, nos últimos anos, Medina Carreira era especialmente crítico da despesa do Estado. “A social-democracia tenta igualar o mais possível a distribuição de riqueza e desenvolver um conjunto de mecanismos que protege as pessoas em dificuldades. Foi um ótimo sistema enquanto houve dinheiro.” Agora, clamava muitas vezes, o dinheiro era emprestado e os Estados, dizia ainda, “receberam o passivo das políticas sociais, mas não os aspetos positivos: riqueza, pleno emprego, etc..
Se desapareceram os alicerces do Estado social, este passou a ser ficção. Estamos a fingir. Ou os políticos social-democratas repõem a economia, ou nada feito”.
“Ou percebemos a tempo a nossa doença, ou um dia teremos um Salazar”, avisou na entrevista à Visão (citada em cima), em setembro de 2009, altura em que lançou mais um livro muito crítico da classe política “Portugal, Que Futuro? O tempo das mudanças inadiáveis”. Noutro, o “Fim da Ilusão”, lançado em 2011 em plena chegada da troika, onde se dedicou a explicar as causas do “colapso financeiro”.
De si dizia ter “uma qualidade”. “Sou uma boa pessoa. Sou uma pessoa que não trafulha, que não intriga, que não se vinga, que não persegue, que não odeia.” Em 2009 afirmava, numa entrevista então publicada no Negócios, que não tinha “vontade de morrer”, não por medo da morte, mas pela “maneira de morrer”. Até para isso tinha uma solução radical: “Defendo que desde a nascença devíamos ser portadores de uma ampola com cianeto de potássio. Os nazis andavam com uma. Quando dava para o torto, dentavam e caíam para o lado. Acho que devíamos ser senhores do nosso fim”. Mas também garantiu que até ali, se tivesse a tal ampola, também não a teria utilizado.
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segunda-feira, 3 de julho de 2017
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sábado, 1 de julho de 2017
quarta-feira, 28 de junho de 2017
segunda-feira, 26 de junho de 2017
sábado, 24 de junho de 2017
Como comprar votos em véspera de eleições?
A Câmara de Silves diz-nos como...
Para uma população com cerca de 400 pessoas a câmara de Silves vai gastar um milhão de euros, o que dá mais do que 2500 euros por habitante e 3000 euros por votante, mas a compra de votos a isto obriga.
Este investimento nunca será pago pelas pessoas que vão utilizar a água que vai passar pelas condutas, a não ser que a câmara de Silves cobre tarifas diferentes aos consumidores destas duas povoações.
Este investimento vai levar mais de 80 anos a ser pago, um período de tempo muito superior à vida útil dos materiais de que vão ser construídas as condutas.
Porque é que há dinheiro para Silves e Messines e para outras freguesias do concelho não?
Armação de Pera necessita de investir uns milhões na reabilitação das condutas para reduzir as perdas e acabar com as interrupções do serviço e a falta de água crónica nos meses de verão, mas continuamos a ser contribuintes líquidos, lá vai mais uma parte dos impostos do povo de Armação de Pera comprar os votos de outros fregueses.
Aqui vai a notícia:
"São quase 14 quilómetros de condutas que vão ser construídas pela Câmara de Silves para levar água até às povoações de Benaciate e Lavajo, na freguesia de São Bartolomeu de Messines. O concurso público da empreitada foi lançado na passada terça-feira, estando em causa um investimento de um milhão de euros, comparticipado a 85% por fundos comunitários. "É uma obra que tem sido pedida ao longo dos anos pelas populações", refere ao CM Rosa Palma, presidente da autarquia, adiantando que atualmente as mais de quatro centenas de pessoas que vivem nestas duas povoações têm de recorrer "a furos" para terem água em casa, dado que não existe ainda rede pública de abastecimento. Segundo consta no concurso público, a obra será adjudicada à empresa que apresentar um preço mais baixo. O prazo previsto para a execução da empreitada é de seis meses. Rosa Palma reconhece que, além de Benaciate e Lavajo, existem outras povoações do concelho que ainda não dispõem de rede de abastecimento de água, mas frisa que não é possível fazer tudo ao mesmo tempo. "Há que ir aos poucos para que seja executável", defende a autarca. Em simultâneo, a autarquia tem vindo a desenvolver trabalhos de requalificação da rede existente, através da substituição de condutas antigas em fibrocimento, nomeadamente em Silves, São Bartolomeu de Messines e Armação de Pera. "Não é algo que seja visível, mas é muito importante", considera a presidente da Câmara de Silves, acrescentando que a remodelação da rede de abastecimento já permitiu reduzir o número de roturas em condutas e o desperdício de água, embora as perdas ainda atinjam valores em torno dos "40%".
Para uma população com cerca de 400 pessoas a câmara de Silves vai gastar um milhão de euros, o que dá mais do que 2500 euros por habitante e 3000 euros por votante, mas a compra de votos a isto obriga.
Este investimento nunca será pago pelas pessoas que vão utilizar a água que vai passar pelas condutas, a não ser que a câmara de Silves cobre tarifas diferentes aos consumidores destas duas povoações.
Este investimento vai levar mais de 80 anos a ser pago, um período de tempo muito superior à vida útil dos materiais de que vão ser construídas as condutas.
Porque é que há dinheiro para Silves e Messines e para outras freguesias do concelho não?
Armação de Pera necessita de investir uns milhões na reabilitação das condutas para reduzir as perdas e acabar com as interrupções do serviço e a falta de água crónica nos meses de verão, mas continuamos a ser contribuintes líquidos, lá vai mais uma parte dos impostos do povo de Armação de Pera comprar os votos de outros fregueses.
Aqui vai a notícia:
"São quase 14 quilómetros de condutas que vão ser construídas pela Câmara de Silves para levar água até às povoações de Benaciate e Lavajo, na freguesia de São Bartolomeu de Messines. O concurso público da empreitada foi lançado na passada terça-feira, estando em causa um investimento de um milhão de euros, comparticipado a 85% por fundos comunitários. "É uma obra que tem sido pedida ao longo dos anos pelas populações", refere ao CM Rosa Palma, presidente da autarquia, adiantando que atualmente as mais de quatro centenas de pessoas que vivem nestas duas povoações têm de recorrer "a furos" para terem água em casa, dado que não existe ainda rede pública de abastecimento. Segundo consta no concurso público, a obra será adjudicada à empresa que apresentar um preço mais baixo. O prazo previsto para a execução da empreitada é de seis meses. Rosa Palma reconhece que, além de Benaciate e Lavajo, existem outras povoações do concelho que ainda não dispõem de rede de abastecimento de água, mas frisa que não é possível fazer tudo ao mesmo tempo. "Há que ir aos poucos para que seja executável", defende a autarca. Em simultâneo, a autarquia tem vindo a desenvolver trabalhos de requalificação da rede existente, através da substituição de condutas antigas em fibrocimento, nomeadamente em Silves, São Bartolomeu de Messines e Armação de Pera. "Não é algo que seja visível, mas é muito importante", considera a presidente da Câmara de Silves, acrescentando que a remodelação da rede de abastecimento já permitiu reduzir o número de roturas em condutas e o desperdício de água, embora as perdas ainda atinjam valores em torno dos "40%".
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terça-feira, 20 de junho de 2017
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