O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 14 de janeiro de 2007

CASINO DE ARMAÇÃO DE PÊRA: A ROLETA RUSSA

Soubemos recentemente que a Senhora Presidente da Câmara Municipal de Silves, Dra Isabel Soares, lançou em Abril de 2006, o concurso público para a empreitada de reabilitação do edifício do Casino, importando o preço base do concurso em cerca de 400.000,00 €.

Não soubemos ainda é se a concessão da sua exploração foi atribuída e no caso positivo, a quem!

O que sabemos é que destinar o edifício do Casino a restaurante/ bar e gelataria, é asneira grossa e, ainda que a estória fique por aqui, o que já não será pouco, não deixa de merecer a nossa desaprovação expressa e veemente.

O que é que terá passado pela cabeça dos responsáveis para tomarem uma decisão singular desta natureza?
Como justificarão os tais responsáveis a redução deste espaço originalmente multidisciplinar, a um restaurante/bar e gelataria?
Como justificarão tais responsáveis o investimento público deste montante, no contexto orçamental conhecido, para uma exploração privada que certamente amortizará o investimento em muitos e longos anos?
Como justificarão os responsáveis tal investimento público na óptica da concorrência aberta que tal vocação constitui para os investidores privados da Vila, cuja oferta de serviços de idêntica natureza existe e em quantidade apreciável para a procura?

Gostaríamos de obter respostas a estas perguntas e sobretudo que as mesmas nos convencessem. Infelizmente, nem uma coisa nem outra irá suceder!

E não irá suceder porque não pode existir neste projecto, nem em qualquer das suas variantes sustentação lógica, económica e muito menos turística.

O antigo Casino, o mini-golf e outras despesas com o desenvolvimento urbano e lúdico da Vila à época (1958) foi um investimento público destinado a criar condições para a captação de turismo, aliando às condições naturais extraordinárias da Baía de Armação de Pêra, os equipamentos necessários a dar resposta a uma procura, então ainda incipiente, mas cujos fluxos essencialmente estrangeiros mas também nacionais se encontravam em evidente progressão, como viria a ficar demonstrado à exaustão nas décadas seguintes.

Desde logo o edifício do Casino foi preenchido com as instalações da Junta de Turismo, compostas de um “posto” de atendimento permanente ao turismo, em várias línguas, e uma sala de leitura, onde se encontravam diariamente jornais e outras publicações.

Por outro lado e contigua à sala de Leitura, encontrava-se uma sala de jogo, bem dimensionada para a época e procura.
Desenvolvia-se, na sala principal a zona de espectáculos, circundada por espaço destinado à restauração/bar, consoante a hora do dia, que era limitado integralmente por janelas que permitiam desfrutar de vistas amplas sobre o mar e a Baía.

A zona de espectáculos, composta por uma pista de dança e palco, mais frequentemente utilizada para a dança ao som de orquestra, recebeu artistas nacionais e alguns estrangeiros que ai actuaram.

Já nos anos sessenta, foi inaugurado um restaurante e “boite” de carácter mais intimista, igualmente debruçado sobre a praia através de extensas janelas que percorriam o seu perímetro a sul.

E todo o perímetro exterior a sul dispunha de uma zona de esplanada que o acompanhava, circundando o Casino, sobre a praia e o mar, culminando num agradável jardim fronteiro à baía e à Junta de Turismo, de dimensões generosas, proporcionalmente falando.

Por outro lado, para além das instalações técnicas necessárias aos fins que visava prosseguir, o Casino dispunha igualmente de instalações próprias para albergar dignamente os seus funcionários.

Na verdade, dados, o estádio de desenvolvimento económico do pais e o sub desenvolvimento do então lugar de Armação de Pêra, não se verificando uma movimentação da oferta de trabalhadores como nos tempos actuais, a mão de obra especializada para a restauração, não podendo ser contratada entre os autóctones, por falta de oferta, teve de ser contratada fora, razão pela qual o edifício foi concebido com essa valência.

Finalmente ainda foi o edifício apetrechado com estabelecimentos de tabacaria e cabeleireiro, que ainda hoje existem.
Dignas de realce ainda são a qualidade da sua arquitectura, a harmonia, a modernidade e a integração paisagística.
Atentas as necessidades da altura a obra teve uma dimensão de rasgo e deu conta das necessidades durante muitos anos.
Armação de Pêra, por acção de filhos seus, foi uma estância de veraneio moderna, capaz de satisfazer a procura sustentadamente durante quase duas décadas e pode ombrear com o que de melhor existia no país.

A obra de que o Casino é parte integrante foi concebida, planeada e executada, sem prejuízo da qualidade humana dos seus interpretes mas sobretudo atendendo às condições de que dispunham num contexto económico conhecido, por gente de grande sensibilidade, visão, ambição e empreendimento, de dimensão impar e pouco comum, então como, infelizmente, hoje.

A reabilitação do Casino poderia, por conseguinte constituir um bom ponto de partida para outra, de muito maior rasgo e dimensão que é a da reabilitação de Armação de Pêra.
Sabemos, no entanto, que esta reabilitação maior é uma obra para gigantes e que, para já, a autarquia só dispõe de pigmeus, mas poderia constituir um bom pretexto para alojar a esperança de que esta terra ainda vai melhorar…

Armação de Pêra não necessita de mais um restaurante/bar e gelataria e se algum dia necessitar, os investidores privados encarregar-se-ão de satisfazer a procura!

A autarquia não pode aplicar os dinheiros públicos, mesmo em bens públicos, para criar condições atractivas para a exploração privada de bens que não prossigam um interesse público.

A autarquia não pode aplicar os dinheiros públicos em empreendimentos cuja natureza não vise satisfazer uma necessidade evidente, ou, alternativamente, para criar condições para satisfazer necessidades importantes pela via da iniciativa privada, a qual em função da especificidade do empreendimento, não esteja particularmente motivada a fazê-lo, ou estando, não justifique o mesmo pelo retorno expectável a dimensão do seu investimento.

A autarquia não pode nem deve promover, com dinheiros públicos, a concorrência aos investidores privados de Armação, contribuintes líquidos para o orçamento concelhio, rarefazendo o mercado e o tecido empresarial da Vila, que mal sobrevive fora do Verão.

À falta de melhores ideias, o que só pode ter sido motivado por falta de um concurso de ideias, porque não reabilitar o projecto original do Casino?
-Porque um espaço de baile que hoje, revivalisticamente, entusiasma todo o Pais, não terá adesão em Armação?
-Porque um espaço de Leitura não tem simpatizantes e não constitui uma pedagogia para a população, a qual estatisticamente é uma das que lê menos na Europa?
- Porque um espaço mais intimista não tem interessados ou tem concorrência na Vila?
-Porque um espectáculo, sobretudo no Verão, mas não só, não tem espectadores?
-Porque um jardim, por existirem tantos, não vai ter usufrutuários?
-Porque a assistência ao turista não justifica qualquer investimento?
-Porque as soluções precárias encontradas para a utilidade do Casino como a Feira do Livro, não têm qualquer utilidade, justificação ou interesse e existem outros espaços onde podem prosseguir a sua oferta?
-Porque, no mesmo contexto, o mesmo se deve dizer da Galeria de Arte?
-Porque o Casino não representa para um Armacenense o mesmo que o Castelo representa para um Silvense?

Não podemos deixar de questionar directamente o poder autárquico, através da sua Presidente, quanto a meia dúzia de questões em contraponto com a acção dos pioneiros:

Que sensibilidade tem a autarquia para as nossas especificidades?
Que vocação ou competência tem para a gestão das mesmas?
Que visão tem a autarquia para a gestão turística da nossa Vila?
Que ambição prossegue a autarquia vocacionando o Casino para restaurante/bar/gelataria?
Que antevisão se augura com este investimento?
Que lição retirou da história dos pioneiros do desenvolvimento turístico de Armação?
Alguma vez ouviu falar disso?
Que faz a gestão autárquica aos dinheiros dos impostos gerados em Armação?
Será que, da lição do seu correlegionário Isaltino Morais, só aprendeu a fazer rotundas de concepção e execução técnicas duvidosas e fontanários?
Que dimensão tem afinal V.Exa, Senhora Presidente da Câmara de Silves?



12 comentários:

Anónimo disse...

Quando a Drª Isabel Soares, com o apoio do povo ganhou as eleições e pode governar este Concelho o Casino de Armação de Pêra era um antro de drogados.
Ela fez obras de reabilitação para que lá se pudessem realizar um conjunto de actividades e manter aquele equipamento ao serviço da população.
Agora que lançou um concurso e adjudicou a obra, para que finalmente o Casino tenha o uso que sempre teve, já vem dizer mal.
Todos os presidentes da Câmara de Silves que por lá passaram desde o PS ao PCP nunca fizeram tanto por Armação.
Deixem a Drª Isabel trabalhar!

Anónimo disse...

A Dra Isabel Soares só se preocupa em mostrar algum serviço mas é onde há mais eleitores, esquecendo-se das outras freguesias com menos população. O engraçado é que Armação deve ser a sua fonte de maior receita, e a Sra Dta nem percebe que valorizando Armação, valorizará por conseguinte Silves e as restantes freguesias! Armação não precisa de destinção, precisa é que se dê o retorno de tudo o que ela dá anualmente à autarquia, que é muito mais do que o investimento feito na vila por parte da camara.
A comparação feita com o Isaltino, não acho que tenha sido o melhor exemplo, pois ele acabou por desenvolver todo o concelho de oeiras, e não apenas a cidade de oiras! recuperou entre várias coisas, por exemplo, a fabrica da polvora em barcarena, a nossa isabelinha também recuperou a fabrica do Inglês (é em silves não é???) ups... O que a isabelinha fez em armação, foi para inglês ver, mas refiro-me ao dizer popular e não propriamente ao turista! A preocupação não foi com o turista, nem com o veraneante, nem muito menos com a população local, foi apena mostrar obra, obra essa ja desadequada de qualquer realidade, não devidamente pensada, nem tão pouco com visão futurista. Gastou-se bastante dinheiro, mas já que se fez alguma coisa, fazia-se como deve de ser...basta vermos o caso de albufeira, que não dista muito! O mesmo se pode dizer relativamente ao casino, use o conselho do bloguista e repense o projecto!

Anónimo disse...

Foi no jardim do Casino que brinquei em criança durante as férias grandes. Foi na pista de dança que encontrei a primeira namorada, foi ai que a minha adolescência construiu o que sou.
Não deixem a gestão bastarda de Silves assassinar o esteio de tantas gerações de locais e amantes da terra!

Anónimo disse...

A Fábrica do Inglês, que eu saiba, embora ligada à família da Dra. Isabel Soares, não é investimento público, mas privado.
Quanto ao Casino e zona envolvente, ela andava pela Imprensa a dizer que pertencia à Região de Turismo do Algarve, que apenas o administrava, quando era propriedade da Autarquia (legado pela Junta de Turismo, penso).

Anónimo disse...

Fique sabendo seu fedorento que a Câmara também tem uma quota na Fábrica do Inglês e é a Câmara que alimenta a sua manutenção.

Anónimo disse...

Se a Câmara tem quota e alimenta a sua manutenção, também deve receber os lucros no final do ano.
Se a Câmara participa numa empresa se´r que as contas da empresa e da Câmara são auditadas por tècnico oficial de contas?

Anónimo disse...

Mas algum accionista recebe dividendos? Ou não haverá antes, ano após ano e consecutivamente desde que abriu as suas portas, apenas alguns engravatados que dividem os lucros entre remunerações milionárias...?! Parece me até que o maior deles será o irmão da senhora de que tanto se fala... Lucros para a câmara? Que piada...

Anónimo disse...

O concelho de Silves nunca teve um local de diversão como a Fábrica do Inglês.
A Drª Isabel sempre apoiou este importante projecto para o desenvolvimento de Silves, agora inventam tudo e mais alguma coisa para denegrir a sua imagem.
Muita inveja existe em Silves.
Se em vez de criticarem fizessem alguma coisa útil por este concelho.

Anónimo disse...

Sra. Capelo,
E a Sra., para lá de elogiar I.S., agredir os leitores, rezar, citar, etc., que mais faz? E sobretudo de útil pelo concelho?

Anónimo disse...

E se a utilização fosse um espaço cibernético? ou uma galeria para exposições?

Anónimo disse...

Quanto é que a senhor Adelina recebe da senhora presidente pela assessoria de imagem que lhe faz com tanto afinco? Diz que o concelho de Silves nunca teve um local de diversão como a Fábrica do Inglês? Digo-lhe eu que sou de Silves e aqui vivo que há espaços... ou deveria haver... pois continuam fechados, como o Teatro Mascarenhas Gregório, que muito dignificam a cidade mas que a senhora que tanto admira abriu apressadamente apenas para inaugurar e agora estao fechados. Uma cidade com uma população envelhecida e carenciada como a de Silves, com parcas reformas, nao precisa apenas de uma Fábrica do Inglês com espectáculos populistas! Mas é desejável para alguns que seja visto como "O espaço" de Silves - afinal dá de comer a glutões!

Anónimo disse...

E a Brasileira que está no casino? Dizem que ela é pintora!
Eu sou Português trabalho e vivo em Silves, sou pintor e não consigo arranjar um espaço como aquele e pelos mesmos €€€€€. Será justo? Quantos artistas plásticos têm o Concelho de Silves? MUITOS. Porque não estão representados nesse espaço para poderem vender as suas obras?
Parece-me que as brasileiras (e nada tenho contra elas) são muito gostosas!!!! Há Há :)))))))))))))))))

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