O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Este triste fado....

Ex-CEO do Barclays descreve crise portuguesa no Financial Times
Económico
14/03/13 10:07



Martin Taylor visitou um país "onde tudo está à venda e ninguém compra nada".

O ex-CEO do Barclays alerta, num artigo no Financial Times, que os governos e os bancos centrais estão a experimentar tratamentos monetários agressivos, que alguns até consideram perigosos, e exemplifica com uma comparação entre Portugal e a Argentina.

Martin Taylor, que esteve recentemente em Portugal, descreve um país onde os "residentes estão sem dinheiro", as auto-estradas "construídas com fundos comunitários estão desertas", com o tráfego desviado para as velhas estradas, sem portagens. É um país "onde tudo está à venda e ninguém compra nada".

Um país onde os automobilistas preferem "estacionar os seus velhos carros em ruas estreitas para não pagarem um euro ou dois para estacionar num parque". Como adianta no artigo, "a recepcionista do hotel - vazio - chega depois de uma longa espera para servir uma bebida e, mais tarde, regressa como empregada no restaurante". E alerta: num país que "tem as boas maneiras europeias, os portugueses começaram a expressar a sua frustração no estilo franco e vivo do graffiti".

Martin Taylor diz ainda que este triste fado, que veste a capa do regime de austeridade, é uma espécie de coma. "O Estado gasta o menos possível e procura extrair cada vez mais dos cidadãos, que parecem passar a maior parte do tempo a procurar formas de evitar esses pagamentos", diz. E os "rácios do endividamento permanecem teimosamente altos, mas os caríssimos médicos estrangeiros acreditam que uma dose mais elevada deste tratamento acabará por demonstrar, no fim, que têm razão", escreve o gestor.

Na Argentina, pelo contrário, há muita moeda, diz Martin Taylor em comparação com a falta de capital em circulação em Portugal. Mas a inflação está nos 10%, segundo o governo argentino, e há quem aponte para 25%. As pessoas têm pressa em gastar, mas não têm acesso a divisas estrangeiras. Não há capitais estrangeiros a entrar neste país da América do Sul, o país não tem acesso aos mercados de crédito, descreve Martin Taylor. O governo argentino é condicionado a fazer movimentações na balança comercial. Os bancos estão obrigados a dar uma parte significativa dos seus depósitos para investimento produtivo. O ‘tango' recebe constantes estimulações e os médicos dizem que está muito melhor desde que reestruturou a dívida, apesar de não poder sair do hospital, adianta ainda.

E, nestes cenários, Martin Taylor prescreve: "Os médicos são sobretudo intimados a não fazer mal".

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