O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

domingo, 8 de junho de 2008

TAVIRA ! MACÁRIO POUCOCHINHO!

ou a versão energética do Conde Andeiro?

A determinação em denunciar os desmandos da classe politica, as suas incoerências, negligências, diletantismos e irresponsabilidade, sempre no interesse da sociedade civil - que somos todos nós - é trabalhoso, mas fácil pela “resma” de oportunidades que ela nos concede diariamente, bastando, para o efeito, propormo-nos a tanto. Este sítio foi criado exactamente, para esse fim, pelo que se nos impõe, cumpri-lo!

Analisemos então, mais este tesourinho deprimente, que constitui o “velho” Macário Correia, para alguns, um exemplar da classe politica que se pretende “verde” e com autoridade moral incomum, face aos seus pares.
Muito recentemente, o Presidente da Câmara Municipal de Tavira Macário Correia (o homem que não daria um beijo a Angelina Jolie) que é ao mesmo tempo o Presidente da Grande Área Metropolitana do Algarve tornou público através dos órgãos de comunicação social que pondera passar a abastecer parte da frota autárquica nas gasolineiras de Ayamonte.

Macário Correia utiliza o simpático argumento da poupança de centenas de euros aos cofres municipais, computando-a, anualmente, em quantia superior à centena de milhar de euros.
Aprioristicamente a sociedade civil adere a esta medida, apoiando-a, porquanto:
1- Constitui uma atitude de resistência e afrontamento aos aumentos de preço dos combustíveis, tal como em Portugal se apresentam.
2- Com a mesma solidariza-se com a generalidade da população, recebendo das demais vitimas uma solidariedade activa, fazendo parecer que, com o poder de grande consumidor que tem, vinga cada um dos espoliados, respondendo aos agressores com “um tiro no porta-aviões”.
3- Conserva-lhe a aura de “enfant terrible”, que um dia atingiu e da qual vai vivendo politicamente, apesar de profundamente desbotada pela intensidade única do sol algarvio.
4- Fá-lo aproximar-se de todos nós, como um igual.

Importa, no entanto, aprofundar um pouco mais, o real conteúdo desta medida e as profundas contradições que encerra.
É um excelente exemplo do perfil da classe politica que temos e das águas em que se move, para mal do erário público, do desenvolvimento, do alheamento da sociedade civil e do desencanto do sistema para cada um de nós. Identifica também onde para o essencial das motivações da classe politica.
De facto, a coberto de uma medida de grande aceitação popular pode-se medir bem a real dimensão destes políticos de pacotilha e a prioridade dos seus objectivos, custe o que custar a quem quer que seja, que é, invariavelmente, o cidadão contribuinte.

O Velho Macário, é useiro e vezeiro na oportunidade de brilhar e parece ser esta a sua principal motivação, pois não se descortina (com esta intenção) qual é o seu pensamento politico, a sua coerência? Senão vejamos:
Vimo-lo batendo-se para que não fossem colocadas portagens na via do Infante e que não fossem encerrados centros de atendimento permanente (SAP) em várias cidades do Algarve e concordámos com as suas propostas.
Sabendo no entanto que, por cada portagem que não pagamos, o Orçamento Geral do Estado fica sobrecarregado com esse encargo pois não será por não pagarmos que os custos de manutenção deixam de existir. Ou haverá, quanto a isto, qualquer dúvida?

Sabendo no entanto que, os centro de atendimento permanente (SAP), constituem custos muitas vezes desproporcionados aos benefícios que propiciam, custos estes que são suportados pela sobrecarga que uma utilidade não inteiramente eficiente importa para o OGE, que somos todos nós que suportamos.

Concordámos porquanto consideramos, por principio, que a carga e pressão fiscais (que consideramos exageradas para a economia que temos) que incidem sobre o cidadão-contribuinte justificam para o cidadão-utente contrapartidas proporcionadas.
Não podemos concordar é que um politico que reclama do erário público contrapartidas como essas para a sua região, quando se trata de contribuir ( no caso através do ISP e IVA da gasolina) para esse mesmo erário público, decida fazê-lo para um Estado vizinho donde não recolhe qualquer apoio para os benefícios que tem em vista, os quais lhe incumbe zelar e tendo para tanto sido eleito pelos cidadãos.

Com que credibilidade pode depois vir a defender a não existência de portagens ou discordar com o valor das transferências do orçamento do estado para o seu município?
Deveria então, nada fazer? Não!

No caso em apreço, uma questão energética e na pessoa em causa um ex-Secretário do Estado do Ambiente, militante da preservação do ambiente ao ponto de se deslocar, pedagogicamente, de bicicleta, que já implementou a Agenda Local 21 no concelho de Tavira, o que seria de esperar e não de hoje só com a crise do preço do petróleo, seria que desse o exemplo através, designadamente da poupança do combustível nos serviços públicos, mediante a formação dos seus funcionários para o efeito, o estudo dos percursos a racionalização das deslocações, etc. etc. etc.Enfim, uma estratégia de sustentabilidade!

E se quisesse brilhar para os meios de comunicação social, granjeando notoriedade, e já agora alguma poupança para os cofres das autarquias, seria melhor saber os que as autarquias algarvias despendem em combustível e promover um concurso publico para o fornecimento dos combustíveis a um preço mais competitivo, em resultado da concorrência que tal medida desencadearia!

Mas, se calhar tal medida colidiria com interesses particulares das autarquias que exigem mundos e fundos às petrolíferas para se instalarem, mundos e fundos esses que se traduzem em obras de utilidade pública que interessam mais aos presidentes de Câmara, os quais, sempre candidatos a novos mandatos, fazem dessas contrapartidas obra sua, com vista à sedução do eleitorado para a sua excelente gestão!

Ora, esta postura é paradigma daqueles que, tendo responsabilidades públicas, abdicam dos princípios que hipocritamente defendem, sacrificando-os aos seus interesses eleitorais, o que outros agentes públicos, para variar, zelando igualmente pelos seus interesses, sem verticalidade social e política e em cumplicidade com a opacidade do sistema, aplaudem.

ESTA CLASSE POLITICA, PARA ALÉM DE TRATAR A INTELIGÊNCIA DO CIDADÃO COM A ARROGÂNCIA DOS IMBECIS, NÃO REPRESENTA OS ELEITORES E NÃO SERVE O INTERESSE GERAL E MUITO MENOS EM TEMPOS DE CRISE QUE VIERAM PARA FICAR!

3 comentários:

Anónimo disse...

Os políticos aprendem todos pela mesma cartilha

Anónimo disse...

Esqueceram-se de dizer que o Macário tem o IMI do seu concelho no máximo!
Quando é para receber vai pelo mais pesado pois as pessoas não podem levar a casa para Ayamonte!
pode ser que se engane e muitos que escolhem Tavira ainda poderão vir a escolher espanha. Como ele com os combustiveis.

Anónimo disse...

Já agora, para além do IMI, também cobra as taxas de fornecimento de água e de recolha de resíduos sólidos mais altas da província, através de uma empresa municipal da qual é... o Presidente do Conselho de Administração!

Neste caso em concreto, não percebo se é o povo que o apoia, se é ele que segue as pisadas do povo, agindo de forma calculista e demagógica para obter mais alguns minutos de televisão e mandar um recadinho a Manuela Ferreira Leite!!!

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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