O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
terça-feira, 15 de julho de 2025
Mais de 40% do IMI arrecadado em Silves vem de Armação de Pêra, mas a vila continua a ser deixada para trás
Armação de Pêra é, sem dúvida, uma das maiores fontes de receita do concelho de Silves. Só em impostos municipais sobre imóveis (IMI), estima-se que a vila contribua com mais de 40% do total arrecadado pelo município. Este número impressiona, sobretudo quando se percebe que os custos de manutenção e exploração de infraestruturas na freguesia são, proporcionalmente, mais baixos do que em outras zonas do concelho.
Isto deve-se, em grande parte, à elevada densidade habitacional da vila e ao seu desenvolvimento urbano mais verticalizado. Edifícios multifamiliares concentram um maior número de contribuintes por área, o que gera receitas mais elevadas para a autarquia com menos custos por habitante em termos de infraestruturas (ruas, iluminação, saneamento, entre outros).
No entanto, quando se olha para os investimentos realizados pela Câmara Municipal de Silves, o retorno para Armação de Pêra está muito aquém do que seria esperado. Falta de manutenção adequada, poucos equipamentos culturais e desportivos, insuficiente ordenamento urbanístico, ausência de estacionamento estruturado e escassez de espaços verdes são queixas recorrentes dos residentes.
A explicação, ainda que não oficial, parece ser política: Armação de Pêra tem menos peso eleitoral. O que conta, na prática, para decisões estratégicas e orçamentais do município é o número de eleitores e não o volume das receitas. Sendo assim, freguesias com mais votantes, mesmo que contribuam menos para os cofres da autarquia, acabam por receber mais atenção e investimento.
Este desequilíbrio levanta uma questão fundamental de justiça territorial e de gestão pública eficiente: é aceitável que uma freguesia que tanto contribui para o município seja constantemente relegada nas prioridades políticas?
Os moradores e contribuintes de Armação de Pêra têm razões legítimas para exigir mais. Mais transparência na aplicação das verbas, mais equidade na distribuição de investimentos e, acima de tudo, mais respeito pelo papel essencial que a vila desempenha na economia do concelho de Silves.
A continuar assim, Armação de Pêra corre o risco de ser vista apenas como uma fonte de receita — e não como uma comunidade que merece qualidade de vida e desenvolvimento à altura daquilo que entrega.
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Impostos
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