O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

FMI: Fundo para Menores Incapazes?

Um dos últimos episódios da crise nacional consistiu no pedido de ajuda ao Fundo Europeu e indirectamente ao FMI.


Em si, não nos escandaliza, nem o pedido de ajuda, nem a concessão da mesma.


Escândalo é, sem qualquer dúvida, a conduta dos diversos executivos e da classe politica em geral, que nos conduziu até aqui.


Mais escandaloso é ainda, se possível, o desplante de todos os lideres partidários e da classe politica em geral, a atitude e o discurso face ao “estado de sítio” económico e financeiro em que o pais se encontra.


A oposição, que chumbou o PEC 4 com o único objectivo de motivar a demissão do governo, apesar de saber de antemão que com o adiamento da implementação das medidas previstas no mesmo motivava um elevado acréscimo de prejuízo financeiro ao erário público e sem embargo de poder chegar ao seu objectivo (a demissão do governo) sem prejudicar a implementação imediata do referido plano, não agravando, por outra via, a situação financeira, não o fez, deliberadamente.


O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!


O governo que propôs o PEC4 tardiamente, depois de saber muito bem que as medidas previstas no mesmo já se justificavam de há muito, fê-lo depois de o ter negociado em segredo e nas costas de todos, sabendo muito bem que tal facto conduziria, muito provavelmente, ao que conduziu.


A oposição, agindo como agiu, para além do referido adiamento que motivou, deu a possibilidade ao governo de branquear a sua responsabilidade nos diversos défices e de se vitimizar, fazendo a opinião pública e publicada continuarem a concentrarem-se nos aspectos acessórios – as guerrilhas partidárias e as bizantinices constitucionais– em detrimento das questões essenciais como a profunda reforma de que o Estado carece, a conciliação dos interesses aparentemente inconciliáveis da contenção e do crescimento, a obrigatória mudança de paradigma.


O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!


A classe politica em geral, face ao presente cenário e apesar do mesmo, continua igual a si própria preparando-se para mais uma campanha eleitoral que pretende igual a todas as outras.


O pais e a nação não são, seguramente, as suas prioridades!


O FMI (para simplificar) não é um mal em si próprio! Nem vem ensinar-nos nada que já não soubéssemos!


Vem apenas garantir aos credores que nos portamos, face às circunstâncias que criámos, de acordo com o senso que se impõe em casas desgovernadas!


Irão os impostos aumentar? Talvez, mas tal só sucederá por termos gasto muito mais do que devíamos e podíamos!


Se a receita vier a aumentar em resultado de mais impostos, tal resulta de uma necessidade dramática e indecente gerada por gestões irresponsáveis e não por causa do FMI.


Irá reduzir-se a despesa? Provavelmente, mas tal só sucederá por termos gasto muito mais do que devíamos e podíamos!


Se a despesa vier a reduzir-se em resultado de cortes absolutamente necessários, tal resulta de uma necessidade de ajustamento entre a riqueza que geramos e o bem estar a que ela dá direito, não por causa do FMI.


O FMI que tem como finalidade garantir aos credores de Portugal que o pais está a gastar de acordo com o que produz, também nos garante a nós que a classe política está conformada pelo mesmo espartilho.


Não nos parece mal de todo, muito pelo contrário, sobretudo atendendo ao facto de já termos concluído que quer o governo, quer as oposições - a classe política em geral- não têm o pais e a nação, seguramente, como suas prioridades!


Portanto, incapazes para nos governarmos, temos a curadoria a que temos (por enquanto) direito: a do FMI!


É insanidade virarmo-nos contra o FMI, sem, pelo menos, nos repensarmos primeiro e, entretanto, demonstrarmos que temos capacidade para sermos autónomos e independentes!


Não nos parece porém que tal estado de consciência seja realizável com esta classe politica!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Folgadas as costas, vem aí o pau!

FMI: Para Portugal e em força!

A situação financeira de Portugal é desastrosa, como todos os dias somos lembrados quer pelos média, quer por certas franjas da classe politica.

Sucedem- se os artigos de opinião, as entrevistas de parte dos “opinion makers” e até os livros sobre como o Estado gasta o nosso dinheiro, invariavelmente críticos, apontam com maior ou menor detalhe as múltiplas práticas aberrantes e irresponsáveis, de como os Governos e as Administrações central e locais esbanjam a receita recolhida, a bem ou a mal, dos cidadãos-contribuintes e, ou, da banca nacional e internacional cujo pagamento se reconduz inevitavelmente aos mesmos cidadãos-contribuintes, neste último caso, os nascituros e até concepturos.

Desde que não comprometidos – hoje em dia – com a função governativa ou administrativa, os que vêm a público com uma leitura pura e dura da realidade financeira, revelando a natureza dos motores da despesa, sua origem e fim, salvo raríssimas excepções, fazem-no de boa-fé, com conhecimento de causa e com a melhor das intenções.

Alguns, que já foram ao leme do orçamento, dizem que não temos porque temer o FMI uma vez que sabemos muito bem o que fazer, mas que, se o FMI vier, podemos beneficiar da sua ajuda, embora a mesma não seja necessária.

Outros, como Silva Lopes ou Medina Carreira, que igualmente tiveram oportunidade de ir ao leme do orçamento, mais comprometidos com o rigor e a verdade acerca da natureza da classe politica, das corporações e das nomenklaturas politico-partidárias e politico-administrativa e das suas perversidades estruturais, consideram que as correcções necessárias na execução da despesa e sobretudo a disciplina necessária a administrar o erário público, se não for imposta de fora, jamais será atingida em Portugal, pelos Portugueses.

Conclusão esta que aliás, por muito crua que seja e decorridos que estão tantos séculos, se limita a confirmar a percepção de Júlio César (100-44 AC)acerca dos Lusitanos: "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar".

Estamos, naturalmente, com Silva Lopes e Medina Carreira pois consideramos que a incapacidade de administrar com rigor, isenção, competência e equidade, encontra-se escancaradamente evidenciada pelo estado das finanças públicas, se ainda restassem dúvidas.

É verdade que Portugal não conta com uma classe empresarial, na qual qualquer economia de mercado tem fundadas expectativas enquanto agente do desenvolvimento. Em Portugal, salvo honrosas excepções, quando aquela ultrapassa a insignificância, gosta de viver paredes meias com o orçamento, não é seduzida pelo risco, nem pelo investimento e, em boa verdade, nem sequer pelo mercado, permanece atavicamente a apreciar a especulação e o curto prazo.

É verdade que os cidadãos, sem terem tido alguma vez um avô, um pai e na sua esmagadora maioria, um professor que os formatassem na democracia participativa, já que nenhum deles viveu em democracia, também não foram, em trinta e seis anos de regime democrático, formados em cidadania e participação e muito menos investidos nos poderes de cidadania, têm-se limitado, pela omissão, a permitir uma representação que legitimam pelo voto, caracterizada pela deslealdade, incompetência, nihilismo nietzchiano e enriquecimento ilegítimo.

Ora, se temos tudo isto como relativamente adquirido, se os nossos interesses individuais e colectivos são claramente prejudicados pela péssima administração da res pública, como é patente pela situação financeira calamitosa que vivemos, porque razão deveremos esperar mais pela acção correctora e disciplinadora do FMI?

Porque tal acção correctora prejudica a “marmelada” de que os interesses das corporações, classe politica e de toda a sorte de parasitas incrustados no aparelho do Estado beneficiam?

Que temos nós que ver com isso?

Porque tal acção disciplinadora permitirá a racionalidade da despesa, o rigor da execução orçamental e viver este pais e os seus cidadãos na justa medida das suas reais capacidades e no seio do Estado social possivel?

Que é que a comunidade dos cidadãos tem a perder com isso?

Que ganhámos nós em viver, como até aqui, convencidos que nos encontrávamos numa economia virtualmente rica, à conta dos fundos europeus malbaratados e do endividamento, o que mais não foi que a folga das costas enquanto o pau não vinha?

Em que é que a erradicação da frustração pela via do realismo pode prejudicar a comunidade dos cidadãos?
Em que é que a assumpção definitiva e pública da incapacidade histórica dos nossos dirigentes para a governação, pode prejudicar a consciência colectiva de que temos de mudar de caminho?

Pois então se vem aí o pau, que venha acompanhado da tutoria do FMI que é um mestre-escola sério, diligente e rigoroso que usa cirurgicamente a reguada mas que, se não formos tolos de todo, nos pode deixar uma sólida instrução clássica!

Sempre será preferível a este professor(classe politica dirigente) falsamente liberal e progressista que se preocupa essencialmente em ficar bem na fotografia, mas que se está absolutamente borrifando para o aproveitamento dos alunos!

Preferível ainda, claro, a uma competência Sebastianica e iluminada que careça de suprimir liberdades como condição para alcançar o bem geral, de acordo com o seu próprio entendimento do mesmo!

Pelo menos até termos, devidamente investida nos seus poderes naturais, uma comunidade de cidadãos que gere os representantes democráticos devidamente dotados da competência, responsabilidade, isenção e rigor das quais, em Portugal, só déspotas ou ditadores se aproximaram.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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