Os meios de comunicação
social, quando a si se referem, costumam usar a expressão “segunda figura do
Estado”. E percorrendo os atinentes artigos da Constituição, parece que é isso
mesmo que a senhora é. Pois é.
A Portugal e aos portugueses
daria algum jeito se, já que têm a primeira figura que têm, tivessem uma
segunda figura que soubesse imprimir ao seu cargo um pouco de dignidade. E a
senhora não sabe.
Digamos que é o seu
“inconseguimento”, mas é mesmo isso https://www.youtube.com/watch?v=sx_k3bSzCTo
..
Dir-se-ia que a senhora não
consegue (inconsegue) “projectar para a Assembleia e para o país o seu
softpower sagrado”, e, seja lá isso o que for, é uma pena.
Não sei se a senhora sabe que, nessa
cadeira onde se senta, ou pelo menos no local onde ela está, se sentaram homens
como Henrique de Barros, Vasco da Gama Fernandes, Leonardo Ribeiro de Almeida,
Fernando Amaral, para falar apenas destes. Que a senhora herdou a cadeira de
Jaime Gama, não de Albino dos Reis.
A Senhora Esteves, disse ontem que, se os
militares de Abril queriam falar (na sessão solene que em breve vai assinalar
os 40 anos da Revolução), e não falam, o problema é deles.
Não, senhora Esteves, o
problema não é deles, é seu!
Vou explicar-lhe uma coisa.
O Vasco Lourenço que a
senhora desconsiderou não é apenas um Vasco de apelido Lourenço. O Vasco
Lourenço que a senhora desconsiderou é um homem que fez a guerra e fez a Paz. O
Vasco Lourenço que a senhora desconsiderou é um dos operários da Liberdade em
que queremos viver e da Democracia que lhe permite a si, mulher, ser a segunda
figura do Estado.
Sei que isso pouco lhe
importa, que não teria pejo em ser o que tem sido e ocupar os cargos que tem
ocupado se o regime fosse aquele que o Vasco ajudou a derrubar.
Duvido é que, sem a obra do
Vasco e de outros corajosos militares, esse tal regime a tivesse deixado ser, a
si mulher, juiza do Tribunal Constitucional, eurodeputada, lusodeputada e agora
segunda figura do Estado.
O Vasco Lourenço que a
senhora desconsiderou é presidente da Associação 25 de Abril. Que essa
associação congrega militares e também civis que fizeram Abril, que gostam de
Abril, que gostam da Liberdade que Abril trouxe ao nosso país. Que por lá andam
também Garcia dos Santos, Martins Guerreiro, Soares Rodrigues e outros tantos
Homens de ideais. Que tem como associados de honra Fernando Salgueiro Maia,
Ernesto Melo Antunes, Fernando Valle, Sarmento Pimentel e, uma mulher. Sabia?
Chama-se Maria de Lurdes Pintasilgo.
E até um Homem cuja vida foi
um século de combates e que chegou a liderar o seu partido, senhora Esteves.
O Vasco Lourenço que a
senhora desconsiderou fez a guerra, fez a Paz, com outros cujos nomes talvez
nada lhe digam, corrigiu-lhe o rumo na altura em que tal foi necessário.
Falo de Franco Charais, de
Pezarat Correia, do Ernesto Melo Antunes.
Sabe que
entre todos eles e a senhora Esteves há uma diferença abissal? E é esta: Eles
serviram o Estado e o Povo português, a senhora sempre viveu a expensas do
Estado e do Povo português. Nunca fez mais nada.
A senhora Esteves acumula
pensões; eles, tal como eu próprio, acumulam cortes nas pensões. Isto para não
falar do Salgueiro Maia, a quem o seu mentor ideológico, cavaco de seu nome,
negou uma pensão ao mesmo tempo que as atribuia a dois pides, talvez os que lhe
tinham prometido emprego.
Não foi o Vasco que a senhora
Esteves ofendeu. Ofendeu todos os Portugueses que amam Abril, que amam a
Liberdade e a Democracia.
Alguns estão até no seu
partido, embora sejam cada vez menos.
O problema, de facto é seu,
senhora Esteves!
Nesta época de ajustamentos,
talvez não fosse despiciendo – pelo menos enquanto tiver o papel de primeira
figura da assembleia da República – ajustar-se à história do pais que é o seu e
porque não também à comunidade portuguesa de que é a segunda figura
representativa?
Ontem foi o dia grande do seu inconseguimento. Passar bem.
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