O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crise Nacional(I)


É UM GOVERNO PORTUGUÊS

A actual crise é grave. Por isso mas também por um sem número de razões espúrias se tem falado dela sistematicamente.

Talvez seja útil passar em revista os factos, a sua origem, as suas consequências e as respostas empreendidas para este puzzle.

Comecemos pelo fim.

Creio que todos concordamos que o actual Governo encontra-se prestes a atingir o termo do seu prazo de validade.
Em muito por razões conjunturais (não serão estruturais?), mas também em muito por culpas próprias.
Consideramos no entanto que, durante os três primeiros anos, o governo Sócrates terá sido, provavelmente, o melhor que tivemos depois de Abril: consolidaram-se as finanças públicas para um défice record de 2,3%, saiu-se da recessão e pôs-se a economia a crescer, reformou-se a Previdência Social, desenvolveu-se um plano energético (hoje 45% da energia que consumimos provem de fontes alternativas) e fez-se frente a interesses corporativos que há longo tempo condicionam a vida do país pelos excessos de conforto relativo em que se encontram incrustados.

Temos muitas vezes aqui referido que, neste percurso, o governo foi muitas vezes pelo caminho mais fácil, isto é, pelo recurso ao aumento da receita e à suprema sofisticação da cobrança, trucidando inúmeras vezes os direitos dos contribuintes, ao mesmo tempo que se limitaram materialmente os seus meios de defesa. Não é porém por aqui que esta análise, pelo menos para já, se pretende desenvolver.

O que é facto é que este governo foi extraordinariamente eficaz no alcance dos resultados citados e eficiente ou mesmo inovador no que ao cumprimento orçamental disse respeito, pois, nesse período, nunca recorreu a qualquer Orçamento rectificativo, cumprindo as metas orçamentais como nunca tinha sucedido desde o 25 de Abril, o que constituiu um factor fundamental de moralização democrática das contas, de respeito pedagógico pela receita e pelos cidadãos-contribuintes.

Tudo corria razoavelmente (do ponto de vista da administração corrente do país e não necessariamente do ponto de vista politico, dados os casos de policia e a qualidade da sua cobertura jornalística) até que no último ano o Governo começou a meter água porquanto a sua apetência pela conservação do poder, amplificada pelo crescendo dos ataques políticos ao snr. Sócrates, tê-lo-á conduzido às más práticas mais costumeiras:
Primeiro aumentou os funcionários públicos em mais 2,9% apesar da inflação ser inferior a 2% , agravando a verba do Orçamento do Estado que maior rigidez e peso relativo apresenta: salários e prestações sociais, que ronda os 75% do OGE !

A ansiedade pela reconquista do poder, uma vez mais prevaleceu e passou a valer tudo.
As grandes batalhas contra privilégios absurdos de algumas corporações, atento o seu contexto na exígua economia nacional, abrandaram e nalguns casos até tiveram “saídas de sendeiro” depois das “entradas de leão”.

A crise do capitalismo de casino e uma boleia para a campanha eleitoral

Entretanto veio a crise “inesperada” e seguindo a receita de todos os governos do mundo que consistiu no despejar de dinheiro na economia (no que aliás foi incentivado pelas medidas de intervenção na economia verdadeiramente novas do Presidente Obama ou pelas palavras que todos ouvimos ao snr. Durão Barroso para que os europeus esquecessem o PEC e as limitações até aí impostas ou sugeridas) o Governo foi agravando a sua performance.

É certo que, face à proximidade eleitoral, tais medidas foram também de grande oportunidade e conveniência. Sucedeu que, em vez de 8% de défice como se previra no orçamento, acabou o mesmo com mais de 9% .

Por essa altura pensou o Governo, e provavelmente com sustentação, que atendendo á extensão da crise, a UE permitiria que a consolidação se fizesse gradualmente, sem dor, como tudo parecia fazer crer.

No entanto em virtude de factores externos, a UE viu-se obrigada a endurecer a sua posição já que o ataque desenfreado ao euro obrigou a medidas sérias em defesa do mesmo, pelo que desembocámos aqui, onde nos encontramos!

Esta história simples e comum de um Governo de Portugal que até começou com boas intenções, mas que, adito á vulgar vertigem eleitoral, acabou por ceder aos seus ditames e, inebriado pelo ceptro da reeleição, cedeu a todas as tentações.

Medíocre foi entretanto o papel da oposição – o que constitui um verdadeiro lugar comum na politica portuguesa - a qual, sem alternativas credíveis, objectivas ou subjectivas, alinhou na onda das corporações descontentes, capitalizando-se com a mesma, absolutamente indiferente à utilidade que para si poderia resultar da domesticação de alguns monstros sagrados da ineficiência nacional, quando, uma vez no poder, se visse obrigada a enfrentá-los.

Padecendo de todos os males da nossa democracia, do nepotismo ao clientelismo, aliás como todos os outros governos antes dele, este governo conseguiu fazer um esboço duma governação competente, responsável e patriótica, no que foi realmente inovador, apesar de o ter sido com termo certo, cedendo aos lugares comuns da manipulação eleitoral e seus custos para todos, agravados estes pela crise estrutural do capitalismo de casino.

Capitalismo de casino este cujo paradigma, absolutamente suicidário, não colapsou, sobrevivendo por meio de mais uma das suas sete vidas, quando tudo fazia crer – aos crentes – o contrário, em obediências às deduções lógicas mais meridianas.

De notar que após uma crise que abalou as instituições e ameaçou a sociedade continuamos ás voltas com as mesmas agências de rating que demonstraram à exaustão a sua incompetência, bem como a ausência, nalguns casos absoluta, de ética e com os especuladores que não hesitam em condenar populações para conseguirem aumentar os seus saldos bancários.

Pode assim concluir-se sem grande dificuldade que não se equacionou com seriedade um novo paradigma. Limitámo-nos a perder a oportunidade de adaptar, uma vez mais, o capitalismo, aos novos desafios motivados pelos excessos e excrescências da sua ultima versão, ainda em curso.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Presença

UM POEMA DA NOSSA ARMAÇÃO POR TORQUATO DA LUZ NO SEU BLOG OFÍCIO DIÁRIO



Armação de Pêra

Entra-me em casa o murmúrio do mar
e ao fim da tarde assoma na janela
uma gaivota que me vem deixar
a mensagem mais simples, mais singela,
que podia na vida desejar:
esta certeza de que estás comigo
mesmo quando te ausentas e eu invento
mil e uma formas de escutar no vento
o eco das palavras que te digo.

(Do livro "Espelho Íntimo", a lançar no próximo dia 26, às 19 horas,na Livraria Barata, Av. de Roma, 11-A, Lisboa)

domingo, 16 de maio de 2010

"O Analfabeto Político" - Bertolt Brecht


O Analfabeto Político
Bertolt Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e enche o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Portugueses deixam hoje de trabalhar para o Fisco

Será mesmo hoje que os portugueses deixam de trabalhar para pagar impostos e começam a amealhar?


Os portugueses trabalharam este ano 133 dias para pagar os impostos. Um estudo da Associação Industrial Portugal e da Confederação Empresarial conclui que hoje é o dia da libertação dos impostos. Quer isto dizer que hoje o português médio já terá ganho o suficiente para cumprir as obrigações fiscais. Em relação a 2009 foi necessário mais um dia, menos 5 que em 2008.

Desconhecemos se será rigorosamente verdade o que consta da noticia, sobretudo atendendo ao aumento da carga fiscal que ai vem.
Como da noticia não resulta mais informação sempre ficamos sem saber o que é que esse português médio comeu nesses 133 dias, como pagou a renda, a água e a luz, o colégio dos miúdos, as explicações, os remédios na farmácia?

O tempo que passamos é de grande tensão deste ponto de vista. Continuamos a pensar que esta economia, estes empresários, esta classe politica, não nos convencem.

Mais uma vez, os dirigentes, não atacam a origem do problema de frente. A correcção do défice não constitui um fim em si mesmo, com o qual todos os nossos problemas se resolvem.

É falso e sobretudo ardiloso fazê-lo crer a todos que é por aí que vamos algum dia ter uma vida diferente.

O governo que até tem merecido algum crédito não está, claramente, à altura dos desafios. Mas a oposição muito menos.

Mais uma vez socializam-se as soluções, pela via da receita.
O corte na despesa fundamental que os irlandeses, gregos e espanhóis empreenderam (menos 5% nos sálarios da função pública) continua a não se querer encarar. Depois surpreendemo-nos pelo crédito que as medidas daqueles países obtêm!!!!

É que em Portugal pode-se atacar tudo, os ricos para inglês ver, a classe média até ajoelhar, os pobres até rastejarem e até mesmo ferir de morte a economia que, com saúde, é a única que nos poderia salvar a todos, mas nunca se mata o touro!

Para onde vais Portugal?
Para onde nos levam, portugueses?
Que projecto têm estes tipos(classe politica) para a sociedade portuguesa?

E o futuro? Haverá alguém que ainda saiba o que quer dizer?
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Post Scriptum:
Disse ainda o snr. Sócrates que tinha o governo optado por não tomar medidas dirigidas a uma camada determinada da população, mas antes por medidas que a todos afectassem.

Quis dizer claramente que optou por não afectar os funcionários públicos( a despesa principal que é responsável com os juros por 80% do orçamento)como o fizeram a Irlanda, a Grécia e depois a Espanha, em 5% dos seus salários.

Quem pensa o snr. Sócrates que engana com mais este malabarismo demagógico?

Para não afectar os funcionários que têm garantia de emprego como mais ninguém tem, afecta toda a economia que assim continua a ameaçar o emprego aos restantes que, só por si não goza de qualquer garantia como aqueles, quanto mais com o agravamento da situação económica e a concomitante redução do emprego.

Onde é que está a equidade de que fala, se á partida ela não existe?

Optou então por afectar todos com medidas que pretendem incrementar a receita. Esquecendo que a receita não aumentará, pelo menos quanto ao IVA, como ficou demonstrado quando a snra Manuela Ferreira Leite levou a cabo a mesma medida porquanto, compreensivelmente, o consumo se vai reduzir e a receita, na melhor das hipóteses ficará igual. As consequências para a economia foram as que se viram então e as que se voltarão a ver agora.

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Cada coisa no seu lugar:SLB SLB GLORIOSO SLB Campeão de Portugal...

Benfica conquista o seu 32.º título

Dia Internacional da Liberdade de Expressão Online

Lamentavelmente atrasado, este Blog não publicitou atempadamente, o 1º Dia Internacional da Liberdade de Expressão Online –12 de Março– o qual decorreu em simultâneo com a segunda edição das 24 horas de demonstração online contra a censura, uma iniciativa com o mesmo objectivo que incentiva os utilizadores a partilharem testemunhos. A primeira edição desta iniciativa de 24 horas, no ano passado, registou a participação de 40 mil utilizadores de Internet.

O relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras que retira a Portugal 14 posições no ‘ranking’ da liberdade de imprensa justificaria uma muito maior atenção.

O objectivo foi envolver os utilizadores de Internet, solicitando a sua participação numa campanha que decorreu durante todo o dia, oferecendo a possibilidade de registar denúncias sobre actos de repressão da liberdade de expressão na Internet.

A iniciativa assumindo-se como mais uma forma de pressão junto dos governos que perseguem os movimentos online anti-regime, foi da organização Repórteres Sem Fronteiras e começou por ter o apoio da UNESCO que entretanto anunciou (no dia 11 de Março à noite, a poucas horas do início do dia internacional da Liberdade de Expressão na Internet), que retirava o apoio à iniciava, justificando a decisão com o enumerar de países específicos feito pela RSF, sem a sua concordância prévia.

Todos os sites, blogs e outras plataformas web interessadas em aderir à campanha e exibir os anúncios alusivos poderam fazê-lo contactando a organização, que procurou com esta iniciativa pressionar os governos dos países considerados inimigos da Internet: Arábia Saudita, Bielo-Rússia, Mianmar, China, Coreia do Norte, Cuba, Egipto, Etiópia, Irão, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turquemenistão, Vietname e Zimbábue.

No comunicado em que divulgava a iniciativa a RSF lembrou que os autores de blogs são os principais visados pelos governos repressores e recorda que estão hoje presos em todo o mundo 63 ciber-dissidentes por expressarem as suas opiniões livres na Internet.

É realmente preocupante que, em Portugal onde os media podem escrever e dizer de tudo com a maior impunidade, este assunto possa estar em agenda ou mereça referência noticiosa!
Não vivemos, felizmente, qualquer constrangimento à liberdade de expressão que não seja a da marginalização social por parte dos não enquadrados em clientelas partidárias! Podem-se sofrer consequências, mas não conseguem calar quem medo delas não tem!

Não é a liberdade de expressão que está em risco, mas a resistência ao desvario da informação!
Recordemos o que já em 1990 pensava Giles Deleuze (filosofo francês 1925-1995) no ‘Pourparlers’:

Nous ne souffrons pas d’incommunication, mais au contraire de toutes les forces qui nous obligent à nous exprimer quand nous n’avons pas grand chose à dire (…) Les forces de répression n’empêchent (plus) les gens de s’exprimer, elles les forcent à s’exprimer. Créer n’est pas communiquer, c’est résister.

sábado, 8 de maio de 2010

Parabéns Portimonense!

20 Anos depois estão outra vez na Liga Sagres

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bandeira Azul


Finalmente em Armação de Pêra


A Associação Bandeira Azul da Europa divulgou ontem que tinham sido atribuídas a bandeira azul a treze novas praias que a vão hastear este ano. São 240 as zonas balneares galardoadas em todo o país.

Entre as premiadas estão 232 zonas balneares costeiras e oito fluviais.

O Algarve está no topo, com 69 praias a erguer o símbolo de qualidade. Desta vez e depois de muito protestarmos a Câmara de Silves lá se resolveu a apresentar a candidatura e não é que temos direito a duas vai uma para Armação e outra para a praia grande.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

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Património Natural

Algarve