Num Conselho de Ministros, o ministro das Finanças do I Governo Constitucional ouvia o pedido de um colega do Executivo que queria um aval para que fossem disponibilizados 600 mil contos do Estado (era 1% do PIB). “Parece impossível o ministro das Finanças opor-se a isto, tivemos um trabalhão”, argumentava-se, na tentativa de convencer o homem a quem todos ali conheciam o espírito somítico e (já então) tantas vezes apocalítico quanto ao futuro do Estado e da sua saúde financeira. “Foi uma pena não terem tido um pequeno trabalho mais que era arranjar os 600 mil contos”, respondeu o responsável das Finanças do primeiro Governo liderado por Mário Soares, Henrique Medina Carreira. Arrumou ali o assunto.
A história foi contada pelo próprio, em 2011, numa entrevista dada à revista Sábado, quando lhe perguntaram sobre alguma reunião de ministros mais difícil, naquele ano e meio no primeiro Governo constitucional em que foi ministro das Finanças. “Acabou a discussão e não houve dinheiro para ninguém”, contou com aquele orgulho na sua disciplina financeira — avareza, diriam alguns dos seus colegas do Governo — com que contava tantas outras histórias. Como aquela que repetia a cada entrevista, dos sapatos que em 1971 levou numa viagem à União Soviética e que ainda hoje conservava. “Não sinto necessidade de esbanjar dinheiro. Gasto muito pouca coisa de uso corrente, sapatos tenho de 30 anos. Fui à União Soviética em 1971 e tinha um par de sapatos que já eram usados cá e ainda lá estão em casa”.
O que o fazia gastar dinheiro? “Livros”, confessou ao Expresso, em 2009. Nos últimos anos lia sobretudo biografias políticas. Atualmente, Medina Carreira vivia sozinho. “Hoje tenho uma vida pacata, vivo só. Enviuvei, depois vivi em união de facto, depois vivi em união de facto, depois casei, depois divorciei-me”, contou numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, publicada no Jornal de Negócios em outubro de 2009. Tinha uma filha, Paula. Não tinha netos, com pena de hoje não o fazerem “andar de gatas” ou de tê-los “às cavalitas” ou de o fazerem “rebolar no chão” e “esquecer esta cegada”, confessou muitas vezes, como aqui, aqui ou aqui. Estava internado há cerca de um mês, num hospital em Lisboa onde acabou por morrer aos 85 anos, esta segunda-feira, dia 3 de julho de 2017. Insatisfeito com o país, arrasador para os seus políticos e partidos, preocupado com o seu futuro. Como sempre.
Nos últimos anos teve espaços de comentário político e económico, primeiro na SIC e depois na TVI, sempre muito mordaz, incisivo, direto, incómodo e polémico. Mas não gostava que o classificassem de “pessimista”. Respondia no seu estilo muito próprio: “Chamam-me assim porque, para me responderem, tinham de ir trabalhar, estudar os números, raciocinar. Limitam-se a chamarem-me pessimista e dão repercussão a essa ideia. É a coisa mais estúpida deste mundo e é a fórmula cómoda de tentar anular o meu pensamento”.
Enquanto não vir gente capaz de tomar conta deste país, sou incómodo. Quando olho para os partidos, para estes dirigentes, não posso ser outra coisa. Os factos mostram que somos a pior economia da Europa e dos países mais endividados. Até hoje, não consegui arranjar uma pessoa para discutir comigo num programa na televisão…”, disse ao Expresso em 2009
Prometia, não raras vezes, que se lhe dessem uma hora e meia de televisão virava “muita gente do avesso”. A sua experiência política resumiu-se a dois governos. Um provisório, em 1975, como Subsecretário de Estado do Orçamento e o segundo foi o que tinha Mário Soares na liderança. Salgado Zenha e Mário Soares convidaram-no para almoçar numa tasca em Belém, estava ele a preparar os caixotes para sair do Ministério quando percebeu que a sua passagem pelas Finanças afinal não ficaria por aquele Governo provisório.
Na família isso foi mal visto. Aliás, Medina Carreira contava muitas vezes, entre gargalhadas, como o pai lidava com o assunto, recordando dois episódios concretos. Uma vez, António Barbosa Carreira escreveu a um primo: “Veja lá que o meu filho é tão burro que aceitou ser Ministro das Finanças num país falido”. Outra, visitou-o no Ministério e a rececionista percebeu que era o pai do ministro pelo documento de identificação. Abordou-o: “O senhor é pai do senhor Ministro?”. “Não, não, o senhor Ministro é filho de pai incógnito”, respondeu.
Não queria ser ministro, mas aceitou porque na altura, no pós 25 de Abril, dizia sentir um espírito de missão que fazia impossível recusar um cargo de governação. Mas do que gostou mesmo foi de ser sub-Secretário do Orçamento. “Gostei muito de lá estar. Depois transitei para a função de ministro. E detestei lá estar.” Explicou mais tarde que “não era uma atração – ser Ministro das Finanças. Num país rico e próspero, deve ser agradável”. Mas se este não era o momento, menos ainda o era na altura, com o país a braços com um pedido de assistência financeira ao Fundo Monetário Internacional. A primeira necessidade foi em 1977, apanhou Medina Carreira no posto das Finanças, mas negou à Visão ter sido ele que arquitetou o acordo com o FMI: “Quem esteve nisso foi depois o Vítor Constâncio e o Silva Lopes. Eu nem concordava com o acordo com o FMI. Aliás, vi logo que estava mal no Governo, porque não conseguia fazer a minha política, ninguém concordava comigo”.
A conclusão de homem desajustado com o seu tempo e quase um vidente do Apocalipse financeiro era recorrente em Medina Carreira. Isso e a desilusão com os políticos, que mostrou ter sido crescente ao longo dos anos. Chegou a militar no PS, mas poucos anos depois, em 1978, e já depois de ter sido ministro, saiu em rutura pelo chumbo ao Governo de iniciativa presidencial (era Eanes o Presidente) chefiado por Nobre da Costa.
Porque é que me sinto de esquerda? Porque a minha grande preocupação sempre foi a gente que está pior e que não teve sorte na vida. A derivação da engenharia para o que vim a fazer foi motivada por isso”.
Acabou por voltar para sair de novo, em 2001, “por causa daquela trafulhice da reforma do património, no tempo do Guterres. Percebi que aquele partido era dirigido por gente sem palavra e eu não me dou com gente sem palavra”, contou a Anabela Mota Ribeiro. Em causa estava um convite que recebeu, do ministro das Finanças de Sousa Franco, para estabelecer uma comissão para fazer propostas para a reforma do património. Incluía um imposto sobre as ações e Medina teve o compromisso do próprio primeiro-ministro, António Guterres, de que aquilo iria por diante. Não foi e chegou a dizer que, na altura, pediu uma posição pública a Guterres, que nada fez. “Senti que o PS se estava tornar demasiado manhoso para mim.”
Apesar de tudo garantia gostar do pai-fundador do PS, Soares. Reconhecia-lhe o papel decisivo nas fundações da democracia, mas em 2006 foi Cavaco Silva que apoiou como candidato à Presidência da República, precisamente contra Soares. Mais tarde havia de reconhecer que, naquela altura, o país teria precisado de meio Cavaco e meio Soares, na Presidência. Nas Presidenciais mais recentes, já depois de anos de crítica intensa ao sistema dos partidos e aos políticos sem uma atividade profissional, preferiu apoiar o empresário socialista Henrique Neto.
Sinto-me corrosivo nas apreciações, e na política estou cada vez mais corrosivo, porque acho que a desgraça é cada vez maior”.
Sempre viu no seu espírito de “espalha-brasas” uma veia do seu pai, o homem que o ensinou a ler aos 4 anos e que aos 10, quando vindos da Guiné Bissau (onde nasceu), lhe deu três hipóteses para prosseguir os estudos, já em Lisboa: Infante Sagres, o Colégio Militar ou os Pupilos do Exército. “Concluí que o colégio para onde iam os filhos de gente modesta era os Pupilos. O Colégio era para filhos de oficiais, os Pupilos para filhos de sargentos, praças, cabos. Eu, em qualquer circunstância, estou do lado das pessoas que, na escala social, são mais exploradas, mais enganadas. Estou sempre, espontaneamente, do lado do fraco”.
Por lá estudou 9 anos e ganhou uma “educação rigorosa”. Na entrevista à Sábado (já citada e com link) explicou que aos 11 já “manejava armas” e que quando chegou à escola, em regime de internato, “nunca tinha mexido em água fria para além das mãos. No primeiro dia fui obrigado a tomar um duche de água fria às 6h da manhã. Hoje, tomo quente, às vezes fria. Morna não, não gosto de meias-tintas, nem no banho”. Foi lá que tirou um bacharelato em engenharia mecânica e, quando saiu da escola, procurou emprego na área, encontrando-o na Companhia União Fabril (CUF) do Barreiro, na fundição de aço. Por lá ficou três anos, enquanto acabava o curso do liceu. Mais tarde licenciou-se em Direito, na década de 60, frequentando mais tarde o curso que sempre ambicionara: Economia, na Universidade Técnica de Lisboa. Não chegou a terminar: “Não tinha tempo”. Especializou-se na fiscalidade.
No comentário que fazia, nos últimos anos, Medina Carreira era especialmente crítico da despesa do Estado. “A social-democracia tenta igualar o mais possível a distribuição de riqueza e desenvolver um conjunto de mecanismos que protege as pessoas em dificuldades. Foi um ótimo sistema enquanto houve dinheiro.” Agora, clamava muitas vezes, o dinheiro era emprestado e os Estados, dizia ainda, “receberam o passivo das políticas sociais, mas não os aspetos positivos: riqueza, pleno emprego, etc..
Se desapareceram os alicerces do Estado social, este passou a ser ficção. Estamos a fingir. Ou os políticos social-democratas repõem a economia, ou nada feito”.
“Ou percebemos a tempo a nossa doença, ou um dia teremos um Salazar”, avisou na entrevista à Visão (citada em cima), em setembro de 2009, altura em que lançou mais um livro muito crítico da classe política “Portugal, Que Futuro? O tempo das mudanças inadiáveis”. Noutro, o “Fim da Ilusão”, lançado em 2011 em plena chegada da troika, onde se dedicou a explicar as causas do “colapso financeiro”.
De si dizia ter “uma qualidade”. “Sou uma boa pessoa. Sou uma pessoa que não trafulha, que não intriga, que não se vinga, que não persegue, que não odeia.” Em 2009 afirmava, numa entrevista então publicada no Negócios, que não tinha “vontade de morrer”, não por medo da morte, mas pela “maneira de morrer”. Até para isso tinha uma solução radical: “Defendo que desde a nascença devíamos ser portadores de uma ampola com cianeto de potássio. Os nazis andavam com uma. Quando dava para o torto, dentavam e caíam para o lado. Acho que devíamos ser senhores do nosso fim”. Mas também garantiu que até ali, se tivesse a tal ampola, também não a teria utilizado.
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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terça-feira, 4 de julho de 2017
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Pregando aos Peixes, como Santo António!
Os
textos que publicamos hoje, da autoria de Paul Degrauwe e Medina Carreira são
extraordinários.
Extraordinários
porquanto correspondem ao tipo de informação, séria, sustentada e desapaixonada
que a delicadeza e a profundidade da crise que atravessamos, Portugal e a
Europa, exigem, fazendo-o ainda com raras clareza e concisão, também por aí
exibindo contraste suficiente para qualquer cego, ver, o que só é atingível em
resultado de muita competência e trabalho.
Trata-se
também de informação estruturada e estruturante de que os cidadãos carecem para
melhor equacionarem o contexto que condiciona dramaticamente a sua existência.
Em
contraste com o “ruído” que caracteriza o essencial da informação que lhes é
oferecida ou instilada quer pelos interesses tácticos da classe política quer
pelos interesses comerciais dos órgãos de difusão publicitária também chamados,
impropriamente na maior parte das vezes, de comunicação social.
Remadores
contra a maré da comunicação sem conteúdo relevante, estes analistas merecem um
elogio expresso por parte dos cidadãos-eleitores-contribuintes, na certeza de
que são expoentes de uma intervenção/participação de que as comunidades carecem
e da qual não podem prescindir se se tratar de mudar de paradigma, coisa que
nos parece de uma inevitabilidade alucinante.
Infelizmente
pregam aos peixes, como Santo António!
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O Estado social (IV) - Economia de 1% e Estado pré-falido: que Estado social?, por Medina Carreira
A reforma do Estado
social português - Não está na nossa inteira disponibilidade a reforma do
Estado social português: a evolução negativa das bases fundamentais da sua
sustentação - económicas, financeiras e demográficas - tornam-na imperativa e
inadiável, como antes já procurou demonstrar-se. Há duas décadas teria tido
custos, mas toleráveis; hoje será penosa para alargados estratos da nossa
sociedade e provocará ‘feridas’ insanáveis; mais tarde poderá reduzir-se a
prestações, pouco mais que simbólicas, sem coerência, sem segurança, sem
regularidade e sem justiça. Perante esta realidade é preocupante a ligeireza
com que alguns responsáveis (?) políticos continuam a proclamar a possibilidade
da sua manutenção, sem limites e sem mudanças; pensam e agem como se estivesse
assente em alicerces comprovadamente sólidos, quando são evidentes as fraquezas
da sua base de sustentação financeira. Estamos perante um perigoso embuste, há
anos repetido sem escrúpulos.
Perspetivas sobre o
crescimento económico - Uma rápida e forte aceleração da nossa economia seria a
única via suscetível de mitigar os efeitos a produzir por uma drástica reforma
do Estado social. Infelizmente, não nos encontramos em condições de acalentar
quaisquer expectativas favoráveis que o permitam. Na verdade, ocorrem três
principais ordens de razões para que assim seja - 1) os entraves ocasionados
pelas políticas que nos conduziram à pré-falência e à tutela estrangeira; 2) a
insuficiência dos resultados obtidos, até agora, pela ação do atual Governo, em
áreas essenciais; e 3) as profundas modificações trazidas pela globalização,
com efeitos muito negativos e, provavelmente, já irreversíveis, sobre as
economias desenvolvidas do Ocidente.
Os entraves
acrescidos pela pré-falência do nosso Estado - Nos derradeiros 30 anos e década
após década, a taxa de crescimento do PIB português caiu sempre: 3,6%
(1980-90); 2,9% (1990-2000); e 0,6% (2000-10). Em contrapartida, e como se sabe,
as políticas de despesa pública ignoraram este comportamento económico e o
insuportável endividamento público, arrastando o Estado para a pré-bancarrota e
a tutela exterior. Emergiram, em consequência, alguns fortes constrangimentos,
a saber: a falta de financiamento da economia, ou, quando disponível, feito a
taxas proibitivas; os impostos aplicados, que atingem níveis antes
desconhecidos; a quebra profunda da procura interna, com efeitos arrasadores no
consumo; a desconfiança que afugenta o investimento; um temor crescente da
sociedade perante o seu futuro; a descapitalização total da maioria das
empresas. Sendo esta uma síntese, ainda assim incompleta, do pano de fundo que
envolve a nossa economia, é essencial mudá-lo rapidamente, como condição indispensável
para a atração do investimento.
As verdadeiras
prioridades políticas, não concretizadas - Tendo em conta as circunstâncias
desfavoráveis e globais em que nos encontramos, impõe-se, urgentemente, a
aplicação de políticas nas seguintes áreas: na do ajustamento das contas
públicas; na da reforma do Estado social; e na das reformas estruturais, em
especial nos domínios laboral, fiscal, burocrático e judicial. Temos por certo
que, desde o início de funções, estas políticas deveriam mobilizar por completo
as atenções e a ação do Governo. Acontece, porém, que ainda não se avançou, em
medida suficiente, em qualquer das três direções: o ajustamento das contas
públicas e o cumprimento dos défices não foram conseguidos, em absoluto, mesmo
com receitas extraordinárias; do Estado social irá cuidar-se só agora, sem
reflexão profunda, sem planificação adequada, sem método e à pressa; as
reformas estruturais evoluem devagar e desligadas, sem objetivos e prazos
conhecidos. Resumindo, as condições internas e mínimas para a aceleração
económica, a um ritmo compatível com um futuro satisfatório, não existem.
A globalização e a
desindustrialização do Ocidente desenvolvido - Na sua generalidade, as nossas
elites vivem obcecadas com os problemas do euro, muito convictas de que,
solucionados aqueles, voltaríamos rapidamente aos bons tempos da grande
prosperidade. Temos as maiores reservas face a esta posição, sem duvidar da
grande importância de que se reveste a questão monetária dos 17: assumimo-la
como necessária mas não suficiente. Porquê? Porque a deslocalização maciça das
indústrias transformadoras para fora da sua área, em busca permanente da mão de
obra que se mostre mais barata, roubou ao Ocidente a produção industrial com
alta produtividade, que absorve um elevado número de trabalhadores com aptidões
médias, empregos estáveis e satisfatoriamente remunerados. Foi com esta
economia de base industrial que no Ocidente se criaram e sustentaram as
numerosas classes médias e se esbateram progressivamente as diferenças entre
ricos e pobres. Pretendeu-se deslocar para as tecnologias da informação e
outros serviços qualificados os motores do crescimento económico. Mas estes
criam poucos empregos e exigem saberes especializados. À margem destes restam
os serviços pouco qualificados, de baixa produtividade, pouco estáveis, mal
pagos e geradores de vidas difíceis, fonte das crescentes desigualdades que
ocorrem hoje nas nossas sociedades. Quer dizer: passámos a comprar no
estrangeiro aquilo que produzíamos e ficámos com os desempregados, ou com os
empregados mal pagos, que agora trabalham nos serviços. É difícil perceber
isto, que nada tem que ver com o euro? Assim, solucionado que fosse o problema
da moeda, continuaríamos a comprar lá fora o que antes produzíamos, deixando no
desemprego, ou em serviços pouco qualificados, os que saíram da indústria.
O afundamento das
economias ocidentais a partir de 2001 - A globalização/desindustrialização
produziu o recuo daquelas economias (ver quadro PIB em Volume). Nenhum país
escapou e os principais registaram quedas significativas. A zona euro desce de
um crescimento médio anual de 2,6% (1986-2000) para 1,1% (2001-2010); e os EUA
de 3,3% para 1,7%, respetivamente. Perto de 60% o tombo dos 17 e perto de 50% o
dos EUA. No nosso país baixou-se de 3,8% para 0,7%, nesses períodos, o que
corresponde a uma descida da ordem dos 80%! Não surpreendem os nossos registos
muito negativos quando se tenha presente o aceleradíssimo recuo do peso da
indústria no nosso PIB: 39% em 1980; 38,2% em 1990; 20,4% em 2000 e 17% em
2010. Em 20 anos (1990-2010) - 21,2 pontos percentuais. Resumindo: a passagem
em curso de economias industrializadas para outras terciarizadas, no nosso
Ocidente, deixa já um rasto dramático de efeitos. Um imenso desastre está em
curso no Ocidente desenvolvido, sem que se eleve a voz de um único alto
responsável, de dentro ou de fora. É que já não há responsáveis,
verdadeiramente!
Um exercício sobre
o futuro da economia e o futuro do Estado social português - Os limites dos
benefícios concedidos por este dependem, decisivamente, da economia e da
demografia. Já ninguém põe em causa, entre nós, que a baixíssima taxa de
natalidade e a crescente longevidade constituem uma séria ameaça para a
sustentação daquele Estado. Quanto à condicionante económica, poucos se
preocupam. É possível que, para esse alheamento, concorram as garantias
constitucionais existentes e a expectativa do aparecimento, na governação, de
gente com apurada sensibilidade social. Por isso, justifica-se o exercício
expresso no quadro Projeções sobre Receitas e Despesas, que assentou no
seguinte: a) Previsão de crescimentos económicos anuais de 0,5% (2010-2015) e
de 1% (2015-2020), na Hipótese A e de 1% e 2%, respetivamente, na Hipótese B;
b) Nível de fiscalidade de 35% do PIB em 2015 e 2020; c) Outras receitas públicas
equivalentes a 6% do PIB em 2015 e 2020; d) Endividamentos (défices)
correspondentes a 0,5% do PIB nesses anos; e) Despesas com juros previstas no
DEO; f) Despesas sociais, de valor igual ao de 2010, em 2015 e 2020 (38,3 mm€);
g) Para todas as restantes despesas públicas, o remanescente permitido pelo
peso dos juros e pelas despesas sociais.
Conclusões a
extrair do exercício - Os gastos com os juros e a manutenção das despesas
sociais no valor de 2010 (38,3 mm€) limitam os montantes disponíveis para todas
as outras despesas públicas: assim, e no futuro, ou se reduzem drasticamente
estas despesas ou o Estado social não poderá crescer nem sequer manter-se ao
nível de 2010. Goste-se ou não, a preservação do Estado social, nos seus atuais
termos, não será viável sem um dinamismo económico muitíssimo maior, não
provável nas circunstâncias conhecidas e nas previsíveis. Com a economia deste
início do século XXI ninguém manterá o nosso ‘social’ tal como é.
Medina Carreira in Expresso de 17/2/2013
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terça-feira, 19 de abril de 2011
FOI PEDIDO O RESGATE - um texto de Medina Carreira

Bom, dado o que está em causa é tão só o futuro dos nossos filhos e a própria sobrevivência da democracia em Portugal, não me parece exagerado perder algum tempo a desmontar a máquina de propaganda dos bandidos que se apoderaram do nosso país. Já sei que alguns de vós estão fartos de ouvir falar disto e não querem saber, que sou deprimente, etc, mas é importante perceberem que o que nos vai acontecer é, sobretudo, nossa responsabilidade porque não quisemos saber durante demasiado tempo e agora estamos com um pé dentro do abismo e já não há possibilidade de escapar.
Estou convencido que aquilo a que assistimos nos últimos dias é uma verdadeira operação militar e um crime contra a pátria (mais um). Como sabem há muito que ando nos mercados (quantos dos analistas que dizem disparates nas TVs alguma vez estiveram nos ditos mercados?) e acompanho com especial preocupação (o meu Pai diria obsessão) a situação portuguesa há vários anos. Algumas verdades inconvenientes não batem certo com a "narrativa" socialista há muito preparada e agora posta em marcha pela comunicação social como uma verdadeira operação de PsyOps, montada pelo círculo íntimo do bandido e executada pelos jornalistas e comentadores "amigos" e dependentes das prebendas do poder (quase todos infelizmente, dado o estado do "jornalismo" que temos).
Ora acredito que o plano de operações desta gente não deve andar muito longe disto:
1. Narrativa: Se Portugal aprovasse o PEC IV não haveria nenhum resgate.
Verdade: Portugal já está ligado à máquina há mais de 1 ano (O BCE todos os dias salva a banca nacional de ter que fechar as portas dando-lhe liquidez e compra obrigações Portuguesas que mais ninguém quer - senão já teriamos taxas de juro nos 20% ou mais). Ora esta situação não se podia continuar a arrastar, como é óbvio. Portugal tem que fazer o rollover de muitos milhares de milhões em dívida já daqui a umas semanas só para poder pagar salários! Sócrates sabe perfeitamente que isso é impossível e que estávamos no fim da corda. O resto é calculismo político e teatro. Como sempre fez.
2. Narrativa: Sócrates estava a defender Portugal e com ele não entrava cá o FMI.
Verdade: Portugal é que tem de se defender deste criminoso louco que levou o país para a ruína (há muito antecipada como todos sabem). A diabolização do FMI é mais uma táctica dos spin doctors de Sócrates. O FMI fará sempre parte de qualquer resgate, seja o do mecanismo do EFSF (que é o que está em vigor e foi usado pela Irlanda e pela Grécia), seja o do ESM (que está ainda em discussão entre os 27 e não se sabe quando, nem se, nem como irá ser aprovado).
3. Narrativa: Estava tudo a correr tão bem e Portugal estava fora de perigo mas vieram estes "irresponsáveis" estragar tudo.
Verdade: Perguntem aos contabilistas do BCE e da Comissão que cá estiveram a ver as contas quanto é que é o real buraco nas contas do Estado e vão cair para o lado (a seu tempo isto tudo se saberá). Alguém sinceramente fica surpreendido por descobrir que as finanças públicas estão todas marteladas e que os papéis que os socráticos enviam para Bruxelas para mostrar que são bons alunos não têm credibilidade nenhuma? E acham que lá em Bruxelas são todos parvos e não começam a desconfiar de tanto óasis em Portugal? Recordo que uma das razões pela qual a Grécia não contou com muita solidariedade alemã foi por ter martelado as contas sistematicamente, minando toda a confiança. Acham que a Goldman Sachs só fez swaps contabilísticos com Atenas? E todos sabemos que o engº relativo é um tipo rigoroso, estudioso e duma ética e honestidade à prova de bala, certo?
4. Narrativa: Os mercados castigaram Portugal devido à crise política desencadeada pela oposição. Agora, com muita pena do incansável patriota Sócrates, vem aí o resgate que seria desnecessário.
Verdade: É óbvio que os mercados não gostaram de ver o PEC chumbado (e que não tinha que ser votado, muito menos agora, mas isso leva-nos a outro ponto), mas o que eles querem saber é se a oposição vai ou não cumprir as metas acordadas à socapa por Sócrates em Bruxelas (deliberadamente feito como se fosse uma operação secreta porque esse aspecto era peça essencial da sua encenação). E já todos cá dentro e lá fora sabem que o PSD e CDS vão viabilizar as medidas de austeridade e muito mais. É impressionante como a máquina do governo conseguiu passar a mensagem lá para fora que a oposição não aceitava mais austeridade. Essa desinformação deliberada é que prejudica o país lá fora porque cria inquietação artificial sobre as metas da austeridade. Mesmo assim os mercados não tiveram nenhuma reacção intempestiva porque o que os preocupa é apenas as metas. Mais nada. O resto é folclore para consumo interno. E, tal como a queda do governo e o resgate iminente não foram surpresa para mim, também não o foram para os mercados, que já contavam com isto há muito (basta ver um gráfico dos CDS sobre Portugal nos últimos 2 anos, e especialmente nos últimos meses). Porque é que os media não dizem que a bolsa lisboeta subiu mais de 1% no dia a seguir à queda? Simples, porque não convém para a narrativa que querem vender ao nosso povo facilmente manipulável (julgam eles depois de 6 anos a fazê-lo impunemente).
Bom, há sempre mais pontos da narrativa para desmascarar mas não sei se isto é útil para alguém ou se é já óbvio para todos. E como é 5ª feira e estou a ficar irritado só a escrever sobre este assunto termino por aqui. Se quiserem que eu vá escrevendo mais digam, porque isto dá muito trabalho.
Henrique Medina Carreira
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domingo, 7 de fevereiro de 2010
"Preferia uma dona de casa nas Finanças"

07 Fevereiro 2010 - 00h30
Entrevista
"Preferia uma dona de casa nas Finanças"
Correio da Manhã/Rádio Clube - Há alguns anos um Presidente da República dizia que ‘há vida para além do défice'. Nesta altura, apetece perguntar se há vida para além da crise?
Medina Carreira - Agora há crise e défice. Jorge Sampaio, meu amigo e colega de faculdade, devia estar calado. Com o que se passou até agora verifica-se que ele não devia ter dito isso. Sabe que o problema do défice é a febre de uma doença que é a economia. Porque se nós tivéssemos uma economia que produzisse rendimento poderia não haver défice.
ARF - O mal está na economia?
- Nós temos dois males. A economia que não funciona e as políticas orçamentais que são erradas. Sem a produção de rendimentos os governos vão redistribuindo rendimentos. Que começam por ser pagos através do agravamento dos impostos. E quando o agravamento não pode ir mais longe começamos a pedir dinheiro emprestado. Nós andamos a pagar pensões e subsídios de desemprego com dinheiro emprestado. Uma parte do dinheiro que devemos é para aí. Nós criámos uma espécie de Estado social falido, que poderia funcionar noutras circunstâncias mas que é vítima de duas mudanças destrutivas.
ARF - Quais?
- A primeira a demografia. Quando as políticas sociais começaram a surgir na Europa havia um equilíbrio demográfico. Nasciam tantas pessoas como morriam. Em segundo lugar havia economias prósperas. Hoje não há economias prósperas e há um grande desequilíbrio demográfico. E isto não se resolvera sem outra economia. Se não tivermos outra economia teremos de cortar nas pensões, nos salários e tudo.
ND - O défice é só um sintoma?
- É. Realmente é a economia e as más políticas. Nós devíamos ter políticas em função da economia que temos. Os políticos fazem aquilo que lhes dá na cabeça. Todas as semanas descobrem mais um subsídio. E com esta economia este Estado social está falido. É uma questão de dez, quinze, vinte anos.
ND - É preciso cortar a eito?
- Se não criarmos outra economia vai ter que se cortar, goste-se ou não se goste.
ARF - Neste momento estamos neste pântano, com os mercados a olhar para Portugal, défices elevadíssimos e essas coisas todas. O ministro anuncia um PEC mais duro do que o grego. O que é isso? Cortar salários? Despedir funcionários públicos, baixar pensões?
- Eu estou curioso em saber como é que vão resolver o problema. Repare. Se a economia crescer 1,5 % em 2011, 2012 e 2013 terá que se cortar em muita coisa. Nomeadamente salários e vantagens sociais.
ND - Cortar?
- Sim.
ND - Não apenas congelar?
- Não. Não apenas congelar. Congelamentos é chão que deu uvas.
ARF - E reduzir os funcionários públicos?
- Não se pode reduzir porque o Estado se comprometeu a não reduzir.
ARF - Disse que precisamos de uma outra economia.
- Precisamos de uma outra economia. Repare, Vendemos vinte e importamos trinta e estes dez de diferença são pagos com empréstimos. A ideia que construir auto-estradas faz crescer a economia. Fazemos essas obras com dinheiro emprestado. É uma ilusão, é um crescimento que não é crescimento. Nós estamos a endividarmo-nos à ordem dos 60 milhões por dia, dois milhões e tal por hora. Isto não tem solução.
ARF - Não tem solução?
- Não. Eu costumo dizer que o melhor ministro das Finanças seria uma senhora porque têm muito mais senso que os homens. Qualquer dona de casa no Ministério das Finanças perceberia ao fim de três meses que não tinha solução. Marido não ganha mais, mulher não ganha mais, todos os meses gastamos mais do que temos, bem isto tem de bater em qualquer sítio. Porque ninguém faz caridade à escala internacional. Ou nós temos juízo e nos metemos no que temos ou temos sarilho.
ND - Já tivemos uma ministra das Finanças e mesmo assim não resultou.
- Eu preferia uma dona de casa. Porque teria senso comum, que é uma coisa que não existe hoje nos políticos. E porque os políticos estão pouco tempo no poder e não querem saber disso. Porque a seguir virá alguém que vai fechar a porta.
ARF - Sim alguém virá fechar a porta.

- No imediato a nossa solução é vir alguém do estrangeiro dizer-nos que temos de fazer coisas.
ND - Como aconteceu no passado?
- Como aconteceu no passado. No passado os Governos estavam sempre de braços cruzados à espera do FMI. Diziam coisas horríveis do FMI mas era só para fingir, para enganar a malta. Mas é a solução Eu estou ansioso por ver a notícia de que chegou um estrangeiro ao aeroporto da Portela que vem cá dizer o que temos de fazer.
ARF - Porque há falta de coragem política?
- Não. Estão à espera que o odioso fique para o estrangeiro. Isto é clássico.
ND - Quem é que poderá ser esse estrangeiro?
- Isso é-me indiferente. Desde que seja alguém de fora.
ND - Na altura era o FMI. E agora?
- Não sei. A União Europeia, FMI e União Europeia, o Ecofin, não sei. É mandatarem alguém. É a razão pela qual o Salazar chegou ao poder.
ND - Toda a gente está a fazer essa comparação, é curioso.
- Não é curioso, é assim. Quando Salazar desceu a Lisboa já não tínhamos solução. Como não tinham política foram buscá-lo ao Luso e trouxeram-no para Lisboa para consertar o Orçamento.
ARF - Também veio de fora.
- Praticamente foi um estrangeirado que desceu a Lisboa. Nós não temos espírito e rigor para fazer as coisas com seriedade. Político anda a vender-se a toda a hora.
ND - É a história de termos políticos e não termos estadistas?
- Não gosta dessas comparações. Mas acho que nem temos políticos nem estadistas. Temos uma gente que anda na política, o que é diferente.
ARF - O senhor fala em décadas e critica quem anda a olhar para as décimas. Os políticos não percebem o que se passa na economia há décadas?
- Não, não percebem. Porque um governante não olha para décimas. Olha para décadas. Nós desde os anos 80 que podíamos perceber que isto ia acontecer.
ARF - Não percebem ou não querem perceber?
- Não percebem.
ARF - Não percebem mesmo?
- Não percebem. Porque estão hipotecados ao dia ao dia, ao imediato.
ARF - Isto leva-nos a esta crise da Madeira, das finanças regionais. O que é que entende desta crise?
- Acho que é uma fantochada da parte do Governo, que não se importa de mandar fazer auto-estradas que custam milhões de milhões e agora prende-se ali por uma linha podre. Da parte da oposição, porque quer dar os seus ares. É tempo perdido. Se forem mais 50 milhões ou 100 milhões é indiferente. No Estado que gasta 85 mil milhões aquilo não tem significado nenhum.
ARF - Andamos nestas crises, os mercados olham para isto tudo, não é uma irresponsabilidade?
- Não sei, o tempo dirá. Mas eu acho que o primeiro-ministro anda a ver se arranja uma crise para provocar eleições e apanhar de costas o PSD.
ARF - Para ter de novo maioria absoluta?
- Sim, eu penso que é isso que está em causa. A retirada perante os professores, perante os tribunais e isso tudo pressupõe esse objectivo.
ND - Esse é o problema dos políticos. A tal falta de visão.
- Ai têm visão a mais. Mas é uma visão rasteira.
ND - É curta?
- É rasteira. O problema em Portugal não é estabilidade política. Nos últimos quinze anos o PS está no Governo treze. E nos últimos sete anos tivemos maiorias absolutas. O que é que aconteceu? Nada. A Educação é a lástima que é, a Justiça é outra lástima, a corrupção é mais que lástima, a burocracia é sempre a mesma lástima, não há lei de arrendamento que sirva, não há nada. E havia estabilidade e maioria absoluta.
ND - Acha que estamos num impasse?
- Em que sentido?
ND - Num impasse de regime, como País?
- Como País sobrevivemos. Até os haitianos vão sobreviver, quanto mais nós. Não vamos morrer.
ND - Não podemos é viver como agora?
- Com esta política e com estes políticos não vamos longe. A primeira coisa que um político sério tem de vir dizer á televisão é a verdade. Para convencer a sociedade do que é preciso fazer. Antes de começar a congelar ou a diminuir seja o que seja temos de convencer as pessoas que outra alternativa é sempre pior. Ora ninguém vem à televisão dizer a verdade. Vemos sempre uns sujeitos a pensar nas palavras. Os palradores.
ARF - O nosso problema não é crise internacional?
- Não. A crise veio antecipar as dificuldades. Sem crise estaríamos nesta situação dentro de dois ou três anos. Nós não nos parecemos com os gregos. De facto os gregos estão pior. Mas nós estamos a caminhar para ser gregos deste ponto de vista. O problema é que não temos forças políticas e gente susceptível de convencer a sociedade das dificuldades e das soluções difíceis que temos de aplicar.
ARF - Não há ninguém?
- Ninguém com legitimidade. Têm andado a enganar toda a gente.
ND - Estes ataques internacionais não pioram a situação?
- Andam por aí a atacar as agências de rating. Pois é. Mas são eles que mandam nos nossos juros.
ARF - A curto e médio prazo não temos solução nenhuma?
- Temos uma solução. É irmos escorregando para a pobreza.
ARF - Para a pobreza.
- Sim. Se não recompusermos a economia é isso. E a esquerda é a primeira responsável por isso. A esquerda quer é redistribuir e não percebeu que não há riqueza para distribuir. Claro que se podem matar uns ricos, mas mesmo matando-os a todos cada um de nós recebe dez euros.
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