O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
domingo, 5 de junho de 2016
Turismo. Lisboa já ganha ao Algarve em números de hóspedes e receitas
Visitas. Com toda a gente à espera de novos máximos para 2016, a capital e a região algarvia deverão manter-se ombro a ombro nos números do turismo. Responsáveis sublinham que não são destinos rivais, mas complementares.
Por Susete Francisco, in “diário de Noticias” de 4 de Junho de 2016
Uma é a região turística portuguesa por excelência, a outra um caso sério de crescimento nos últimos anos. De tal forma que Lisboa já suplantou o Algarve em numero de hóspedes e receitas de hotelaria.
Em sentido contrário, a região algarvia continua a ser a campeã incontestada no número de dormidas. Para este ano ambas partilham uma certeza: o sector do turismo vai crescer. Falta saber quanto. Os dados já conhecidos deste ano confirmam a expectativa: o primeiro trimestre fechou com números superiores ao do período homologo do ano passado.
Em 2015 Lisboa passou pela primeira vez o Algarve nos proventos totais do sector hoteleiro. O valor não é muito expressivo – foram cerca de 15 milhões de euros a mais -, mas tem a carga simbólica de uma inversão de lugares que nunca tinha acontecido. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo Turismo de Portugal, a capital registou no ano passado proveitos totais de 772 milhões de euros, enquanto o Algarve averbou 757 milhões.
A capital portuguesa também lidera no número de hóspedes: foram 5,2 milhões na capital, contra 3,7 no Algarve. Noutro capitulo, a região algarvia registou no ano passado 16,6 milhões de dormidas (34,1% do total nacional), contra 12,2 milhões na área metropolitana da capital. O que significa que, somadas, as duas regiões representam mais de 50% das dormidas no pais. A diferença entre o número de hóspedes e de dormidas é explicado por uma substancial disparidade no perfil típico da estada em Lisboa e no Algarve, bastante mais prolongada no segundo caso.
Vitor Costa, director-geral da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), diz que o prato da balança pode cair para um lado ou para o outro consoante o critério de comparação, mas sublinha que as duas regiões não funcionam numa lógica de competitividade, dadas as diferenças substanciais no turismo e no tipo de turista. O estrangeiro que visita Lisboa “tem como motivação principal o city break. Tem uma permanência média de 2,2 noites”. O turista-tipon”não é muito jovem, tem entre 35 e 54 anos” e tem formação superior. Mais de 80%, acrescenta Vitor Costa, são europeus e há muitos repetentes. Além da cidade propriamente dita, há duas “outras centralidades bastante procuradas” na área metropolitana da capital – Cascais e Sintra.
A sul, o Algarve recebe sobretudo um turismo de família, destaca Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, registando uma estada média de quatro a cinco noites. O responsável do Turismo algarvio refere que “Lisboa está com uma dinâmica muito forte” de crescimento, mas o Algarve “é claramente o destino turístico mais importante de Portugal”: “Representamos quase 40% de todo o turismo.” É o “destino de referência” no pais, diz Desidério Silva, defendendo também que o turismo nas duas regiões é complementar.
Com o mercado a retomar a tendência de crescimento, Desidério Silva antecipa que 2016 vai fechar com números melhores do que os do ano transato, antecipando que a região ultrapasse neste ano os 17 milhões de dormidas. É para aí que apontam as reservas já confirmadas até ao final do ano: “A taxa de reserva para o Mês de Outubro já supera os 80%, para novembro aponta para os 60% quando no ano passado era de 45%”.
Lisboa é uma moda?
Em Lisboa, e face aos números que ano a ano colocam a capital a bater recordes na área do turismo, põe-se a questão de saber se este é um crescimento sustentado ou um fenómeno de moda. Vitor Costa não tem dúvidas quanto à escolha de primeira opção. Em primeiro lugar porque o boom do turismo em Lisboa acompanha uma “tendência mundial” de crescimento do turismo urbano face a outros produtos turísticos, mais ligados ao sol e ao mar. Em segundo lugar “temos mais ligações aéreas, que vão a mais mercados e são mais baratas” – e isto é válido sobretudo para os mercados europeus, precisamente os que têm mais peso neste momento no turismo em Lisboa.
Por último, o direto-geral da Associação de Turismo de Lisboa defende que tem havido um “trabalho sustentado” na promoção de Lisboa como destino turístico: “O ponto de viragem foi a Expo 98 e foi-se crescendo por patamares, com grandes eventos que nos deram projeção, como o Euro 2004. Não é uma questão conjuntural”.
E se o crescimento do turismo nos últimos anos é por vezes atribuído a questões como a instabilidade noutros destinos turísticos, por exemplo no Norte de África, Vitor Costa desvaloriza esse efeito. “Não é determinante. Podemos ter ganho alguma coisa em relação a Istambul, que é uma concorrente forte, mas não mais que isso.”
Também por isso, o responsável do turismo graceja com a constatação de que o ano passado foi o melhor do turismo em Lisboa: “Discordo. Vai ser o próximo.”
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