O Deutsche Bank tornou mais agressiva a sua campanha
para captação das poupanças dos portugueses. Recusar tais ofertas será neste
momento o mais sensato.
O
investir contra o orçamento português por parte de personalidades da
nomenclatura da EU também pareceu estar a esconder outra coisa por tão
despropositado que era.
O
Maple Bank, alemão, seria quase desconhecido internacionalmente se não tivesse
desempenhado um papel numa das batalhas de aquisição mais espetaculares na
história da Alemanha: a tentativa, que acabou por fracassar, do fabricante de
carros desportivos Porsche engolir a sua muito maior rival Volkswagen, em 2008.
Os
gerentes financeiros da Porsche fizeram transações complexas e fraudulentas
com derivados financeiros para a empresa
com sede em Stuttgart para se apropriarem da empresa com sede em Wolfsburg.
Este fato foi considerado uma manipulação criminosa do mercado. Esta investigação
ainda decorre.
Se
bem que o Maple Bank não tenha "importância sistémica" e, portanto,
não constitua uma ameaça para a estabilidade financeira, vai afetar milhares de
clientes, principalmente institucionais, que não podem retirar de lá o seu
dinheiro. Cerca de 2.600 milhões de euros de passivos representam apenas uma
pequena parcela dos depósitos de clientes individuais.
Se
a BaFin (autoridade reguladora financeira federal) determinar a compensação, o
dinheiro é protegido pelo Fundo de Protecção de Depósitos da Associação de
Bancos Alemães até 100.000 euros por cliente. Isso pode significar uma perda de
impostos para a Alemanha de mais de 1.000 milhões de euros.
O
encerramento do Maple Bank é até agora a ação mais dura na Alemanha contra um
banco em virtude de operações duvidosas, e passa a ser um aviso para outros
bancos e fundos que têm manipulado o mercado inflacionando o valor de algumas
acções ou afundando outras.
Depois
disto o Deutsche Bank começou a tremer: O maior banco privado na Europa tem 80
biliões (milhões de milhões) em derivados financeiros que se vão afundar como
um castelo de cartas.
Desta
vez, sim, haverá risco sistêmico: é mais de 20 vezes o PIB da Alemanha e quase
cinco vezes o PIB dos EUA e o Deutsche Bank pode desencadear um novo caso
Lehman Brothers.
As
ações do banco caíram 40 por cento, até agora neste ano, e mais de 95 por cento
desde 2008, ficando à vista as nuvens negras e as tempestades que pairam
sobre a Europa.
Os
problemas do Deutsche Bank não vieram à tona em 2013. Ficaram escondidos,
porque o que importava para os dirigentes da UE salientar era a crise grega,
"a mãe de todos os problemas europeus", com a troika (FMI, BCE, CE),
e mais recentemente também Portugal foi
atingido.
As
autoridades financeiras da zona do euro começaram a fechar bancos por fraude e
lavagem de dinheiro, logo o Deutsche Bank é abanado nos seus próprios
alicerces.
O
maior banco privado na Alemanha, e também o maior da Europa, teve de confessar
perdas de 6.890 milhões de euros em 2015 (dos quais 2.000 milhões foram no
quarto trimestre) e anunciou que irá despedir 35 mil trabalhadores!.
O
Deutsche Bank foi multado em 2.500 milhões de dólares pelas autoridades do
Reino Unido e dos EUA, na sequência de uma investigação de sete anos sobre o
seu papel na manipulação das taxas de juro.
A
empresa alemã vai ser forçada a abandonar vários países e o seu novo presidente
teve que reconhecer que só um milagre poderia
salvar o Deutsche Bank.
Por
esta altura, e depois de sete anos de apoios do BCE, as metástases do problema
têm-se expandido. Tudo
o que algumas teorias económicas negaram durante décadas que pudesse acontecer,
aconteceu nestes oito anos de crise.
Se
em 2013 os media preferiram ignorar o colapso do banco alemão para dar
prioridade à crise grega, era apenas para dar tempo para o Deutsche Bank
recuperar. Mas a realidade económica e o passado criminoso do banco agravaram a
situação que se torna impossível de recuperar.
O
Deustsche Bank é talvez o exemplo mais claro do antes e depois de um banco
depois da crise financeira. À euforia de empréstimos fáceis,
seguiram-se as trevas da deflação e estagnação do crédito.
Se
as injeções de liquidez bilionárias do BCE não recuperarem o banco e derem
dinamismo à economia real, é porque o sistema entrou em colapso. E então há que
o assumir, em vez da Alemanha disparar contra os riscos de não cumprimento dos
déficites de outros países de economias mais débeis.
Os
derivados financeiros não só distorceram toda a economia por via dos preços,
como incubaram bolhas financeiras para cobrir posições e ganhar tempo. Mas
eles não esperavam pela armadilha deflacionária porque, de acordo com o
atual modelo económico, esse termo não existe.
O
que hoje o Deutsch Banca representa é um enorme esquema Ponzi, com
o desmoronamento da pirâmide criada nos anos 90 com a desregulação
financeira mundial que nunca levou em conta os riscos reais.
A
crise, fermentando, estava sob os narizes de todos, porque enquanto Merkel,
Schäuble, Juncker Lagarde e Dijsselbloem argumentavam que o problema era dos
bancos na periferia (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha), eles não queriam
revelar o verdadeiro problema da enorme dívida tóxica do Deutsche Bank,
o maior banco privado da Europa!.
O
colapso do Deutsche Bank está a agitar todo o sistema financeiro mundial. Nas
primeiros seis semanas do ano, o Deutsche Bank perdeu 40 por cento do seu valor
mas não ficou sozinho nas perdas. O Citibank caiu 25 por cento, o Bank of
America, o UBS e o Crédit Suisse 23 por cento, o Goldman Sachs 20 por
cento e o JP Morgan 18 por cento. O sistema financeiro está em queda
livre.
Só
que desta vez, nem os bancos centrais nem os governos têm quaisquer
munições, a menos que saceiem raízes e façam desaparecer os
fundos de pensões
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