O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Português cada vez mais Maltratado!

Um dia destes conversava animadamente com um amigo sobre os conhecimentos linguísticos (limitados) dos nossos estudantes universitários e o mau uso da língua portuguesa por parte da comunicação social em geral, como vai sendo óbvio para o leitor e ouvidor comum.

Falar português escorreito não é somente evitar erros ortográficos, mas também dominar o léxico, a morfologia, a sintaxe, a semântica e, porque não, a pontuação. Vivemos numa sociedade isenta de referências e quanto à língua portuguesa o caso é grave. Já aqui se disse da responsabilidade assacada à comunicação social (TV, Rádio, Jornais..), todavia não será descabido mencionar também muitos dos professores que leccionam nas escolas e nas universidades do nosso país.

Em tempos que já lá vão, o traquejo da escrita passava pela elaboração amiúde de redacções e pela prática de exercícios que visavam o domínio da gramática. Para não mencionar o ensino do latim que então era de frequência obrigatória nos cursos liceais, designadamente, para os alunos que optavam pela via das letras.

Agora, as novas tecnologias dominam as escolas, as nossas casas e o tempo escasseia, assim como a falta de motivação para boas e profícuas leituras. Poder-se-á ainda acrescentar que o exemplo tem de vir de cima, ou seja, muitos professores não lêem um livro por ano e transmitem, ainda que inadvertidamente, esse desinteresse aos seus alunos.

Nesta sociedade dita moderna e progressista, facilita-se em tudo e em mais alguma coisa e a língua portuguesa não escapa à onda devastadora do facilitismo.
Em tempo de crise, não será descabido afirmar que também a nossa língua materna é atacada por este fenómeno. Mas, já alguém dizia, que a crise pode abrir muitas e inovadoras portas. Assim sendo, tenhamos esperança que algo se fará no sentido de preservar o nosso maior património nacional, a língua portuguesa.

Bernardete Costa

@@@@@@

Parodiando um pouco o problema (sério) que a Dra Bernardete Costa levanta neste post no seu blog, não resistimos a partilhar com os visitantes deste sítio um apanhado de expressões vulgarizadas na comunicação dos portugueses que, representando outra faceta do mesmo problema,agora nos iletrados, constitui evidência do fundamento das suas preocupações.

Sem prejuízo de, noutro contexto, constituir a sua leitura um momento de paródia e, concedamos... de boa disposição!!!

Pequeno dicionário do português alarve (recebido por email com pedido de publicação):

Alevantar
O acto de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'.

Amandar
O acto de atirar com força: 'O guarda-redes amandou a bola para bem longe'

Aspergic
Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.

Assentar
O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair
no cimento.

Capom
Porta de motor de carros que quando se fecha faz POM!

Destrocar
Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.

Disvorciada
Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.

É assim:
Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.

Entropeçar
Tropeçar duas vezes seguidas.

Êros
Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.

PS-Também conhecido por: Éros e Óros

Falastes, dissestes...
Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele falou, TU FALASTES.

PS-Caso seja: VISTES - ÓVISTES - CHEIRASTES está correcto por que é plural.

Dois olhos, dois ouvidos, dois buracos no nariz

Fracturação
O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial.
Casa que não fractura... não predura.

Há-des
Verbo 'haver' na 2ª pessoa do singular: 'Eu hei-de cá vir um dia; tu
há-des cá vir um dia...'

PS-Em plural será hadem. Ex: Vocês hadem ver!

Inclusiver
Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu
inclusiver acho esta palavra muita gira.
Também existe a variante 'Inclusivel'.



A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à
língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?

Nha
Assim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA.
Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma poupança extraordinária.

Númaro
Também com a vertente 'númbaro'. Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!

Parteleira
Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.

PS-Também há o CACIFRO

Perssunal
O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex.: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.

Pitaxio
Aperitivo da classe do 'mindoím'.

PS-Não esquecer a MINE que acompanha...

Prontus
Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem.

Quaise
Também é uma palavra muito apreciada pelos nossos pseudo-intelectuais...
Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.

Estou sastefeito!
Igualmente uma palavra comum, depois da refeição o alarve dá-se por vencido...

Stander
Local de venda. A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis.
O 'stander' é um dos grandes clássicos do 'português da cromagem'...

Tipo
Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo.
É assim... tipo, tás a ver?

Treuze
Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.

"Atão" e a "meunza"?

"Atão" e a "chofagem"?

Para encerrar: PRONTUS - PORTANTOS - É ASSIM - MAI NADA

1 comentário:

Anónimo disse...

Então e a bebé? E a calça? E o sapato ou a bota?

Bom, para não falar da União de Leiria ou da Roma, embora a origem do erro seja diferente...Qualquer jornalista que se preze usa estes termos e ninguém parece preocupar-se.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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