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O desenvolvimento sustentado deste, ou de qualquer outro concelho, tal como a recuperação da economia mundial hoje em dia, constitui um paradigma para o qual contribuirão um sem número de circunstâncias, meios e valências cuja receita ninguém, pelos vistos, domina.
Com segurança apenas sabemos que processos que se arrastam por anos, pelos autênticos labirintos de complexos procedimentos, e de papéis, em acentuada opacidade e que desembocam no arbítrio das decisões, são absoluta e definitivamente incompatíveis com o desenvolvimento, qualquer que ele seja, politico, administrativo, económico ou humano.
Vícios desta natureza acarretam, incidências negativas de ordem económica e financeira, e por consequência de ordem fiscal, desgaste material e psicológico, quer dos cidadãos em geral, quer dos agentes económicos.
A degradação da imagem do Município é apenas um dos seus males menores.
Este modelo, tão antigo e tão actual em Silves, esgotou-se há muito, nos cânones e, se dúvidas existissem sobre os efeitos aberrantes desta concepção do poder e do exercício do mesmo, ai está Armação de Pêra como resultado paradigmático da sua natureza abortiva.
Bastará referir para ilustração as décadas decorridas para aprovação do plano de pormenor, necessárias à permissão das múltiplas atrocidades urbanísticas verificadas,
tantas vezes com recurso à violação ou mera fuga aos procedimentos legais,determinando o adiamento de investimentos até ao desespero ou à desistência pura e simples, ou o desaproveitamento ou mau aproveitamento dos fundos comunitários como se fossemos uma economia florescente sem necessidade de qualquer apoio que a catapultasse para o desenvolvimento.
A tudo um pouco, fomos e vamos assistindo...
Mesmo que não conheçamos bem o que queremos, sempre teremos a obrigação de conhecermos muito bem o que não queremos...
A crise da governabilidade que é de há muito patente em Silves resulta da evidente incapacidade desta gestão autárquica para responder aos problemas que lhes são submetidos.
E a incapacidade da gestão autárquica para responder aos problemas com que tem de conviver, resulta antes de mais da ausência absoluta de uma politica, muito mais do que de meios – que também são imprescindíveis – .
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Ter uma politica, neste deserto de ideias, importa ter um caldo de cultura politica que as ligue, em harmonia, até à sinergia (convergência das partes de um todo que concorrem para um mesmo resultado; efeito resultante da acção de vários agentes que actuam da mesma forma, cujo valor é superior ao valor do conjunto desses agentes, se actuassem individualmente.).
OOO
Hoje as atribuições das autarquias são muito vastas e a sua intervenção estende-se por várias áreas que vão desde a mobilidade à gestão ambiental, da gestão de resíduos às estratégias de ordenamento do território, da habitação ao desenvolvimento económico, etc.
E, se é certo que lhes são atribuídas, pela lei, competências para prosseguirem aquelas múltiplas atribuições, não é menos certo que muito difícil e só excepcionalmente as exercem à altura das necessidades e dos elevados objectivos para que uma e outras lhes são concedidas.
A falta de meios financeiros é a razão mais invocada para se ficarem habitualmente pelas boas intenções e sempre muito aquém dos propósitos que legalmente lhes estão confiados.
Mas a verdade passa mais perto da ignorância sobre a verdadeira natureza e valores da actividade politica, senão mesmo pelo absoluto alheamento sobre os seus mais elevados fins, do que da falta de meios financeiros para implementar as politicas.
De facto, o caminho de uma politica virtuosa cede habitualmente à pequena politica, à fidelização das clientelas, ao pagamento dos tributos invariavelmente à custa do erário público, tendentes à conservação dos privilégios de classe (politica).
A gestão da Dr.ª Isabel Soares em nada foge a esta regra geral!
Os actores e os grupos sociais deste concelho estão cada vez mais reticentes face às lógicas do comando hierárquico, e da imposição de (des)valores, educador ou de tutor do social na lógica de imposição por um ente coercivo, dada a sua flagrante dessintonia com regras e normas de comportamento assentes na interacção social.
Sabendo que o comando hierárquico integra a paleta dos instrumentos de direcção política, não a esgota, nem constitui verdadeiramente um valor se não coabitar com outras lógicas de intervenção pública.
De facto uma nova forma de governar deve constituir, necessariamente um processo de coordenação de actores, de grupos sociais, de instituições, em ordem a atingir objectivos discutidos e definidos colectivamente.
Daí que seja imprescindível assegurar a representação oficial dos interesses dos cidadãos através do reconhecimento de direitos concretos de participação dos seus representantes, melhorando e modificando, se necessário, a colaboração entre as instituições existentes, a fim de garantir uma transparência, uma eficácia e uma obrigação acrescida de prestar contas.
Estimular e formar novos laços de parceria, contratualização e ligações transversais que permitam uma melhor organização da sociedade e uma melhor taxa de realização dos projectos reformadores só é atingível dando curso a uma nova concepção do poder e da governação.
No concreto, só mediante uma cultura politica que reconheça e adopte estas concepções emergentes, se poderão atingir medidas de simplificação de procedimentos, uma nova cultura organizacional, apologética de uma disciplina de rigor, cumprimento e serviço público nos dirigentes e funcionários.
Os cidadãos-eleitores-contribuintes-consumidores-utentes deste concelho, aspirando a uma gestão moderna e tendente ao desenvolvimento sustentável, não se podem acomodar ao gesto formal e esporádico, como é o voto que acontece de quatro em quatro anos.
É necessário aperfeiçoar a dinâmica de participação da sociedade civil nas decisões e no acompanhamento da vida pública.
Ninguém pode continuar com as mesmas condutas (alheamento) e esperar, legitimamente, diferentes resultados!
A democracia, face aos desafios da actualidade, só pode ser cada vez mais proactiva e intervencionista, senão não é democracia!