O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Que fazer?
Apesar de tudo cá estamos(4.1.13 Negocios online)
Não parece ser de bons auspícios o ano que ora começou. E lembrei-me de Jorge de Sena, o grande poeta, para fazer uma paráfrase de um dos seus poemas: "Que Portugal querem os portugueses para Portugal?" A verificar pelas manifestações da CGTP, e pela imponência do protesto registado em 15 de Setembro, que levou às ruas do País um milhão de pessoas, os portugueses são, demonstradamente, desafectos, deste Governo e desta política.
Mas esta política resulta da ideologia dominante na Europa, das indicações do Partido Popular Europeu (com inclinações evidentes para a extrema-direita), da incapacidade de a esquerda dispor de uma doutrina e de uma coesão necessárias à formação de uma frente comum e da ausência total de convicções.
Desapareceu a Europa de Adenauer, de De Gasperi, de Helmut Schmidt, de Willy Brandt, de Helmut Kohl, de De Gaulle, de Mitterrand, de Olof Palme, de Berlinguer, de Santiago Carrillo, de Cunhal, de Mário Soares, que configuraram e, amiúde, representaram o assim chamado "espírito europeu", no seu melhor como no seu pior. Foram substituídos por uma desavergonhada trupe de medíocres, cuja praga se estendeu aos mais diversos sectores da actividade humana.
E a ideia de uma Europa da solidariedade e da unidade na diversidade da sua extraordinária cultura, dissolveu-se com a emergência de um capitalismo finalmente à vontade para pôr as garras de fora. Este processo é longo e larvar, que atinge a sua expressão mais hedionda com a implosão dos países de Leste.
Mas houve "experiências" anteriores, sobretudo em numerosos países da América Latina, onde as teorias económicas de Milton Friedman foram aplicadas, a ferro e fogo. Basta lembrarmo-nos do Chile, mas também da Argentina, do Brasil, do Uruguai, nos quais os golpes de Estado, apoiados pelos Estados Unidos, e estruturados por "especialistas" da CIA, constituíram uma sangueira sem nome.
Um pouco por todo o lado, as guerras e os golpes militares, as violências e as barbaridades têm fundado a história de um mundo aparentemente apaziguado e de uma Europa fautora de estabilidade e de sossego.
Tudo mentira, tudo um embuste com "branqueamentos" históricos dos mais miseráveis. Entre nós, o aparecimento, pós-25 de Abril, de uma geração de jovens turcos, na política, no jornalismo e na cultura, de um modo geral, que ambicionavam tomar as rédeas dos vários poderes, foi saudado com satisfação, mas apreensivamente. A descaracterização política que expunham, uma alegada distanciação ideológica e uma desenvoltura nascidas das aparentes facilidades criadas à sua volta produziram efeitos nefastos.
Está por fazer, embora haja estudos e artigos dispersos, dos efeitos nefastos destas décadas, provocados por aqueles políticos.
Retenho na memória, entre outros episódios, a simpatia esfuziante com que a Thatcher foi visitar Pinochet, quando este esteve retido em Inglaterra, por intervenção do juiz Baltazar Garzón, que o acusara de crimes contra a humanidade.
De facto, as coisas possuem relações estranhas, ou não tão estranhas como isso. As famílias políticas e ideológicas estabelecem sempre laços que determinam a sua razão de ser e cimentam os seus interesses e objectivos. Pedro Passos Coelho pertence a essa parentela. E, acaso sem o saber, tem servido, no último ano e meio, de funâmbulo de uma experiência malvada, que nos arrasta para um beco sem saída. Claro que dispõe de cúmplices neste empreendimento medonho, o primeiro dos quais será, obviamente, o dr. Cavaco, não nos esquecendo dos apoios recíprocos dos banqueiros e seus bordões.
Temos de entender que, sem uma reviravolta na política europeia não haverá alterações na política portuguesa. E não deixa de causar um triste sorriso o foguetório com que certo sector português aplaudiu a vitória de François Hollande. Dali e dos seus nada há a esperar.
Encontramo-nos, pois, neste começo de ano, numa situação não apenas embaraçosa, como extremamente dramática. Que fazer? Esperar que as coisas se modifiquem por si, ou que ajamos em consonância com o violento cerco que nos fazem? E de que forma e modo vamos resistir? A verdade é que a História, sendo uma deusa cega, é-o para todos os lados, e que nada é imutável. E, apesar de tudo, cá estamos.
Bom ano, meus amigos!
b.bastos@netcabo.pt
Não parece ser de bons auspícios o ano que ora começou. E lembrei-me de Jorge de Sena, o grande poeta, para fazer uma paráfrase de um dos seus poemas: "Que Portugal querem os portugueses para Portugal?" A verificar pelas manifestações da CGTP, e pela imponência do protesto registado em 15 de Setembro, que levou às ruas do País um milhão de pessoas, os portugueses são, demonstradamente, desafectos, deste Governo e desta política.
Mas esta política resulta da ideologia dominante na Europa, das indicações do Partido Popular Europeu (com inclinações evidentes para a extrema-direita), da incapacidade de a esquerda dispor de uma doutrina e de uma coesão necessárias à formação de uma frente comum e da ausência total de convicções.
Desapareceu a Europa de Adenauer, de De Gasperi, de Helmut Schmidt, de Willy Brandt, de Helmut Kohl, de De Gaulle, de Mitterrand, de Olof Palme, de Berlinguer, de Santiago Carrillo, de Cunhal, de Mário Soares, que configuraram e, amiúde, representaram o assim chamado "espírito europeu", no seu melhor como no seu pior. Foram substituídos por uma desavergonhada trupe de medíocres, cuja praga se estendeu aos mais diversos sectores da actividade humana.
E a ideia de uma Europa da solidariedade e da unidade na diversidade da sua extraordinária cultura, dissolveu-se com a emergência de um capitalismo finalmente à vontade para pôr as garras de fora. Este processo é longo e larvar, que atinge a sua expressão mais hedionda com a implosão dos países de Leste.
Mas houve "experiências" anteriores, sobretudo em numerosos países da América Latina, onde as teorias económicas de Milton Friedman foram aplicadas, a ferro e fogo. Basta lembrarmo-nos do Chile, mas também da Argentina, do Brasil, do Uruguai, nos quais os golpes de Estado, apoiados pelos Estados Unidos, e estruturados por "especialistas" da CIA, constituíram uma sangueira sem nome.
Um pouco por todo o lado, as guerras e os golpes militares, as violências e as barbaridades têm fundado a história de um mundo aparentemente apaziguado e de uma Europa fautora de estabilidade e de sossego.
Tudo mentira, tudo um embuste com "branqueamentos" históricos dos mais miseráveis. Entre nós, o aparecimento, pós-25 de Abril, de uma geração de jovens turcos, na política, no jornalismo e na cultura, de um modo geral, que ambicionavam tomar as rédeas dos vários poderes, foi saudado com satisfação, mas apreensivamente. A descaracterização política que expunham, uma alegada distanciação ideológica e uma desenvoltura nascidas das aparentes facilidades criadas à sua volta produziram efeitos nefastos.
Uma concepção de amnésia histórica, antes de nós nada existia, encontrou terreno fértil no Portugal do dr. Cavaco, discípulo fiel, e ignaro, convém dizer, na Inglaterra da senhora Thatcher, e nos Estados Unidos de Ronald Reagan.
Está por fazer, embora haja estudos e artigos dispersos, dos efeitos nefastos destas décadas, provocados por aqueles políticos.
Retenho na memória, entre outros episódios, a simpatia esfuziante com que a Thatcher foi visitar Pinochet, quando este esteve retido em Inglaterra, por intervenção do juiz Baltazar Garzón, que o acusara de crimes contra a humanidade.
De facto, as coisas possuem relações estranhas, ou não tão estranhas como isso. As famílias políticas e ideológicas estabelecem sempre laços que determinam a sua razão de ser e cimentam os seus interesses e objectivos. Pedro Passos Coelho pertence a essa parentela. E, acaso sem o saber, tem servido, no último ano e meio, de funâmbulo de uma experiência malvada, que nos arrasta para um beco sem saída. Claro que dispõe de cúmplices neste empreendimento medonho, o primeiro dos quais será, obviamente, o dr. Cavaco, não nos esquecendo dos apoios recíprocos dos banqueiros e seus bordões.
Temos de entender que, sem uma reviravolta na política europeia não haverá alterações na política portuguesa. E não deixa de causar um triste sorriso o foguetório com que certo sector português aplaudiu a vitória de François Hollande. Dali e dos seus nada há a esperar.
Encontramo-nos, pois, neste começo de ano, numa situação não apenas embaraçosa, como extremamente dramática. Que fazer? Esperar que as coisas se modifiquem por si, ou que ajamos em consonância com o violento cerco que nos fazem? E de que forma e modo vamos resistir? A verdade é que a História, sendo uma deusa cega, é-o para todos os lados, e que nada é imutável. E, apesar de tudo, cá estamos.
Bom ano, meus amigos!
b.bastos@netcabo.pt
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Baptista Bastos
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Queremos emprego!
O desemprego no Algarve atinge 35000 pessoas, no Concelho de Silves 2500.
"Sei que, frequentemente, os sinais e os símbolos exteriores, visíveis e tangíveis da sorte e da ascensão, só aparecem quando, na realidade, tudo já se põe de novo a declinar."
Mann , Thomas
domingo, 13 de janeiro de 2013
A requalificação do Cabral sob mira (telescópica)! Contrapartidas também, sem nunca esquecer os prejudicados!
N
Entrevistado o snr. Cabral revelou-se incrédulo acerca do facto de ter conseguido adquirir a tal praia (pasme-se!) e reafirmou a intenção de a doar ao Estado, de onde nunca devia ter saído dizemos nós, mediante certas contrapartidas, o mais rapidamente possível.
O presidente, emprestado, da Câmara, nada adiantou de novo, guardando de Conrado o prudente silêncio, no que ao essencial diz respeito, reafirmando a regularidade do sucedido e o final feliz que espera.
Um pescador, reformado, em síntese, revela a utilidade do sucedido pleno de “ses”. Se o homem comprou sem oposição de ninguém, se se propõe requalificar a zona e nada põe em causa quanto aos interesses instalados, designadamente os dos pescadores, se o homem até se propõe garantir um tractor, se...., se..., se...
Restam as “más línguas” que afinal, iguais a si próprias, resumem-se a isso mesmo, o mal dizer, em prejuízo de quem “só quer o bem de todos “e até se dispõe a pagar, pesado, por isso, mesmo tende de debater-se com a incompreensão de muitos.
Como já dissemos antes, admiramos a inteligência, sobretudo quando conjugada com o trabalho ou com qualquer espécie de avanço empresarial, cientifico, social, cultural, do qual, qualquer um, assim o possa, retire ilação proveitosa.
A humanidade tem evoluído por essa via! Não há razão lógica para militar contra a “metodologia” da evolução!
Entretanto, a propósito deste episódio, contactámos um arquitecto, pessoa de qualificação e isenção, com experiência de muitos anos na maior Câmara do Pais e nenhuma ligação a Armação de Pêra, com vista a recolher uma opinião independente.
Percebemos que uma vida profissional de frustração de expectativas, fundada ora na irracionalidade da gestão dos recursos, ora nos desvalores que o investimento público objectiva e frequentemente salvaguarda, condicionou a opinião desse técnico respeitado, dando corpo a um realismo pragmático.
Concentrando-se no objecto principal das suas preocupações e habituado a estas lides, focou-se: a requalificação de uma zona pouco mais que abandonada, passando pela inevitabilidade do retorno do “lote” à propriedade pública, salvaguardados que estejam os direitos que na mesma se encontram enraizados (caso dos pescadores), considerou que nos devemos concentrar no projecto propriamente dito, pois é aí que poderá haver matéria de controvérsia que poderá justificar oposição frontal.
Curiosamente, sem a mesma qualificação técnica, os pescadores entrevistados, de algum modo, ao expressarem a sua opinião, foram tão práticos quanto o nosso qualificado amigo arquitecto. Se..., se...., se...., então muito bem!
1º.- A perversidade da gestão politica e institucional e a opacidade dos procedimentos, de que Silves é um expoente, é um dado de tal forma instituído que já não faz parte da metodologia de abordagem de um qualquer facto público, por parte, quer de cidadão comum, quer de um cidadão com especial qualificação técnica e cultural;
2º.- Certamente em resultado das constantes violações dos princípios elementares conformantes de uma comunidade organizada em Estado de Direito, os quais caíram em desuso, se é que alguma vez estruturaram a sociedade portuguesa.
3º.- A adopção da postura “do mal o menos” impera, denotando que no confronto dos princípios com a correlação de forças que caracteriza a realidade, vivemos já, se é que alguma vez deixamos de viver, numa sociedade do “salve-se quem puder”.
6.- A luta pela transparência e pelas praticas típicas de uma comunidade organizada democraticamente são imperativas, tanto mais quanto as ameaças à mesma forem tão escandalosamente opacas como esta!
O “escândalo” da compra da praia em Armação teve honras de telejornal.
Entrevistado o snr. Cabral revelou-se incrédulo acerca do facto de ter conseguido adquirir a tal praia (pasme-se!) e reafirmou a intenção de a doar ao Estado, de onde nunca devia ter saído dizemos nós, mediante certas contrapartidas, o mais rapidamente possível.
O presidente, emprestado, da Câmara, nada adiantou de novo, guardando de Conrado o prudente silêncio, no que ao essencial diz respeito, reafirmando a regularidade do sucedido e o final feliz que espera.
Um pescador, reformado, em síntese, revela a utilidade do sucedido pleno de “ses”. Se o homem comprou sem oposição de ninguém, se se propõe requalificar a zona e nada põe em causa quanto aos interesses instalados, designadamente os dos pescadores, se o homem até se propõe garantir um tractor, se...., se..., se...
Restam as “más línguas” que afinal, iguais a si próprias, resumem-se a isso mesmo, o mal dizer, em prejuízo de quem “só quer o bem de todos “e até se dispõe a pagar, pesado, por isso, mesmo tende de debater-se com a incompreensão de muitos.
Como já dissemos antes, admiramos a inteligência, sobretudo quando conjugada com o trabalho ou com qualquer espécie de avanço empresarial, cientifico, social, cultural, do qual, qualquer um, assim o possa, retire ilação proveitosa.
A humanidade tem evoluído por essa via! Não há razão lógica para militar contra a “metodologia” da evolução!
Entretanto, a propósito deste episódio, contactámos um arquitecto, pessoa de qualificação e isenção, com experiência de muitos anos na maior Câmara do Pais e nenhuma ligação a Armação de Pêra, com vista a recolher uma opinião independente.
Percebemos que uma vida profissional de frustração de expectativas, fundada ora na irracionalidade da gestão dos recursos, ora nos desvalores que o investimento público objectiva e frequentemente salvaguarda, condicionou a opinião desse técnico respeitado, dando corpo a um realismo pragmático.
Concentrando-se no objecto principal das suas preocupações e habituado a estas lides, focou-se: a requalificação de uma zona pouco mais que abandonada, passando pela inevitabilidade do retorno do “lote” à propriedade pública, salvaguardados que estejam os direitos que na mesma se encontram enraizados (caso dos pescadores), considerou que nos devemos concentrar no projecto propriamente dito, pois é aí que poderá haver matéria de controvérsia que poderá justificar oposição frontal.
Curiosamente, sem a mesma qualificação técnica, os pescadores entrevistados, de algum modo, ao expressarem a sua opinião, foram tão práticos quanto o nosso qualificado amigo arquitecto. Se..., se...., se...., então muito bem!
Que concluir então?
1º.- A perversidade da gestão politica e institucional e a opacidade dos procedimentos, de que Silves é um expoente, é um dado de tal forma instituído que já não faz parte da metodologia de abordagem de um qualquer facto público, por parte, quer de cidadão comum, quer de um cidadão com especial qualificação técnica e cultural;
2º.- Certamente em resultado das constantes violações dos princípios elementares conformantes de uma comunidade organizada em Estado de Direito, os quais caíram em desuso, se é que alguma vez estruturaram a sociedade portuguesa.
3º.- A adopção da postura “do mal o menos” impera, denotando que no confronto dos princípios com a correlação de forças que caracteriza a realidade, vivemos já, se é que alguma vez deixamos de viver, numa sociedade do “salve-se quem puder”.
4º.- Nesta conformidade, a forma mais eficaz de salvaguardar o essencial, é precisamente fazer sair da toca o projecto que o snr. Cabral tem certamente em carteira, de há muito, para ampla discussão pública.
Sem nunca esquecer a expropriação como fiel da balança!
5º.- Sem perder de vista os interesses específicos em presença e a salvaguarda dos mesmos, designadamente os interesses da pesca artesanal, ou a Kubata, a qual deve poder prosseguir a sua exploração, ainda que adaptadamente, isto é, podendo ser deslocada no âmbito de uma arranjo urbanístico que mereça a aprovação pública, permitindo que a oferta se mantenha na sua especificidade e mercado, os quais são um activo da oferta turística armacenense, quer o snr Cabral assim o entenda, quer não, o que pouco importará deste ponto de vista.
6.- A luta pela transparência e pelas praticas típicas de uma comunidade organizada democraticamente são imperativas, tanto mais quanto as ameaças à mesma forem tão escandalosamente opacas como esta!
7.- Importa assim dar curso a toda a indignação que tal moscambilha motiva, sob pena de perdermos o Norte enquanto comunidade.
E uma comunidade sem Norte, não é uma Comunidade, é um conjunto de animais tresmalhados sujeitos a um destino para o qual em nada contribuem.
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sábado, 12 de janeiro de 2013
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
O Triunfo da Vontade
Por: Viriato Soromenho-Marques, in DN de 10.01.13
O relatório
exploratório do FMI foi recebido por um inevitável coro de protestos.
Ele sugere uma espécie de rasgar de ventre nacional, em nome da
"eficiência" do Estado. Contudo, ele apenas confirma o rumo que tem
levado 18 dos 27 países da UE a um agravamento do desemprego e de todos
os outros indicadores sociais. Nem o FMI (e o resto da troika) nem o
Governo português parecem perceber que há limites para a capacidade de
um povo absorver mudanças radicais.
Em 1790, o grande político e
pensador irlandês Edmund Burke condenava a revolução francesa por ver
nela a expressão de uma arrogância da razão. Ela implicaria a crença
ingénua de que a sociedade é uma plasticina que se presta a todas as
modelagens.
Desde a criação de novas religiões, por decreto, até à
reforma agrária feita na ponta das baionetas, como ocorreu na Ucrânia
soviética, em 1930.
Os jacobinos inauguraram "o assalto aos céus", que
se estendeu, depois de muitas dezenas de milhões de vítimas, até à queda
do Muro de Berlim. Burke é justamente considerado como o pai do
pensamento político conservador democrático.
Todavia, ele seria hoje o
primeiro a erguer a sua voz contra a arrogância desta direita,
voluntarista, que quer fazer regressar os europeus ao inferno da pobreza
narrada por Charles Dickens.
Os ditos "neoliberais" imitam hoje, na sua
língua de trapos tecnocrática, a brutalidade arrogante dos engenheiros
de almas do passado. Entregam a propriedade e a dignidade de povos
inteiros ao confisco de uma incompetente elite de banqueiros e
burocratas, em nome de "sociedades abertas".
Com a mesma candura com que
no passado se abriam gulags, em nome da "emancipação humana". Em ambos
os casos, não é a vontade que triunfa, mas o terror nas suas múltiplas e
horrendas máscaras.
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
O Municipio de Silves e o terreno na praia: negligência ou dolo ?
Lido o comunicado do Partido Socialista sobre
a questão dos terrenos, da deliberação da Câmara, da notificação para a
preferência, da realização da escritura pública de compra e venda e sobretudo
da decisão sobre a promoção da acção judicial tendente a assegurar o exercício
efectivo da preferência na aquisição do terreno (a qual carece desde logo do
depósito à ordem do Juiz do processo da quantia de 200 mil euros), ficamos
boquiabertos de espanto quanto à forma como os assuntos importantes da
autarquia são tratados.
Ficamos também, legitimamente, aterrorizados,
imaginando como se tratarão as coisas um pouco menos importantes e as outras
sem grande importância, suspeitando justificadamente de como, mesmo as coisas
mais importantes, serão tratadas.
Uma verdadeira lástima!
É claro que uma administração local que zela
pelo interesse público desta forma, em muito contribui para a situação
financeira desastrosa em que o erário público se encontra e, por via dele,
todos nós!
Sem conhecer mais aprofundadamente os factos,
conclui-se, pela positiva, a determinação do PS na preparação da acção judicial
tendente ao exercício da preferência. (Depois da casa roubada, trancas à
porta!)
Armação de Pêra tomou nota desta promessa
pública e aguardará que estes seus mandatários cumpram com prontidão e rigor a
promessa efectuada, decorrente dos poderes que lhes foram conferidos através do
voto PS na Vila.
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Enganados e traídos!
Venderam a nossa Praia, o nosso Campo de Futebol – Campo das gaivotas – e ainda vêm proclamar que tudo é bom, que vai ser melhor para “Os Armacenenses” e Armação de Pêra!
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que iriam adquirir o espaço – faixa da praia - à família Santana Leite!
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que as obras em falta no POOC – Plano de Ordenamento da Orla Costeira – o Parque de Estacionamento de 400 lugares, seria construído no espaço a adquirir!
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que o espaço da Praia que retornaria a Património Público, seria utilizado para reordenar a localização de Apoios de Praia – Palhota – e a salvaguarda do meio-ambiente!
A Câmara de Silves e a ARH-Algarve, traíram a confiança que Armação de Pêra depositava nestas instituições – que por serem públicas deveriam pautar pela transparência das suas acções e na defesa intransigente do património público. – Porque com o seu conhecimento e anuência permitiriam a alienação da sua Praia! A Câmara de Silves sabia desde há muito, das diligências da família Santana Leite, para se apropriar de uma faixa da Praia: deveria, em sede e na altura próprias, ter desencadeado um processo para posse administrativa do mesmo, não o fez e arrastou atrás de si o Clube de Futebol “Os Armacenenses”, que em tempo útil não exerceu o direito de usucapião, sobre o campo de jogos. Tudo isto, para não interferir nos jogos obscuros congeminados e idealizados, para a posse particular dos espaços em causa. E muito mais haverá para contar sobre as “tramóias maquiavélicas” de responsáveis camarários, nesta negociata.
A ARH-Algarve, entidade responsável pela implementação do POOC, garantiu-nos publicamente que o Parque de Estacionamento público - gratuito – seria instalado na parte nascente da Praia, nos terrenos a adquirir e que a Praia de Armação de Pêra ficaria bem-servida com este equipamento de apoio ao turismo, logo que a escritura entre a Câmara de Silves/ARH-Algarve - havendo já verbas disponíveis para o efeito – e a família Santana Leite, seja efectuada.
A escritura já foi feita – 18/12/2012 – não com as autoridades comprometidas com a defesa do interesse público, mas à socapa – Os Armacenenses não foram ouvidos nem achados, para o efeito! – com o conhecimento e acordo prévio da Câmara de Silves e ARH-Algarve, pois eram o promitentes compradores, por uma entidade particular, por 200 mil €, cerca de pouco mais de 5 € m2, no espaço mais nobre de Armação de Pêra!
O novo proprietário argumenta que foi só para “servir Armação de Pêra” que participou neste negócio!
Vai criar o tal Parque de Estacionamento a que o POOC obrigava, mas vai ser particular e pago!
A título de curiosidade, informações recolhidas e confirmadas por fontes fidedignas – dado que as contas eram/são clandestinas – O Parque de Estacionamento -improvisado – explorado pelo Clube, tinha uma receita média de 2 mil € dia, durante o período de maior afluência no verão!
Numa época, um Parque de 400 lugares, paga o investimento total: 200 mil €!
Não há dúvida que é um investimento muito arriscado! Ah! mas “Diz” que irá fazer mais “Isto” e mais “ Aqueloutro” em benefício de Armação de Pêra! “Diz”! Há alguma escritura publica sobre as promessas? Não!, a única conhecida é a da posse da Praia e do Campo de Jogos!
O resto são promessas que cheiram a “campanha eleitoral”.
O que Armação de Pêra sabe e os armacenenses ainda nem sonham, é que grande parte do seu património herdado por direito e uso, e outro com tanto esforço conseguido – Campo de Jogos e edifício da Lota – foi-lhes subtraído para um “mecenas” que lhes promete o paraíso em troca do seu silêncio e submissão.
Um armacenense indignado!
Luís Ricardo
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que iriam adquirir o espaço – faixa da praia - à família Santana Leite!
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que as obras em falta no POOC – Plano de Ordenamento da Orla Costeira – o Parque de Estacionamento de 400 lugares, seria construído no espaço a adquirir!
Mentiram-nos quando afirmaram publicamente que o espaço da Praia que retornaria a Património Público, seria utilizado para reordenar a localização de Apoios de Praia – Palhota – e a salvaguarda do meio-ambiente!
A Câmara de Silves e a ARH-Algarve, traíram a confiança que Armação de Pêra depositava nestas instituições – que por serem públicas deveriam pautar pela transparência das suas acções e na defesa intransigente do património público. – Porque com o seu conhecimento e anuência permitiriam a alienação da sua Praia! A Câmara de Silves sabia desde há muito, das diligências da família Santana Leite, para se apropriar de uma faixa da Praia: deveria, em sede e na altura próprias, ter desencadeado um processo para posse administrativa do mesmo, não o fez e arrastou atrás de si o Clube de Futebol “Os Armacenenses”, que em tempo útil não exerceu o direito de usucapião, sobre o campo de jogos. Tudo isto, para não interferir nos jogos obscuros congeminados e idealizados, para a posse particular dos espaços em causa. E muito mais haverá para contar sobre as “tramóias maquiavélicas” de responsáveis camarários, nesta negociata.
A ARH-Algarve, entidade responsável pela implementação do POOC, garantiu-nos publicamente que o Parque de Estacionamento público - gratuito – seria instalado na parte nascente da Praia, nos terrenos a adquirir e que a Praia de Armação de Pêra ficaria bem-servida com este equipamento de apoio ao turismo, logo que a escritura entre a Câmara de Silves/ARH-Algarve - havendo já verbas disponíveis para o efeito – e a família Santana Leite, seja efectuada.
A escritura já foi feita – 18/12/2012 – não com as autoridades comprometidas com a defesa do interesse público, mas à socapa – Os Armacenenses não foram ouvidos nem achados, para o efeito! – com o conhecimento e acordo prévio da Câmara de Silves e ARH-Algarve, pois eram o promitentes compradores, por uma entidade particular, por 200 mil €, cerca de pouco mais de 5 € m2, no espaço mais nobre de Armação de Pêra!
O novo proprietário argumenta que foi só para “servir Armação de Pêra” que participou neste negócio!
Vai criar o tal Parque de Estacionamento a que o POOC obrigava, mas vai ser particular e pago!
A título de curiosidade, informações recolhidas e confirmadas por fontes fidedignas – dado que as contas eram/são clandestinas – O Parque de Estacionamento -improvisado – explorado pelo Clube, tinha uma receita média de 2 mil € dia, durante o período de maior afluência no verão!
Numa época, um Parque de 400 lugares, paga o investimento total: 200 mil €!
Não há dúvida que é um investimento muito arriscado! Ah! mas “Diz” que irá fazer mais “Isto” e mais “ Aqueloutro” em benefício de Armação de Pêra! “Diz”! Há alguma escritura publica sobre as promessas? Não!, a única conhecida é a da posse da Praia e do Campo de Jogos!
O resto são promessas que cheiram a “campanha eleitoral”.
O que Armação de Pêra sabe e os armacenenses ainda nem sonham, é que grande parte do seu património herdado por direito e uso, e outro com tanto esforço conseguido – Campo de Jogos e edifício da Lota – foi-lhes subtraído para um “mecenas” que lhes promete o paraíso em troca do seu silêncio e submissão.
Um armacenense indignado!
Luís Ricardo
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Um canhão pelo cú
Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres. E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
Juan José Millas*
*Juan José Millás é um escritor espanhol. Alcançou a consagração literária com a obra "El desorden de tu nombre". Em 1990 obteve o prémio Nadal com "La soledad era esto". Nasceu em Valencia em 1946 e reside em Madrid desde os seis anos de idade. Actualmente, Millás alterna a sua dedicação literária com numerosas colaborações na imprensa. É professor da Escuela de Letras de Madrid desde a sua fundação.
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Duo Maravilha Gaspassos e Companhia prá Fundação Francisco Manuel dos Santos já!
As auto-estradas perderam 245 mil carros por dia durante o mês de Setembro, em comparação com período idêntico de 2011.
De acordo com o Jornal de Notícias, com a crise, os portugueses estão a evitar as auto-estradas e, mais do que isso, optam por manter os carros estacionados.
Há um ano, Maria Silva visitava os pais em viatura própria todos os meses, apesar dos custos elevados em gasolina e portagens. Desde o Verão, partilha a viagem Lisboa-Cantanhede com o irmão. Afinal, fica mais caro do que ir passar o fim-de-semana a Londres ou mesmo Copenhaga.
Só o combustível e a despesa com a auto-estrada custam acima de 90 euros. Resultado: o seu automóvel foi um dos que se eclipsaram da circulação, um dos 245 mil desaparecidos das auto-estradas nacionais.
Foi este o número de carros a menos contabilizado diariamente durante o mês de Setembro, em comparação com período idêntico de 2011, de acordo com o Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias (Inir).
Não surpreende nenhum cidadão-automobilista (categoria do grupo cidadão-contribuinte especialmente perseguida e sacrificada ) o numero de “desertores” das auto estradas.
Perguntará qualquer observador estrangeiro: Para que servem estas infraestruturas de que Portugal se equipou, promovendo uma cobertura do território para além da média europeia, se não se destinam a serem utilizadas em beneficio da economia do pais?
Encarreguemos o “Duo Maravilha Gaspassos e Companhia” da resposta. Este duo é capaz disso e muito mais!
É que esta gentinha, como qualquer predador fiscal do nível mais rasteiro, está permanentemente convencida que cada cidadão-contribuinte dispõe sempre de um baú pleno de libras de ouro enterrado no quintal, argumento a que recorrem sistematicamente quando algum dos presentes, durante as suas sessões conspirativas visando novo assalto aos cidadãos, num acesso de racionalidade faz de advogado do Diabo e diz:
-“A malta não aguenta mais carga!”.
-“Aguenta! Que vão ao baú!” responde ligeiro o “Duo Maravilha Gaspassos e Companhia”.
De parabéns encontram-se os cidadãos-automobilistas que decidiram não pactuar com os aumentos das autoestradas e, ou, scuts!
Deram uma resposta à altura e fazem deste modo pedagogia, Senão vejamos:
Sempre tivemos a noção de que Portugal não constituiu nunca, apesar de a própria constituição dizer o contrário, um mercado perfeito!
Por um conjunto de razões, as quais, umas não fazem agora sentido, pois detalhar não constitui o objecto deste post, outras, pelas mesmas razões acrescidas do facto de serem matéria que não dominamos.
O que é facto é que, o comportamento de cidadãos-consumidores conscientes e proactivos, lamentavelmente, nos portugueses, só raramente os move.
Por isso esta resposta dos cidadãos-automobilistas pode constitutir, e cremos que vai constituir, a primeira de muitas outras de natureza e motivação idênticas.
Pois, meus senhores, aqui está uma resposta do Mercado!
A resposta dos portugueses foi uma resposta perfeita da procura do mercado interno à oferta, tal como esta se apresentou, desenfreada e desajustada.
É que estes senhores só são liberais na ideologia que pensam ter perfilhado e nalguns discursos.
Por aqui se vê o que estes senhores percebem de Mercados!
Quando lidam com o mercado, ou são estatistas acorrendo com os meios do Estado ao privado em stress (vide o caso Banif), ou agem como cartel (coligação de várias entidades em favor próprio)(no caso o Estado e o oligopólio[ (do grego oligos (poucos) + polens (vender) ou seja, um grupo de empresas tem o domínio de determinada oferta de produtos ou serviços. Para acontecer o oligopólio, alguns elementos são necessários como a existência de poucas firmas, a homogeniedade dos produtos e a presença de barreiras para a entrada de novos concorrentes)] das autoestradas.
Tiveram uma resposta do mercado à sua politica. Se a respeitarem como respeitam os restantes mercados só tem a fazer uma de duas:
- Por a GNR nas estradas a fazer a vida negra a quem ousou furtar-se às portagens, obrigando-os a pagar um valor muito superior em multas e coimas, como num verdadeiro Estado Policial que ambicionam; ou
- Em coerência com o neoliberalismo de que se arrogam professar, baixam os preços até ao limite que a procura entenda razoável ou acabam com as portagens pura e simplesmente. Ou ainda:
- Adoptam politicas de supermercado: promoções, combustível lowcost, happy hours, etc., etc., etc.
Se não o souberem fazer, concessionem as autoestradas ao Pingo Doce depois de irem fazer uns estágios na Fundação Francisco Manuel dos Santos que edita livrinhos baratos e cheios de conteúdo.
Quem sabe de mercado é realmente esta organização de Mercearia, vencedora da guerra da concorrência, sector para que os históricos multimilionários portugueses estiveram e estão realmente talhados. E isso, nunca devíamos ter esquecido!
domingo, 6 de janeiro de 2013
Noticia das servidões, por Baptista Bastos
O
sr. Selassié, cujos patronímicos lembram os do antigo imperador da Etiópia, deu
uma entrevista a jornalistas solícitos e zelosos, como se fosse o procônsul
destoutro império. Se calhar é, e nós não queremos acreditar. Há, neste triste
assunto, a absurda qualificação atribuída a um funcionário europeu, e a
subserviência exasperante de quem devia respeitar, seriamente, as funções de
jornalista, escalonando as prioridades de noticiário. Mas as coisas, neste
país, estão como estão. A expressão da mediocridade coincide dramaticamente com
as características de quem a promove. E o servilismo tomou carta de alforria. É
um espectáculo deplorável assistir-se ao cortejo de subserviências quando os
escriturários da troika vão ao Parlamento ou aos ministérios.
Somos
tratados com displicente condescendência. Afinal, numa interpretação lisa e,
acaso, aceitável, somos os pedintes e eles os curadores dessa nossa triste
condição. A ela temos de nos sujeitar. Selassié produz afirmações tão
extraordinárias quanto ignaras acerca do que somos, de quem somos e de como
havemos de ser. O pessoal do Governo demonstra uma felicidade esfuziante com o
convívio, e até Paulo Portas o admite, embora pouco à vontade. Aliás, não se
percebe muito bem até onde o presidente do CDS vai suportar, com frustrados
sorrisos, os permanentes vexames a que o submetem.
As
declarações do sr. Selassié, que, na normalidade de situações políticas, nem
sequer devia ser ouvido, só não são injuriosas porque imbecis. Já a senhora
Merkel, num despudor acarinhado pelo reverente Passos Coelho, afirmara o íntimo
e estremecido desejo de ver os portugueses muito felizes. Os comentadores do
óbvio, emocionados, calaram fundo este auspício.
O
povo, a nação, o próprio conceito de pátria estão subalternizados pelo
comportamento desprezível de uma casta de emblema republicano na lapela, que
passa ao lado das indignações, dos protestos, da miséria e da fome dos outros.
A frase famosa de Passos Coelho, "custe o que custar", para
justificar os desmandos da sua política, configura uma ideia de confronto,
absolutamente detestável. A violência do discurso do poder e a prática
governamental reenviam, na ordem da democracia política, para algo que excede o
funcionamento processual. Parece que Pedro Passos Coelho incita à cólera e estimula
o conflito, acaso para "fundamentar" e "legitimar"
ulteriores acções repressivas. A indiferença da sua conduta não se harmoniza
nem combina com o ideário democrático, sobre o qual tripudia com desprezo e
arrogância. Este homem não nos serve, não serve o País, nada tem a ver com algo
que nos diga respeito, é incompetente e sobranceiro.
Quando
estrangeiros como Angela Merkel e Abebe Selassié dizem o que dizem, com a
aquiescência de um Governo mudo, há qualquer coisa de podre na sociedade.
(Por
decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo
Ortográfico)
In:
“Diário de Noticias” de 28.11.2012
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sábado, 5 de janeiro de 2013
Pôr dinheiro onde estão as palavras
Por Paul De Grauwe*
É esta a época do ano em que normalmente sou solicitado para fazer previsões para 2013. Que probabilidades existem de a União Europeia e Portugal saírem da recessão durante este ano? Será este o último ano da Grécia na zona euro? E por aí fora.
Quando os jornalistas me colocam estas questões, devo admitir que não sei e não hesito em confessar a minha ignorância. A pior coisa que um economista pode fazer é não reconhecer o seu desconhecimento e fabricar uma história para consumo do jornalista. Infelizmente, isso acontece demasiadas vezes.
Veja-se as previsões que se fizeram em 2012 relativamente à saída da Grécia da zona euro. O economista-chefe do Citibank fez essa previsão. Havia 90 por cento de hipóteses de que isso acontecesse em 2012, como ele previu no início do ano. Mas não aconteceu. Agora, calcula a saída do euro por parte dos gregos em 60 por cento de possibilidades. Que utilidade têm previsões destas?
As probabilidades de 90 ou 60 por cento não têm o mínimo valor preditivo. O número 90 refletia apenas um vago pessimismo quanto ao futuro da zona euro, que se manifestava no início do ano passado. Esse pessimismo aligeirou-se, o que dá os 60 por cento. Estas probabilidades medem as emoções de quem prevê, especialmente o seu pessimismo ou otimismo. E essas emoções estão sujeitas e grandes flutuações.
As probabilidades só têm um valor de previsão quando se baseiam em observações regulares e frequentes de um determinado fenómeno. Veja-se, por exemplo, a probabilidade de eu morrer durante este ano. Todos os anos morrem milhões de pessoas. As muitas observações do fenómeno tornam possível calcular tabelas de mortalidade que dão a probabilidade de um homem branco, casado, com certos padrões de doença, determinada ocupação, rendimentos, etc., morrer em 2013. Mantenho a minha paz de espírito não consultando as tabelas. Mas estas contêm um valor preditivo que é independente das emoções de quem prevê (ou das minhas).
Não temos observações do género acerca da possibilidade de um “Grexit”, a saída da Grécia da zona euro. O abandono de um país da união monetária é um fenómeno único. Não temos observações passadas. A união monetária na Europa é em si um fenómeno histórico único, quanto mais a saída de um país dessa união. Não há observações estatísticas sobre fenómenos similares no passado que nos permitam fazer previsões acerca do abandono possível da Grécia, ou de Portugal, para o caso tanto faz.
No século XIX, houve algo como uma união monetária latina, mas não era uma união de moeda única, como a zona euro. Não existia um banco central. Cada país mantinha a sua divisa. Havia um acordo limitado sobre o número de moedas de um país que seria aceite nos outros. O que aconteceu com a união monetária latina não pode ser usado como informação para prever o que se vai passar na zona euro.
Os economistas não podem fazer previsões úteis sobre fenómenos que são únicos do ponto de vista histórico. O que os economistas podem fazer são previsões condicionadas. São previsões “se isto, logo aquilo”. E é preciso ter muito cuidado a fazer previsões assim, mas os economistas escudam-se normalmente quando fazem tais previsões.
Fiz uma previsão “se” no ano passado quando escrevi que, se o Banco Central Europeu não interviesse nos mercados de dívida soberana, o caos nestes mercados ficaria fora de controlo e levaria à implosão da zona euro. O Banco Central Europeu agiu por fim em 2012 e comprometeu-se a dar suporte financeiro ilimitado nos mercados da dívida soberana da zona euro. Este anúncio teve um efeito excelente e estabilizou os mercados. A minha previsão condicional não se cumpriu.
Por isso, deixem-me fazer mais uma previsão “se”. O BCE acaba de anunciar que vai intervir nos mercados de obrigações. Este anúncio foi suficiente para estabilizar estes mercados. Mas isto não vai durar para sempre. À medida que a recessão em Espanha e em Portugal mostra poucos sinais de diminuir, a situação orçamental não melhorará nestes países de forma significativa. Isto vai obrigar a intervenções efetivas do BCE. Se o BCE não realiza estas intervenções depressa, em breve estaremos com problemas. Portanto, o BCE vai continuar a ser um ator chave na zona euro. A promessa de agir que fez em 2012 vai obrigá-lo a agir mesmo em 2013. Espero que o BCE não hesite e ponha dinheiro onde ontem pôs palavras.
*Professor da Universidade Católica de Lovaina, Bélgica, in “Expresso” de 05.01.13
Tradução de António Costa Santos
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