O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
domingo, 29 de maio de 2016
Morreu Vicente da Câmara, um amigo de Armação de Pêra que a prestigiou com a fidelidade duma opção sistemática para gozo das suas férias de verão
Faleceu ontem um amigo de Armação de Pêra,desbotando-se um pouco mais, com este desaparecimento, uma memória viva de um certo período da história de Armação de Pêra - o periodo pioneiro da Armação de Pêra do turismo e da modernidade -.
Veraneante persistente e decano da época balnear, não resistia aos convites, renovados anualmente, de actuar no Casino, para deleite do público estival e local.
Amante e pioneiro da pesca submarina em Armação de Pêra, quase diariamente, durante o periodo estival, demonstrava o resultado da sua mestria na arte de pescar à sua basta prole e a todos os que frequentavam a praia frente à antiga estalagem Algar.
"O fadista Vicente da Câmara morreu este sábado de manhã, em Lisboa, disse à Lusa o filho, José da Câmara.
Vicente da Câmara, sobrinho da fadista Maria Teresa de Noronha, tornou-se conhecido, entre outros êxitos, pelo fado “Moda das tranças pretas”.
O velório do fadista realiza-se este sábado a partir das 16:00, na Igreja da Graça, onde será celebrada missa, disse a mesma fonte.
O funeral sai no domingo às 15:30 da Igreja da Graça em direção ao cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Entre outros prémios, Vicente da Câmara foi distinguido com o prémio “Amália Carreira” e tinha um percurso artístico com mais de 60 anos, que iniciou na extinta Emissora Nacional.
Em 1948, incentivado pela tia, concorreu a um concurso da então Emissora Nacional. A vitória no concurso radiofónico, que no ano anterior tinha sido conquistada por Júlia Barroso, deu-lhe o passaporte para atuar aos microfones da rádio oficial em programas de grande popularidade, como "Serão para trabalhadores".
O fado "A moda das tranças pretas" que o celebrizou foi composto na década de 1950, quando assinou o primeiro contrato discográfico para a Valentim de Carvalho. Gravou, em 78 rpm, temas como "Fado das Caldas", "Uma oração", "Varina" (de sua autoria) ou "Os teus olhos", com uma letra sua.
Do seu repertório constam ainda temas como "Sino", de sua autoria, "As cordas de uma guitarra" ou "Outono", com letra de seu pai, "Triste mar", "Maldição" e "Menina de uma só trança".
O seu percurso inclui outros fados como "Fado Lopes", "Era mais que simpatia", "Milagre de St.º António", "Fado do Pão-de-Ló", ou "Fado do João", "Guitarra soluçante", "O fado antigo é meu amigo" e "Há saudades toda a vida".
Em 1964 estreou-se no cinema, em "A última pega", de Constantino Esteves, protagonizado por Fernando Farinha, no apogeu da carreira, e contracenando com Leónia Mendes, Júlia Buisel e José Ganhão.
Voltou ao cinema em 2007, sob a direção de Carlos Saura, em "Fados", e ao lado de Carminho, Ricardo Ribeiro, Mariza, Camané e Carlos do Carmo, entre outros.
O fadista, um dos fundadores da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), integrou o elenco do espetáculo de inauguração do Museu do Fado, em 1998. Atuou na Alemanha, Luxemburgo, França, Espanha, Países Baixos, Canadá, África do Sul, Macau, Hong Kong, Coreia do Sul, Malásia, Brasil, Moçambique e Angola.
Em 1993, gravou com José da Câmara e Nuno da Câmara Pereira o CD "Tradição" (EMI/VC), em homenagem à tia Maria Teresa de Noronha.
"O rio que nos viu nascer" (2006) é o mais recente álbum de Vicente da Câmara.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou este sábado, em Lisboa, que o fado de Vicente da Câmara, falecido aos 88 anos, "ficará na nossa memória pela sua nobreza e fidelidade".
Na página da Presidência da República na Internet foi colocada uma mensagem de condolências à família do fadista, falecido na manhã de hoje em Lisboa.
Poucos intérpretes souberam conjugar tão bem as raízes populares e o cunho aristocrático do fado", salienta Marcelo Rebelo de Sousa, recordando que Vicente da Câmara era sobrinho da fadista Maria Teresa de Noronha, primo e pai de fadistas.
"O seu fado, castiço, bem timbrado, ficará na nossa memória pela sua nobreza e fidelidade", destaca o Presidente da República, na mensagem.
O funeral do fadista sai da Igreja da Graça, no domingo, às 15:30, em direção ao cemitério dos Prazeres, em Lisboa."
In: “TVI 24” de 29.05.2016
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1 comentário:
Esta e outras figuras bem que mereciam ter um nome numa das ruas de Armação de Pera.
Srª. Presidente da Cãmara e Sr.º Presidente da junta a toponímica está muito mal tratada em Armação de Pera.
Sem grandes custos em vez de lotes os edifícios podiam ter números de policía e as ruas nomes de figuras da terra.
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