O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os Pescadores de Armação, ensinam-nos qualquer coisa...



É bom saber e sobretudo rapidamente o que vai mal. O que vai bem é ainda melhor embora, por isso mesmo, possa até chegar mais lentamente apesar da urgência que merece.   

Não temos acompanhado amiúde, neste Sitio e nos últimos tempos o movimento da antiga Lota de Armação de Pêra, agora Posto de Recepção e Transporte de Pescado, reaberta por iniciativa da Associação de Pescadores de Armação de Pêra.

Os dramas do quotidiano nacional têm ocupado mais a prioridade da nossa atenção, dada a sua dimensão e conseqüências generalizadas, as quais, como sabemos e sentimos, chegam rapidamente a Armação.

Entretanto, pasmos com o que assistimos, resistentes à miopia mas enleados nas malhas da política nacional que insiste em render-se a um determinismo cerzido por gente poucochinha mas poderosa, temos deixado de dar conta de soluções que se impõem no presente contexto nacional.

Mas há quem resista a esta tentação e se concentre na melhoria das condições de sobrevivência e com esta participe activa e diariamente no desenho das soluções que se impõem pela sua clarividência e, um dia que esperamos seja breve, se generalizarão para bem desta economia; único antídoto para as conseqüências que o veneno das concepções neo liberais e financeiras dos estertores finais deste sistema de desenvolvimento caduco.

Mesmo contra resistências que, se não se opõem frontalmente ao bom senso, continuam militantes activos da mais profunda irresponsabilidade social: a letargia agravada pelas funções públicas para as quais foram eleitos!

Gente que, apesar de tudo o que se assiste e aprendeu, ainda não realizou que foi eleita para servir, as pessoas e todos os interesses socialmente relevantes do seu concelho, de entre os quais, hoje mais que nunca, a economia local se encontra e com esta, paredes meias: o desemprego.

Meus Senhores, tomem atenção: estão proibidos de falar em desemprego! Não têm moralidade para invocarem o desemprego como objecto das vossas preocupações políticas!

De facto, quando pensam em desemprego, pensam na conservação do emprego público em primeiro lugar...e em último! Tão só!

Já o referimos outras vezes que os pescadores, como de resto grande parte dos profissionais liberais, constituem o menor encargo do Estado e, economicamente falando, o seu maior contribuinte liquido.

Subalternizando esse facto a classe política silvense não só é desleal ao mandantes que os elegeram como revela incompetência nas e para as funções que desempenha; claro está que também evidencia uma miopia insanável em matéria econômica.
Qual destes atributos o mais prejudicial ao concelho e ao Pais? Para a economia (NACIONAL, REGIONAL ou LOCAL) todos, isolada ou conjugadamente, são de uma erosão fatal

Pois bem façamos então o balanço sobre os efeitos que “pequenas” medidas administrativas tiveram na economia da Vila, em manifesta contracorrente:


Desde a abertura da Lota pela associação, no dia 31 de Maio de 2012, até ao final do ano, foram transportadas e entregues à Docapesca Portos e Lotas S.A., mais de 12 toneladas de pescado. (Em média, quase duas toneladas mensais)



Há muitos anos que não se verifica um movimento tão elevado, tudo reflexo de uma comunidade que finalmente tem ao dispôr as melhores condições de trabalho desde a sua existência, garantidas pelo trabalho voluntário de muitos armacenenses que dão o devido valor à actividade dos HOMENS do MAR, e, claro está, em resultado do trabalho desenvolvido Associação dos Pescadores.

Recorde-se que os pescadores nunca tinham tido acesso à arca frigorifica nem ao gelo, pois a Docapesca mantinha a Lota aberta duas horas por dia, aproximadamente, o que era incompatível com a chegada das embarcações do mar, pois dependendo das artes que estão a usar podem chegar desde as nove da manhã até ás onze da noite.

Este é o quadro de ECONOMIA REAL que “os mangas de alpaca” não conhecem e insistem em não conhecer, apesar de não desistirem de legislar, regulamentar, proibir e autorizar, contemporizar, atrasar e, ainda por cima, opinar.

Portugal não irá a lugar algum enquanto esta pequena excrescência da democracia não for colocada na morada que lhe compete: O ESGOTO PÚBLICO!

Hoje os pescadores de A. de Pêra tem acesso ao gelo e a arca frigorifica 24 horas por dia e tem garantido o transporte do pescado também diariamente.

Um pequenissimo passo de gigante, que já está a dinamizar todo o sector que, pelos volumes de pescado transferidos no ano passado, deixa patente, mesmo a quem não quer ver, o importante papel que tem na economia local.

Enquanto cidadão-contribuinte e cidadão-consumidor desta comunidade nacional  não posso deixar de referenciar este pequeno exemplo cheio de potencial de pedagogia e inovação (pasme-se) por conter nele vestígios suficientes do antídoto para a crise que nos persegue.

É que, só a soma destas pequenas actividades, tão mais eficientes quanto possível, pode concorrer para o crescimento da economia e com ele, da diminuição do desemprego e com ela o crecimento (salutar) da receita e a diminuição da despesa (subsidio de desemprego).

Se é certo que mais investimento contribui igualmente para o mesmo fim, não nos podemos esquecer que as nano, micro, pequenas e medias empresas de Portugal, empregam cerca de 70%.
Não sendo menos certo que os investimentos já realizados e as actividades em curso, dependendo exclusivamente dos seus titulares e não da eventualidade de qualquer investimento, devem ser, por imperativo nacional e pátriotico, objecto da maior atenção, acompanhamento, cooperação, melhoramento, sobretudo quando tem a, habitual, interferência da administração pública.


Sem comentários:

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

Visite as Grutas

Visite as Grutas
Património Natural

Algarve