O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 17 de agosto de 2025

Armação de Pêra: a vila das promessas eternas

Passaram doze anos desde que Armação de Pêra começou a ouvir falar em grandes projetos, investimentos estruturantes e planos de requalificação. Doze anos depois, os sonhos continuam a viver apenas no papel. O Plano e Orçamento de 2025 da Câmara Municipal de Silves é mais um capítulo nesta novela interminável: uma lista bonita de intenções, mas sem garantias reais de execução. Basta olhar com atenção. O Mercado Municipal? Mais um ano, mais um projeto. A Rua Bartolomeu Dias? Projeto. A Praça Velha? Projeto. A Praia dos Pescadores? Projeto. A Fortaleza? Projeto. Até a ampliação da escola básica fica reduzida… a um projeto. É o "ciclo infinito do papel", onde as obras nunca começam, mas as promessas renovam-se religiosamente todos os anos. Quando se fala de grandes investimentos, a sensação é a mesma: falta de convicção e risco de falhanço. A requalificação da Baixa de Armação de Pêra, avaliada em mais de 2 milhões de euros, será que vai mesmo sair do papel em 2025? E a Rua D. João II, com financiamento do PRR? Só parte da verba está definida, o resto empurrado para 2026. No terreno, não há sinais de obra. Será que vamos perder fundos por inércia? Mais grave ainda: a Unidade de Saúde. O orçamento prevê 452 mil euros, mas até agora não há um metro quadrado mexido. Como acreditar que, até ao final do ano, será possível executar o valor previsto? Este não é apenas um atraso administrativo; é um desrespeito pelos utentes, profissionais de saúde e famílias que todos os dias enfrentam dificuldades num equipamento ultrapassado. O padrão repete-se: prometer, projetar, adiar. A cada orçamento, Armação de Pêra vê-se retratada como prioridade, mas na realidade continua a ser tratada como periferia. É tempo de assumir a verdade: a vila não precisa de mais promessas coloridas em powerpoints nem de mais estudos em gavetas. Precisa de obras no terreno, prazos cumpridos e resultados visíveis. Se nada mudar, em 2037 estaremos, outra vez, a discutir o próximo "grande plano" para Armação de Pêra. E, até lá, a vila continuará refém de uma gestão que confunde propaganda com progresso.

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