
A história da fundação da Vila de Armação, seus agentes e actividade económica principal, constituem deste modo objecto da cultura da localidade.
E, para ambicionar um destino diverso daquele que um certo tipo de desenvolvimento nos trouxe, haverá que partir necessariamente do enquadramento da cultura local.
Foi aliás o abandono ou falta de consciência dessa perspectiva que conduziu a Vila àquilo que é hoje, uma urbe completamente incaracterística que poderia estar situada em qualquer região do país.
O modelo de cultura suburbana venceu e generalizou-se, para o mal de todos.
As raízes culturais e históricas da Vila são por isso para ter permanentemente presentes quer seja para empreender, quer seja para reparar ou atenuar os males já feitos.
Daí a importância de qualquer motivo ou intervenção pública que as celebre. Daí que sejam bandeira deste sítio!
Mas a actividade turística da Vila por seu lado, mais recente que a actividade principal que caracterizou o período da fundação, pela sua já longevidade, pela importância económica que atingiu na terra e por ser “contribuinte liquido” para uma opção estrutural da economia nacional, ganhou já há décadas foros de actividade económica principal, dela dependendo directa ou indirectamente a grande maioria dos locais. Por isso deveria ter por parte de todos também uma atenção redobrada.
Todos, são os particulares e as entidades públicas que sobre a Vila têm uma palavra a dizer.
Aqui residem aliás a maior parte das “porras” que temos com a C.M. de Silves que nunca levou em devida conta a dimensão das suas responsabilidades as quais, objectivamente, descura, contribuindo decisivamente para o espectro suburbano que caracteriza actualmente a nossa Vila.
É claro que tudo isto só foi possível em resultado da sofreguidão da especulação imobiliária por um lado e da irresponsabilidade, incompetência e sofreguidão da receita orçamental de Silves a qualquer preço, por outro.
Mas também uma certa cultura suburbana de muitos de nós... que vêm desenvolvimento em qualquer paralelepípedo de betão armado, só porque se servem algumas refeições a umas dúzias de operários da construção civil, durante o inverno.
Por todas essas razões estamos, todos, a pagar com “língua de palmo” a sofreguidão pelos tostões que não nos deixam ganhar milhões!
Contingências da miséria estrutural e histórica da nossa economia, concedamos, mas opções que nos mantêm cada vez mais distantes do desenvolvimento e da riqueza, que um dia não muito longínquo, julgámos estarem próximos.
Em qualquer dos casos, dada a dependência estrutural do turismo, deveríamos ambicionar ir um pouco mais longe, corrigindo aqui, empreendendo acolá, sobretudo naquilo que sendo óbvio, não conseguir reunir vontades suficientes para fazer diferente.
Já dizia o snr. Albert Einstein, de cuja inteligência ninguém duvidará, que, continuar a fazer o que temos feito e esperar resultados diferentes é sinonimo de insanidade.
Estamos, obviamente, com ele. Mas estaremos todos? Vejamos:
Se o turismo é a actividade económica essencial em Armação, não serão os empresários de Armação os principais interessados no seu desenvolvimento?
Se a generalidade das empresas de Armação ou são micro ou pequenas empresas, não será da mais elementar racionalidade, associarem-se para serem ouvidos nas instâncias que decidem administrativamente sobre os destinos da Vila, na maior parte das vezes, sem curarem da saber das consequências económicas das suas decisões para as empresas e empregadores locais?
Se a facturação dessas empresas resulta do turismo no essencial, ser-lhes-á indiferente que as condições da remoção dos lixos sejam desastrosas?
Se a facturação dessas empresas resulta do turismo no essencial, ser-lhes-á indiferente que a politica urbanística da CMS preserve ou não o património edificado? Ou que permita ou não mais construção a eito que não respeite património natural?
Lutar por taxas adequadas para as esplanadas é importante. Mas é o menos importante que uma associação de comerciantes pode atingir!

A já por várias vezes sugerida UNIÃO COMERCIAL DE ARMAÇÃO DE PÊRA (ou de ARMAÇÃO, PÊRA E ALCANTARILHA) urge de facto.
Todas as facturações juntas, todos os empregos somados, todas as derramas pagas, todo o IRC pago, são muito mais importantes que qualquer um destes elementos individualmente considerados.
Individualmente considerados são um nada que não se ouve e se manobra a bel-prazer. Todos juntos têm um peso e uma voz que os torna e às suas posições, absolutamente incontornáveis!

Sabemos que a mobilização das pessoas, mesmo para defesa dos seus interesses egoísticos não é fácil.
E também sabemos que a maior parte das vezes tal se deve à ocupação absorvente que têm com o seu sustento!
Nada de novo a estibordo! Continua a ser assim, como durante séculos aconteceu!
Mas também sabemos que a credibilidade e o respeito não se pede a ninguém. Conquista-se!
E qualquer conquista constitui um desafio!
Seria bom reflectirmos sobre isto!