O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 3 de agosto de 2025

Após a análise do plano e orçamento da Câmara Municipal de Silves para 2025, há uma conclusão difícil de evitar: este é um orçamento pensado única e exclusivamente para as eleições de outubro. O executivo apresenta um aumento significativo nas receitas previstas, aparentemente para justificar uma série de promessas de investimento – a realizar, dizem, já no próximo ano. Mas há um dado que não podemos ignorar: nos últimos anos, a despesa de capital nunca ultrapassou os 13 milhões de euros, e em 2024 nem sequer chegou aos 10 milhões. Pergunta-se: será credível que, de repente, a câmara consiga mais do que duplicar a execução orçamental? Ou estaremos apenas perante um cenário construído para fins eleitorais? O próprio orçamento denuncia esta estratégia. A lista de ações e promessas é extensa, mas a maioria delas tem uma dotação simbólica – 10 euros – apenas para manter as iniciativas “em aberto” e criar a ilusão de um futuro investimento. Basta olhar para Armação de Pêra. Nos últimos 12 anos, o investimento municipal na vila foi residual, completamente desproporcional ao contributo que dá para o orçamento do município. Em mais de uma década de governação pela atual coligação, contam-se pelos dedos de uma mão – e ainda sobram dedos – os investimentos efetivamente realizados em Armação de Pêra através do orçamento municipal. Este é, portanto, um “orçamento dos amanhãs que cantam” – cheio de promessas, mas vazio de garantias de execução. O resultado? Doze anos perdidos para Armação de Pêra e para grande parte das freguesias do concelho de Silves, que continuam a ver o futuro adiado em nome de um presente eleitoralista.

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