Câmara de Loulé viabiliza projeto do Ikea
A Assembleia Municipal de Loulé aprovou, esta
madrugada, o Plano de Urbanização Caliços-Esteval que reordena as
possibilidades de utilização das áreas envolvidas, nomeadamente a conversão dos
terrenos onde o grupo Ikea pretende construir uma área comercial.
O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio (PSD),
disse tratar-se de um momento histórico para o concelho conseguir captar e
aprovar um empreendimento de grande dimensão que espera que contribua, juntamente
com o Estádio Algarve e o futuro Hospital Central do Algarve, para impulsionar
o projeto do Parque das Cidades.
A intenção de investimento no concelho de Loulé pelo
grupo sueco Ikea foi tornada pública há cerca de três anos.
O projecto prevê um investimento na ordem dos 200
milhões de euros para a construção de uma loja Ikea, um centro comercial e um
'retail park inter' Ikea Centre Portugal que deverão promover a criação de
cerca de 3000 postos de trabalho, directos e indirectos.
A localização do projecto em terrenos, até agora
integrados na Reserva Agrícola Nacional, tem sido mote para discussão política
e os deputados municipais socialistas receiam que o projecto possa ser um falso
argumento para alterar a utilização dos solos que depois possam ser usados de
outra forma, como é o caso de um projecto imobiliário.
Seruca Emídio recordou que o contrato firmado entre o
município e o grupo promotor tem uma cláusula de salvaguarda sobre essa
matéria.
Em declarações à Agência Lusa, aquele autarca disse
que cláusula "obriga o promotor a concretizar o projecto num prazo de 10
anos para o fim para que foi aprovado, caso contrário reverte para a utilização
original do solo".
Entre as contrapartidas negociadas entre o executivo
municipal e o grupo Ikea está um investimento de 100 mil euros destinados a
melhoramentos numa escola da freguesia de Almancil, um contributo de 100 mil
euros para a intervenção nas bacias de ligação ao Parque das Cidades, 531 mil euros
para a construção do nó de ligação na EN 125 e mais 60 mil euros que vão ser
investidos no reforço das redes pedonais e viárias daquela área.
Durante a discussão entre deputados municipais e o
executivo municipal, os deputados socialistas lamentaram que a autarquia se
tenha colocado numa posição em que deixa o investidor a impor a localização do
investimento.
O líder da bancada socialista, Hugo Nunes, explicou à
Lusa que a localização do projecto determinou o voto contra.
Os deputados municipais socialistas preferiam a
construção de uma área comercial numa localização entre os eixos
Loulé-Quarteira e Almancil-Boliqueime que fosse central no concelho e
promovesse a entrada de pessoas no concelho e não a saída.
"Esta localização [entre Loulé e Faro] torna
quase irrelevante porque fica a poucos quilómetros de Loulé, de Faro, de São
Brás e outras cidades, o que faz com que este investimento não tenha o mesmo
efeito de criar sinergias à sua volta para desenvolver a cidade de Loulé",
explicou Hugo Nunes.
O plano foi aprovado com 20 votos favoráveis dos
deputados municipais do PSD e um voto favorável do deputado municipal
socialista que é, simultaneamente, presidente da junta de freguesia de
Almancil, João Martins, onde se situam os terrenos em causa.
A votação daquele plano de urbanização ficaria
concluída com a contabilização de três abstenções e dez votos dos deputados
municipais do Partido Popular e do Bloco Esquerda e da bancada socialista.
A alteração da utilização dos solos dos terrenos que
vão acolher o projecto comercial do IKEA são a área que tem motivado maior
polémica, mas aquele Plano de Urbanização é mais amplo e incide igualmente
sobre a área empresarial do Esteval, o Parque das Cidades e o antigo matadouro
industrial do Algarve.
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