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Desde o seu direito à estética, ao desenvolvimento harmonioso, ao ordenamento urbano equilibrado e eficiente, à preservação e beneficiação do património natural e construido, à qualidade das bases da economia da região, a uma oferta cultural razoável, ao impacte fiscal proporcionado, em sintese: a uma qualidade de vida que lhes é legitimo esperar num pais europeu que se encontra entre as trinta maiores economias do mundo.
Naturalmente – sabemos todos – que o atraso ancestral que os fundos europeus ajudaram a vencer, ainda não está completamente saneado do nosso dia-a-dia!
Para tanto tem contribuido, decisivamente, a classe politica com a sua incompetência, irresponsabilidade e diletância.
Ao ponto de nos confrontarmos com realidades verdadeiramente características de um subdesenvolvimento que os índices teimam em contrariar.
O que é facto é que neste País vivemos todos, em simultâneo, existências tipicas de três séculos diferentes: Sec. XIX, XX e XXI, as quais convivem harmoniosamente como se o tempo corresse de forma diferente para as diferentes fracções da realidade.
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Pagamos impostos ao nível das exigências de um Estado do Bem Estar para o Sec. XXI e assistimos à administração da despesa por “gestores” do Sec. XX e Sec. XIX.
Poderíamos aprofundar esta dicotomia até à exaustão pois não nos faltariam exemplos, mas sendo uma realidade tão intima dos portugueses, escusamo-nos a tal.
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Sabemos bem que a grande verba da receita pública durante o Sec. XIX era a Contribuição Predial, hoje chamada IMI.
Em Silves, pelas razões que de seguida apresentamos, torna-se evidente muito do que preteritamente afirmamos.
Um cidadão-contribuinte que adquiriu um imóvel (um vulgar lugar de estacionamento) adquirido em 2005 por 3500,00 euros, valor de mercado resultante do excesso da oferta de lugares face à procura do mercado, viu-se na contingência de pagar IMT pelo valor 5.130,00 euros, porque a administração fiscal entendeu que o valor patrimonial daquele imóvel não era o real, mas o que lhe dá na real gana, uma vez que, nenhum indicador do mercado apontava ou aponta para um valor superior (ainda hoje se vendem a esse preço ou menor) e muito menos portanto apontava para um valor superior em 46%!
É Obra, meus amigos!
A perfeição desta economia de mercado é exemplar. O preço dos imóveis é agora obtido por decreto! Qual economia de Plano da extinta URSS!
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O cidadão-contribuinte, confrontado com esta realidade cumpriu e julgou que tinha o problema resolvido, conformando-se com o agravamento dos valores do IMI para o futuro, os quais por serem percentuais, incidem sobre um valor artificialmente inflacionado (falso) do imóvel.
Sucedeu porém que, em 2008, foi confrontado com mais uma nota fiscal, relativa a 2007, informando-o que o valor patrimonial tributável resultante da avaliação aumentou mais 4,4%, passando a 5.283,90 euros (sendo certo que os estacionamentos continuam à venda pelo mesmo preço ainda hoje) e por isso o valor do imposto tinha sido revisto, logicamente para mais.
Pois é meus concidadãos, agora a valorização dos imóveis é feita por decreto e ao ano! Qual taxímetro!
Algo vai mal neste Reino! O Rei vai nú e ainda não deu por isso! Terá já a sociedade civil percebido?
Infelizmente, não ficam por aqui os desmandos da realidade virtual em que vegeta a Classe Politica!
As receitas referentes ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o Imposto Municipal de Transacções Onerosas (IMT) arrecadados pela Câmara de Silves, representam mais de 36% do total das receitas arrecadadas.
Se a esse valor somarmos as verbas cobradas referentes às taxas de urbanização, o valor sobe para quase 40 %.
Facilmente se conclui que o “betão” tem, para a receita do município, a importância do petróleo, para a receita de Angola. Também podemos assim perceber, ainda melhor, porque é que Armação de Pêra rima com betão e porque é que esta betonização não pode parar para bem do Orçamento Municipal.
O Município para existir e funcionar, está cada vez mais dependente do betão e de Armação!
De facto, da análise do relatório de gestão de 2007 verificamos que, em sede de IMI, foram arrecadados mais 454 mil euros do que em 2006 (um aumento anual superior a 8%), em 2006 representava 14,85 % da receita total e em 2007 passou a representar 16,56%.
Em sede de IMT arrecadou o Orçamento Municipal mais 2,39 milhões de euros do que em 2006 ( um aumento anual de 35%), em 2006 representava 12,40% da despesa total e em 2007 passou a representar 19,71%.
Noutra vertente, se o cidadão-contribuinte for um empresário e fornecedor de bens ou serviços ao Município, não vai poder certamente honrar os seus compromissos fiscais ou outros, porque o prazo médio dos pagamentos da CMS aos seus fornecedores foi, em 2006 de 424 dias (um ano e dois meses) e em 2007, apesar da recuperação para os 288 dias (dez meses), permanecendo absolutamente escandaloso!
Em democracia, o povo é quem elege aqueles que hão-de governar a coisa pública. Mas o povo também se engana! O caso da gestão do Concelho de Silves é paradigmático deste facto!
Mas em democracia, o povo também aprende lições. Esperemos que esta tenha sido aprendida!