O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A ASAE NÃO É DE HOJE, É DE SEMPRE…

Ontem como hoje o princípio é o pecado…

Em 1508, por vontade do Papa Júlio II, Miguel Ângelo reservou o seu espaço na história com a decoração do tecto da Capela Sistina, no Vaticano.
Doze frescos foram suficientes. Com eles, Miguel Ângelo constituiu-se como um dos mitos mais poderosos da cultura ocidental. Antes disso deixou-nos:” O pecado original e a expulsão do Paraíso” (1509-1510).

Em 2008, por vontade do Primeiro-Ministro Sócrates, mais modesto, muito mais modesto que Miguel Ângelo, António Nunes, alto-funcionário público e inspector –geral da ASAE, auto anunciando-se implicitamente como regenerador-mor do reino de Portugal e, mais democrático, deixa-nos: “A hipotese de emigrar, se não quisermos viver nesta sociedade”.
Menos de doze respostas numa entrevista reservam-lhe uma fama efémera e o total esquecimento num prazo, certamente muito curto.

Se alguém tem duvidas – o que será perfeitamente natural, já que nos encontramos, em geral, no nosso perfeito juizo – passamos a transcrever:

Revista Tabu- Mas o inspector chegou aos 53 anos a comer peixe das caixas de madeira e os queijos e enchidos tradicionais?

António Nunes- Cheguei sim, mas com algumes intoxicações alimentares pelo meio. Agora espero é aumentar a minha esperança de vida. No nosso tempo andávamos nuns carrinhos de madeira e não andávamos com capacete na bicicleta e isso hoje é obrigatório. É o rumo desta sociedade e nós senão quisermos viver nesta sociedade temos a hipótese de emigrar.

(extrato de uma entrevista do Senhor António Nunes, ao jornalista Emanuel Costa, publicada na revista “tabu”, nº 68, de 29 de Dezembro de 2007)


Não podemos deixar de comentar a arrogante lógica daquele Senhor ao dar-se ao desmando de se colocar no papel de Deus que indica a saida aos portugueses que se não derem bem com as regras que esta sociedade, pretensamente, terá escolhido, para se auto regular.

Já alguém o terá apodado de Eliot Ness dos restaurantes.
Não deixa de ser curioso, pela sintese lógica que encerra. Na verdade o povo é único na clarividência sintéctica que habitualmente caracteriza a “vox populi”.

Na verdade, os pequenos comerciantes são hoje comparáveis a Al Capone, para aquele guardador das virtudes – verdadeiros inimigos públicos -.
E ainda são tidos como perigosos, pois, pelo que consta, a Asae é força preparada como se tivesse de enfrentar a Al Qaeda.

Mas até aqui, atenta a noção que todos temos que, ancestralmente, autoridade e autoritarismo são sinónimos em Portugal, nada de novo!

O mesmo não podemos dizer quando aquele funcionário público, agente do Estado se arroga a mostrar o caminho da emigração aos portugueses que não estejam contentes com o pretenso caminho traçado pela virtude que ele encarna, apostula, fiscaliza e defende.

Mas por quem se tomam, este Senhor e aqueles que representa?

O Estado como instituição que é, mesmo no dizer do Prof. Adriano Moreira é (ou deverá ser) como o eixo de uma roda (quanto a nós a dinâmica social) que não se movendo, está lá para permitir que a mesma, desenvolvendo o seu movimento em equilíbrio, percorra o seu caminho.
Dizemos nós que, estrutural para o desenvolvimento da comunidade, transportando-se com ela, mas nunca a podendo condicionar. E, quando assim não fôr é o desenvolvimento e a sua evolução que padeçem.

Concretizando, enquanto a “política do Estado” se caracterizar pelo “empolamento; desorganização e ineficiência; burocratização; partidarização; deteriorização legal e moral; deficiente ligação aos orgãos públicos; péssima imagem pública; má relação com a sociedade.”, como muito bem observou o Prof. Sousa Franco já em 1984, o Estado estará a inverter a razão para a qual foi criado e a desvirtuar o seu elevado desígnio. A criatura sobrepõe-se ao criador. O Estado deixa de estar essencialmente a satisfazer necessidades da Comunidade, encontrando-se, pelo contrário, a Comunidade a satisfazer necessidades do Estado. O Estado embrulha o cidadão no boletim de voto e encaixota a comunidade no atado da democracia representativa, depositando-os, devidamente acondicionados, na Comissão Nacional de Eleições.

Conclusão esta que trinta e três anos de democracia nos fizeram interiorizar, mas que não é nova, nem de nossa propriedade: Rosseau já dizia que os ingleses só eram livres no dia das eleições!

Mas, se alguma virtualidade tem esta amostra contrafeita de Eliot Ness, do que duvidamos honestamente, é aquela de nos fazer lembrar que o Estado, se a sociedade civil o permitir, tende para reduzir o cidadão à sua expressão mínima, ao papel de súbdito.

Serve ainda como referência viva de tudo o que a sociedade civil não precisa e deverá repudiar!

18 comentários:

Anónimo disse...

Não seria melhor o Senhor Nunes ir para Chicago fazer a sua limpeza virtuosa?

Anónimo disse...

E alguém terá chegado a verificar se a maçã com que a serpente tentou Adão estava própria para consumo, para que o casal merecesse a expulsão?
Quem deve saber bem é Adelina Capelo, prima da serpente. Eu até já tenho saudades das citações bíblicas que ela fazia quando por aqui começou a aparecer...

Anónimo disse...

O Senhor Manuel Nunes arremeda o comer o peixe que é transportado em caixas de madeira ou contra comermos uns enchidos e uns queijos tradicionais, mas não se preocupa em fumar em público num local proibido.
Faz o que eu digo não faças o que eu faço

Anónimo disse...

O trabalho dos senhores da ASAE é mais do estilo vedeta da TV, se a televisão não está presente não vale o esforço.

Se esses senhores estivessem realmente interessados em preservar a saúde pública das populações já tinham vindo fazer uma fiscalização como deve de ser ao mercado de Armação de Pêra.

O Senhor Fernando Santiago e a Doutora Isabel Soares estão-se borrifando para a saúde dos Armacenenses e de quem nos visita, e nunca mais promovem as obras necessárias no mercado do peixe, para o adaptarem às exigências básicas de asseio e higiene.

Até gostava de ver aquela malta de capuz e metralhadoras com a SIC e a TVI atrás aqui por Armação, por umas horas a monotonia era quebrada.

Anónimo disse...

Ora esta!
Afinal a ASAE é querida em Aramação de Pera. Nem que fosse para aparecer na tv.
Lá se vai a indignação do artigo e do articulista de serviço ao Carneiro Jacinto.

Anónimo disse...

Afinal não sou a única a perceber os intentos destes artigos, e ao serviço de quem está este blog!

Anónimo disse...

Por este andar A. Pera irá ser uma freguesia de uma terra qualquer de Marrocos.

Anónimo disse...

Subdesenvolvimento não lhe falta para que isso pudesse acontecer.

Anónimo disse...

Os anónimos dizem isso porque não conhecem Marrocos, podem crer que muitas das estâncias turísticas desse país estão muito mais cuidadas que Armação de Pêra.

Anónimo disse...

O homem sempre aparaceu!!!!!!!!!!!!

Jorge Pinheiro disse...

Valerá a pena darem esta publicidade ao sr. Nunes?

Anónimo disse...

O homem reapareceu mas com conversa da treta....

Anónimo disse...

Toda a gente bate na ASAE; Toda a gente se dá ao luxo de proferir uns bitaites sobre a ASAE; mas esquecem-se todos que a ASAE limita-se a fiscalizar o que a lei impõe por força de regulamentos e directivas comunitárias...

Critico o show off desnecessário, mas considero que a ASAE é importante para a defesa dos consumidores e para um mercado com uma concorrência licita e sã... Já chega de abrir hoje uma sapataria e, amanhã, só porque o vizinho tem o restaurante cheio de clientes, passo para a restaurante, e no dia a seguir, mudo para clinica dentária... Já chega da República das Bananas...

Afinal de contas, fazer parte da UE não é só para receber patacos... não se esqueçam que daqui a uns tempos a torneira vai fechar e depois vamos ser todos nós a contribuir para o desenvolvimento dos nossos novos parceiros europeus derivados do ultimo alargamento...

Anónimo disse...

Ningêm tem dúvidas da importância da ASAE, mas será que a actuação e as respostas que o Sr Manuel Nunes vai proferindo por ai são as mais adequadas?

A sua necessidade de portagonismo em aparecer em tudo que é órgão de informação será a atitude mais adequada para um impertor geral?

E se todos os Inspectores Gerais resolverem ter o portagonismo deste senhor?

Anónimo disse...

“Sou português, com todos os defeitos e virtudes cometo erros e tento corrigi-los” foram as palavras de António Nunes.

Julgava eu que ele ia emigrar depois de tanta trapalhada dando sequência às suas próprias ideias expressas em vários órgãos de comunicação.

Anónimo disse...

Parece de muito mau gosto o responsável pelo cumprimento da lei se colocar, ele próprio, no centro de todas as atenções, pelas piores razões.
Certamente, é um dos que pensam que as leis são para os outros cumprirem.
pouco tempo.

Anónimo disse...

O que a Câmara de Silves necessitava era de uma grande limpeza, não podem desenterrar o Eliot Ness, para por tudo a limpo?

Anónimo disse...

Este governo socialista só sabe dar más notícias para o concelho.

POUSADA EM PÊRA ESTÁ CANCELADA

A presidente da Câmara de Silves deslocou-se ontem a Lisboa para tentar resolver o cancelamento, por parte do Governo, do protocolo estabelecido com a autarquia para a construção de uma Pousada da Juventude em Pêra.

“Foram-me enganando meses a fio”, desabafou Isabel Soares, ao CM, recordando que as empreitadas nas pousadas em Portimão, Aljezur e Tavira avançaram enquanto o protocolo para Pêra foi metido na gaveta. Até ser comunicada a nulidade do protocolo, a Administração Central, segundo Isabel Soares, foi adiando o início da empreitada, justificando com outras em curso.

A autarca garantiu que havia um protocolo ratificado para a construção da Pousada da Juventude de Pêra. Assegurou ainda que a autarquia gastou 70 mil euros em projectos para viabilizar a obra protocolada pela Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto. “Agora quero saber como se resolve”, afirmou Isabel Soares, à entrada para uma reunião na Secretaria de Estado.

Correio para:

Armação de Pêra em Revista

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