O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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terça-feira, 29 de julho de 2025

“Quem Precisa de Toldo Quando se Tem Promessas?”

Há coisas em falta que quase ninguém nota. Um quadro na parede, uma tampa de esgoto, a paciência para ouvir discursos de campanha. Mas um toldo no parque infantil? Esse, meus caros, até as crianças percebem que faz falta. Desde que retiraram o dito cujo — há meses, sublinhe-se, porque na administração pública o tempo é uma entidade mística — os miúdos e os pais ficaram entregues à torreira do sol, como se estivessem a participar num reality show: “Quem derreter primeiro perde!” Dizem as más línguas que alguém na Câmara de Silves ou na Junta de Freguesia decidiu que o toldo já tinha cumprido o seu papel. Talvez porque não têm filhos nem netos. Ou, quem sabe, porque só passam pelo parque à noite, quando vêm de blazer engomado para se mostrar nos espetáculos em ano de eleições. O mais irónico? Se olhassem bem durante a noite perceberiam que o parque está tão mal iluminado que mais vale levar uma lanterna de campismo. Mas luz, sombra ou conforto para as pessoas? Isso não entra no cartaz eleitoral. Enquanto isso, as crianças continuam a brincar ao sol, os avós procuram sombra como nómadas no deserto e o tal toldo — que faria tanta falta — tornou-se uma lenda urbana.

sábado, 26 de julho de 2025

Silves é o centro do mundo? E as restantes freguesias?

No passado dia 21 de dezembro de 2024, a Câmara Municipal de Silves anunciou, no seu site oficial, a aprovação do Orçamento Municipal e das Grandes Opções do Plano (GOP) para 2025. Entre os muitos tópicos apresentados, destacou-se a programação cultural para o próximo ano – uma agenda rica, variada e, como o comunicado sublinha, de “qualidade”. Eventos como a Mostra da Laranja, a Feira Medieval de Silves, o Jazz nas Adegas, o Silves Urban Music e as comemorações do 25 de abril são apontados como exemplos do dinamismo cultural do concelho. Contudo, há uma questão que não pode ser ignorada: quase todos estes eventos acontecem exclusivamente na cidade de Silves. Será que as restantes freguesias não merecem igual atenção? Será que Armação de Pêra, Alcantarilha, Pêra, São Bartolomeu de Messines, São Marcos da Serra e as outras localidades do concelho não têm direito a uma programação cultural própria, adequada à sua identidade e à sua população? Em plena época natalícia, a aprovação do orçamento parece ter sido uma verdadeira “prenda de Natal” oferecida à cidade de Silves. Mas e os munícipes das outras freguesias? Não pagam os mesmos impostos? Armação de Pêra, por exemplo, é uma das freguesias que mais receita gera para o concelho – não deveria, no mínimo, receber uma fatia mais visível do investimento cultural? Esta centralização levanta uma reflexão inevitável: os atuais eleitos estão a governar para todo o concelho ou apenas para a sede do município? E, mais importante, será que os eleitores de Armação de Pêra (e das restantes freguesias) ainda confiam que a sua voz é ouvida? Cultura não deve ser privilégio de uma cidade. Cultura deve ser partilhada, descentralizada e inclusiva. Porque um concelho só é verdadeiramente forte quando todas as suas freguesias sentem que fazem parte dele.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Praia de Armação de Pêra: quando a receita existe, mas a limpeza falha

Muito se tem discutido sobre o impacto das concessões balneares na Praia de Armação de Pêra. O artigo publicado pelo Terra Ruiva, intitulado “Na Praia de Armação de Pêra – Sobe o mar, falta areal e sobram concessões privadas e públicas”, trouxe à luz um dado relevante: a Junta de Freguesia lucrou, só em 2024, mais de 250 mil euros com a exploração das suas três concessões de praia. Um valor que representa quase um terço do seu orçamento anual. Não é, de todo, condenável que a Junta obtenha uma receita significativa a partir da exploração das suas concessões. Pelo contrário: uma gestão eficaz dos recursos públicos deve procurar receitas alternativas que aliviem o peso sobre os contribuintes. O problema, no entanto, não está na origem da verba, mas sim no destino (ou falta dele). Visitando a praia e áreas circundantes, é difícil não reparar na quantidade de resíduos acumulados: beatas, garrafas de vidro e plásticos diversos espalhados tanto na areia como nos acessos à praia. O cenário é preocupante e atenta contra a segurança, a higiene e a imagem turística da vila. Se a Junta consegue encaixar mais de 250 mil euros anuais com a exploração de toldos e estruturas balneares, por que motivo essa verba não está a ser canalizada para reforçar os serviços de limpeza urbana, reparar equipamentos avariados e garantir um espaço digno e seguro para os veraneantes? Sabe-se que há equipamentos de limpeza urbana avariados há anos, o que reduz drasticamente a eficácia do trabalho dos cantoneiros. Ao mesmo tempo, o lixo acumula-se nas ruas e nos acessos à praia, prejudicando não apenas a qualidade de vida dos residentes, mas também a reputação de Armação de Pêra enquanto destino turístico. Esta situação denuncia uma falta de visão estratégica e uma má gestão dos recursos disponíveis. Quando o orçamento existe, mas as prioridades estão desalinhadas com as necessidades da população e do espaço público, não estamos perante falta de meios, mas sim perante falta de vontade política. Se Armação de Pêra quer continuar a atrair visitantes e garantir qualidade de vida à sua população, é urgente que as receitas obtidas com as concessões balneares sejam reinvestidas na manutenção, limpeza e valorização do espaço público. Só assim se poderá justificar a exploração pública de concessões que, em teoria, deveriam beneficiar toda a comunidade.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Armação de Pêra não merece mais um atentado urbanístico

No final da década de 1970, os terrenos confinantes com o emblemático Hotel Garbe, em Armação de Pêra, foram destinados à construção de mais uma unidade hoteleira. Os proprietários, então donos da histórica Empresa de Viação do Algarve (EVA), sediada em Faro, viam nessa aposta uma forma de integrar o setor dos transportes com o turismo emergente — duas forças em franca expansão no Algarve da época. À luz do contexto socioeconómico daquela altura, a ideia até fazia sentido. O turismo crescia, a costa algarvia começava a ganhar visibilidade internacional e havia espaço — e necessidade — para acolher visitantes. Mas o tempo passou, os paradigmas mudaram e, com eles, as exigências e preocupações da população local também. Hoje, mais de quatro décadas depois, esses mesmos terrenos voltam ao centro do debate. O Plano Diretor Municipal (PDM) de Silves assinala esta zona como um compromisso urbanístico, o que levanta preocupações legítimas sobre a possibilidade de retomar o projeto hoteleiro. Mas será que, em 2025, ainda faz sentido construir mais um hotel naquela área? A resposta parece óbvia para quem vive em Armação de Pêra: não. A zona está já excessivamente densificada, com uma malha urbana apertada, falta crónica de estacionamento, escassos espaços verdes e uma praia sobrelotada durante o verão. A densidade populacional atinge níveis que se aproximam dos de algumas cidades chinesas — um absurdo quando falamos de uma vila costeira que deveria primar pela qualidade de vida, pelo equilíbrio entre residentes e visitantes e pela valorização ambiental. O receio da população aumentou quando, antes do verão, foi vista uma empresa a realizar um levantamento topográfico naqueles terrenos. A associação imediata a um novo projeto de construção foi inevitável. O sentimento de insegurança instalou-se. O que se teme não é o progresso — é a repetição dos erros do passado. Armação de Pêra já sofreu demasiado com um urbanismo desenfreado, feito à margem da sustentabilidade e do interesse público. Os residentes perguntam, com razão: Armação não merece melhor? Não merece um plano urbano que privilegie qualidade de vida em vez de betão? Não merece ver valorizados os seus espaços naturais, o seu património arquitetónico e a sua identidade local? Este não é apenas um debate técnico ou jurídico — é um debate ético. A decisão de permitir (ou não) mais uma construção massiva naquela zona deve ser feita com base naquilo que se quer para o futuro de Armação de Pêra. E esse futuro não pode passar por mais um atentado urbanístico, mascarado de desenvolvimento. Há momentos em que é preciso dizer "basta" e mudar de rumo. Este é um deles.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Limpeza Urbana no Algarve: Quando a Comparação Fala Mais Alto

Vídeo mostra a diferença gritante entre o serviço de limpeza de um concelho vizinho e o estado de abandono nos pontos de recolha de resíduos em Armação de Pêra. Nas imagens recentes captadas num concelho vizinho do Algarve, é visível um serviço de limpeza urbana exemplar: contentores limpos, áreas envolventes cuidadas e ausência de lixo fora dos recipientes. O contraste com a realidade em Armação de Pêra é, no mínimo, preocupante. Enquanto noutros pontos da região os serviços camarários demonstram organização e eficácia, em Armação de Pêra – sob responsabilidade da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Silves – os locais junto aos contentores de lixo revelam um cenário desolador: sacos espalhados no chão, odores intensos, resíduos a céu aberto e limpeza praticamente inexistente. Este vídeo comparativo expõe de forma clara a urgência de uma intervenção mais eficaz por parte das entidades responsáveis. A falta de manutenção e limpeza regular compromete não só a saúde pública, mas também a imagem de uma vila turística que, especialmente no verão, recebe milhares de visitantes. A população local e os empresários da zona têm vindo a manifestar a sua indignação, exigindo mais atenção e transparência na gestão dos serviços básicos de higiene urbana. Em tempos em que a sustentabilidade e o bem-estar urbano são prioridades em vários municípios algarvios, é inadmissível que Armação de Pêra continue a apresentar este tipo de cenário. Fica a pergunta: se outros concelhos conseguem manter as suas ruas limpas, porque continua Armação de Pêra a falhar?

quinta-feira, 17 de julho de 2025

"Radhica Tira Média de 20 no Secundário — Nacionalistas Sofrem Reação Alérgica à Excelência Alheia"

Armação de Pera, 2025 — Radhica, filha de emigrantes, chegou a Portugal há apenas seis anos, sem saber uma palavra de português. Esta semana, ao divulgar-se que terminou o 12.º ano com média de 20 valores nos exames nacionais, iniciou-se o que já está a ser chamado de “Crise Nacional da Autoestima Lusitana”. A Reação Nacional: Um Misto de Choque e Ressentimento "É um escândalo! Isto não é meritocracia, é bruxaria socialista multicultural!", afirmou um popular opinionista de sofá com um diploma tirado em PowerPoint durante uma conferência do Chega em Santa Comba Dão. “Como é que uma filha de estrangeiros, sem padrinhos nem quotas de canal de YouTube, consegue ultrapassar o Joãozinho, que há três anos estuda para Filosofia com vídeos do Tiago Paiva?” Radhica, que chegou a Portugal sem saber distinguir ‘carro’ de ‘caril’, agora sabe mais gramática portuguesa que muitos deputados da Assembleia. Os resultados impressionaram até a máquina de correção dos exames, que inicialmente sinalizou as respostas como “estatisticamente impossíveis dentro do sistema de ensino público”. A pandemia de acéfalos: uma realidade bem portuguesa Enquanto isso, nas redes sociais, rebentam em fúria os comentários de “patriotas”, “nacionalistas” e “amantes de Portugal com aversão à leitura”. A média de Radhica parece ter causado uma onda de dissonância cognitiva — condição neurológica que, segundo especialistas, se agrava em contacto com dados, factos ou pessoas que leem livros. “Esta gente vem para cá tirar os nossos 20’s!”, exclamou outro crítico online, que frequentou três semanas de um curso de filosofia numa universidade privada e ainda pensa que Camões lutou nas trincheiras da Segunda Guerra Mundial. Portugueses no estrangeiro: 40 anos na Suíça, francês ao nível de menu de restaurante "Não é justo!", diz também o Sr. Manuel, emigrante há 42 anos na Suíça, que se orgulha de nunca ter aprendido mais do que “croissant” e “bonjour madame”. “A gente lá fora não precisa dessas coisas. A língua é uma arma de opressão, e se aprendermos francês, depois temos que pagar impostos.” Ciência, dados, e o eterno problema do “achismo patriótico” O caso Radhica trouxe também à tona a verdadeira clivagem do país: não entre esquerda e direita, mas entre quem respeita dados e evidências científicas e quem constrói o mundo a partir de vídeos de TikTok e grupos de WhatsApp com teorias sobre como o português médio já nasce com doutoramento no ADN. A última palavra: de Radhica, claro. Confrontada com o alarido em seu torno, Radhica limitou-se a dizer: “Estudem. Leiam. E não achem que amor a Portugal é fechar portas — é abrir livros.” Fontes do Ministério da Educação confirmam que estão a estudar transformar esta frase no novo lema das escolas públicas. Fontes do Chega confirmam que estão a estudar se ela poderá ser deportada por excesso de méritos.

sábado, 12 de julho de 2025

Tudo se Pode em Armação de Pêra?

Armação de Pera, terra mágica onde tudo é possível. Hoje, sábado, assistimos a mais um episódio da série “Faz o que te der na real gana”, com o fecho da Avenida Beira-Mar por obra e graça de um empreiteiro iluminado. Sim, leu bem: uma das principais vias da vila foi fechada sem polícia, sem sinalização, sem vergonha na cara — apenas porque, aparentemente, era mais cómodo para quem lá anda a martelar paredes. Agora, sejamos justos: quem somos nós, meros cidadãos, para exigir respeito por regras básicas? Afinal, para que servem as autorizações da Câmara de Silves, a presença da GNR ou aquela coisa aborrecida chamada “licença de ruído”? Burocracias, claro. Impedimentos inúteis para os verdadeiros donos da vila. E a fiscalização? Provavelmente a descansar depois de uma semana exaustiva a não fiscalizar coisa nenhuma. Porque em Armação de Pera é assim: se tiveres uma obra, tens passe livre. Fecha ruas, incomoda os moradores, barulha o sábado inteiro — ninguém te chateia. É um privilégio viver num local onde o espaço público pode ser transformado em estaleiro privado com um simples gesto de arrogância. Onde o interesse individual atropela o coletivo com a naturalidade de quem sabe que não vai acontecer… nada. Parabéns à Câmara de Silves pelo novo modelo de gestão urbana: “cada um faz como quiser”. Funciona lindamente — para uns poucos. Os outros que desviem caminho e aprendam a conviver com o ruído e o desrespeito. Afinal, é verão. Está sol. E tudo se pode em Armação de Pera.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

"O Sonho Verde da Presidente de Silves"


 

Era uma vez uma presidente do município de Silves que, numa noite particularmente inspirada — talvez depois de um chá de lúcia-lima ou de um pastel de nata mais fermentado do que devia — teve um sonho. Sonhou que Armação de Pêra não era apenas um postal de betão racha-ossos, de estradas com mais buracos que queijo suíço e calçadas tão lisas e inúteis que até um caracol escorregava. Sonhou, imagine-se!, que o dinheiro ali arrecadado era... aplicado ali mesmo! Um conceito radical, quase perigoso. Uma utopia fiscal com cheiro a realidade. Eis que, nesse devaneio encantado, surge o lendário Coelhinho Relvinhas — mascote da boa gestão e das zonas verdes, outrora exilado algures entre uma rotunda mal ajardinada e uma promessa eleitoral esquecida. Mão dada com a senhora presidente, lá foram os dois, de saltinho leve e sorriso maroto, passear pelo tão desejado Parque Verde de Armação de Pêra. Um paraíso de árvores felizes, flores sem secura e bancos que não se desmanchavam ao sentar. Riam-se, dançavam, talvez até ensaiassem o hino do concelho, reinventado à base de ukulele e indignação suave. Pela primeira vez, os armacenses no sonho respiravam... oxigénio! E não o fétido perfume dos contentores a abarrotar em pleno verão. Mas, como todos os sonhos bons em terra de má gestão, a presidente acordou. E puff! — o parque sumiu. O coelhinho desapareceu. O cheiro aos contentores voltou mais intenso, talvez ofendido por ter sido ignorado. E os armacenses, como sempre, lá foram passear... aos parques dos concelhos vizinhos, onde a relva não só existe, como é cortada. Fica, pois, a lição: sonhar não paga imposto. Mas a gestão, essa sim, devia pagar multa quando é má. E talvez, só talvez, um dia o Coelhinho Relvinhas troque os sonhos pelas obras. Até lá... força no incenso e no ambientador.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Não Aconteceu no Algarve, Mas Podia Ter Acontecido: Um Espelho Trágico do SNS

Quando a burocracia e a frieza substituem o cuidado e a empatia, morrem mais do que vidas — morre a confiança. Não aconteceu no Algarve. Mas podia. E, com o estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde, é quase certo que voltará a acontecer — em qualquer ponto do país. Uma mulher grávida andou mais de três horas à procura de uma urgência que a recebesse. No final, o bebé morreu. E o que ouvimos da boca da responsável governamental? Que a assistência foi "adequada" e que os procedimentos foram "cumpridos". Dizer isto já seria grave na boca de qualquer político. Mas ouvir tais palavras frias e burocráticas de uma mulher, uma mãe — alguém que se presume compreender o drama de outra mulher em desespero — é profundamente monstruoso. A resposta desumaniza, não só o caso concreto, mas todos os que enfrentam diariamente um sistema que já não responde, já não protege, já não cuida. Não costumo escrever sobre política nacional. Mas há momentos que transcendem a política. Há respostas que não podem passar em branco. Há omissões que são, por si só, atos de violência. A política de saúde não pode ser uma máquina de desculpas. Quando um bebé morre por falta de resposta do Estado, não há relatório que justifique. Não há protocolo que conforte. O mínimo que se exige é empatia. O mínimo. Quando governar se torna uma questão de gerir danos de imagem e não de cuidar das pessoas, o problema não é só do SNS. É um problema de humanidade. E, honestamente, alguém que responde a uma tragédia destas com frieza técnica e frases ensaiadas não merece continuar a ocupar um cargo de responsabilidade pública. Não por vingança. Mas por justiça. Por dignidade. Por respeito às vidas que se perderam — e às que ainda se podem perder.

Armação de Pera: De olhos postos na areia: esgotos de terraços continuam a correr para a praia – agora através de um tubo enterrado

Depois das denúncias públicas feitas nos dias 14, 22 e 28 de junho sobre os esgotos provenientes da limpeza de terraços a correr diretamente para a praia, verificámos recentemente uma "solução" que mais parece uma tentativa de encobrimento do problema: os resíduos continuam a ser descarregados, mas agora através de um tubo discretamente enterrado na areia. A situação, longe de estar resolvida, levanta ainda mais preocupações ambientais e legais. A aparente tentativa de esconder o escoamento de águas residuais não resolve a questão da contaminação do solo e da orla costeira – apenas a dissimula. Recorde-se que qualquer solução que envolva a infiltração de esgotos nos terrenos arenosos junto à praia poderá estar sujeita à aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), especialmente tratando-se de zona costeira e de eventual contaminação de águas subterrâneas. Coloca-se agora uma nova questão: Estão a Câmara Municipal de Silves e a Junta de Freguesia informadas desta alteração? E, se sim, concordam com esta solução subterrânea que apenas desvia o problema da vista, sem o eliminar? Os cidadãos têm o direito de exigir respostas. É fundamental garantir que práticas deste tipo não se tornem norma e que o ambiente costeiro seja devidamente protegido. Pedimos esclarecimentos às autoridades competentes e apelamos à intervenção da APA para avaliar a legalidade da solução implementada.

"Obras Milionárias e Tesourinhos Infinitos: Crónica de um Casino que nunca mais é inaugurado"

O emblemático Casino de Armação de Pêra era anunciado a 15 de janeiro de 2024, no sempre otimista site do Município de Silves que anunciava, em tom triunfante, o arranque da reabilitação do edifício, com um custo superior a dois milhões de euros. Dois milhões. Prometiam que em 10 meses estaria tudo pronto. Pois bem: estamos em julho de 2025, os 10 meses já foram, voltaram e até já trouxeram lanche — e o Casino continua fechado, envolto em silêncio e tapumes. Que se passou? O tempo passa mais devagar em Armação? Os meses por aqui têm 60 dias? Ou será que os prazos em obras públicas servem apenas para dar um ar de seriedade aos comunicados de imprensa? É claro que há quem se ofenda por denunciarmos estas situações. Mas como não o fazer? Pedem-nos que sejamos brandos, que sejamos compreensivos, que sejamos… cúmplices? Não, obrigado. Enquanto as promessas forem feitas com tinta dourada e cumpridas com tinta invisível, cá estaremos. Tal como Joana Marques com os Anjos: nós não inventamos o conteúdo — limitamo-nos a comentá-lo. E para quem acha que “não temos mais nada que fazer”, deixamos o convite: resolvam os problemas, cumpram os prazos, ponham o Casino ao serviço da comunidade — e prometemos calar-nos por um dia ou dois. Talvez até elogiemos. Mas até lá… bem-vindos ao Cassino da Desilusão, aberto 24 horas no coração de Armação. Entrada livre. Saída, só com paciência.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Limpeza dos Esgotos em Armação de Pêra: “Trabalho que Devia Ser Feito na Época Baixa”

Os moradores e visitantes de Armação de Pêra têm manifestado o seu desagrado com os trabalhos de limpeza da rede de esgotos que estão atualmente a decorrer nas principais artérias da vila. O cheiro intenso a esgoto que se faz sentir em algumas zonas tem levantado preocupações, especialmente em plena época alta, quando a localidade recebe milhares de turistas. Segundo relatos de comerciantes e residentes, o mau odor tem sido persistente, afetando o bem-estar de quem vive e trabalha na zona, bem como a experiência dos visitantes que escolhem Armação de Pêra como destino de férias. “É incompreensível que este tipo de intervenção não tenha sido planeado para os meses de inverno, quando há muito menos movimento”, refere um comerciante local. “Agora, em plena época turística, dá uma péssima imagem e afasta clientes”. Os trabalhos, que visam garantir o bom funcionamento do sistema de saneamento e prevenir problemas mais graves no futuro, são considerados necessários, mas a sua calendarização tem sido alvo de críticas. A Junta de Freguesia e a Câmara Municipal ainda não se pronunciaram publicamente sobre os motivos da escolha desta altura do ano para realizar a intervenção. No entanto, várias vozes da comunidade apelam a uma melhor coordenação e planeamento futuro, de modo a minimizar os impactos negativos na economia local e na qualidade de vida da população. Este episódio serve como lembrete da importância da gestão estratégica de obras públicas em zonas turísticas, onde o timing é essencial para garantir que as melhorias não se traduzam em prejuízos a curto prazo.

As papeleiras são inteligentes. Mas quem manda nelas… nem por isso.

Em Armação de Pêra, há papeleiras com sensores, compactadoras e tudo. Supostamente “inteligentes”. Mas basta dar uma volta pela marginal ou perto da praia para ver o oposto: lixo a sair por todos os lados, sacos no chão, cheiro desagradável. E ainda há quem diga: “A culpa é das pessoas que não usam as papeleiras como deve ser.” Mas espera lá… Se as papeleiras são inteligentes e avisam quando estão cheias, por que é que continuam a deitar lixo por fora? O problema não é a tecnologia. É quem devia estar a cuidar disto e não está. Investem em papeleiras high-tech, mas depois ninguém aparece para as esvaziar. Resultado? A tecnologia avisa, mas ninguém responde. E quem paga é a imagem da vila e quem cá vive ou visita. Armação de Pêra merece mais do que promessas bonitas. Merece uma gestão que funcione — não só para as selfies, mas para a realidade do dia a dia. Se queremos uma vila limpa, moderna e bem cuidada, temos de exigir mais de quem manda. Porque as papeleiras até podem ser inteligentes… mas isso de nada serve se quem devia fazer o trabalho estiver a dormir.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Em Armação de Pera ...O Lixo Está no Lixo… Mas os Contentores Estão um Lixo!

Quem anda por Armação de Pêra já deve ter reparado: muitos dos contentores de lixo estão num estado vergonhoso. Tampas partidas, puxadores que já eram, lixo à vista e até moscas a fazerem a festa. Dá mesmo vontade de evitar usar, não é? A verdade é que, quando os próprios contentores estão sujos e danificados, é mais difícil manter a vila limpa. E a culpa não é das pessoas que tentam reciclar e colocar o lixo no sítio certo — é de quem devia cuidar desses equipamentos e simplesmente não o faz. Será que custa assim tanto arranjar as tampas, lavar os contentores e fazer uma manutenção decente? Parece que quem devia tratar disso está a dormir, ou então acha que ninguém repara. Mas nós reparamos. E importa falar sobre isto. Manter os contentores em bom estado é básico. É uma questão de respeito pela vila, pelas pessoas que aqui vivem e também por quem nos visita. Armação de Pêra é linda — mas com os contentores neste estado, perde pontos. Está na hora de exigir mais. De partilhar fotos, de falar do assunto, de pressionar quem manda. Porque cuidar da nossa terra também é responsabilidade nossa.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Câmara de Silves Inova: Turismo e Saneamento, Agora com Aroma Local!

Armação de Pêra, verão de 2025 — Num movimento audaz que mistura logística criativa com uma pitada de desafio ao bom senso, a Câmara Municipal de Silves decidiu surpreender locais e turistas com uma programação exclusiva para a época alta: a limpeza da rede pública de saneamento. Porque, afinal, o Algarve não é só sol, mar e sardinha — é também esgoto, tubagem e cheiro a progresso! Entre 30 de junho e 16 de julho, alguns arruamentos da pitoresca freguesia de Armação de Pêra vão ser palco de um espetáculo único: caros de limpeza de esgoto dançando entre esplanadas, tampas de saneamento abrindo como se fossem portas para o além, e um leve perfume no ar que, quem sabe, poderá ser lançado como aroma exclusivo nos souvenirs da região — Eau de Esgoto – edição limitada. Segundo a autarquia, esta intervenção visa "garantir a qualidade, a continuidade e a eficiência dos serviços públicos". Um objetivo nobre, ainda que timidamente incompatível com a chegada em massa de turistas armados de toalhas de praia e intolerância a odores estranhos. Fontes não confirmadas indicam que, na próxima fase, poderá ser criada uma rota turística temática: “O Circuito do Saneamento”, com paragens nos pontos de maior constrangimento e explicações ao vivo sobre o ciclo da água... e dos aromas. A Câmara agradece a compreensão dos munícipes, dos visitantes e dos narizes mais sensíveis, prometendo que os trabalhos serão "célere e eficientes". Já os comerciantes locais aguardam com expectativa o impacto económico da nova modalidade de “turismo olfativo”. No fundo, o que seria do verão sem uma pitada de imprevisibilidade municipal? Silves mostra, uma vez mais, que sabe surpreender — mesmo quando se trata de limpar aquilo que todos preferiam manter bem escondido.

sábado, 28 de junho de 2025

“UB6: O Novo Spa Termal de Armação de Pêra – Agora com Essência de Esgoto”

Banhos de mar, sol e... efluentes! Em plena praia de bandeira azul, a moda agora é o esgoto terapêutico. Armação de Pêra voltou a surpreender os seus veraneantes. Conhecida pelas suas praias douradas, peixe fresco e filas intermináveis em agosto, a vila piscatória estreia agora a mais recente atração turística: o UB6 Conventinho – Centro de Esgototerapia Costeira, uma espécie de spa natural onde o luxo se encontra com a descarga doméstica. Foi durante uma limpeza de terraços (ou será que foi um ritual secreto de invocação das águas negras?) que os nossos atentos repórteres, já com o nariz desconfiado, testemunharam a transformação mágica de um tubo aparentemente inofensivo numa fonte jorrante de civilização canalizada. E como se não bastasse, após a nossa denúncia, multiplicaram-se os vídeos, os relatos e os odores. Afinal, UB6 não está só. Há todo um circuito turístico de esgotos que brotam com orgulho para o mar. As autoridades, numa demonstração de rara coerência, permanecem absolutamente consistentes na sua postura: cegas, surdas e ausentes. Segundo fontes não identificadas (porque estavam ocupadas a limpar os óculos de sol), “não há perigo para a saúde pública, apenas um ligeiro aroma a urbanismo mal tratado”. A bandeira azul, essa, continua a ondular estoicamente — provavelmente não tem olfato. Especialistas em sarcasmo ambiental confirmam: “É uma inovação ecológica. Uma praia com biodiversidade química.” E já se fala até em criar uma nova distinção internacional: a Bandeira Castanha, atribuída a zonas balneares com personalidade forte e aroma persistente. Apelo final: Convidamos todos os leitores a visitar a UB6. Leve a família, o cão e uma pinça para o nariz. E, se possível, envie-nos vídeos. Afinal, a sátira pode ser nossa, mas o esgoto é real.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Armação de Pera: Largo da Igreja Operação Coelho Verde

Armação de Pêra declara guerra às ervas daninhas… com um coelho. Após meses de crescimento descontrolado, o Largo da Igreja em Armação de Pêra atingiu um novo patamar de naturalismo urbano: ervas daninhas, flores do acaso e até uma silva rebelde compõem agora o que alguns já chamam de “Jardim do Abandono”. Apesar de sucessivos pedidos dos moradores à Junta de Freguesia para uma simples limpeza, a resposta tem sido... contemplativa. Em nota enviada à população, a Junta esclareceu: “Preferimos uma abordagem sustentável e filosófica à gestão do espaço público. As ervas têm direito à vida. Cortar seria uma forma de violência botânica.” Questionados sobre o prolongado estado de abandono, outro porta-voz acrescentou: “Há quem veja mato, nós vemos potencial. Está em estudo um projeto-piloto de permacultura espontânea.” Cansados de esperar por uma ação concreta (ou mesmo simbólica), os moradores decidiram avançar com uma solução de base comunitária: adquirir um coelho, por subscrição pública, para pastoreio não-autorizado. O animal, que será batizado de Sr. Relvinhas, terá como missão roer democraticamente todas as ervas que a Junta insiste em proteger. A Junta, confrontada com a ideia, reagiu com elegância: “Desde que o coelho pague a taxa de ocupação da via pública e não exija recibos verdes, não nos opomos.” A comunidade está unida. Já se fala na criação de uma Associação de Amigos do Relvinhas e de um evento anual — o Festival da Monda Lenta. O Largo, por sua vez, continua firme no seu papel: crescer para cima, para os lados, e para dentro dos sapatos de quem lá passa.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Câmara de Silves: “Façam o que eu digo, não o que eu faço?”

Entre 15 de junho e 15 de setembro, a Câmara de Silves decidiu suspender o licenciamento de novas ocupações do espaço público em Armação de Pêra. A ideia, segundo a autarquia, é garantir a livre circulação durante os meses de verão — proteger peões, melhorar acessibilidades e evitar riscos para quem tem mobilidade reduzida, como idosos, crianças ou pessoas com deficiência. Tudo muito bonito… no papel. Mas eis o que está a acontecer na prática: a própria Câmara está a promover obras no antigo espaço do minigolfe. Um local por onde passam milhares de pessoas todos os dias nesta altura do ano — turistas, moradores, famílias. Resultado? Poeira, barulho, e… adivinhem? Circulação dificultada. Ou seja, enquanto a população e os comerciantes são impedidos de montar estruturas no espaço público, a própria autarquia avança com obras num dos sítios mais movimentados da vila. Será que faz sentido? A medida até pode ter boas intenções, mas acaba por soar a dois pesos e duas medidas. Quem vive ou trabalha em Armação de Pêra já começou a comentar: “Façam o que eu digo, não o que eu faço” parece ser o lema deste verão. Fica a pergunta no ar: se é para garantir segurança e acessibilidade, não devia começar pelo exemplo?

domingo, 22 de junho de 2025

Esgotos Estão a Ser Lançados Diretamente na Praia de Armação de Pêra

No dia 14 de junho, partilhámos nas nossas redes sociais uma denúncia preocupante: a descarga de esgotos provenientes da limpeza de terraços de um edifício recentemente construído em Armação de Pêra diretamente na praia. A construção em causa teve projeto aprovado pela Câmara Municipal de Silves. A publicação gerou reações diversas, com alguns leitores a apontarem que, na imagem partilhada, não era visível o esgoto em escoamento. Hoje, voltamos ao tema com provas mais claras — um vídeo que mostra inequivocamente a água suja a ser lançada através de um tubo diretamente para a faixa costeira, num local frequentado por centenas de banhistas, especialmente nesta altura do ano. Este tipo de situação levanta sérias questões sobre: A qualidade da água balnear e os riscos para a saúde pública; O impacto ambiental direto sobre o ecossistema costeiro; A fiscalização e o cumprimento da legislação ambiental e urbanística, principalmente quando os projetos têm aval da autarquia. Sabemos que a limpeza de terraços pode gerar águas residuais com detergentes, óleos, tintas e outros resíduos urbanos. Mesmo que não se trate de esgotos domésticos (sanitários), a descarga direta no areal ou na linha de água é proibida por lei e representa uma violação clara das normas ambientais em vigor. Esperamos que este vídeo sirva como alerta não apenas para os responsáveis pelo edifício, mas também para as entidades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Silves, a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e a Capitania do Porto de Portimão, para que atuem de forma célere e eficaz. A vigilância e a proteção do nosso litoral não podem depender apenas da denúncia de cidadãos. É preciso garantir que cada construção nova cumpra rigorosamente as normas ambientais, e que os impactos negativos sejam corrigidos com urgência.

sábado, 21 de junho de 2025

Raízes expostas e insegurança na Av. Beira Mar: é urgente uma solução definitiva

Na Av. Beira Mar, em frente ao Casino, uma árvore de grande porte está a causar problemas há meses. As suas raízes, em busca natural de água e nutrientes, levantaram o pavimento, danificando a calçada numa área considerável. Esta situação tem origem nas características do solo – compacto e com pouca drenagem – que força o crescimento superficial das raízes. A Câmara Municipal de Silves, embora ciente do problema, optou por uma solução provisória: retirou parte da calçada ao redor da árvore e delimitou o espaço com uma simples fita plástica presa em varetas de ferro. Esta medida, longe de resolver a situação, agrava-a, pois representa um obstáculo perigoso para peões, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e crianças. A falta de uma intervenção adequada levanta questões sobre a segurança pública e o planeamento urbano sustentável. Árvores em meio urbano são essenciais – proporcionam sombra, melhoram a qualidade do ar e embelezam o espaço público – mas é fundamental que a sua presença seja compatibilizada com a segurança e o conforto dos cidadãos. É necessário agir com responsabilidade e celeridade. Há soluções técnicas viáveis, como a reestruturação da calçada com materiais permeáveis, instalação de grelhas de proteção para raízes ou a criação de uma área verde ao redor da árvore. Espera-se que a autarquia tome medidas mais eficazes e seguras, valorizando tanto o património natural como o bem-estar dos munícipes.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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