O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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terça-feira, 16 de março de 2021
sexta-feira, 27 de março de 2020
quinta-feira, 26 de março de 2020
terça-feira, 24 de março de 2020
segunda-feira, 23 de março de 2020
HOSPITAL DE INFETO - CONTAGIOSOS ACABOU; FORMAÇÂO EM GUERRA NBQ NAS F.ARMADAS ACABOU!.... A ESTE SISTEMA SÓ LHE FALTA VENDER O QUE RESTA DO PAÍS!!...
Excelentíssimo Senhores,
Com vírus que matam Humanos e que não conseguimos aniquilar não há proporcionalidade. Há guerra biológica.
É como alguém que quer entrar armado, a disparar, contra alguém que está em casa e nem arma tem. Tem que se atrasar a entrada do ataque de quem vem armado a disparar até que venha Autoridade e acabe com a ameaça que é, tal como o vírus, total e completamente assimétrica.
A guerra biológica tem doutrina escrita, tem métodos e tácticas de emprego bem estabelecidas. São feitas manobras, exercícios, é treinada ( os hospitais na China montados em meia dúzia de dias são a demonstração que, semana sim, semana sim, treinam contra medidas de guerra biológica).
Em Portugal até havia o Hospital das Infecto-contagiosas na Boa Hora e outros com Pessoal treinado em guerra biológica e enquanto houve Hospital de Marinha também. Há ou havia pelo menos até ao Comando das Forças Armadas do General Pina Monteiro um companhia especializada em guerra NBQR (nuclear, biológica química e radiológica) com standards
de prontidão da NATO. Seria bem falar com o Pessoal que sabe e treina sobre este assunto.
O que a China faz, o que a Rússia faz e os EUA estão a fazer é
desencadear, no terreno, o que sabemos de contra medidas numa guerra biológica em todos os aspectos. A Europa, com excepção da Alemanha, nem tem noção da realidade que em tudo se comporta como um ataque de guerra biológica. Não resulta da agressão de um país a outro mas de um vírus à espécie Humana; mas não deixa por isso de ser guerra
biológica.
A incúria Europeia, com excepção da Alemanha, é escondida por detrás de argumentos relativamente à China de que é um país comunista e uma ditadura, à Rússia de que também é quase uma ditadura e aos EUA de que têm o Presidente que têm.
O que a China, a Rússia e os EUA estão a fazer é a pôr no terreno a táctica e a doutrina da Guerra Biológica e a conseguir utilizar o Pessoal de Saúde apenas na última linha de defesa. Têm na linha da frente da frente de combate Militares, GNR, Polícia, Protecção Civil e a População em geral a garantir a desinfecção pública e sobretudo o isolamento usando força se necessário for para que nesta luta assimétrica (vírus que mata e não é possível exterminá-lo) sejam, através do isolamento, infectados o menor número possível para que não chegue uma avalanche às portas do último reduto, o hospital.
Não se pode deixar tudo à mercê e chegar ao Pessoal da Saúde e o Hospital com massas de infectados. Não podemos transformar a retaguarda (o Pessoal de Saúde e o hospital) na frente do combate.
O que a Europa faz é isto: só dá batalha na última linha de defesa.
Não podemos numa guerra biológica não ter o envolvimento de todos e deixar que o Pessoal na frente da frente sejam Médicos e Enfermeiros e Gente da Saúde. Esses devem estar a defender o último reduto, a barbecã dos tempos medievais. Não podem ser quem está na frente da frente.
Na frente, na frente da frente da guerra biológica temos que estar todos nós, garantindo higiene pública e individual e isolamento com muita solidariedade e quando e se necessário garantido pela força do Estado. Quem, só por que sim, não se isola o máximo que pode, está a baldar-se para o lado do vírus e entregar a nossa vida à ameaça biológica mortal que o vírus traz.
Não pode ser como agora em que na Europa, os hospitais, são, apenas, o que constitui a única linha da frente desta guerra biológica. É bem sabido o que acontece a quem ponha a sua defesa apenas no último reduto.
Para estarmos todos, a agir eficazmente, temos que enfrentar este vírus com as bem estabelecidas tácticas de condução de uma guerra biológica. E nesta não há proporcionalidade. Há mobilização. Nós temos todos que ser os peões de Infantaria para que ao Pessoal dos Hospitais que na metáfora são os Cavaleiros possam apenas estar focados na derradeira luta, a luta pela vida no hospital. Eles, o Pessoal de Saúde e o hospital nao podem ser a linha da frente da frente. Nós temos que ser a linha da frente da frente.
Nós todos, com a Autoridade Militar, Policial e Civil mobilizados
solidária e eficazmente na primeira linha da frente a garantir higiene individual e pública com isolamento individual ao máximo possível; para que chegue o menor número de casos à retaguarda da frente deste combate onde está o competentíssimo e abnegado Pessoal de Saúde e o hospital.
Eu não sei, a não ser de alguns cálculos sobre o assunto (estão no P.S.) e por ver por muito de perto, muito do que descrevi da doutrina e da condução de guerra biológica na Emerging Security Challenges Division nos treze anos de Quartel Geral da NATO; mas porque ensino que só verdadeiramente sabe quem já fez(os outros ouvimos dizer)espero que como, em Portugal, há nas Forças Armadas, quem saiba (porque fez e treinou) como a guerra biológica se conduz seria bom que fossem
consultados e sobretudo utilizados os seus conhecimentos.
Forte Abraço do vosso
Prof. Carvalho Rodrigues
Com vírus que matam Humanos e que não conseguimos aniquilar não há proporcionalidade. Há guerra biológica.
É como alguém que quer entrar armado, a disparar, contra alguém que está em casa e nem arma tem. Tem que se atrasar a entrada do ataque de quem vem armado a disparar até que venha Autoridade e acabe com a ameaça que é, tal como o vírus, total e completamente assimétrica.
A guerra biológica tem doutrina escrita, tem métodos e tácticas de emprego bem estabelecidas. São feitas manobras, exercícios, é treinada ( os hospitais na China montados em meia dúzia de dias são a demonstração que, semana sim, semana sim, treinam contra medidas de guerra biológica).
Em Portugal até havia o Hospital das Infecto-contagiosas na Boa Hora e outros com Pessoal treinado em guerra biológica e enquanto houve Hospital de Marinha também. Há ou havia pelo menos até ao Comando das Forças Armadas do General Pina Monteiro um companhia especializada em guerra NBQR (nuclear, biológica química e radiológica) com standards
de prontidão da NATO. Seria bem falar com o Pessoal que sabe e treina sobre este assunto.
O que a China faz, o que a Rússia faz e os EUA estão a fazer é
desencadear, no terreno, o que sabemos de contra medidas numa guerra biológica em todos os aspectos. A Europa, com excepção da Alemanha, nem tem noção da realidade que em tudo se comporta como um ataque de guerra biológica. Não resulta da agressão de um país a outro mas de um vírus à espécie Humana; mas não deixa por isso de ser guerra
biológica.
A incúria Europeia, com excepção da Alemanha, é escondida por detrás de argumentos relativamente à China de que é um país comunista e uma ditadura, à Rússia de que também é quase uma ditadura e aos EUA de que têm o Presidente que têm.
O que a China, a Rússia e os EUA estão a fazer é a pôr no terreno a táctica e a doutrina da Guerra Biológica e a conseguir utilizar o Pessoal de Saúde apenas na última linha de defesa. Têm na linha da frente da frente de combate Militares, GNR, Polícia, Protecção Civil e a População em geral a garantir a desinfecção pública e sobretudo o isolamento usando força se necessário for para que nesta luta assimétrica (vírus que mata e não é possível exterminá-lo) sejam, através do isolamento, infectados o menor número possível para que não chegue uma avalanche às portas do último reduto, o hospital.
Não se pode deixar tudo à mercê e chegar ao Pessoal da Saúde e o Hospital com massas de infectados. Não podemos transformar a retaguarda (o Pessoal de Saúde e o hospital) na frente do combate.
O que a Europa faz é isto: só dá batalha na última linha de defesa.
Não podemos numa guerra biológica não ter o envolvimento de todos e deixar que o Pessoal na frente da frente sejam Médicos e Enfermeiros e Gente da Saúde. Esses devem estar a defender o último reduto, a barbecã dos tempos medievais. Não podem ser quem está na frente da frente.
Na frente, na frente da frente da guerra biológica temos que estar todos nós, garantindo higiene pública e individual e isolamento com muita solidariedade e quando e se necessário garantido pela força do Estado. Quem, só por que sim, não se isola o máximo que pode, está a baldar-se para o lado do vírus e entregar a nossa vida à ameaça biológica mortal que o vírus traz.
Não pode ser como agora em que na Europa, os hospitais, são, apenas, o que constitui a única linha da frente desta guerra biológica. É bem sabido o que acontece a quem ponha a sua defesa apenas no último reduto.
Para estarmos todos, a agir eficazmente, temos que enfrentar este vírus com as bem estabelecidas tácticas de condução de uma guerra biológica. E nesta não há proporcionalidade. Há mobilização. Nós temos todos que ser os peões de Infantaria para que ao Pessoal dos Hospitais que na metáfora são os Cavaleiros possam apenas estar focados na derradeira luta, a luta pela vida no hospital. Eles, o Pessoal de Saúde e o hospital nao podem ser a linha da frente da frente. Nós temos que ser a linha da frente da frente.
Nós todos, com a Autoridade Militar, Policial e Civil mobilizados
solidária e eficazmente na primeira linha da frente a garantir higiene individual e pública com isolamento individual ao máximo possível; para que chegue o menor número de casos à retaguarda da frente deste combate onde está o competentíssimo e abnegado Pessoal de Saúde e o hospital.
Eu não sei, a não ser de alguns cálculos sobre o assunto (estão no P.S.) e por ver por muito de perto, muito do que descrevi da doutrina e da condução de guerra biológica na Emerging Security Challenges Division nos treze anos de Quartel Geral da NATO; mas porque ensino que só verdadeiramente sabe quem já fez(os outros ouvimos dizer)espero que como, em Portugal, há nas Forças Armadas, quem saiba (porque fez e treinou) como a guerra biológica se conduz seria bom que fossem
consultados e sobretudo utilizados os seus conhecimentos.
Forte Abraço do vosso
Prof. Carvalho Rodrigues
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domingo, 22 de março de 2020
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Perturbações mentais aumentaram com a crise e já atingem um terço da população
In: "Obervador", 25.11.2016
Os problemas de saúde mental em Portugal, sobretudo os casos mais graves, aumentaram com a crise económica. Consumo de antidepressivos e ansiolíticos também aumenta, revela um estudo nacional.
Os problemas de saúde mental em Portugal, sobretudo os casos mais graves, aumentaram com a crise económica, atingindo quase um terço da população em 2015, a par de um aumento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos, revela um estudo nacional.
Trata-se dos resultados preliminares do projeto “Crisis Impact”, que estuda os efeitos da crise económica sobre a saúde mental das populações em Portugal, e que será apresentado hoje, durante o Fórum Gulbenkian de Saúde Mental.
O estudo, da autoria de José Caldas de Almeida, presidente do Lisbon Institute of Global Mental Health, baseia-se numa atualização do estudo nacional de saúde mental de 2008-2009, permitindo comparar os dados do início da crise com os do final de 2015.
A conclusão que mais ressalta do estudo é o “aumento significativo da prevalência de problemas de saúde mental durante este período”, evidenciando uma relação estreita com os fatores sociais e económicos resultantes da crise.
Segundo os dados preliminares, os problemas de saúde mental passaram de uma prevalência de 19,8% em 2008, para 31,2% em 2015, um aumento que se verificou em todos os níveis de gravidade, mas sobretudo nos casos de maior gravidade.
Nos problemas ligeiros passou-se de 13,6% para 16,8% (um aumento de três pontos percentuais), nos problemas moderados de 4,4% para 7,6% (3,2 pontos percentuais), e nos problemas mais graves de 1,8% para 6,8% (5 pontos percentuais).
A prevalência de problemas de saúde mental em 2015 foi mais elevada entre as mulheres, os idosos, os viúvos e separados e as pessoas com baixa escolaridade.
Quanto à relação destes problemas com a crise económica – nomeadamente a diminuição de rendimentos, o desemprego, a privação financeira e a descida de estatuto socioeconómico — o estudo demonstra que estão significativamente associados, revelando igualmente elevados padrões de perturbações depressivas e de ansiedade.
Mais de 40% das pessoas da amostra do estudo reportaram descida de rendimentos desde 2008, cerca de metade por corte de salários e pensões, 14% por desemprego, 6% por mudança de emprego e 5% por reforma.
Os que referem não ter rendimentos suficientes para pagar as suas despesas são quase 40% da amostra e apresentam uma prevalência significativamente mais elevada de problemas de saúde mental do que as que não sentem privação financeira.
A situação agrava-se quanto maior é a privação, sendo especialmente marcada no grupo de pessoas que não conseguem pagar as despesas básicas (comida, eletricidade, água) e que têm dívidas.
Pelo contrário, a existência de um elevado suporte social e o viver em bairros onde as pessoas se sentem seguras e bem integradas provaram ser fatores protetores em relação ao risco de ter problemas de saúde mental.
No que respeita ao uso de medicamentos, acompanha a tendência crescente da prevalência de problemas mentais, tendo-se verificado uma subida progressiva das percentagens de pessoas que usam psicofármacos, sobretudo antidepressivos e ansiolíticos.
Em valores absolutos, o uso destes medicamentos é muito mais elevado entre as mulheres, mas verificou-se um aumento particularmente elevado no consumo por parte dos homens, especialmente ansiolíticos.
Relativamente aos tratamentos, nos últimos cinco anos 27,9% das pessoas procuraram ajuda, sobretudo junto dos médicos de medicina geral, seguidos dos psiquiatras e psicólogos.
No geral, o sistema de saúde revelou capacidade de resposta, embora com alguns problemas a nível do acesso aos cuidados e sobretudo a nível da continuidade e da qualidade dos cuidados.
Se entre 70% e 80% das pessoas conseguiram ter acesso a cuidados, apenas 40% tiveram acesso aos cuidados adequados, sendo as dificuldades em cobrir os custos e em marcar consultas os principais obstáculos apontados.
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Já Jesus dizia que é mais difícil um rico entrar no reino nos céus que um camelo passar num buraco de uma agulha.
Aos 69 anos, Teresa Paiva é a maior especialista portuguesa em sono. A neurologista lançou esta semana uma revista digital onde espera recuperar o interesse dos portugueses pelo tema. Diz que a crise provocou mais noites em claro mas defende que pode ser uma oportunidade para pensar o que andamos a fazer às nossas vidas, já que diagnostica um problema de fundo: esquecemo-nos de que temos limites.
Como surgiu o seu interesse por esta área?
Era neurologista em Santa Maria e no início dos anos 80 havia uns equipamentos novos para monitorizar os comas. Como pesavam e das primeiras vezes que os levei para os cuidados intensivos fiz uma ciática, deixei de os usar. Calhou acompanhar dois doentes no hospital, um que fez uma paragem respiratória e outro que tinha uma grande sonolência. Voltei a pegar nas máquinas e descobri que tinham apneia do sono. A partir daí especializei-me.
Puro acaso então?
Sim e ainda bem. As coisas são mais bonitas quando surgem. O sono tornou-se a minha paixão. Passamos um terço da vida a dormir e durante esse tempo exercem-se funções essenciais à nossa sobrevivência. O sono resulta de anos e anos de aperfeiçoamento biológico, não é trivial.
E está cada vez mais ameaçado?
Sem dúvida. Tenho cada vez mais doentes. Cada vez mais as pessoas pelas dificuldades da vida e pelos traumas que experienciam não dormem bem.
Não existe também um problema cultural? É normal haver comentadores em estúdio nas televisões noite dentro?
Também me faz muita confusão. Ainda estou à espera que um dia se comparem os nossos horários televisivos com outros países europeus. Na Alemanha ou em Inglaterra, a partir de certa hora passam repetições, não há programas em directo. Parece-me que será uma característica muito nossa. E lesiva, porque depois acordamos à mesma hora que os nossos congéneres dos países nórdicos. 70% dos portugueses deitam-se depois da meia-noite. Estou interessada em encontrar uma explicação.
Tem alguma suspeita?
Pode haver uma explicação biológica mas penso que perdemos um bocadinho a noção de que temos limites. Os portugueses acham que têm os poderes de Deus Nosso Senhor, que podemos fazer tudo o que nos dá na real gana.
Só os portugueses?
Sei que fazemos coisas que não se vêem tanto lá fora. Muitas pessoas chegam a casa às dez da noite do trabalho, temos os ginásios sempre abertos, treinos depois das nove, mesmo dos miúdos. Parece-me que há uma falta de bom senso. Eu, mesmo sendo noctívaga, sei que tenho de ter cuidado e não posso ficar acordada até às 3 ou 4 da manha, se não no dia seguinte não trabalho de manhã ou não estou em condições. Esta noção de que temos de ter bom senso e há limites é essencial e acho que a esquecemos. Digo portugueses pois parece-me que isso se tem verificado noutras áreas: falou-se disso com os créditos, com os empréstimos, parece que algo nos faz perder o autocontrolo. Não sei se o nosso clima, termos sido descobridores...
Está a dizer que estamos a viver acima das nossas possibilidades biológicas?
É isso. Há coisas que nos deviam fazer pensar. Olho para um indivíduo como o Ronaldo, que admiro imenso, e faz-me pensar. Sabe que tem limites e que respeitá-los é importante para ter sucesso. Dorme a sesta, não anda no forrobodó.
Surpreende-se com o estilo de vida das pessoas?
Ainda me surpreendo, o que é incrível passados 30 anos a trabalhar nesta área. Há pessoas que não têm qualquer tipo de horário ou padrão, o que é uma catástrofe em termos de saúde. Outra coisa que acho assustadora nos últimos tempos é a quantidade de filhos a dormir com os pais. Agora com os divórcios isso aumentou muito. Vai achar esquisito, mas temos pessoas com 25, 27 e 30 anos a dormir com os pais, o que tem efeitos devastadores em termos psicológicos.
Pensei que estivesse a falar de crianças...
Mesmo se fossem crianças já era mau. As crianças devem ficar autónomas no sono nos primeiros dois anos de vida para serem adultos autónomos. Não devem adormecer na cama dos pais, quando muito ao fim-de-semana de manhã, uma excepção. Mas há mais problemas: pessoas que se deitam de manhã e depois não fazem nada todo o dia. Há pessoas assim porque têm uma doença, mas temos também pessoas que ficaram assim resultado de uma situação de desemprego. Outro problema comum é a dança das camas. A mãe adormece na cama do filho, depois vai para cama dela, depois o filho vai para lá, depois o pai sai da cama. A trapalhada completa. Portanto, primeira dica: cada um na sua cama.
Sim, é essencial. Mas acho que isto mais uma vez tem a ver com a nossa dificuldade em impor limites. Muitos pais, pela culpa de chegarem tarde a casa, depois têm dificuldade em ser assertivos e isto repercute-se na educação das crianças.
A privação de sono causa o quê?
Pessoas mais infelizes, com problemas de memória, maior risco de depressão. Não é irrelevante. Gera mais risco de acidentes, menos rendimento. Um estudo norueguês provou no ano passado que as mulheres que trabalham muitos anos por turnos nocturnos têm risco acrescido de cancro. Não estamos a falar de coisinhas... Sabe-se também que os depósitos de amilóide, ligados às demências e doenças como o Alzheimer, só se criam quando estamos acordados. Temos notado um aumento das queixas de falta de libido. Também isto pode estar ligado ao sono: os homens produzem a testosterona durante a noite.
Dormir de mais também é mau?
Sim, mas menos comum. Um adulto deve dormir oito horas. Dormir mais de dez, ou é doença ou vai dar doença. Principalmente, tem de ser pensar que o sono é importante mas sem dramatismos. Não se pode dormir de mais nem de menos, como não se pode comer de mais nem de menos. A única diferença é que se quiser comer três bifes, pode ser difícil mas esforça-se e come. No sono, quanto mais se esforça para dormir menos dorme. Agora, ficar uma noite sem dormir não tem problema, ninguém morre por isso e não é preciso ir a correr tomar remédios.
Há alguma privação de sono mortal?
Nos humanos não é conhecida. Há uma associação a maior risco de doenças consoante a duração da privação, mas não há uma overdose. Eu própria já estive três meses sem dormir quando parti uma perna, com as dores.
Três meses? E não tomou nada?
Deus me livre! Eu sabia por que é que era, tinha dores e aquilo havia de passar.
Mas prescreve medicação, certo?
Sim, com certeza. Mas pessoalmente só tomo quando é mesmo necessário. Acredito que o estilo de vida é essencial.
Mas ter passado três meses sem dormir…Não transformei aquilo em agonia. Ficava sossegadinha a deixar passar a noite. E aquilo passou. Um dos conselhos é não embandeirar. Quando as pessoas entram em pânico por não conseguir dormir então é que passam a dormir mal. Não se deve andar a falar disso mas procurar ajuda. Hoje sabe-se que os problemas de sono não são só psicológicos, podem resultar de tensão alta, problemas renais.
Mais conselhos?
Não se deve levar preocupações para a cama. Se está muito agitado, pode anotar tudo antes de se ir deitar, ter um “caderno de preocupações”. Não se deve estar a trabalhar até à última. Não se deve fazer actividades muito activas, ginástica.
E o sexo?
Sexo é das poucas excepções, até é recomendado. Dá prazer e ajuda a relaxar. A maioria dos conselhos são do senso comum, o pior é que as pessoas não os seguem. Jantar duas horas antes de ir dormir, até a Oprah Winfrey diz isso! Se tem apneias não deve beber vinho ao jantar. Não deve haver chazinhos, sobretudo se a pessoa faz xixi a meio da noite. Não se deve ir para a cama com os pés frios.
E quando se acorda a meio da noite?
Pense em qualquer coisa agradável. Quem tem insónias não deve ficar na cama a matutar, deve sair e ler ou fazer alguma coisa. Estar com o telemóvel na cama a jogar é do pior.
Lançou esta semana uma revista digital, “iSleep”. Vão dar esses conselhos?
Também mas a ideia é ter uma abordagem diversificada sobre o sono. Vai haver entrevistas a figuras públicas nacionais e internacionais, peculiaridades, notícias da investigação, testemunhos de doentes, referências literárias. O sono é uma preocupação da humanidade desde que existimos, mas temos estado a perder isso.
É um tema adormecido?
[Risos]. Em termos culturais, sim. Tornou-se dominante a ideia de que temos de dormir pouco e quem dorme oito horas é uma aberração. Eu durmo e tenho grande prazer nisso. Mas a investigação clínica em Portugal aumentou, tivemos o primeiro mestrado em sono do mundo. Há coisas boas, mas de facto ainda não se conseguiu mudar hábitos de forma significativa. Esta crise potencialmente veio agravar os problemas mas também pode ser fonte para a sua resolução: as pessoas têm de pensar sobre o que querem para as suas vidas.
O que tira o sono aos portugueses?
O excesso de trabalho, de preocupações e de responsabilidades são as coisas mais comuns. E muito isto de termos passado de uma sociedade onde era tudo garantido para uma sociedade de completa incerteza. É um ambiente um bocadinho ansiogénico e acho que devíamos pensar mais sobre a grande agressão que está a ser feita às famílias, que tem como indicadores claros o aumento dos divórcios e a baixa natalidade. Antes deste atentado de Paris, que me angustiou muito, mandei para os meus amigos uma imagem do mundo de pernas para o ar. É a sensação em que vivemos. Dominam os valores financeiros. Já Jesus dizia que é mais difícil um rico entrar no reino nos céus que um camelo passar num buraco de uma agulha.
Assusta-a um dia não conseguir dormir tão bem? Com idade, por exemplo?
Não, não tenho essa vertigem da idade, mesmo a nível profissional. Vejo-me como estando aqui para ajudar as pessoas e fá-lo-ei enquanto puder. Aceito as coisas da vida bem. Queixamo-nos do que se passa no nosso mundo, mas quer dizer, imagine que estava na Síria! Ou na Nigéria!
Mas já teve a sua dose de traumas, como ter sido refém no assalto ao BES em 2008.
Sim e há menos de ano e meio a explosão aqui. O que é engraçado na vida é que o que importa não é o problema mas a forma como o encaramos. A minha casa e o consultório ficaram destruídos.
Como aconteceu essa explosão?
Foi o gás do vizinho. Não morri por pura sorte. Ia a sair do meu quarto e se tivesse saído segundos antes tinha apanhado com todos os estilhaços. As janelas caíram, as portas explodiram. O meu neto estava no jardim e no sítio onde tinha estado uns minutos antes caiu uma porta de vidro que o teria morto. Sobrevivi, graças a Deus ninguém ficou afectado e agora temos melhores janelas, está tudo mais bonito.
Essas experiências ajudaram-na a lidar melhor com os doentes?
Muito melhor. Hoje percebo muito melhor os traumas dos outros. Durante uns tempos não dormi, como depois do assalto ao BES não dormi. Aliás nessa altura considerei a hipótese de tomar remédios. Encostaram-me uma arma a cabeça! Mas depois passou: tive um único pesadelo com isso.
Como se ultrapassam esses pesadelos?
Temos de sonhar que ganhamos aos ladrões, aos maus. Quando isso acontece ficamos curados. Temos de adoptar estratégias para pensar nisso, foi isso o que fiz. Mas não foi pêra doce: durante uns meses aproximavam-se de mim na rua e tinha medo. Só me senti completamente curada quando entrou aqui uma pessoa estranha no consultório e fui eu que a pus na rua. Mas acima de tudo, só ficamos curados quando encaramos os problemas de forma construtiva. O grande problema é ficar-se presa numa experiência negativa, fixado no lado mau do que se viveu. E a minha experiencia ajuda-me a transmitir melhor isso. Quer dizer, ver o que fazem às miúdas lá na Nigéria é bastante pior. Pôr as coisas em perspectiva, indignarmo-nos, é essencial para vencermos os nossos traumas.
Reformou-se da função pública aos 60. Preocupam-na as notícias sobre o SNS?
Muito. Estou feliz com a decisão de me ter reformado, faz nove anos. Hoje consigo ter uma clínica organizada, consigo fazer o meu trabalho com a máxima qualidade. Mas não chega a todos os doentes. Sim, mas fazemos muitas borlas... No Serviço Nacional de Saúde hoje há consultas de sono, há muito bons profissionais. O problema é que as pessoas estão cada vez mais limitadas. Não é nada que não fosse previsível: o sistema começa a esboroar resultado de redução de recursos e desinvestimento. É pena, tínhamos o 14º serviço de saúde do mundo em termos qualidade, era muito bom. E agora piorou.
Como surgiu o seu interesse por esta área?
Era neurologista em Santa Maria e no início dos anos 80 havia uns equipamentos novos para monitorizar os comas. Como pesavam e das primeiras vezes que os levei para os cuidados intensivos fiz uma ciática, deixei de os usar. Calhou acompanhar dois doentes no hospital, um que fez uma paragem respiratória e outro que tinha uma grande sonolência. Voltei a pegar nas máquinas e descobri que tinham apneia do sono. A partir daí especializei-me.
Puro acaso então?
Sim e ainda bem. As coisas são mais bonitas quando surgem. O sono tornou-se a minha paixão. Passamos um terço da vida a dormir e durante esse tempo exercem-se funções essenciais à nossa sobrevivência. O sono resulta de anos e anos de aperfeiçoamento biológico, não é trivial.
E está cada vez mais ameaçado?
Sem dúvida. Tenho cada vez mais doentes. Cada vez mais as pessoas pelas dificuldades da vida e pelos traumas que experienciam não dormem bem.
Não existe também um problema cultural? É normal haver comentadores em estúdio nas televisões noite dentro?
Também me faz muita confusão. Ainda estou à espera que um dia se comparem os nossos horários televisivos com outros países europeus. Na Alemanha ou em Inglaterra, a partir de certa hora passam repetições, não há programas em directo. Parece-me que será uma característica muito nossa. E lesiva, porque depois acordamos à mesma hora que os nossos congéneres dos países nórdicos. 70% dos portugueses deitam-se depois da meia-noite. Estou interessada em encontrar uma explicação.
Tem alguma suspeita?
Pode haver uma explicação biológica mas penso que perdemos um bocadinho a noção de que temos limites. Os portugueses acham que têm os poderes de Deus Nosso Senhor, que podemos fazer tudo o que nos dá na real gana.
Só os portugueses?
Sei que fazemos coisas que não se vêem tanto lá fora. Muitas pessoas chegam a casa às dez da noite do trabalho, temos os ginásios sempre abertos, treinos depois das nove, mesmo dos miúdos. Parece-me que há uma falta de bom senso. Eu, mesmo sendo noctívaga, sei que tenho de ter cuidado e não posso ficar acordada até às 3 ou 4 da manha, se não no dia seguinte não trabalho de manhã ou não estou em condições. Esta noção de que temos de ter bom senso e há limites é essencial e acho que a esquecemos. Digo portugueses pois parece-me que isso se tem verificado noutras áreas: falou-se disso com os créditos, com os empréstimos, parece que algo nos faz perder o autocontrolo. Não sei se o nosso clima, termos sido descobridores...
Está a dizer que estamos a viver acima das nossas possibilidades biológicas?
É isso. Há coisas que nos deviam fazer pensar. Olho para um indivíduo como o Ronaldo, que admiro imenso, e faz-me pensar. Sabe que tem limites e que respeitá-los é importante para ter sucesso. Dorme a sesta, não anda no forrobodó.
Surpreende-se com o estilo de vida das pessoas?
Ainda me surpreendo, o que é incrível passados 30 anos a trabalhar nesta área. Há pessoas que não têm qualquer tipo de horário ou padrão, o que é uma catástrofe em termos de saúde. Outra coisa que acho assustadora nos últimos tempos é a quantidade de filhos a dormir com os pais. Agora com os divórcios isso aumentou muito. Vai achar esquisito, mas temos pessoas com 25, 27 e 30 anos a dormir com os pais, o que tem efeitos devastadores em termos psicológicos.
Pensei que estivesse a falar de crianças...
Mesmo se fossem crianças já era mau. As crianças devem ficar autónomas no sono nos primeiros dois anos de vida para serem adultos autónomos. Não devem adormecer na cama dos pais, quando muito ao fim-de-semana de manhã, uma excepção. Mas há mais problemas: pessoas que se deitam de manhã e depois não fazem nada todo o dia. Há pessoas assim porque têm uma doença, mas temos também pessoas que ficaram assim resultado de uma situação de desemprego. Outro problema comum é a dança das camas. A mãe adormece na cama do filho, depois vai para cama dela, depois o filho vai para lá, depois o pai sai da cama. A trapalhada completa. Portanto, primeira dica: cada um na sua cama.
Sim, é essencial. Mas acho que isto mais uma vez tem a ver com a nossa dificuldade em impor limites. Muitos pais, pela culpa de chegarem tarde a casa, depois têm dificuldade em ser assertivos e isto repercute-se na educação das crianças.
A privação de sono causa o quê?
Pessoas mais infelizes, com problemas de memória, maior risco de depressão. Não é irrelevante. Gera mais risco de acidentes, menos rendimento. Um estudo norueguês provou no ano passado que as mulheres que trabalham muitos anos por turnos nocturnos têm risco acrescido de cancro. Não estamos a falar de coisinhas... Sabe-se também que os depósitos de amilóide, ligados às demências e doenças como o Alzheimer, só se criam quando estamos acordados. Temos notado um aumento das queixas de falta de libido. Também isto pode estar ligado ao sono: os homens produzem a testosterona durante a noite.
Dormir de mais também é mau?
Sim, mas menos comum. Um adulto deve dormir oito horas. Dormir mais de dez, ou é doença ou vai dar doença. Principalmente, tem de ser pensar que o sono é importante mas sem dramatismos. Não se pode dormir de mais nem de menos, como não se pode comer de mais nem de menos. A única diferença é que se quiser comer três bifes, pode ser difícil mas esforça-se e come. No sono, quanto mais se esforça para dormir menos dorme. Agora, ficar uma noite sem dormir não tem problema, ninguém morre por isso e não é preciso ir a correr tomar remédios.
Há alguma privação de sono mortal?
Nos humanos não é conhecida. Há uma associação a maior risco de doenças consoante a duração da privação, mas não há uma overdose. Eu própria já estive três meses sem dormir quando parti uma perna, com as dores.
Três meses? E não tomou nada?
Deus me livre! Eu sabia por que é que era, tinha dores e aquilo havia de passar.
Mas prescreve medicação, certo?
Sim, com certeza. Mas pessoalmente só tomo quando é mesmo necessário. Acredito que o estilo de vida é essencial.
Mas ter passado três meses sem dormir…Não transformei aquilo em agonia. Ficava sossegadinha a deixar passar a noite. E aquilo passou. Um dos conselhos é não embandeirar. Quando as pessoas entram em pânico por não conseguir dormir então é que passam a dormir mal. Não se deve andar a falar disso mas procurar ajuda. Hoje sabe-se que os problemas de sono não são só psicológicos, podem resultar de tensão alta, problemas renais.
Mais conselhos?
Não se deve levar preocupações para a cama. Se está muito agitado, pode anotar tudo antes de se ir deitar, ter um “caderno de preocupações”. Não se deve estar a trabalhar até à última. Não se deve fazer actividades muito activas, ginástica.
E o sexo?
Sexo é das poucas excepções, até é recomendado. Dá prazer e ajuda a relaxar. A maioria dos conselhos são do senso comum, o pior é que as pessoas não os seguem. Jantar duas horas antes de ir dormir, até a Oprah Winfrey diz isso! Se tem apneias não deve beber vinho ao jantar. Não deve haver chazinhos, sobretudo se a pessoa faz xixi a meio da noite. Não se deve ir para a cama com os pés frios.
E quando se acorda a meio da noite?
Pense em qualquer coisa agradável. Quem tem insónias não deve ficar na cama a matutar, deve sair e ler ou fazer alguma coisa. Estar com o telemóvel na cama a jogar é do pior.
Lançou esta semana uma revista digital, “iSleep”. Vão dar esses conselhos?
Também mas a ideia é ter uma abordagem diversificada sobre o sono. Vai haver entrevistas a figuras públicas nacionais e internacionais, peculiaridades, notícias da investigação, testemunhos de doentes, referências literárias. O sono é uma preocupação da humanidade desde que existimos, mas temos estado a perder isso.
É um tema adormecido?
[Risos]. Em termos culturais, sim. Tornou-se dominante a ideia de que temos de dormir pouco e quem dorme oito horas é uma aberração. Eu durmo e tenho grande prazer nisso. Mas a investigação clínica em Portugal aumentou, tivemos o primeiro mestrado em sono do mundo. Há coisas boas, mas de facto ainda não se conseguiu mudar hábitos de forma significativa. Esta crise potencialmente veio agravar os problemas mas também pode ser fonte para a sua resolução: as pessoas têm de pensar sobre o que querem para as suas vidas.
O que tira o sono aos portugueses?
O excesso de trabalho, de preocupações e de responsabilidades são as coisas mais comuns. E muito isto de termos passado de uma sociedade onde era tudo garantido para uma sociedade de completa incerteza. É um ambiente um bocadinho ansiogénico e acho que devíamos pensar mais sobre a grande agressão que está a ser feita às famílias, que tem como indicadores claros o aumento dos divórcios e a baixa natalidade. Antes deste atentado de Paris, que me angustiou muito, mandei para os meus amigos uma imagem do mundo de pernas para o ar. É a sensação em que vivemos. Dominam os valores financeiros. Já Jesus dizia que é mais difícil um rico entrar no reino nos céus que um camelo passar num buraco de uma agulha.
Assusta-a um dia não conseguir dormir tão bem? Com idade, por exemplo?
Não, não tenho essa vertigem da idade, mesmo a nível profissional. Vejo-me como estando aqui para ajudar as pessoas e fá-lo-ei enquanto puder. Aceito as coisas da vida bem. Queixamo-nos do que se passa no nosso mundo, mas quer dizer, imagine que estava na Síria! Ou na Nigéria!
Mas já teve a sua dose de traumas, como ter sido refém no assalto ao BES em 2008.
Sim e há menos de ano e meio a explosão aqui. O que é engraçado na vida é que o que importa não é o problema mas a forma como o encaramos. A minha casa e o consultório ficaram destruídos.
Como aconteceu essa explosão?
Foi o gás do vizinho. Não morri por pura sorte. Ia a sair do meu quarto e se tivesse saído segundos antes tinha apanhado com todos os estilhaços. As janelas caíram, as portas explodiram. O meu neto estava no jardim e no sítio onde tinha estado uns minutos antes caiu uma porta de vidro que o teria morto. Sobrevivi, graças a Deus ninguém ficou afectado e agora temos melhores janelas, está tudo mais bonito.
Essas experiências ajudaram-na a lidar melhor com os doentes?
Muito melhor. Hoje percebo muito melhor os traumas dos outros. Durante uns tempos não dormi, como depois do assalto ao BES não dormi. Aliás nessa altura considerei a hipótese de tomar remédios. Encostaram-me uma arma a cabeça! Mas depois passou: tive um único pesadelo com isso.
Como se ultrapassam esses pesadelos?
Temos de sonhar que ganhamos aos ladrões, aos maus. Quando isso acontece ficamos curados. Temos de adoptar estratégias para pensar nisso, foi isso o que fiz. Mas não foi pêra doce: durante uns meses aproximavam-se de mim na rua e tinha medo. Só me senti completamente curada quando entrou aqui uma pessoa estranha no consultório e fui eu que a pus na rua. Mas acima de tudo, só ficamos curados quando encaramos os problemas de forma construtiva. O grande problema é ficar-se presa numa experiência negativa, fixado no lado mau do que se viveu. E a minha experiencia ajuda-me a transmitir melhor isso. Quer dizer, ver o que fazem às miúdas lá na Nigéria é bastante pior. Pôr as coisas em perspectiva, indignarmo-nos, é essencial para vencermos os nossos traumas.
Reformou-se da função pública aos 60. Preocupam-na as notícias sobre o SNS?
Muito. Estou feliz com a decisão de me ter reformado, faz nove anos. Hoje consigo ter uma clínica organizada, consigo fazer o meu trabalho com a máxima qualidade. Mas não chega a todos os doentes. Sim, mas fazemos muitas borlas... No Serviço Nacional de Saúde hoje há consultas de sono, há muito bons profissionais. O problema é que as pessoas estão cada vez mais limitadas. Não é nada que não fosse previsível: o sistema começa a esboroar resultado de redução de recursos e desinvestimento. É pena, tínhamos o 14º serviço de saúde do mundo em termos qualidade, era muito bom. E agora piorou.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Paulo Macedo e a armadilha da ADSE
Escrevo este texto longe de Portugal e posso não ter apanhado todos os argumentos sobre a aceleração das novas regras de sustentabilidade da ADSE. Não me surpreenderam as medidas, embora sejam naturalmente discutíveis, sobretudo pela velocidade a que as regras de contribuição e de comparticipação mudam por aquelas bandas. O que mais me espantou foi o regresso do discurso sobre a iniquidade e inutilidade da ADSE, tema sobre o qual Paulo Macedo se tinha pronunciado de forma clara e distinta.
Em finais de junho, na única entrevista de fundo que deu em dois anos, Paulo Macedo disse ao Expresso que não tinha qualquer intenção de acabar com a ADSE, porque era financeiramente autossustentável. Nessa entrevista Paulo Macedo deu uma lição a muita gente, a começar por alguns dos seus colegas - primeiro-ministro incluído -, quando separou ideologia de realidade. Ou seja, para Macedo a existência (ou não) da ADSE não é daquelas questões que ocupam alguns espíritos liberais menos informados ou transeuntes do Compromisso Portugal. Para o ministro da Saúde a questão era outra e tinha apenas a ver com a autossustentabilidade do subsistema e o tipo de acordos mais favoráveis ao ministério que gere. Favoráveis do ponto de vista orçamental e dos resultados nos indicadores de saúde.
Esta era a ideia que Paulo Macedo tinha em junho, mas que agora começa a ser de novo posta em causa. Não por ele (ainda) mas por quem o rodeia e que em vez de gerir ministérios da forma como ele faz (com apoio permanente na realidade) ou de fazerem política com base em estudos, preferem fazer variações sobre a igualdade de sistemas e gostavam que a ADSE acabasse amanhã.
Só para esclarecer, eu não tenho nada contra o fim da ADSE ou contra a sua continuidade. Apenas tenho medo de estar a assistir a uma discussão parecida com a do ensino da Matemática e dos alunos que não aprendiam nada, mas que afinal não era bem assim. Aliás, não era nada assim.
in Expresso, por Ricardo Costa
Em finais de junho, na única entrevista de fundo que deu em dois anos, Paulo Macedo disse ao Expresso que não tinha qualquer intenção de acabar com a ADSE, porque era financeiramente autossustentável. Nessa entrevista Paulo Macedo deu uma lição a muita gente, a começar por alguns dos seus colegas - primeiro-ministro incluído -, quando separou ideologia de realidade. Ou seja, para Macedo a existência (ou não) da ADSE não é daquelas questões que ocupam alguns espíritos liberais menos informados ou transeuntes do Compromisso Portugal. Para o ministro da Saúde a questão era outra e tinha apenas a ver com a autossustentabilidade do subsistema e o tipo de acordos mais favoráveis ao ministério que gere. Favoráveis do ponto de vista orçamental e dos resultados nos indicadores de saúde.
Esta era a ideia que Paulo Macedo tinha em junho, mas que agora começa a ser de novo posta em causa. Não por ele (ainda) mas por quem o rodeia e que em vez de gerir ministérios da forma como ele faz (com apoio permanente na realidade) ou de fazerem política com base em estudos, preferem fazer variações sobre a igualdade de sistemas e gostavam que a ADSE acabasse amanhã.
Só para esclarecer, eu não tenho nada contra o fim da ADSE ou contra a sua continuidade. Apenas tenho medo de estar a assistir a uma discussão parecida com a do ensino da Matemática e dos alunos que não aprendiam nada, mas que afinal não era bem assim. Aliás, não era nada assim.
in Expresso, por Ricardo Costa
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Vote PSD: Com o PSD os Portugueses são os maiores em qualquer coisa: Maiores consumidores de antidepressivos da UE!
Portugueses compram 75 mil embalagens de psicotrópicos por dia
in: Público de 25.09.2013
Trata-se de um aumento da ordem dos
1,9% face ao mesmo período do ano passado, mas que é mais expressivo no caso
dos antidepressivos e estabilizadores de humor. Entre Janeiro e Agosto,
venderam-se, em média, 21 mil embalagens deste tipo de medicamentos por dia.
O aumento do consumo de antidepressivos tem sido constante ao longo dos últimos anos (quase um milhão de embalagens entre 2008 e 2012), colocando Portugal no topo da lista dos maiores consumidores. Um fenómeno que não preocupa os psiquiatras, que lembram que cerca de 15% da população portuguesa sofre de patologias psiquiátricas de ansiedade e depressivas graves a moderadas (estudo feito em 2010), percentagem que chega a ser duas vezes superior à de outros países europeus, como a Alemanha, por exemplo.
O que preocupa os especialistas em saúde mental é o aumento das vendas das chamadas benzodiazepinas (tranquilizantes, hipnóticos e sedativos), que causam dependência. Após anos de quebra, a sua venda está de novo a aumentar, o que já se tinha verificado no ano passado.
Pode estabelecer-se uma relação de causa-efeito com a crise? A resposta é complexa. Os psiquiatras apenas admitem, para já, um aumento da afluência aos serviços. “É frequente os médicos de família enviarem-nos doentes com episódios de depressão, colocando nas causas o desemprego e dificuldades económicas graves”, declarou à Lusa a presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), Luísa Figueira.
“Mas mais do que tratar, também era importante a reintegração destes doentes no trabalho, o que passa por um trabalho junto das pessoas que os empregam”, defendeu.
Depressão causa de incapacidade
Este ano, o tema escolhido para assinalar o Dia Mundial da Depressão (no próximo dia 1 de Outubro) é a “Recessão económica e depressão no trabalho” e vai ser debatido quinta-feira em Lisboa num encontro organizado pela SPPSM. “A depressão no local de trabalho é um assunto que temos falado pouco”, mas é um problema com “um impacto muito grande” nos trabalhadores e empresários, explicou Maria Luísa Figueira.
O problema da depressão é mundial. Citando dados de um inquérito realizado pela Aliança Europeia de Depressão em 2012, que envolveu cerca de sete mil trabalhadores e empresários, a presidente da SPPSM sublinhou que um em cada dez trabalhadores fica de baixa por depressão. Estudos realizados na União Europeia pelas associações de especialistas da área prevêem que em 2030 a depressão seja a maior causa de incapacidade no mundo.
O aumento do consumo de antidepressivos tem sido constante ao longo dos últimos anos (quase um milhão de embalagens entre 2008 e 2012), colocando Portugal no topo da lista dos maiores consumidores. Um fenómeno que não preocupa os psiquiatras, que lembram que cerca de 15% da população portuguesa sofre de patologias psiquiátricas de ansiedade e depressivas graves a moderadas (estudo feito em 2010), percentagem que chega a ser duas vezes superior à de outros países europeus, como a Alemanha, por exemplo.
O que preocupa os especialistas em saúde mental é o aumento das vendas das chamadas benzodiazepinas (tranquilizantes, hipnóticos e sedativos), que causam dependência. Após anos de quebra, a sua venda está de novo a aumentar, o que já se tinha verificado no ano passado.
Pode estabelecer-se uma relação de causa-efeito com a crise? A resposta é complexa. Os psiquiatras apenas admitem, para já, um aumento da afluência aos serviços. “É frequente os médicos de família enviarem-nos doentes com episódios de depressão, colocando nas causas o desemprego e dificuldades económicas graves”, declarou à Lusa a presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), Luísa Figueira.
“Mas mais do que tratar, também era importante a reintegração destes doentes no trabalho, o que passa por um trabalho junto das pessoas que os empregam”, defendeu.
Depressão causa de incapacidade
Este ano, o tema escolhido para assinalar o Dia Mundial da Depressão (no próximo dia 1 de Outubro) é a “Recessão económica e depressão no trabalho” e vai ser debatido quinta-feira em Lisboa num encontro organizado pela SPPSM. “A depressão no local de trabalho é um assunto que temos falado pouco”, mas é um problema com “um impacto muito grande” nos trabalhadores e empresários, explicou Maria Luísa Figueira.
O problema da depressão é mundial. Citando dados de um inquérito realizado pela Aliança Europeia de Depressão em 2012, que envolveu cerca de sete mil trabalhadores e empresários, a presidente da SPPSM sublinhou que um em cada dez trabalhadores fica de baixa por depressão. Estudos realizados na União Europeia pelas associações de especialistas da área prevêem que em 2030 a depressão seja a maior causa de incapacidade no mundo.
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quarta-feira, 17 de abril de 2013
Homem protegido vale mil experiências...
Nunca é demais sensibilizar os cidadãos para a utilização de preservativo na sua relações sexuais, sobretudo nas ocasionais. O Verão está à porta e, dizem as estatisticas, que com ele estimulam-se as relações e as circunstâncias que as motivam. Este filme - uma peça de animação de grande qualidade - pretende fazer um apelo à protecção sexual, desvendando que a mesma pode até propiciar um enorme numero de experiências que, de outro modo (sem protecção) são impossiveis...
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sábado, 29 de dezembro de 2012
A requalificação da Ribeira de Alcantarilha à espera de quê, Senhora Ministra?
As populações de Pêra, Armação de Pêra e Alcantarilha sabem bem como é urgente requalificar a ribeira de Alcantarilha, como forma de salvaguardar uma importante maternidade piscícola, pôr fim a um canal pestilento e readquirir o equilíbrio ambiental de um ecossistema natural que caracterizou, em tempos não muito distantes, a ribeira e sua foz, na praia de Armação de Pêra
Numa carta aberta dirigida à ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Território, Assunção Cristas, os socialistas do concelho apelaram a uma "intervenção urgente do Governo para evitar danos ambientais irreversíveis para as gerações futuras", fazendo-se legitimamente porta vozes destas populações.
De acordo com aquele documento no qual participou o armacenense Luis Ricardo, a ribeira de Alcantarilha, "outrora uma pujante maternidade piscícola" que gerava anualmente milhares de juvenis, quase se transformou "num canal pestilento devido à insensatez dos homens e à incúria das autoridades".
"Em vez de revigorar de nutrientes e vida, transportava poluição, mortandade e miséria", denuncia aquele documento, trazendo à luz do dia uma realidade preocupante que só costuma vir ao conhecimento público na altura do Verão, designadamente neste sitio.
Numa carta aberta dirigida à ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Território, Assunção Cristas, os socialistas do concelho apelaram a uma "intervenção urgente do Governo para evitar danos ambientais irreversíveis para as gerações futuras", fazendo-se legitimamente porta vozes destas populações.
De acordo com aquele documento no qual participou o armacenense Luis Ricardo, a ribeira de Alcantarilha, "outrora uma pujante maternidade piscícola" que gerava anualmente milhares de juvenis, quase se transformou "num canal pestilento devido à insensatez dos homens e à incúria das autoridades".
"Em vez de revigorar de nutrientes e vida, transportava poluição, mortandade e miséria", denuncia aquele documento, trazendo à luz do dia uma realidade preocupante que só costuma vir ao conhecimento público na altura do Verão, designadamente neste sitio.
Os socialistas acrescentam que, apesar da maior atenção e intervenção das autoridades e do maior acompanhamento dos focos de poluição urbana, persistem "contaminações biológicas nas areias e águas da costa e as infestações sazonais de mosquitos ainda não estão controladas".
"É possível, necessário e desejável que num futuro muito próximo o percurso da ribeira e as suas margens, como as valas de drenagem e a sua extensão lagunar, retorne ao ecossistema natural", destacam os subscritores.
Esta iniciativa partidária defende que o projeto da Praia Grande, que evidencia a componente ambiental como uma mais-valia, deverá ser o ponto de confluência para que se faça a regeneração ambiental do Sapal de Pera, da ribeira de Alcantarilha e da sua Foz, "um processo exemplar de cooperação na reabilitação dos erros e assimetrias que a irresponsabilidade humana provocou".
Esta denúncia é um bom exemplo de iniciativa e participação dos cidadãos numa administração participativa que tarda em chegar a este concelho cujos dirigentes fazem sistematicamente vista grossa às ameaças ambientais e à economia das populações e da região, como, de resto, o Blogue CIDADANIA tem empenhadamente acusado.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Lagoa da bosta
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