O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 3 de julho de 2011

IV Poder corrompido, não é solução! É problema!

Por razões que, à priori, desconhecemos, não simpatizamos com o snr. secretário de estado da cultura, cujo nome nem sequer nos ocorre depois de um esforço sério.

É uma figura que nunca nos suscitou empatia! Apesar da sua comunicação aparentemente doce parece-nos sempre esconder uma personalidade genuinamente amarga. Temo-lo por um dissimulado portanto. Caracterização feia em resultado de um acto não menos feio. Por conseguinte, è aquele snr. vitima de uma nossa percepção condicionada por uma componente alucinatória cuja origem e razões a existirem não tiveram “pernas” para achegar até hoje, sobretudo por não realizarmos um facto que o sustente. É mesmo caso para um psicólogo desvendar...


Sucedeu que aquele senhor, recentemente, foi figura central de uma noticia que denunciava uma fuga ao fisco na ordem dos quarenta e dois mil euros. Foi assim que foi entendida pela generalidade da população.


Mais recentemente a noticia pareceu evoluir, concretizando que o contribuinte em causa tinha um contencioso com o fisco por ter um entendimento diverso acerca da matéria colectável sobre a qual incidia a liquidação do imposto, diverso portanto daquele que a administração tributária pretende reclamar.


A denuncia torpe que a noticia constitui, pensamos nós, produziu o seu efeito. Para a generalidade da população o snr. secretario de estado deve ao fisco e não paga, é por conseguinte um agente da fuga fiscal.

Acusa-se não tantas vezes quantas as justificáveis e necessárias, as elites económicas, financeiras e politicas, por esse mundo fora e em Portugal também, de não terem retirado da crise de 2008 as devidas ilações. E mais gravosamente de não agirem em conformidade.


Até quando permitirão os cidadãos do planeta serem representados por gente tão pouco qualificada para as funções que desempenham? Tão irresponsável no seu desempenho? Tão autista perante o devir histórico?

Nos séculos XIX e XX a imprensa foi muitas vezes representando o contraponto daquelas elites, expressando o pensamento dos representantes informais dos cidadãos que, com maior ou menor liberdade de expressão, faziam questão de influenciar os acontecimentos, julgar a acção dos poderes informais ou instituídos, condenar os abusos, prevenir injustiças, enfim defender valores e princípios universais que a todos se aplicam, em resultado da evolução humana e civilizacional.


Chegou mesmo assim a ser justamente tida por: IV PODER!


Ao longo das ultimas décadas do sec. XX e até hoje os “mass média”, com um poder crescente que se dissolveu, cresceu e reforçou na sociedade da informação e da comunicação, foram evoluindo mais como fábrica de noticias e manipulador da opinião pública, do que propriamente baluarte e veiculo da expressão dos cidadãos não comprometidos com os poderes informais ou instituídos em permanente dialéctica com os mesmos. Mantendo no entanto a “respeitabilidade” que a sua origem justifica, apesar da deriva, a opinião publicada, confunde-se ainda, habitualmente, com a opinião pública.


A metamorfose desse poder (dos cidadãos)que justamente prosseguiu uma ambição de intrusão legitima, no baile dos poderes (Legislativo, Executivo e Judicial) como um genuíno e de resto, natural e verdadeiro parceiro na lógica dos “cheks and balances” (conquista da Revolução americana) numa vocação genética de autêntico “IV Poder”, a pretexto da sua sustentabilidade económica, cedeu à vertigem do poder e da lógica empresarial, como se de uma vulgar indústria se tratasse.


No estado a que o mundo chegou e, tal como dizíamos acerca das incorrigíveis elites, é hora de, no tribunal de turno dos factos que motivam a noticia: os “mass media”, pensarem em mudar de vida, se não quiserem ficar no tribunal da história, essencialmente, como vulgares “serial killers”.


Voltando ao nosso Secretario de Estado da Cultura, que parece estar a exercer um direito que lhe assiste de sustentar, quanto ao seu rendimento, a medida do imposto que julga ser o correcto, num pais cuja má gestão (abuso ilegítimo) da despesa determinou uma carga fiscal que o insuspeito Dr. Medina Carreira, considera já (antes do confisco de parte do 13º mês) a mais elevada da Europa, no mesmo pais onde o contencioso fiscal apresenta sessenta por cento (60%) das decisões judiciais, como favoráveis aos contribuintes, uma noticia desta natureza (que uma vez tornada pública equivale a uma condenação imediata na opinião publicada e na opinião pública) constitui objectivamente um crime de difamação (sem que preencha os elementos objectivos do tipo de crime) evidencia claramente que os “mass media” não olham a meios para alcançar audiência (volume de negócios), ao arrepio da sua vocação original e ao abrigo do conceito histórico de que a mesma beneficia (até quando?).


Neste caso, como infelizmente em inúmeros outros, quem se encontra em situação de incumprimento são os assumidos delatores (desta verdadeira denuncia caluniosa) e não o contribuinte que por acaso é secretario de estado e exerce os seus direitos num estado de direito democrático.


Provavelmente o nosso secretario de estado, se tiver sabedoria politica ( no sentido mais corriqueiro do termo) manter-se-á calado, pois naquela ciência também o povo tem alta qualificação: “quanto mais se mexe na merda, mais ela cheira mal!”, daí que o silêncio seja de ouro, sem prejuízo de manobrar junto dos acólitos da imprensa para, já estando o mal feito, promoverem noticia mais correcta, como, de resto, parece já ter acontecido, com a segunda versão da mesma, já referida.


Sem pôr, naturalmente, em causa a sua existência e apesar da utilidade para a cidadania de muitas denúncias veiculadas pelos “mass media”, estamos em crer que a deriva da sua vocação histórica, constitui para os cidadãos, tal como se apresenta, mais um problema, que uma verdadeira solução.

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