O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Breves III (e leves)
Verdadeira ou virtual é uma peça divertida que nos chegou há algum
tempo e que neste período meio morno se justifica divulgar
Assunto: FW: Circular Interna de uma Multinacional Americana no Porto
Please pay attention....Notify all the regarding persons
"It has been brought to our attention by several officials visiting our
corporate Headquarters that offensive language is commonly used by our
Portuguese-speaking staff. Such behavior, in addition to violating our
Policy, is highly unprofessional and offensive to both visitors and
colleagues. In order to avoid such situations please note that all Staff
is kindly requested to IMMEDIATELY adhere to the following rules:
1) Words like merda, caralho, foda-se, porra or puta-que-o-pariu and
other such expressions will not be used for emphasis, no matter how
heated the discussion.
2) You will not say cagada when someone makes a mistake, or ganda-merda
if you see somebody either being reprimanded or making a mistake, or
que-grande-cagada when a major mistake has been made. All forms derivate
from the verb cagar are inappropriate in our environment.
3) No project manager, section head, or executive, under no
circumstances, will be referred to as filho-da-puta, cabrão,
ó-grande-come-merda, or vaca-gorda-da-puta-que-a-pariu.
4) Lack of determination will not be referred to as falta-de-colhões or
coisa-de-maricas and neither will persons who lack initiative as
picha-mole, corno, or mariconso.
5) Unusual or creative ideas from your superiors are not to be referred
to as punheta-mental.
6) Do not say esse-cabrão-enche-a-porra-do-juízo if a person is
persiste. When a task is heavy to achieve remember that you must not say
é uma-foda. In a similar way, do not use esse-gajo-está-fodido if
colleague is going through a difficult situation. Furthermore, you must
not say que-putedo when matters become complicated.
7) When asking someone to leave you alone, you must not say
vai-à-merda.. Do not ever substitute "May I help you" with
que-porra-é-que-tu-queres?? When things get tough, an acceptable
statement such as "we are going through a difficult time" should be
used, rather than isto-está-tudo-fodido.
8) No salary increase shall ever be referred to as aumento-dum-cabrão.
9) Last but not least after reading this memo please do not say
mete-o-no-cu. Just keep it clean and dispose of it properly. We hope you
will keep these directions in mind.
Thank you.
Please pay attention....Notify all the regarding persons
"It has been brought to our attention by several officials visiting our
corporate Headquarters that offensive language is commonly used by our
Portuguese-speaking staff. Such behavior, in addition to violating our
Policy, is highly unprofessional and offensive to both visitors and
colleagues. In order to avoid such situations please note that all Staff
is kindly requested to IMMEDIATELY adhere to the following rules:
1) Words like merda, caralho, foda-se, porra or puta-que-o-pariu and
other such expressions will not be used for emphasis, no matter how
heated the discussion.
2) You will not say cagada when someone makes a mistake, or ganda-merda
if you see somebody either being reprimanded or making a mistake, or
que-grande-cagada when a major mistake has been made. All forms derivate
from the verb cagar are inappropriate in our environment.
3) No project manager, section head, or executive, under no
circumstances, will be referred to as filho-da-puta, cabrão,
ó-grande-come-merda, or vaca-gorda-da-puta-que-a-pariu.
4) Lack of determination will not be referred to as falta-de-colhões or
coisa-de-maricas and neither will persons who lack initiative as
picha-mole, corno, or mariconso.
5) Unusual or creative ideas from your superiors are not to be referred
to as punheta-mental.
6) Do not say esse-cabrão-enche-a-porra-do-juízo if a person is
persiste. When a task is heavy to achieve remember that you must not say
é uma-foda. In a similar way, do not use esse-gajo-está-fodido if
colleague is going through a difficult situation. Furthermore, you must
not say que-putedo when matters become complicated.
7) When asking someone to leave you alone, you must not say
vai-à-merda.. Do not ever substitute "May I help you" with
que-porra-é-que-tu-queres?? When things get tough, an acceptable
statement such as "we are going through a difficult time" should be
used, rather than isto-está-tudo-fodido.
8) No salary increase shall ever be referred to as aumento-dum-cabrão.
9) Last but not least after reading this memo please do not say
mete-o-no-cu. Just keep it clean and dispose of it properly. We hope you
will keep these directions in mind.
Thank you.
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Circulando na Net,
Comportamento,
Escárnio e Maldizer
Breves II
O
povo não para e resiste, bastas vezes, através do humor, negro que seja.
Chegou-nos
esta breve charada, tão plena de sentido e actualidade. Outros pedidos de publicação existem,
como o texto precedente, aos quais, por razões mais sérias ou mais “galhofeiras”, não resistimos, publicando-os.
Com
uma só letra pode definir-se uma época:
No
Estado Novo, Salazar fez história impondo um lema:
“DEUS,
PÁTRIA e FAMILIA”
No
Regime Democrático, Vítor Gaspar e seu apaniguado Passos Coelho, querem contar
um conto, acrescentando-lhe um ponto, mas, iguais a si próprios, retirando-lhe
uma virgula (uma só letra chega-lhes)
“ADEUS
PÁTRIA e FAMILIA”
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Escárnio e Maldizer
Breves I (e leves)
Nascido numa época em que despontava o feminismo, aceitei
naturalmente relacionar-me com as mulheres num plano de total igualdade. Com o
decurso do tempo percebi que, nas relações amorosas, intervinham outros
ingredientes como, por exemplo, as personalidades de cada um que as tornavam
possíveis ou impossíveis, longas ou curtas, boas ou más. Rejeitando sempre
avaliar exclusivamente uma relação pela performance sexual do casal, percorri o
meu trajecto afectivo pelos escolhos da vida sem abandonar os princípios que me
estruturaram, até “anteontem”. Posso por isso, hoje, fazer um balanço sereno e
existencial :
Quando eu tinha 14 anos, esperava tão só ter um dia uma
namorada.
Quando eu tinha 16 anos tive uma namorada, mas não tinha
paixão.
Então percebi que precisava de uma mulher apaixonada, com
vontade de viver.
Na faculdade saí com uma mulher apaixonada, mas era
emocional demais. Tudo era terrível, era a rainha dos problemas, chorava o
tempo todo e ameaçava suicidar-se.
Então percebi que precisava uma mulher estável.
Quando tinha 25 encontrei uma mulher bem estável, mas
chata. Era totalmente previsível e nada a excitava.
A vida tornou-se tão monótona, que decidi que precisava de
uma mulher mais excitante
Aos 28 encontrei uma mulher excitante, mas não consegui
acompanhá-la. Ela ia de um lado para o outro sem se deter em lugar algum.
Fazia coisas impetuosas, que me fez sentir tão miserável como feliz. No
começo foi divertido e electrizante, mas sem futuro.
Então decidi procurar uma mulher com alguma ambição.
Quando cheguei aos 35, encontrei uma mulher
inteligente, ambiciosa e com os pés no chão. Decidi casar-me com ela.
Era tão ambiciosa que pediu o divórcio e ficou com tudo o que
eu tinha.
Hoje, com mais de 50 anos, gosto de mulheres magras com o peito
grande. E só.
Nada como a simplicidade!!!
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Comportamento
A trapeira de Job.
Texto atribuido a José António Barreiros, advogado, pretensamente com o titulo "A trapeira do Job", remetido por email para este blogue, com pedido de publicação.
Sem podermos confirmar a sua autoria, podemos confirmar o seu interesse e utilidade na sua divulgação...
Isto que eu vou
dizer vai parecer ridículo a muita gente.
Mas houve um
tempo em que as pessoas se lembravam, ainda, da época da infância, da primeira
caneta de tinta-permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes
em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do
primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.
Houve um tempo
em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da
refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante, se
fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho
e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos
em que se punham meias-solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala
se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à
sua Joana".
E não era só no
Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos
Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara
milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.
Houve tempos em
que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de
marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.
Veio depois o
admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos uns pivetes
tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e
seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se
enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do
trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência
genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree
viver no condomínio fechado, e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam
em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas,
assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status
como a língua nos cães para a sua raça.
Foram anos em
que o Campo se tornou num imenso ressort de Turismo de Habitação, as
cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave.
Houve quem pensasse até que um dia os Serviços seriam o único emprego futuro ou
com futuro.
O país que
produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de
quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade dos fins
de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e às
vezes nem obrigado.
O país que
produzia o que se podia transaccionar, esse, ficou com o operariado da
ferrugem, empacotados como gado em dormitórios, e que os víamos chegar mortos
de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas-relógio de raiva
contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou
negócio.
Sob o oásis dos
edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos
aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente. Os intelectuais burgueses
teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais
tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas
uma noção, a teoria da informação substituía os cavalos-força da maquinaria
pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores
tudo fariam, o Ser-Humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e
tresloucado que, caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava
chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho e mais uma trinitária pomba.
Às tantas, os da
cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque
estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque
estávamos a importar negros e eslavos.
A chegada das
lojas-dos-trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a
folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia
para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de
trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a
medir.
Fora disto, os
ricos, os muito ricos, viram chegar os novos ricos. O ganhão alentejano viu
sumir o velho latifundário absentista pelo novo turista absentista com o mesmo
monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais, claro, e sempre pela reforma
agrária, e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo, e já leu o New
Yorker?
A agiotagem
financeira, essa, ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só
ao tal Deus pertencia, mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz.
Veio o crédito ao consumo, a Conta-Ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter
sem pagar. Porque nenhum Banco quer que lhe devolvam o capital mutuado, quer é
esticar ao máximo o lucro que esse capital rende.
Aguilhoando pela
publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os Bancos instigavam à
compra, ao leasing, ao renting, ao seja como for desde que tenha
e já, ao cartão, ao descoberto-autorizado.
Tudo quanto era
vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês
sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele Balcão bancário
buscar dinheiro, vendermos-nos ao dinheiro, enforcarmos-nos na figueira
infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra.
Claro que os da
política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear,
puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha
contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso
comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda
governamental e, nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas, que entre a
oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E, contentes,
cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a
telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários
políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem,
pensando por nós.
Estamos nisto.
Este
fim-de-semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa.
Que
interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura,
em Bizâncio, discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse
distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados
a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.
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domingo, 23 de dezembro de 2012
Introspecção de blogue.
Colocam-nos e coloca-se-nos, com alguma
frequência, a questão de saber da utilidade do combate político através deste blogue,
sobretudo acerca da sua eficácia.
Emocionalmente qualquer um de nós responderia
que teria bastado a classificação do Casino como Imóvel de Interesse Municipal,
neste concelho que tem idolatrado o deus betão e promulgado o dano estético
como regra, e no pressuposto de que por essa via se reduziu o leque de
atentados de que aquele poderá ser alvo,
para justificar este trabalho que vem sendo desenvolvido há seis anos.
É certo que não se ficou por aí a utilidade
prática desta janela de inconformismo donde bradamos ao bom senso, à
preservação da Vila, à sua maior qualificação enquanto destino turístico, à
eficiente e eficaz recolha dos lixos, à equidade na distribuição relativa da
despesa pública, à má aplicação dessa despesa, à injustiça fiscal na fixação de
valores patrimoniais nos imóveis de Armação de Pêra e a sua expressão em sede
de IMI, ao futuro sustentável da economia da Vila, sem esquecer a
sustentabilidade da pesca artesanal e os seus agentes devotos, etc. etc.
É também certo que muitas vezes o fazemos com,
apesar de domesticada, patente violência estética, na razão directa das
asneiras a que assistimos e do dolo ou negligência que as enfermam. E são
demais para um território tão exíguo, acreditem!
Diremos que é o mínimo que uns quantos
cidadãos, conscientes dos seus poderes e pró activos, podem fazer pela sua
comunidade local.
Por seu turno, a comunidade nacional tem
merecido, cada vez mais, que brademos ao mesmo bom senso, porquanto a
asneirada, as “imparidades” e a deslealdade da classe politica permanecem
firmes no seus postos, pouco lhes importando o volume sonoro das nossas
acusações, reclamações ou reivindicações, ou mesmo de outros bem mais ouvidos.
Toda esta dialéctica sempre com expressão
local, mais esbatida hoje em dia dadas as circunstâncias, pois com menos
dinheiro a politica do espectáculo, pelo espectáculo e para o espectáculo, já
perdeu a sua Guest Star, que o publico insistiu em ver no palco, para mal das
contas concelhias e do preço do ingresso de cada espectador que vai aumentando
até ao fim do espectáculo.
O Alberto João tem vários seguidores por esse
pais fora, mas continua único.
Quem diria que a falta de dinheiro público
poderia ter alguma utilidade?
O que tem então faltado que justifique
colocar-se a questão da utilidade da existência deste Blogue?
Apesar de alguns estimulantes comentários, embora
esporádicos, e apesar de sabermos que não somos um meio de comunicação de
massas, temos uma interacção da comunidade aquém do que esperávamos ao fim de
alguns anos de participação. Nada que nos surpreenda mas, apesar disso, não
deixa de causar algum dano na equipa.
Será tal facto motivo para virmos menos vezes
à janela ou para a entaiparmos?
Vocês e o futuro dirão...Se calhar tudo isto não
passa de um fim de domingo chato!
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...Eu tenho que ser sério, não pode ser de outra maneira, nao é?...
A seriedade deste senhor está bem patenteada neste pequeno filme, coleção de momentos de grande elevação intelectual e duma honestidade hilariante. Peca por ser curto uma vez que momentos destes são uma autêntica constante na prestação daquele que se diz e pensa ser primeiro ministro deste pais. Ascendeu a esse estatuto mediante promessas falsas e mantem-se no seu posto continuando, imparável, nesta senda de boutades, sem parar um momento para pensar, ou para ordenar que alguém pense, ou, simplesmente para se calar. Em qualquer dos casos faria melhor figura que a triste que exibe, sem intervalar.
Como dizia Medina Carreira noutro contexto, não é possivel o dialogo pela mesma razão que ele não existe entre o marido enganado e a mulher que o trai sem se assumir insistindo na inocência!
Tão simples quanto isto!
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O Rei vai nú!!!!!!!!
![]() |
Não há pior cego, surdo ou mudo que aquele que não quer ver, ouvir ou falar. |
O que diz Artur e o Governo não ouve
Por
Nicolau Santos in "Expresso" de 22.12.1 2
Artur Baptista da Silva é um ilustre
desconhecido para a maioria dos portugueses. Mas não devia ser um ilustre
desconhecido para o Governo. Em primeiro lugar, porque coordena a equipa de
sete economistas que o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, decidiu
criar para estudar o risco geopolítico e social na Europa do Sul como resultado
dos programas de ajustamento. E em segundo, porque é ele que ficará encarregado
do Observatório Económico e Social das Nações Unidas para a Europa do Sul, a
instalar em Portugal a partir de 2013.
Quais são as razões que levam a ONU a
estar preocupada com o ajustamento nos países do Sul? Por um lado, a Europa,
que tem sido uma grande zona de paz social, está agora a ser confrontada com
uma mancha de descontrolo no Sul que pode gerar a passagem, “por osmose, dos
problemas do Sul para o Norte”. E a tal mancha de descontrolo assenta no
aparecimento, em países catalogados como ricos, de bolsas de pobreza, que
atingem milhões de pessoas. Segundo as contas do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUP), em Portugal existem dois milhões de pessoas que
vivem com menos de 7 euros por dia, o limiar da indigência. E no limiar da pobreza,
menos de 14 euros por dia, estão três milhões de pessoas.
Por outro, os sete economistas passaram,
todos eles, por países onde processos de ajustamento semelhantes foram levados
a cabo, “com resultados tenebrosos”, na opinião do Artur Baptista da Silva.
![]() |
Uma Troika de Abéculas... |
Tendo por pano de fundo estas razões, a
ONU propõe então a renegociação da dívida acumulada pelos países sob
intervenção externa e que os está a asfixiar. Nesse sentido, os sete
economistas analisaram os fundos estruturais a que estes países tiveram acesso,
mas que obrigavam a um cofinanciamento nacional, e chegaram à conclusão que 41%
do total da dívida soberana portuguesa, que de 1986 a 2011 soma €121 mil
milhões, resultam precisamente dessa obrigatoriedade e não de decisões
políticas internas ou de políticas económicas erradas. Defendem assim que o
Banco Central Europeu refinancie esta parte da dívida a vencer à taxa de 0,25%
por um prazo de dez anos, bem como a suspensão do artigo 123 dos estatutos do
BCE por uma década para que a instituição possa comprar dívida soberana no
mercado primário. Portugal pouparia assim €3,1 mil milhões com esta operação.
A segunda proposta é que a troika aceite
um desconto global de 15% sobre o total dos juros a pagar, na casa dos €34,4
mil milhões, pelo empréstimo que nos foi concedido de €78 mil milhões. Este
montante de juros é superior a 40% do total do empréstimo, o que “é um absurdo
para um fundo que se diz de assistência.”
Finalmente, a parte do FMI no empréstimo
a Portugal usa os Direitos de Saque Especiais (DSE), que estão indexados à
cotação de quatro moedas. A penalização cambial de Portugal entre 2012 e 2015 é
estimada em 12%, devido à valorização do euro em relação àquelas moedas (dólar,
euro, iene e libra esterlina), num total de mais de €2 mil milhões. A ONU
propõe a renegociação com o FMI desta penalização cambial.
Conclusão: a ONU, que suponho não pode
ser acusada de estar contra o Governo, defende que Portugal tem de renegociar a
sua dívida, pois de outra maneira o processo de ajustamento terá consequências
devastadoras para a economia e para a sociedade portuguesas. Será pedir muito a
Passos Coelho, Vítor Gaspar e Carlos Moedas que leiam a entrevista que Artur
Baptista da Silva deu ao caderno de Economia do Expresso a 15 de dezembro?
sábado, 22 de dezembro de 2012
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