O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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terça-feira, 23 de março de 2010

O Bullying dos Média Buly...



Não sei se leram o artigo do Miguel Sousa Tavares(MST) no Expresso.

Em súmula, o que diz é o seguinte: agora que os deputados da comissão de ética estão a trabalhar no assunto da liberdade de expressão, era tempo de falarem na ética dos jornalistas e dos directores de jornais ao "informarem " ou "manipularem" a opinião pública.
Vem isto ao caso do Leandro , a criança que se "suicidou" no Tua.
Todos os jornais e televisões noticiaram que esta criança foi vítima de bullying que se suicidou em consequência dessa situação, que professores, pais e mesmo o Engº Sócrates nada fizeram.

A Ministra anunciou nova legislação e a oposição culpou o Governo.
O próprio MST fez um programa na SIC com uma pedopsiquiatra sobre o assunto.
Afinal... depois de uma semana de histeria, a “montanha pariu um rato”!
O Leandro era afinal agressor pois já há um ano atrás tinha participado num "ataque " a outra escola, os pais tinham sido avisados pela escola, estava a ser seguido por clínicos e não se suicidou antes foi ao banho (quem se suicida não despe a roupa antes da acção).

Tudo isto em nada diminui a tragédia (trata-se de uma criança de 10 anos) mas diz bem do rigor da nossa classe jornalística, verdadeiros arautos da liberdade de expressão contra putativos salazaristas que os pretendem calar de "informar" a opinião pública.
O estado em que está a imprensa escrita (com as empresas em défice financeiro, senão mesmo económico) determina a produção sistemática do sensacionalismo e mesmo a criação de informações virtuais, como muito bem revela o General Loureiro dos Santos no seu último livro o qual, aliás, recomendo vivamente.

Não é de hoje que reconhecemos que os média são as instituições mais poderosas no mundo democrático. Há mesmo quem lhes chame o IV Poder!Como disse em tempos o Emídio Rangel, os média podem levar á Presidência da República uma marca de sabonetes!

Perante tal factualidade, seria de esperar que os detentores do IV poder fossem indivíduos bem formados e preparados para manejar armas tão poderosas e não verdadeiros factores de entropia do sistema de formação da opinião pública.
Pelo contrário e sem embargo da utilidade pública de que não queremos nem podemos nem devemos prescindir, os média têm-se revelado verdadeiros factores de subdesenvolvimento cultural, quando não de autênticos agentes intoxicantes e tendencialmente manipuladores da informação que suporta a formação da opinião pública na nossa sociedade.

Este exemplo do Leandro mostra como se "constrói" uma teoria virtual para vender mais jornais, explorando a tragédia e ignorando com desprezo pelos direitos dos leitores que querem ser informados com verdade, e dos muitos intervenientes cujo papel foi autenticamente adulterado (a vigilância da escola não foi perdida nem achada na saída do aluno, uma vez que o mesmo, afinal, saiu através de um gradeamento numa zona não vigiada).
Esta nossa "imprensa livre", porquanto felizmente há trabalho sério no jornalismo português, é assunto ignorado pela tal comissão da Assembleia da República.

É que a Classe Política sustenta-se muito e habitualmente nos seus favores...
Utilizando o meu direito absoluto de liberdade de expressão apetece-me dizer-lhes: vão brincar com o c.....!
JLCC

__________________________Bully is someone who is mean and attacks other people with words or actions. They use teasing, threats, or strength to pick on, frighten, or hurt someone or take what they want.

Bullying is a form of aggressive and harassing behavior. This antisocial behavior occurs across geographic, racial, and socioeconomic segments of society. Bullying prevents its targets from enjoying a safe, stress-free living, learning, and working environment. Children who bully are at risk for a host of long term, negative developmental outcomes including juvenile and adult criminal behavior. Early intervention in the home, school, and the community are the best hope we have of diverting people from this destructive pattern.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Censura ou Reserva da Privacidade?


«Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.»
[Texto de opinião escrito por Mário Crespo, para o Jornal de Noticias de dia 1 de Fevereiro de 2010, não publicado por decisão da direcção do JN]Dizem uns que se trata de censura a eventual pressão politica junto de um orgão de informação com vista à não publicação do artigo que transcrevemos, assinado por Mário Crespo, o qual se sente vitima de uma forma perversa de censura.

Dizem outros que um artigo assente em informação obtida por meio de uma "escuta" constitui uma violação do direito à privacidade de cada um.
Na verdade a invasão da privacidade de cada um não acontece somente no caso das escutas ilegais, mas também num caso como este.

Dizemos nós que, hoje em dia,corremos o risco - qualquer um de nós - de ver publicada uma conversa privada se se não respeitar escrupulosamente o principio do respeito pela privacidade de qualquer cidadão.

Mário Crespo, colaborador habitual do jornal em questão nunca se coibiu de dizer o que pensa sobre Sócrates e o seu Governo. O que justificaria o veto do director do jornal à publicação do artigo, desta vez?

Acreditamos que a obtenção de informação de forma ilícita terá justificado a sua posição.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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