Gerir monopólios deve ser uma ciência...
É-nos muito difícil compreender, por exemplo, a gestão da auto estradas, uma espécie muito particular de monopólio gerado por concessão estatal.
São milhões já, o numero de utentes que deixaram, nos últimos doze meses, de utilizar as autoestradas.
Em resposta as concessionárias decidiram e conseguiram aumentar as tarifas, em 1 de Janeiro.
Esta realidade deixa-nos perplexos antes de nos sentirmos completamente enfurecidos... e mais tarde...absolutamente descrentes e ausentes.
Enquanto assistimos à concretização de um plano que se destina a empobrecer os portugueses, do lado do seu rendimento, quer pela via do mercado, pois enquanto a oferta aumenta desmesuradamente a uma velocidade estonteante, a procura reduz-se desmesuradamente à mesma velocidade, quer pela via da pressão e carga fiscais as quais aumentam na certeza de que os cidadãos-contribuintes tem todos uma arca carregada de ouro sob a sua cama, com a qual os iluminados governantes vão construindo os orçamentos do lada da receita, quer pelo lado dos bens essenciais dos quais depende a existência do cidadão-consumidor, os quais vão aumentando como se estes fossem afinal ricos cidadãos-consumidores de um pais desenvolvido da classe AAA, o que, agravado pelo conjunto, não pode deixar de constituir uma verdadeira aberração que só os responsáveis por esta experiência social e económica – o governo – não veem, apesar de estar escancaradamente à vista, assistindo-se, voltando às autoestradas, a aumentos das tarifas, como se os custos dos factores de produção estivessem vertiginosamente a subir em razão de um desenvolvimento económico invejável.
Não compreendemos como esperam estas alimárias tornar-nos pobres mas ativos, como parece ser o projeto, mantendo os custos de existência insuportáveis e, ao mesmo tempo, manterem os fornecedores de bens essenciais sustentáveis, já para não falar dos fornecedores de bens acessórios. Será que o projeto é mesmo convertermo-nos em plantadores de arroz?
Enfim parece-nos que a política conformadora do cenário a que chegámos é irracional, ou então somos, nós e uma centenas de observadores bem mais qualificados, absolutamente ignorantes.
Não tendo qualquer qualificação para gerir monopólios e muito menos aqueles que decorrem de concessões estatais, como as autoestradas, face à redução massiva de utentes, a qual se cifra em muitos milhões, tentaríamos inverter a tendência, melhorando a oferta, seduzindo a utilização enfim tentando vender mais autoestrada, como faz qualquer merceeiro nos dias – nos tempos - em que a venda vai menos bem!
É evidente que reduziríamos os preços durante os períodos do dia em que se verifica muito menos trafego, criando as “Happy Hours” por exemplo entre a 1hora e as 7horas da manhã!!!!
É evidente que criaríamos condições para instalar abastecedoras de combustível Low price!
É igualmente evidente que incentivaríamos os profissionais à utilização da autoestrada mediante a criação de passes profissionais para quem projetasse um certo numero mínimo de passagens frequentes!
É também evidente que reduziríamos as rendas das estações de serviço por forma a que um café não tivesse de custar €1,00!!!
Claro que só empreenderiam politicas de negocio deste tipo, gajos como nós que não percebemos nada da gestão de monopólios ou de concessões desta natureza.
Parece-nos igualmente claro que, quem não tem necessidade de ser criativo e de empreender politicas que acentuem as vendas, não o será por ser parvo, mas sim por ter a possibilidade de aumentar as tarifas até atingir o montante necessário à sua sustentabilidade. Isto é, se o numero de passantes continuar a diminuir, certamente que o preço das tarifas continuará a aumentar, qualquer que seja o estado da nossa economia ou do bolso do cidadão-automobilista-utente-consumidor!
De algum modo agem como o governo quanto à necessidade premente de ser criativo na redução da despesa, necessidade cuja satisfação vai atrasando porque tem à sua disposição uma máquina fiscal que cria a receita que for necessária.
Tal como as tarifas das autoestradas, quanto menos riqueza a economia criar e mais tempo se mantiver a despesa no nível acima do razoavelmente adequado, maior vai ser a pressão e a carga fiscais. Como se a capacidade de pagar do cidadão contribuinte não tivesse limite!
Por isso se diz que existem outros estados dentro do Estado. Funcionando como vasos comunicantes, dizemos nós!
Por isso o conjunto de alimárias que rege esta orquestra é merecedora da defenestração.
O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.
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