O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
terça-feira, 8 de julho de 2025
Portugal vai investir mil milhões na Defesa – mas quem protege quem está cá dentro?
Nos últimos dias, o Primeiro-Ministro Luís Montenegro anunciou um reforço de
cerca de mil milhões de euros para a Defesa Nacional até ao final de 2025. O
objetivo é acelerar aquisições de equipamento militar, modernizar
infraestruturas e valorizar os recursos humanos das Forças Armadas, antecipando
o que já estava previsto na Lei de Programação Militar. É, sem dúvida, um passo
estratégico no atual contexto internacional. A Europa vive tempos de incerteza,
a guerra na Ucrânia não dá sinais de trégua, e o reforço da capacidade militar
nacional é visto como uma necessidade. Mas há uma questão que não pode continuar
a ser ignorada: Onde entra a segurança interna nesta equação? A defesa nacional
começa dentro de portas É fácil pensar em Defesa como sinónimo de tanques, caças
ou submarinos. Mas a defesa de um país começa no seu próprio território, todos
os dias, através das forças de segurança que patrulham ruas, protegem
populações, combatem o tráfico e mantêm a ordem. A GNR, por exemplo, é uma
peça-chave desta segurança. E, no entanto, os seus postos por todo o país contam
com efetivos reduzidos, viaturas obsoletas e instalações degradadas. Um exemplo
claro é o posto da GNR de Armação de Pêra. Uma vila que recebe milhares de
pessoas no verão e que, ainda assim, conta com poucos militares e um parque
automóvel que envergonha qualquer país desenvolvido. Há viaturas a "cair de
podre", que precisam de cobrir dezenas de quilómetros quadrados. Situação
parecida ocorre em várias regiões do país, especialmente no interior e no
litoral fora dos grandes centros. Dependência da União Europeia: um alerta
vermelho O que é ainda mais preocupante é que a aquisição de viaturas e outros
equipamentos básicos tem sido feita, muitas vezes, com fundos da União Europeia.
As últimas viaturas entregues às forças de segurança, em 2025, vieram quase
todas de projetos financiados por Bruxelas. Isto levanta uma pergunta
fundamental: Se a nossa segurança interna depende da aprovação de fundos
europeus, o que acontece quando esses fundos não estão disponíveis? Esta
dependência não é sinal de uma gestão eficaz — é sinal de um problema
estrutural. O risco de esquecer quem está cá dentro Enquanto os olhos do Governo
estão postos na aquisição de novos sistemas para a Defesa Nacional, milhares de
militares da GNR, da PSP e outros agentes enfrentam desafios diários com meios
que envergonhariam qualquer força europeia moderna. É importante reforçar as
Forças Armadas, claro. Mas não podemos esquecer que a segurança começa no
território nacional, nas vilas, nas aldeias, nas cidades. Sem uma base sólida de
segurança interna, qualquer esforço de defesa externa fica incompleto — ou até
ineficaz. A conclusão é simples: Portugal precisa investir, sim, mas de forma
equilibrada. Não há Defesa Nacional sem segurança interna forte, presente, bem
equipada e devidamente valorizada. É hora de olhar para dentro. Porque proteger
o país também é proteger quem está cá dentro.
Etiquetas:
segurança
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