O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O mar é grande. Mas às vezes não é assim tão grande


Barcos de pesca colidem no Algarve em águas abertas. Houve 118 naufrágios este ano
Texto Ricardo Marques Foto Luiz Carvalho

A noite de segunda-feira chegou com vento fraco e mar calmo ao largo de Monte Gordo. Para os quatro homens a bordo do “Herança do Mar”, que navegava devagar para nascente, a única preocupação era mesmo deitar os covos à água e rezar para que, daí a dias, viessem cheios de polvos. Pouco depois das três da manhã, com mar calmo e sem vento, o arrastão “Peixe de Ouro”, com quatro tripulantes, saiu do porto de Vila Real de Santo António e rumou a sul para pescar tamboril. Pelas 3h30, a duas milhas de terra, em condições boas para a navegação e com o oceano inteiro à sua volta, as duas embarcações chocaram.

Não há nenhuma maneira fácil de explicar o que leva dois barcos a colidir em alto mar. A maioria das teorias faz parte de teses de mestrado e de doutoramento, contempla dezenas de variáveis e de fórmulas matemáticas e, por regra, abrange áreas marítimas específicas ou momentos determinados da navegação. António Serafim, o mestre do “Herança do Mar”, no entanto, precisa apenas de uma frase. “Quando ouvi o barulho deles e vi aquela coisa branca à minha frente, ainda dei à ré com toda a força que tinha o barco, mas já não foi a tempo”, conta.

Na noite do acidente, o “Peixe de Ouro”, de 14 metros, conseguiu voltar ao porto, mas os quatro tripulantes do “Herança do Mar” tiveram de saltar para uma balsa e esperar que a lancha semirrígida da Polícia Marítima os salvasse. “Estas coisas acontecem, mas não se deixam as pessoas sem auxílio”, lamenta António Serafim. “Depois de batermos, o ‘Peixe de Ouro’ só voltou para trás porque eu lhes disse no rádio que estávamos a meter água, e ficaram sempre à distância”, assegura o mestre do “Herança do Mar”. O Expresso tentou ouvir também o armador do “Peixe de Ouro”, mas João Afonso não quis prestar declarações.

O acidente em águas algarvias está a ser investigado pela Marinha. Os armadores do “Herança do Mar” e do “Peixe de Ouro” já entregaram os respetivos protestos de mar (relatórios do acidente), e as peritagens aos navios deverão ser feitas nas próximas semanas. O trabalho começou na quarta-feira à tarde, quando o “Herança do Mar”, de 12 metros, foi retirado do fundo do mar e rebocado para terra para avaliação. “Por isso”, refere o comandante do porto de Vila Real de Santo António, Ventura Borges, “é prematuro atribuir responsabilidades ou avançar quaisquer hipóteses”.

Raridade marítima

As colisões entre navios são raras. O próprio comandante Ventura Borges admite não se lembrar de alguma vez ter de elaborar um relatório semelhante. Por isso, esta semana é ainda mais atípica. Na quinta-feira à tarde, no Mar do Norte, num dos canais de navegação mais usados para chegar ao porto de Roterdão, na Holanda, deu-se outra colisão em alto mar, entre dois enormes cargueiros com mais de 100 metros. Um dos navios foi ao fundo e, além de seis desaparecidos, o acidente provocou cinco mortos.

Em Portugal, de acordo com dados cedidos pela Marinha, houve cinco colisões nos últimos dois anos. E apenas no caso do Algarve se verificou o afundamento de um dos navios envolvidos. No mesmo período, registaram-se 243 acidentes, 49 afundamentos, 9 mortos e 39 feridos. Nos últimos cinco anos, o número de mortos sobe para 19 e o de feridos para 77.

Ao largo de Monte Gordo não foi preciso contar vítimas. Os estragos mais visíveis estão no casco do “Herança do Mar” e são também o melhor ponto de partida para a investigação. O resto, por agora, é um mar de dúvidas. Os barcos tinham as luzes ligadas? Havia homens ao leme? Os radares funcionavam? As regras foram respeitadas? Era impossível alterar a rota? De acordo com uma fonte da Marinha, os acidentes devem-se muitas vezes a uma sucessão de vários pequenos erros, mais do que a um único erro.

São essas sequências que os modelos procuram reproduzir, introduzindo toda o género de variáveis: umas relacionadas com comportamentos humanos, outras ligadas à resposta dos equipamentos, à dimensão dos navios, à sua configuração, número de motores... Há dois anos, numa tese de mestrado em Engenharia e Arquitetura Naval, Pedro Monteiro calculou que o valor esperado de colisões entre embarcações no continente é de 1,8 por ano.

Para chegar a este resultado, entre outras variáveis, o investigador levou em conta os dados históricos de navegação dos navios seguidos através do equipamento de identificação automática - obrigatórios nos navios de maior porte. Até maio de 2014, essa obrigatoriedade vai alargar-se a todas as embarcações de pesca de comprimento igual ou superior a 15 metros.

António Serafim não sabe onde estará nessa altura. Agora é difícil fazer contas. As consequências mais graves do acidente no mar vão sentir-se em terra. Ele e os três tripulantes ficaram sem barco e sem trabalho. As famílias ficaram sem rendimento. “Agora? Não sei o que vamos fazer.”

in "Expresso" de 08.12.2012

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Europa do castigo não é a Europa de Jean Monet

A DISTRIBUIÇÃO LÓGICA DO CASTIGO:


O CASTIGO NA SUA VERSÃO MAIS VULGAR:


A RESPOSTA DE UM POVO QUE SE PREZE:


Não há inocentes no drama do euro

Por Paul De Grauwe

Na semana passada, o primeiro-ministro holandês, o senhor Rutte, declarou com grande arrogância que os países que não obedeceram às regras deviam abandonar a zona euro. Esta declaração tem implícita a ideia de que os Países Baixos se portaram bem e de que outros países, principalmente no Sul da Europa, foram malcomportados.

Estes países, de acordo com Rutte, não seguiram as regras e devem ser castigados. A saída da zona euro é o castigo devido para tais países. Esta visão é popular não só na Holanda, mas em muitos outros Estados norte-europeus.

O que eu acho perturbador nesta ideia é não só a arrogância, mas também a atitude moralista. Exprime o sentimento de que o Norte da Europa foi virtuoso, enquanto os outros pecavam. E os pecadores devem ser punidos. Quando oiço tudo isto, lembro-me da minha juventude quando ouvia o padre a pregar sobre o bem e o mal neste mundo e de como no final os maus seriam castigados.

O mais importante obstáculo individual à solução da crise do euro é a atitude moralista dos governos do Norte, em particular os da Holanda, Alemanha, Finlândia e Bélgica. Esta atitude conduz à ideia errada de que neste drama há países bons e países maus. Os maus devem ser castigados e não devem esperar, claro, nenhuma ajuda dos bons.

Uma tal ajuda induziria, da sua parte, pecados ainda maiores. Dar assistência ao Sul equivaleria a estimular o pecado. E isso, por si mesmo, constituiria um pecado.

Esta atitude moralista baseia-se numa incompreensão central das causas da crise do euro. Não há países bons e maus neste drama. A responsabilidade é partilhada. Os países do Norte da Europa são tão culpados como os do Sul.

A crise do euro teve origem nas explosões do consumo numa série de países da zona euro (Irlanda, Grécia, Espanha). Estes booms do consumo levaram a um grande aumento das importações do resto da Europa.

O verso dessa medalha foi que o Norte da Europa, e especialmente a Alemanha e os Países Baixos, acumularam grandes excedentes de exportações. Os alemães e os holandeses ficaram muito contentes por vender os seus produtos e serviços aos pecadores da Europa do Sul.

Estas vendas foram financiadas com crédito providenciado pela banca alemã e holandesa.

À medida que as exportações cresciam de ano para ano, os empréstimos dos bancos do Norte ao Sul dispararam. Até ocorrer o crash e alguns países do Sul deixarem de poder pagar as suas dívidas.

A reação dos virtuosos bancos do Norte foi despejar os seus créditos nos sectores públicos dos respetivos países. Estes empréstimos podem hoje ser encontrados nas folhas de balanço do banco central holandês e do Bundesbank (o banco central alemão). São os balanços Target2. Os governos do virtuoso Norte tentam agora com determinação recuperar o seu dinheiro dos pecadores do Sul.

De certa forma, os países do Norte da Europa fizeram como aqueles vendedores de automóveis que vendem os carros e ao mesmo tempo dão crédito ao comprador. Geralmente, não é um bom modelo de negócio.

Quando o negociante dá crédito a mais deve preparar-se para sentir problemas, especialmente quando a vontade de vender faz com que não avalie a capacidade de pagar do cliente. Não pode queixar-se mais tarde se alguns clientes não são capazes de pagar a dívida. Quem é culpado deste drama? Só os do Sul que pediram empréstimos? Para cada cliente irresponsável há um financiador irresponsável.

O Sul é culpado porque se endividou sem pensar. O Norte é igualmente culpado porque queria despejar o máximo possível de exportações no Sul fornecendo montantes excessivos de crédito sem se pôr a questão de os países do Sul serem capazes de honrar as dívidas. Assim, o Norte assumiu um grande risco e devia saber que o seu comportamento era tão irresponsável quanto o do Sul. O tom moralista que é popular nos países do Norte está completamente deslocado. Mostra uma incompreensão fundamental das causas da crise do euro. Ou será que estou a interpretar mal e os governos do Norte sabem isto muito bem? Se sabem, ainda é pior. Nesse caso, os governos do Norte estão a enganar as suas próprias populações e a incitá-las a mostrar ainda mais hostilidade em relação ao Sul, dificultando ainda mais a solução da crise.

Professor da Universidade Católica de Lovaina, Bélgica

Tradução de António Costa Santos
in "Expresso" de 08.12.2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O conhecimento nunca é de mais!

Em tempos de crise o recurso ao humor é uma terapia a que muitos de nós recorrem. Recebemos de um alegado visitante frequente, um raciocinio matemático acerca da mulher (que nos perdoem as visitantes mais susceptiveis) que, produzido num pais do Norte, certamente cheio de racionalidade, se é de controversa pedagogia acerca do sexo dito "fraco", não deixa de ser de uma grande utilidade para os maus alunos de algebra, uma vez que permite compreender facilmente um raciocinio matemático que a todos é necessário, sobretudo aos pouco dotados (de conhecimento algébrico).

Começemos então pelo objecto do complexo racicinio:

 

Prosseguindo-se pelo raciocinio, ele próprio:






terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A expressão cinematográfica do discurso politico (não sério) do governo



Laurens (Larry) V. Griswold (1905 - 1996), conhecido como "O Louco do mergulho", foi um ginasta americano e artista que esteve envolvido no desenvolvimento inicial do trampolim.
Griswold desenvolveu um número de acrobacias e palhaçadas, actuando profissionalmente durante anos. Charles Chaplin, do alto de sua competência e extraordinário talento, dizia que Griswold era muito melhor que ele, querendo, com isso, enaltecer suas magníficas qualidades.
Fingia ser um homem bêbado e descoordenado que tentava pular de um trampolim para efectuar um grande mergulho. Um acto hilariante e, ao mesmo tempo, quase arrepiante.
Aqui, uma de suas apresentações no "Frank Sinatra Show" datada de Novembro de 1951 (isso mesmo, 1951).


Vem tudo isto a propósito das acrobacias, piruetas e palhaçadas do discurso politico aos portugueses, do Primeiro Ministro snr. Dr. Gaspassos.

As voltas e reviravoltas do discurso do Gaspassos e outros, acerca da extensão a Portugal das medidas aplicadas à Grécia, são elucidativas do desnorte de toda esta gentinha.

O que os grandes da Europa querem efectivamente é manter a União Europeia (o socorro permanente à Grécia é disso prova cabal), mas com umas Chinazinhas que produzam na Europa ao preço dos asiáticos.

Por tudo isto, o snr. Gaspassos finge ser um homem inebriado de responsabilidades e descoordenado em resultado da pressão europeia, que tenta pular de um trampolim para efectuar um grande ajustamento da economia portuguesa, qual pirueta, que afinal não passa de um mergulho na pobreza. Um acto hilariante se se tratasse de apenas mais um episódio da rotina da vida politica nacional, mas, ao mesmo tempo, verdadeiramente arrepiante, atendendo a que não é disso que se trata, mas sim da vida de um povo!

Só que o famigerado Gaspassos, tolo, ainda pensa que o povo não deu por isso!

O que sabemos dele é que desconhece seguramente é a história de Portugal.
A quando das invasões francesas, ocorreu um episódio interessante, registado na história, que merece ser rememorado para reflexão da classe política actual.

Tentando poupar a vida de milhares de cidadãos, o respeitado General Bernardim Pereira de Andrade, decidiu iniciar os procedimentos relativos à rendição com os sitiantes franceses.

O povo sereno de Braga disso teve rápido conhecimento e, discordando, reagiu em desabono do bom do bom do General, que em resultado da investida da população até ao comando onde se encontrava, esquartejou-o até à morte!

A dose secular de miséria que determinou a serenidade deste povo, nunca foi, nem é garantia de que tal serenidade seja ilimitada!

Por isso são avisados os conselhos que o Presidente Mário Soares deu recentemente, em entrevista, ao Governo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Conta de gerência do ano de 2011 da freguesia de Armação de Pêra foi parar ao Tribunal de Contas


Dúvidas na conta de gerência de 2011 e sem esclarecimentos cabais por parte do executivo, por pedido dos membros do PS da Assembleia de Freguesia de Armação de Pêra, foi parar ao Tribunal de Contas.

Os membros dos partidos da oposição queixam-se do executivo da Junta de Freguesia, por este sonegar a informação necessária à apreciação das contas, que nalguns casos estão inflacionadas em mais de 500%, e permitir aos membros das restantes bancadas de exercerem os mandatos de forma série e informada.

Foi por isso pedido ao tribunal de contas que aprecia-se as contas dos:

- Titulares e membros autárquicos;
- Horas extraordinárias;
- Outros;
-Telefones/faxes outros;
- Faxe CVP;
-Equipamento Unidades Balneares.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Primeiro de Dezembro, tal como o conhecemos, acaba hoje. Terá a independência os dias contados?


"Assentaram por conclusão que sábado, primeiro de dezembro, com o menor rumor que fosse possível, se achassem todos juntos no paço, repartidos em vários postos, e que, tanto que o relógio desse nove horas, saíssem das carroças ao mesmo tempo. Sem haver dos confederados quem se arrependesse da determinação, ocuparam todos os postos destinados. Impacientes esperavam as nove horas, e como nunca o relógio lhes pareceu mais vagaroso, assim que deu a primeira e sem aguardarem a última, arrebatados do generoso impulso, saíram todos das carroças e avançaram ao paço. Neste tempo andava D. Miguel de Almeida, venerável e brioso, com a espada na mão gritando:

— Liberdade, portugueses! Viva El-Rei D. João, o Quarto!"

Homem não gosta de mulher...


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Feios, Porcos e Maus?

Mauricio Lima for The New York Times

Monica Alexandra, a psychologist, checked her phone as her mother and sister helped her before leaving for the airport. Many young Portuguese are choosing to pack their bags, with Portuguese-speaking and fast-growing former colonies like Brazil and Angola among their favored destinations. Ms. Alexandra is moving to Brazil, where she says she has job offers.

O site do "The New York Times" publicou uma fotogaleria comentada que dá a conhecer ao mundo os números que dão conta do colossal agravamento das condições de vida dos portugueses.

Retratos de sem abrigo, de idosos, de imigrantes pobres e de jovens de malas feitas para emigrar, das manifestações e dos confrontos em frente à Assembleia, ou de um cemitério e um edifício devoluto, surgem na fotogaleria intitulada "Portugal aprova mais um pacote de austeridade".

Realidade, que cá por Armação não é muito diferente do resto do país.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um governo de "chicos espertos"


Governo impôs esta quinta-feira que 50% dos subsídios de férias e de Natal do próximo ano sejam pagos em duodécimos no setor privado. Os restantes 50% de ambos os subsídios continuarão a ser pagos nas datas e nos termos habituais.

Esta medida é mais uma a juntar às portagens na Via do Infante, ao aumento do IVA na restauração,e do IMI, que só vêm agravar ainda mais, a débil economia da vila de Armação de Pêra, que vive essencialmente do turista nacional.

Quando um Governo determina como devem as empresas gerir a sua tesouraria, quer dizer que estamos em termos económicos, mais perto de um regimes como o da Correia do Norte.

Este Governo está mais preocupado consigo e com os efeitos que terão nas folhas salariais o brutal aumento de impostos previstos para 2013, do que com as empresas ou com as famílias.

A esperteza saloia afirmou-se mais uma vez, estes governantes pretendem desta forma atenuar a revolta, que cresce de dia para dia,e que, com esta subida colossal será ainda maior.

No final do ano de 2013, os contribuintes vão perder cerca de 30% do seu rendimento por via fiscal. E isto vai provocar uma ainda maior redução do consumo, que só trará mais pobreza para a região.



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Os novos ecopontos...

Será que Rogério Pinto irá colocar este tipo de ecopontos em Armação de Pêra?


Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

Visite as Grutas
Património Natural

Algarve