O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
"Cabaz Dourado": O novo luxo da dieta mediterrânica
O cabaz alimentar analisado pela DECO Proteste e pela SIC Notícias registou um novo recorde de preço, batendo os tambores da inflação com uma subida de quase 6 euros só neste mês. Comparado com janeiro, já lá vão 7 euros a mais — o equivalente a um frango com pernas de caviar ou duas batatas com certificado de autenticidade do Douro.
O tomate e a batata, outrora humildes figurantes no prato português, subiram 25% desde 2022 e já se consideram produtos gourmet. Rumores indicam que o próximo Masterchef terá um episódio especial: “Como cozinhar uma batata sem hipoteca bancária.”
Mas enquanto os especialistas debatem números e gráficos em estúdios com ar condicionado, nas ruas de Armação de Pera, a matemática é feita com sacos de compras e suspiros fundos.
— Oh MiMi! Então não vais para casa? Já vais a caminho da praia com isso tudo? — perguntou a D. Teresa, ajeitando a alface murcha no saco de pano, ainda incrédula com o preço dos legumes.
— Praia? Nem pensar, mulher! Vou ali à Ourivesaria Carvalheiro, ver se me aplicam este salmonete no fio que o meu neto me deu. — respondeu MiMi, erguendo com orgulho um peixe prateado como quem mostra uma joia rara. — Com os preços que estão no mercado, isto agora já vale mais do que ouro.
— Ah! Então agora é isso... vai-se ao mercado comprar peixe e sai-se de lá com uma fortuna em proteínas! — riu-se a Teresa. — Parece que ir à ourivesaria sai mais barato do que vir ao mercado!
— E sem fila! — acrescentou a MiMi, já a subir a rua. — Ali ao menos não tenho de discutir com a peixeira se é 18 euros o quilo ou 18 euros o exemplar.
A indignação local cresce a par dos preços. Há quem diga que, se a tendência continuar, o próximo cabaz alimentar virá com código de barras em ouro e segurança privada. Em Armação de Pera, onde o calor aperta e o bolso esvazia, a sensação geral é clara: a inflação está mais salgada que a água do mar.
"Já não se faz gaspacho, faz-se joalharia líquida!" — brinca um comerciante que prefere manter o anonimato, mas que admite ter guardado dois tomates no cofre da loja.
A DECO ainda não comentou as aspirações artísticas do salmonete, mas fontes próximas da Ourivesaria Carvalheiro confirmam que já há encomendas para pendentes de lula e brincos de sardinha.
Até lá, resta-nos escolher: jantar uma posta de pescada ou investir numa pequena barra de ouro em forma de courgette.
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"Raízes do problema: a saga épica da árvore da Beira Mar (e da Câmara que a ignora)"
Na vibrante e movimentada Av. Beira Mar, frente ao imponente Casino, desenrola-se há meses uma epopeia moderna digna de Homero – com menos deuses do Olimpo e mais fitas plásticas. A protagonista? Uma árvore robusta e resiliente, que ousou... crescer.
Em sua nobre missão de encontrar água e nutrientes, a árvore expandiu suas raízes de forma rebelde, erguendo o pavimento com a mesma determinação de um filme-catástrofe de domingo à tarde. O solo, é claro, colabora pouco: compacto, ingrato, impermeável e emocionalmente indisponível. Resultado? Uma calçada transformada em pista de obstáculos para atletas de parkour, idosos destemidos e carrinhos de bebé com suspensão off-road.
Mas eis que surge a heroína improvável da trama: a solução provisória da Câmara Municipal de Silves. Em vez de intervenções sérias ou engenheiros, optou-se por algo mais artesanal – um cercadinho de fita plástica, preso com varetas de ferro tortas, provavelmente reaproveitadas de uma feira medieval. Um toque de design urbano ao estilo “faça você mesmo com materiais que sobraram do Natal”.
E então, como num plot twist digno de telenovela, uma bobcat apareceu. Durante alguns dias, desfilou pela área como se estivesse a avaliar o terreno para uma nova série da Netflix. Mas como toda personagem misteriosa, desapareceu sem explicações. Alguns dizem que era só um holograma para acalmar os ânimos. Outros acham que foi colocada lá como decoração temática de verão: "Silves e as máquinas que não fazem nada".
Afinal, a Câmara está à espera de quê? De que as raízes se inscrevam no orçamento participativo? De uma manifestação das árvores em frente aos Paços do Concelho com cartazes a dizer “Queremos espaço para respirar”? Ou de uma intervenção divina, talvez por parte de Santo Urbanístico, padroeiro das obras paradas?
Urge lembrar que árvores em meio urbano não são vilãs, são aliadas – desde que tratadas com o respeito que merecem e com o planeamento que os cidadãos esperam. Há soluções técnicas, há conhecimento, há bons exemplos... só parece faltar vontade.
E até lá, seguimos na Beira Mar, a tropeçar nas raízes do descaso.
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quarta-feira, 23 de julho de 2025
Onde anda a GNR? Armação de Pêra vive dias de insegurança
Armação de Pêra está a ser alvo de uma onda de assaltos que tem deixado a população em estado de alerta e indignação. Em poucos dias, o mini mercado “Ú Cantinho da Telma” foi assaltado duas vezes, um apartamento na Rua D. Afonso III foi invadido, e até a ótica junto ao mercado municipal não escapou à ação dos criminosos.
A revolta dos moradores é cada vez mais audível. As caras dos suspeitos são conhecidas por muitos na vila — e mesmo assim, as autoridades parecem continuar de braços cruzados. A GNR tarda em agir com eficácia e visibilidade, e a ausência de respostas concretas começa a levantar sérias questões sobre a presença e atuação das forças de segurança na freguesia.
Enquanto isso, os responsáveis políticos locais — Junta de Freguesia e Câmara Municipal — parecem mais preocupados com a gestão da imagem do que com a proteção efetiva dos seus munícipes. O silêncio e a passividade dos autarcas perante estes acontecimentos agravam o sentimento de abandono e insegurança.
Os armacenenses não querem promessas vagas nem discursos formais. Querem segurança, presença policial ativa e respostas firmes. Querem voltar a viver numa vila onde o comércio local não tenha de fechar portas por medo, onde os residentes possam dormir tranquilos e onde a criminalidade não se sinta à vontade para agir impunemente.
É urgente que as autoridades — civis e policiais — deixem de assobiar para o lado. A segurança pública não pode ser uma miragem, nem um luxo reservado a outras localidades. Armação de Pêra exige ação. E merece respeito.
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“Do Estrado à Chucha: Uma História de Mercado(s) e Migalhas”
Diz-se por aí que Lisboa tem o Terreiro do Paço, Paris tem o Marché de Rungis, e Armação de Pêra… bem, Armação tem os restos de Silves. Literalmente.
Corria o ano de 1958, e um visionário lisboeta — o arquiteto Paulo Henrique de Carvalho Cunha — desceu até à costa algarvia, armado de régua, esquadro e um “Plano Geral de Arranjo Urbanístico”. Palavra chique essa: arranjo. Porque arranjo foi precisamente o que se fez — e que grande “arranjo”! — com o velho mercado de peixe de Silves.
A necessidade de um mercado em Armação já vinha de longe. As vendedeiras equilibravam peixe e legumes sobre estrados nas ruas, entre gaivotas e veraneantes. Era, digamos… um modelo de mercado ao ar livre avant-garde. E o povo clamava: “Queremos um mercado de verdade!”
A Câmara de Silves, magnânima como sempre, respondeu à chamada. Mas em vez de gastar um tostão na construção de um mercado digno, decidiu reciclar — que é muito moderno — e despachou para a vila praiana o material da antiga praça de peixe de Silves.
E assim, no glorioso dia 26 de junho de 1960, pelas 17 horas (hora exata para quem quer tapar o sol com a peneira), inaugurava-se, com pompa e peixinhos, o mercado remendado.
Em Silves: um mercado novo, fresquinho.
Em Armação: o cabaz da reciclagem.
Claro que aquilo não servia para as necessidades da população, nem para os veraneantes, que já nessa altura exigiam mais do que sardinha ao sol. Resultado? A rua em redor foi-se transformando numa extensão não-planeada do mercado, onde cada vendedor plantava a sua banca como quem planta couves.
Foram precisos mais de 30 anos de pedidos, súplicas e promessas em papel timbrado até que, finalmente, em Abril de 1990 — ano glorioso para a democracia e para o bacalhau seco — surgiu o atual mercado. Bonito? Funcional? Talvez. Mas já velhinho, cansado, a ranger das pernas como um banquinho de três pés.
E agora, mais de 35 anos depois, os armacenenses olham para Silves e veem obras, pavilhões, centros culturais. E olham para o mercado da vila… e veem a mesma estrutura de sempre, com cheiro a sardinha e nostalgia.
Pedem modernização. Recebem promessas. Pagam impostos. Recebem chuchas.
Enquanto isso, os autarcas de Silves devem rir-se discretamente, talvez entre uma alfarroba e um café na esplanada do mercado novo da sede de concelho. E Armação de Pêra? Armação continua à espera. À espera que um novo plano urbano traga mais que remendos — e talvez, quem sabe, um mercado onde as bancas não fiquem com os pés na rua e os fregueses de molho até aos tornozelos.
Porque, sejamos honestos: reciclar é bom. Mas reciclar a dignidade de uma freguesia inteira? Isso sim, cheira a peixe.
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terça-feira, 22 de julho de 2025
Armação de Pêra não merece mais um atentado urbanístico
No final da década de 1970, os terrenos confinantes com o emblemático Hotel Garbe, em Armação de Pêra, foram destinados à construção de mais uma unidade hoteleira. Os proprietários, então donos da histórica Empresa de Viação do Algarve (EVA), sediada em Faro, viam nessa aposta uma forma de integrar o setor dos transportes com o turismo emergente — duas forças em franca expansão no Algarve da época.
À luz do contexto socioeconómico daquela altura, a ideia até fazia sentido. O turismo crescia, a costa algarvia começava a ganhar visibilidade internacional e havia espaço — e necessidade — para acolher visitantes. Mas o tempo passou, os paradigmas mudaram e, com eles, as exigências e preocupações da população local também.
Hoje, mais de quatro décadas depois, esses mesmos terrenos voltam ao centro do debate. O Plano Diretor Municipal (PDM) de Silves assinala esta zona como um compromisso urbanístico, o que levanta preocupações legítimas sobre a possibilidade de retomar o projeto hoteleiro. Mas será que, em 2025, ainda faz sentido construir mais um hotel naquela área?
A resposta parece óbvia para quem vive em Armação de Pêra: não. A zona está já excessivamente densificada, com uma malha urbana apertada, falta crónica de estacionamento, escassos espaços verdes e uma praia sobrelotada durante o verão. A densidade populacional atinge níveis que se aproximam dos de algumas cidades chinesas — um absurdo quando falamos de uma vila costeira que deveria primar pela qualidade de vida, pelo equilíbrio entre residentes e visitantes e pela valorização ambiental.
O receio da população aumentou quando, antes do verão, foi vista uma empresa a realizar um levantamento topográfico naqueles terrenos. A associação imediata a um novo projeto de construção foi inevitável. O sentimento de insegurança instalou-se. O que se teme não é o progresso — é a repetição dos erros do passado. Armação de Pêra já sofreu demasiado com um urbanismo desenfreado, feito à margem da sustentabilidade e do interesse público.
Os residentes perguntam, com razão: Armação não merece melhor? Não merece um plano urbano que privilegie qualidade de vida em vez de betão? Não merece ver valorizados os seus espaços naturais, o seu património arquitetónico e a sua identidade local?
Este não é apenas um debate técnico ou jurídico — é um debate ético. A decisão de permitir (ou não) mais uma construção massiva naquela zona deve ser feita com base naquilo que se quer para o futuro de Armação de Pêra. E esse futuro não pode passar por mais um atentado urbanístico, mascarado de desenvolvimento.
Há momentos em que é preciso dizer "basta" e mudar de rumo. Este é um deles.
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segunda-feira, 21 de julho de 2025
Sereia de Armação: Raptada por Indianos ou Farta da Junta? Um Mistério que Ecoa nas Ondas
Armação de Pêra acordou esta semana com um silêncio ensurdecedor vindo do mar. A Sereia — sim, Aquela Sereia, musa mística das selfies turísticas e dos pescadores reformados — desapareceu. Sumiu. Evaporou-se nas ondas do desencanto.
O povo, habituado à sua pose estoica e à sua voz hipnótica que cantava promessas vagas de um futuro glorioso para a vila, está em choque. Uns juram que viram luzes estranhas no céu. Outros garantem que foi levada por uma traineira espanhola. Mas a teoria que mais ganha força é... foram os Indianos.
Sim, segundo fontes não identificáveis mas muito barulhentas, um grupo de nacionalistas locais do Chega garantem “a pés juntos, de peito feito e cérebro em modo de espera” que a Sereia foi levada por Indianos — talvez como vingança por Camões ter estado na Índia em 1553 sem visto Schengen. “Se ele lá foi sem autorização, por que é que agora eles não podem vir cá buscar uma sereia? É tudo culpa do Camões!” – bradou um senhor de bigode e bandeira na varanda, enquanto consultava o “Facebúquio” para confirmar os factos históricos.
Outros, porém, acreditam numa explicação mais triste — ou mais sensata. Dizem que a Sereia regressou à mítica Ilha dos Amores, porque já não aguentava ver Armação tratada como o anexo balnear do abandono. “Mesmo virada para o mar, ela via tudo”, sussurrou uma idosa que lhe deixava sardinhas aos pés em dias de vento leste. “Via os buracos nas ruas, as promessas enterradas nas areias da junta, os concertos cancelados e os bancos de jardim que mais parecem armadilhas para hérnias discais.”
A Sereia cantava. Mas ninguém a ouvia. E quando uma sereia canta e ninguém a escuta, até o mar perde a vontade de ser salgado.
Dizem que partiu numa onda silenciosa. Que deixou um bilhete escrito com espuma:
"Não fui levada. Fui embora. Cansada de ver tanto sol mal aproveitado e tanta sombra mal intencionada."
Mas há esperança. Talvez volte. Talvez, quando os discursos deixarem de ser apenas espuma das marés eleitorais, e os responsáveis perceberem que uma vila não se governa com selfies e promessas de verão, ela regresse.
Até lá, resta-nos olhar o mar e ouvir... o silêncio.
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Limpeza Urbana no Algarve: Quando a Comparação Fala Mais Alto
Vídeo mostra a diferença gritante entre o serviço de limpeza de um concelho vizinho e o estado de abandono nos pontos de recolha de resíduos em Armação de Pêra.
Nas imagens recentes captadas num concelho vizinho do Algarve, é visível um serviço de limpeza urbana exemplar: contentores limpos, áreas envolventes cuidadas e ausência de lixo fora dos recipientes. O contraste com a realidade em Armação de Pêra é, no mínimo, preocupante.
Enquanto noutros pontos da região os serviços camarários demonstram organização e eficácia, em Armação de Pêra – sob responsabilidade da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Silves – os locais junto aos contentores de lixo revelam um cenário desolador: sacos espalhados no chão, odores intensos, resíduos a céu aberto e limpeza praticamente inexistente.
Este vídeo comparativo expõe de forma clara a urgência de uma intervenção mais eficaz por parte das entidades responsáveis. A falta de manutenção e limpeza regular compromete não só a saúde pública, mas também a imagem de uma vila turística que, especialmente no verão, recebe milhares de visitantes.
A população local e os empresários da zona têm vindo a manifestar a sua indignação, exigindo mais atenção e transparência na gestão dos serviços básicos de higiene urbana. Em tempos em que a sustentabilidade e o bem-estar urbano são prioridades em vários municípios algarvios, é inadmissível que Armação de Pêra continue a apresentar este tipo de cenário.
Fica a pergunta: se outros concelhos conseguem manter as suas ruas limpas, porque continua Armação de Pêra a falhar?
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Armação de Pêra Cresce, Mas Fica para Trás
Nos últimos anos, Armação de Pêra tem-se destacado como a freguesia com maior crescimento populacional no concelho de Silves, registando, de acordo com os Censos de 2021, um impressionante aumento de 23,4%. Com uma área territorial de apenas 8 km² e uma densidade populacional de 751,4 hab/km², Armação aproxima-se, em termos de compactação urbana, de cidades como Lisboa, Atenas ou Nápoles.
Esta concentração populacional, longe de ser um problema, representa uma oportunidade rara para a eficiência da gestão urbana. Quanto mais densa for uma cidade, mais barato se torna manter os serviços básicos como abastecimento de água, drenagem e recolha de resíduos. No entanto, essa vantagem estrutural está a ser desperdiçada.
Enquanto Silves e São Bartolomeu de Messines, apesar de representarem metade da população do concelho, registam uma taxa de crescimento negativa (-3,2%), continuam a absorver a maior parte do investimento público municipal. Silves concentra os principais serviços públicos, os equipamentos culturais e as infraestruturas mais bem cuidadas. Na cidade de Silves, as ruas não cheiram a lixo nem têm buracos nas calçadas.
Armação de Pêra, pelo contrário, paga mais do que recebe. Com um forte peso no turismo, no comércio e na atividade económica local, é um motor de receita para o concelho — mas não é tratada como tal. Apesar do crescimento e da densidade, não se verifica o correspondente investimento em equipamentos públicos, mobilidade, espaços verdes, ou reforço dos serviços essenciais.
Nos últimos 12 anos, é legítimo perguntar:
👉 Qual foi o investimento estrutural significativo feito pela Câmara Municipal em Armação de Pêra?
👉 Onde estão os equipamentos públicos que acompanham o crescimento da freguesia?
👉 Por que razão as decisões continuam a ser tomadas em gabinetes distantes dos cidadãos, com pouca escuta ativa e ainda menos ação concreta?
A gestão municipal não pode continuar a ignorar os dados e a realidade do território. Governar não é apenas manter o centro histórico arranjado, mas garantir coesão territorial, equilíbrio nos investimentos e justiça social entre freguesias. O crescimento de Armação de Pêra precisa de ser acompanhado de investimento — não apenas por razões de equidade, mas por uma questão de visão estratégica.
Se Armação cresce, é porque tem potencial. E esse potencial merece ser reconhecido, respeitado e sustentado.
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domingo, 20 de julho de 2025
Praia de Armação de Pêra: o problema não está só nas concessões
A recente publicação do jornal Terra Ruiva, sob o título “Na Praia de Armação de Pêra – Sobe o mar, falta areal e sobram concessões privadas e públicas”, traz à tona um problema que há muito se sente, mas que poucos têm coragem de enfrentar com profundidade: o crescente aperto da praia frente ao aumento da procura e à diminuição do espaço disponível. Mas será que acabar com as concessões é mesmo a solução?
É inegável que o espaço útil na praia está cada vez mais reduzido. A subida do mar, as alterações climáticas e a configuração natural da baía tornam a situação ainda mais complexa. No entanto, culpar apenas as concessões – sejam elas privadas ou públicas – parece simplista. Quem hoje utiliza uma concessão com toldos, caso esta desapareça, não deixará de vir à praia; apenas competirá por um espaço ainda mais escasso no areal livre.
Além disso, não se discute o tamanho dos chapéus-de-sol, a quantidade de espaço que cada família ocupa ou o comportamento dos utilizadores. Tudo isso influencia o usufruto coletivo da praia, mas raramente entra no debate. A solução, portanto, deve ser mais ampla e estrutural.
É preciso olhar para além da linha do mar. A norte da Praia do Olival, observando imagens do Google Earth ou fotografias antigas da década de 70, é possível ver a mudança radical no território: uma densificação urbana acelerada, incentivada por sucessivas decisões camarárias que priorizaram receitas imediatas em detrimento da sustentabilidade da vila.
Hoje, Armação de Pêra conta com cerca de 11 mil alojamentos. Durante a época alta, a população flutuante pode atingir os 50 mil habitantes.
A pergunta impõe-se: há espaço de praia suficiente para todos durante a praia mar? Claramente, não. E o problema não está na concessão de 1,8 m2 de sombra com espreguiçadeiras. Está, sim, na forma como se permitiu – e continua a permitir – a ocupação do território sem planeamento urbano coerente.
Entre o minigolfe e a praia do Olival, a faixa de areia é ainda mais exígua, emparedada pela falésia. A pressão sobre esta zona é enorme, e qualquer solução que se limite a “acabar com as concessões” será apenas um paliativo.
Talvez esteja na hora de pensar em alternativas mais criativas e sustentáveis: criar zonas balneares alternativas ao longo do concelho, investir em transportes e acessos que facilitem a distribuição dos banhistas por outras praias menos sobrecarregadas, repensar o urbanismo local e criar mais espaços públicos de lazer fora da linha costeira.
Armação de Pêra não pode continuar a crescer em população e construções enquanto a sua frente marítima permanece limitada e vulnerável. É hora de pensar o futuro com seriedade, pois areia não se fabrica e o mar não recua.
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sábado, 19 de julho de 2025
Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes: Tradição, Fé e o Desejo de um Regresso ao Mar
De 7 a 10 de agosto, Armação de Pêra volta a vestir-se de fé e tradição com as celebrações em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos homens do mar. Este evento, que há décadas une a comunidade local, emigrantes e visitantes, culmina no dia 10 com a procissão solene, ponto alto de um programa carregado de simbolismo e devoção.
Mas há um sentimento partilhado por muitos armacenenses: a saudade da procissão marítima. Durante anos, foi pelo mar que a imagem da Senhora dos Navegantes percorria a enseada, acompanhada por embarcações engalanadas e centenas de fiéis em terra, numa cena de rara beleza e emoção. Porque terá deixado de se realizar no mar?
Segundo vozes da comunidade, a mudança coincidiu com a entrada de uma nova equipa na gestão da Junta de Freguesia. Embora não haja uma explicação oficial clara, alguns apontam para questões logísticas, de segurança marítima, ou até de custos associados à organização de uma procissão no mar.
A verdade é que, para muitos, a alma desta celebração parece incompleta sem o mar como pano de fundo. A ligação entre a fé e a vida piscatória de Armação de Pêra é inegável, e a imagem da Santa sobre as águas era, para muitos, uma expressão máxima dessa união.
Será possível o regresso da procissão ao mar?
A resposta dependerá, certamente, de vários fatores — desde o envolvimento das autoridades marítimas até à vontade política local e, acima de tudo, da mobilização da própria comunidade. O desejo existe, está bem vivo nas conversas de rua e nas partilhas nas redes sociais. Talvez seja hora de abrir o diálogo.
Porque as tradições só vivem se forem cuidadas — e adaptadas com respeito ao seu passado — talvez seja tempo de perguntar:
Nossa Senhora dos Navegantes voltará um dia a navegar sobre as águas de Armação de Pêra?
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sexta-feira, 18 de julho de 2025
Compromisso com a Verdade e a Transparência
Nos últimos dias, temos sido questionados por vários armacenenses sobre qual o valor do salário do presidente da Junta de Freguesia de Armação de Pêra, um dos quatro candidatos ao cargo nas próximas eleições autárquicas.
Porque acreditamos que a política local deve ser feita de forma transparente, com respeito pelos cidadãos e pelos recursos públicos, esclarecemos:
De acordo com a Lei nº 169/99, de 18 de setembro, e a Lei nº 11/96, de 18 de abril, nas freguesias com entre 5000 e 10 000 eleitores ou com mais de 3500 eleitores e uma área superior a 50 km², o presidente da junta pode exercer o seu mandato em regime de meio tempo, com remuneração assegurada pelo Orçamento de Estado.
No caso de Armação de Pêra, essa condição aplica-se.
Assim, o presidente da junta, caso opte pelo regime de meio tempo, recebe anualmente, entre salário, subsídios de férias e Natal, e despesas de representação:
13.490,98 euros pagos pelo Estado.
Este valor não é fixado localmente, nem resulta de qualquer decisão dos candidatos — é definido por lei e pago com dinheiro público.
Porque acreditamos que os armacenenses merecem saber quem os representa e em que condições, não fugimos a esta e a nenhuma outra pergunta.
Estamos aqui para servir — com responsabilidade, com seriedade e com total transparência.
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Administração Pública,
Eleições Autárquicas
Noite de Alegria e União: Baile na Fortaleza anima Armação de Pêra
A histórica Fortaleza de Armação de Pêra encheu-se de vida na noite de ontem com o animado baile organizado pelo Agrupamento de Escuteiros 598. O evento, marcado por muita alegria, música e espírito comunitário, reuniu dezenas de pessoas num ambiente acolhedor e festivo à beira-mar.
A iniciativa, que já começa a tornar-se uma tradição no calendário local, teve como principal objetivo fortalecer os laços entre a comunidade e angariar fundos para as atividades escutistas. Desde famílias inteiras a visitantes de férias, todos foram contagiados pela energia positiva e pela boa disposição que se fez sentir do início ao fim.
A música ao vivo garantiu que a pista de dança estivesse sempre cheia, enquanto as bancas de petiscos e bebidas tradicionais ofereciam sabores irresistíveis. O pôr do sol sobre o mar deu o tom perfeito ao início da festa, tornando o cenário verdadeiramente inesquecível.
"É maravilhoso ver a nossa Fortaleza transformada num espaço de convívio e celebração. Os escuteiros estão de parabéns pela organização impecável e pela forma como acolheram todos com tanto carinho," afirmou uma das participantes.
O Agrupamento 598 de Armação de Pêra demonstrou, mais uma vez, o seu compromisso com a comunidade local, promovendo não apenas momentos de diversão, mas também valores como união, solidariedade e serviço.
A noite terminou com muitos sorrisos e memórias felizes — e a promessa de que, haverá mais.
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Sugestão Cultural de Última Hora!
Dado o estado das ruas, do lixo, das ervas e da insegurança em Armação de Pêra...
Achamos que só falta uma coisa para fechar este mandato com chave de lata:
Bruno Alves podia muito bem pedir ao ilustre José Vieira, dirigente da ACRAP, que incluísse a nossa "Marcha da Esperança (Ou Não!)" como o testamento oficial de fim de mandato!
Afinal, se há cheiro a lixo, buracos nas calçadas e ervas até aos joelhos... que seja ao menos com música e rima!
Porque se é para rir para não chorar, que seja com coreografia!
Armação de Pêra merece mais que promessas: merece uma marcha que diga tudo… a cantar!
Marcha da Esperança (Ou Não!)
(Refrão)
Bruno Alves, oh vem ver,
O que há em Armação de Pêra a acontecer!
Junto acreditamos,
Mas já nem sabemos se choramos!
Lixo nas ruas a cheirar tão mal,
Calçadas com buracos — que infernal!
Ervas por cortar, parece o matagal,
E a insegurança já virou normal!
(Estrofe 1)
Em Armação de Pêra há sol e mar,
Mas também há lixo por todo o lugar!
A cada passo, buraco no chão,
E erva alta até no paredão!
(Refrão)
Bruno Alves, oh vem ver,
O que há em Armação de Pêra a acontecer!
Junto acreditamos,
Mas já nem sabemos se choramos!
Lixo nas ruas a cheirar tão mal,
Calçadas com buracos — que infernal!
Ervas por cortar, parece o matagal,
E a insegurança já virou normal!
(Estrofe 2)
À noite o medo é companhia,
Na terra onde devia haver alegria.
Até os turistas já vão reclamar,
Do cheiro a lixo junto ao calçadão do mar!
(Refrão final)
Bruno Alves, há solução?
Ou Armação vai ficar na desilusão?
Junto acreditamos,
Mas agora, será que acordamos?
Lixo, insegurança e matagal,
A vila merece algo sem igual!
Com marchas vamos recordar,
Que o povo canta... até limpar!
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Eleições Autárquicas
quinta-feira, 17 de julho de 2025
"Radhica Tira Média de 20 no Secundário — Nacionalistas Sofrem Reação Alérgica à Excelência Alheia"
Armação de Pera, 2025 — Radhica, filha de emigrantes, chegou a Portugal há apenas seis anos, sem saber uma palavra de português. Esta semana, ao divulgar-se que terminou o 12.º ano com média de 20 valores nos exames nacionais, iniciou-se o que já está a ser chamado de “Crise Nacional da Autoestima Lusitana”.
A Reação Nacional: Um Misto de Choque e Ressentimento
"É um escândalo! Isto não é meritocracia, é bruxaria socialista multicultural!", afirmou um popular opinionista de sofá com um diploma tirado em PowerPoint durante uma conferência do Chega em Santa Comba Dão. “Como é que uma filha de estrangeiros, sem padrinhos nem quotas de canal de YouTube, consegue ultrapassar o Joãozinho, que há três anos estuda para Filosofia com vídeos do Tiago Paiva?”
Radhica, que chegou a Portugal sem saber distinguir ‘carro’ de ‘caril’, agora sabe mais gramática portuguesa que muitos deputados da Assembleia. Os resultados impressionaram até a máquina de correção dos exames, que inicialmente sinalizou as respostas como “estatisticamente impossíveis dentro do sistema de ensino público”.
A pandemia de acéfalos: uma realidade bem portuguesa
Enquanto isso, nas redes sociais, rebentam em fúria os comentários de “patriotas”, “nacionalistas” e “amantes de Portugal com aversão à leitura”. A média de Radhica parece ter causado uma onda de dissonância cognitiva — condição neurológica que, segundo especialistas, se agrava em contacto com dados, factos ou pessoas que leem livros.
“Esta gente vem para cá tirar os nossos 20’s!”, exclamou outro crítico online, que frequentou três semanas de um curso de filosofia numa universidade privada e ainda pensa que Camões lutou nas trincheiras da Segunda Guerra Mundial.
Portugueses no estrangeiro: 40 anos na Suíça, francês ao nível de menu de restaurante
"Não é justo!", diz também o Sr. Manuel, emigrante há 42 anos na Suíça, que se orgulha de nunca ter aprendido mais do que “croissant” e “bonjour madame”. “A gente lá fora não precisa dessas coisas. A língua é uma arma de opressão, e se aprendermos francês, depois temos que pagar impostos.”
Ciência, dados, e o eterno problema do “achismo patriótico”
O caso Radhica trouxe também à tona a verdadeira clivagem do país: não entre esquerda e direita, mas entre quem respeita dados e evidências científicas e quem constrói o mundo a partir de vídeos de TikTok e grupos de WhatsApp com teorias sobre como o português médio já nasce com doutoramento no ADN.
A última palavra: de Radhica, claro.
Confrontada com o alarido em seu torno, Radhica limitou-se a dizer:
“Estudem. Leiam. E não achem que amor a Portugal é fechar portas — é abrir livros.”
Fontes do Ministério da Educação confirmam que estão a estudar transformar esta frase no novo lema das escolas públicas. Fontes do Chega confirmam que estão a estudar se ela poderá ser deportada por excesso de méritos.
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Quatro rostos para o futuro de Armação de Pêra: conheça os candidatos à Junta de Freguesia
Nas próximas eleições autárquicas, a freguesia de Armação de Pêra será palco de uma disputa entre quatro candidatos com percursos distintos, experiências diversas e propostas que prometem marcar o futuro da comunidade local. Dois nomes já foram apresentados publicamente, enquanto outros dois estão em fase de confirmação por parte das respetivas forças políticas.
Bruno Miguel Alves (PSD – Coligação Juntos Acreditamos)
Aos 39 anos, Bruno Miguel Alves é gestor de marketing e comunicação e desempenha atualmente funções como tesoureiro da Junta de Freguesia. Apresentado pela Coligação Juntos Acreditamos, liderada pelo PSD, Bruno Alves surge como o candidato da continuidade, apostando numa imagem moderna e na valorização da experiência adquirida ao longo do atual mandato. A sua candidatura promete “proximidade, eficiência e inovação na gestão local”.
António Morgado (Chega)
Com 63 anos, aposentado da Polícia de Segurança Pública (PSP), António Morgado representa o partido Chega nesta corrida autárquica. Apresentado já oficialmente, o seu discurso tem-se centrado na defesa da ordem, da segurança e da transparência nos assuntos da Junta. Morgado apresenta-se como uma “voz dos cidadãos descontentes” e diz querer “recuperar a confiança dos armacenenses na política local”.
Manuel Nobre Oliveira (Independente pelo PS)
Embora ainda não tenha sido oficialmente apresentado, é já certo que o Partido Socialista irá apoiar a candidatura independente de Mário Nobre Oliveira, aposentado da função pública. Com um perfil discreto mas conhecido entre vários setores da comunidade, Nobre Oliveira pretende representar uma alternativa centrada na limpeza urbana, coesão social e no reforço dos apoios às famílias e aos idosos.
Francisco Alberto (CDU)
Francisco Alberto é pescador e canalizador, conhecido pelo seu envolvimento ativo na vida cultural e tradicional da freguesia. Foi um dos organizadores dos jogos tradicionais realizados durante as Festas de Nossa Senhora dos Navegantes e é um dos rostos da tradicional procissão pelo mar. A sua candidatura pela CDU pretende dar voz aos trabalhadores e promover o reforço dos serviços públicos, com especial atenção à habitação, pesca e cultura local.
Um futuro em aberto
A freguesia de Armação de Pêra prepara-se para escolher entre quatro caminhos diferentes. Jovens e experientes, técnicos e populares, todos os candidatos trazem consigo visões distintas para o desenvolvimento local. Resta agora aos eleitores analisar as propostas, comparar os percursos e decidir quem será o próximo presidente da Junta de Freguesia.
Etiquetas:
Eleições Autárquicas
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