O défice de participação da sociedade civil portuguesa é o primeiro responsável pelo "estado da nação". A política, economia e cultura oficiais são essencialmente caracterizadas pelos estigmas de uma classe restrita e pouco representativa das reais motivações, interesses e carências da sociedade real, e assim continuarão enquanto a sociedade civil, por omissão, o permitir. Este "sítio" pretendendo estimular a participação da sociedade civil, embora restrito no tema "Armação de Pêra", tem uma abrangência e vocação nacionais, pelo que constitui, pela sua própria natureza, uma visita aos males gerais que determinaram e determinam o nosso destino comum.

sábado, 12 de julho de 2025

Armação de Pêra: Ficou de Fora Outra Vez?

Então o Presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, veio ao Algarve. Grande iniciativa — chama-se “Parlamento Próximo”. A ideia é aproximar os políticos das pessoas. (Sim, também me ri um bocadinho quando li isso.) No meio do passeio, esteve na Praia Grande, Lagoa dos Salgados, e falou-se muito de ambiente, biodiversidade e natureza. Tudo temas importantes, claro. Mas e Armação de Pêra? Ah, pois é… parece que esteve incluída na visita. Mas só no papel. Porque na prática, ficou mais uma vez ali no cantinho, tipo primo que ninguém convida para a ceia de Natal. Agora a pergunta: onde estavam os nossos representantes locais? O presidente da junta? O tal tesoureiro que quer ser candidato nas próximas autárquicas? Foram apanhados pelo GPS avariado? Estavam a fazer contagem de gaivotas? Ou simplesmente acharam que não valia a pena aparecer? Porque os armacenenses cá andam — e não são invisíveis (apesar do lixo nas ruas parecer estar a tentar engolir-nos). A verdade é que perdemos uma bela oportunidade. Tínhamos políticos de topo a passear cá, a ver coisas e a fazer aquela pose de “estamos muito atentos”. Era o momento perfeito para dizer: “Olá, bom dia, bem-vindos à realidade!” Mostrar o lixo nas ruas, os contentores a rebentar pelas costuras, os passeios que são mais trampolins do que passeio. Mas não. Ficámos caladinhos. Discretos. Quase zen. Ou ausentes, vá. Se o objetivo era parecer que está tudo bem em Armação de Pêra... parabéns, missão cumprida. Mas para quem cá vive, está longe de estar tudo bem. E o pior é que não foi por falta de oportunidade. Foi por falta de comparência. E não me venham com desculpas, que o trânsito estava normal. Enquanto se fala de recifes e peixinhos felizes no fundo do mar (e ainda bem que se fala!), por cá tentamos não tropeçar nos sacos de lixo enquanto vamos comprar o pão. A biodiversidade de Armação de Pêra neste momento resume-se a ratos, gaivotas e turistas perdidos a tentar perceber se isto é mesmo um destino de férias ou um episódio do “Lixo Total”. Por isso, da próxima vez que vierem cá falar de ambiente, tragam também quem nos representa de verdade. E tragam vassouras. Muitas.

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