Depois de Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, ter
dito que estava mais preocupado com Portugal do que com a situação do Deutsche
Bank, eis que surge outro alemão, Klaus Regling, diretor-geral do Mecanismo
Europeu de Estabilidade (MEE), a entidade responsável pelos resgates aos países
que integram a União Europeia, a dizer o mesmo.
Só pode ser coincidência, claro: dois alemães a dizer o mesmo, coisa estranha. As declarações, feitas por Regling numa conferência citada pela France Press, acabaram por ser divulgadas no Twitter pelo próprio MEE, desta forma singela: “O único país que me preocupa é Portugal, independentemente do Brexit, porque o governo [português] está a recuar relativamente às reformas”.
Ora muito bem, Regling. Se tu achas que a situação portuguesa é mais perigosa para a instabilidade dos mercados e da economia europeia e mundial que o Brexit, estás seguramente a precisar de óculos ou então de voltar à universidade, porque deves ter feito o curso cortado à cadeira de Macroeconomia. É que um país que vale menos de 2% do total da economia europeia incomoda seguramente menos a União que a saída do clube do Reino Unido, a terceira maior economia da UE. É óbvio, não é, Regling?
Mas digo-te mais. Quando fazes uma afirmação desta gravidade, através de um tweet, como se fosses um miúdo traquina, devias explicar tintim por tintim em que dados é que te baseias. Eu sei que te incomoda o aumento do salário mínimo (que esteve congelado durante quatro anos - mas isso não interessa nada, pois não?) que passou de 485 euros para 505 no final de 2015, para 530 este ano e que deve chegar aos 600 euros durante a legislatura. É isso que vai provocar um terramoto na economia portuguesa?
Eu sei que queres ainda mais reformas no mercado laboral. Mas se o despedimento coletivo e individual já foi tão flexibilizado, o que queres mais? Que se possa fazer um Simplex com o nome “Despeça na Hora?” É claro que também queres acabar com a contratação coletiva. Pois… também se pode acabar com os sindicatos, com a lei da greve e com a generalidade dos direitos dos trabalhadores. Se voltarmos ao período antes da Revolução Industrial, o nosso mercado laboral atingirá, enfim, a flexibilidade que tu e mais uns quantos como tu acham que devia existir em países como Portugal. Mas não sei se te conseguimos agradar.
Só pode ser coincidência, claro: dois alemães a dizer o mesmo, coisa estranha. As declarações, feitas por Regling numa conferência citada pela France Press, acabaram por ser divulgadas no Twitter pelo próprio MEE, desta forma singela: “O único país que me preocupa é Portugal, independentemente do Brexit, porque o governo [português] está a recuar relativamente às reformas”.
Ora muito bem, Regling. Se tu achas que a situação portuguesa é mais perigosa para a instabilidade dos mercados e da economia europeia e mundial que o Brexit, estás seguramente a precisar de óculos ou então de voltar à universidade, porque deves ter feito o curso cortado à cadeira de Macroeconomia. É que um país que vale menos de 2% do total da economia europeia incomoda seguramente menos a União que a saída do clube do Reino Unido, a terceira maior economia da UE. É óbvio, não é, Regling?
Mas digo-te mais. Quando fazes uma afirmação desta gravidade, através de um tweet, como se fosses um miúdo traquina, devias explicar tintim por tintim em que dados é que te baseias. Eu sei que te incomoda o aumento do salário mínimo (que esteve congelado durante quatro anos - mas isso não interessa nada, pois não?) que passou de 485 euros para 505 no final de 2015, para 530 este ano e que deve chegar aos 600 euros durante a legislatura. É isso que vai provocar um terramoto na economia portuguesa?
Eu sei que queres ainda mais reformas no mercado laboral. Mas se o despedimento coletivo e individual já foi tão flexibilizado, o que queres mais? Que se possa fazer um Simplex com o nome “Despeça na Hora?” É claro que também queres acabar com a contratação coletiva. Pois… também se pode acabar com os sindicatos, com a lei da greve e com a generalidade dos direitos dos trabalhadores. Se voltarmos ao período antes da Revolução Industrial, o nosso mercado laboral atingirá, enfim, a flexibilidade que tu e mais uns quantos como tu acham que devia existir em países como Portugal. Mas não sei se te conseguimos agradar.
Aqui para nós, Regling,
tu não fazes a mínima ideia do que estás a dizer, pois não? Ouviste o Schäuble
e foste na onda. Não percebeste que o Schäuble estava a desviar as atenções do
buraco negro que é o Deutsche Bank, considerado pelo FMI o maior risco para a
estabilidade mundial do sistema financeiro e cuja filial norte-americana ainda
esta semana chumbou nos testes de stress efetuados pela Reserva Federal dos
EUA.
Regling, tu passaste a tua carreira profissional basicamente a pular entre o FMI e o Ministério das Finanças alemão. Estás onde estás porque és alemão, percebes, Regling? E é por isso que tens de repetir o que diz o chefe.
Apesar das parvoíces que dizes, pelo que vejo nas fotos não pareces mau rapaz (se bem que as fotos não garantam nada). Em qualquer caso, Regling, chega cá a cabeça. Mereces um bom carolo pelo disparate que disseste – e que no cargo em que estás não podes nem deves dizer.
Por Nicolau Santos
Expresso Diário
01 Julho
2016
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