terça-feira, 30 de junho de 2009
BERTRAND RUSSEL: QUE SAUDADES!
"É a ambição de possuir, mais do que qualquer outra coisa, que impede os homens de viverem de uma maneira livre e nobre."
Bertrand Russell
“A raiz do mal reside no fato de se insistir demasiadamente que no êxito da competição está a principal fonte de felicidade.”
Bertrand Russell
“O homem não é um animal solitário, e enquanto perdura a vida em sociedade, a realização de si mesmo não pode ser o supremo princípio ético.”
Bertrand Russell
“Um dos paradoxos dolorosos do nosso tempo reside no fato de serem os estúpidos os que têm a certeza, enquanto os que possuem imaginação e inteligência se debatem em dúvidas e indecisões.”
Bertrand Russell
Não tendo chegado aos dias de hoje, Bertrande Russel identificou boa parte dos males de que enferma este sistema de desenvolvimento. O decurso do tempo e, hoje em dia, a crise global em que vegetamos, dão-lhe razão. Que saudades da sua clarividência e do potencial de clivagem dos seus ensinamentos...
ISABEL SOARES: DOZE ANOS DE ENORMIDADES!
A actual presidente da Câmara de Silves está à frente da gestão camarária há três mandatos (12 anos). Doze anos é muito tempo para um presidente deixar a sua marca. Isabel Soares porém, escolheu caminhos que nos levaram a lado nenhum.
Durante este período o nosso concelho foi andando ao sabor de decisões não integradas que hipotecaram a aplicação de um modelo de desenvolvimento sustentável.
É disso exemplo o crescimento desenfreado da construção para segunda habitação que se verificou em Armação de Pêra, o que conduziu a um aumento da pressão sobre áreas de elevada sensibilidade ambiental e paisagística, em geral de forma negligente e assente em critérios muito pouco claros.
Neste momento o concelho de Silves relativamente a um conjunto de indicadores de desenvolvimento está ao nível de concelhos como Castro Marim, Aljezur, Alcoutim ou Monchique e cada vez mais longe de concelhos como Portimão, Albufeira, Lagoa ou Loulé.
Isabel Soares em doze anos conseguiu colocar-nos na terceira divisão do turismo nacional ao ter contribuído para a descaracterização do mais importante centro turístico do concelho, pois não conseguiu controlar a betonização da nossa Vila, nem é capaz de dar uma resposta eficiente em serviços básicos como a recolha do lixo, limpeza urbana, recolha e tratamento das águas residuais, abastecimento de águas e da segurança.
O nosso concelho felizmente tem um importante património arqueológico. Uma oferta cultural diversificada poderia ser oferecida a quem nos visita, mas a aposta para turista ver é baseada numa Feira Medieval produto que hoje concorre com muitas feiras que se realizam por tudo o que é cidade que tem um castelo altaneiro.
Estamos no século XXI mas verificamos que só 85 % da população concelhia se encontra servidas por sistemas públicos de abastecimento de água, e mesmo assim as redes existentes apresentam elevadas perdas e nalguns casos a falta de água ou de pressão é a realidade.
Relativamente às redes de drenagem de águas residuais, só 53 % da população do concelho é servida e mesmo as redes existentes apresentam muitas insuficiências, o tratamento dessas águas residuais também deixa muito a desejar.
Doze anos são muito tempo, Isabel Soares não amou este concelho, não teve visão para ver longe, não foi capaz de aproveitar os fundos da União que foram colocados à sua disposição, mas colocou o nosso município nas páginas dos jornais pelas piores razões, colocou o município na divisão dos maiores devedores e daqueles que pior pagam aos fornecedores.
Enfim, doze anos foram tempo demais! O conjunto de decisões prejudiciais ao concelho em geral e a Armação de Pêra em particular, bem como o sem numero de omissões de politicas fundadas, criteriosas e com perspectivas de futuro sustentável, foram todas elas verdadeiras enormidades!
Se não constituissem um drama, dariam uma grande comédia!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
A DEMAGOGIA BARATA(MAS FELINA) DE ISABEL SOARES!
quinta-feira, 25 de junho de 2009
O TGV, O AMBIENTE, O ALGARVE E O DESTERRO HABITUAL!
O Futuro deste país (e dos outros) passa, incontornavelmente, por implementarmos rapidamente e em força um novo modelo de desenvolvimento onde o carbono deverá ter cada vez menos importância, não só porque devemos reduzir a produção dos gases que provocam o efeito de estufa e assim combater o aquecimento global que é hoje um flagelo que afecta todo o globo, mas também porque estando dependentes do petróleo, um produto finito, produzido em zonas instáveis com preços cada vez mais elevados, que desequilibram a nossa balança de transacções e aumentam o nosso endividamento externo, temos de zelar pela redução substancial dessa dependência.
A discussão promovida pelos partidos e apoiada pelos órgãos de comunicação social centra-se mais num verdadeiro enredo de telenovela com o apoio de noticiários ao género de Talk Shows, que numa discussão séria sobre a essência da questão.
Não lhes interessa esclarecer mas sobretudo agitar, porquanto não são orgãos de informação, mas tão só showbusiness.
O transporte ferroviário tem vantagens ambientais e económicas relativamente a outros meios de transporte se comparado com o transporte rodoviário ou mesmo o transporte aéreo. Disso ninguém tem dúvidas, mas a memória dos tipos a quem temos entregue a gestão do nosso destino comum, é muito curta!
Não foi por acaso que o Parlamento Europeu o considerou como um dos projectos prioritários da Rede Transeuropeia a construção do comboio de alta velocidade!
Para tanto concede fundos importantes do contribuinte europeu para apoiar cerca de 40% dos custos do TGV, para nós Portugueses!
A natureza estruturante do modo de Alta Velocidade, assumirá um papel fundamental no desenvolvimento económico e social de Portugal, consolidando a faixa Atlântica onde se localiza mais de 2/3 da população e a maior parte das actividades económicas, dando-lhe capacidade competitiva, e integrando-a no espaço Ibérico e Europeu.
Não nos podemos esquecer que estão previstas no plano de desenvolvimento da Alta Velocidade duas ligações, uma entre Évora e Faro e outra entre Faro e Huelva.
Quanto ao Algarve, a questão que se coloca é a de saber se estas ligações são ou não necessárias para o seu desenvolvimento?
As figuras que representam os vários partidos na nossa região estão muito calados sobre o assunto, prova de que estão mais preocupados em manterem-se nos “poleiros” não fazendo ondas e submetendo-se às dinâmicas nacionais do problema e dos problemas dos seus partidos, que realmente curarem dos interesses da região e dos eleitores que os mandataram.
Será que o mercado potencial de turistas provenientes do centro da península não interessa para a nossa região? E ao pais? Não estaremos interessados em abrir a nossa região a outros mercados turísticos que hoje não nos visitam porque os voos só encaminham esses turistas para a região de Lisboa.
Mesmo sem a crise, já vínhamos perdendo turistas, será que queremos continuar assim ou vamos mudar de paradigma, fazendo a pressão necessária a que o poder politico se apresse a pensar o TGV para o Algarve e depois a ligação a Huelva?
Mas, o mal já vem de longe e é o mesmo de sempre: o pais é Lisboa e o resto é paisagem! A este propósito transcrevemos algumas passagens do livro “O ALGARVE da Antiguidade aos nossos dias” sobre a “guerra” que foi para que a linha férrea chegasse ao Algarve, o que, do nosso ponto de vista, passados duzentos anos, mantêm toda a actualidade.
Se se sonhasse, na câmara dos Deputados, que este viria a servir de base ao caminho-de-ferro do Sul ou que era intenção do governo construir um caminho de ferro do Barreiro ao Algarve, muitos deputados teriam votado contra o projecto inicial. São nesse sentido as afirmações feitas por um deputado, quando se pensou avançar com o caminho-de-ferro de Beja para Sul:
« […] como havia uma estrada aberta e como se tratava só de um grande areal, era esta construção muito barata, porque entre nós tudo começa por ser muito barato. Mal sabíamos então que da concessão em concessão, de contrato em contrato, havíamos de ir até ao Algarve garantindo um rendimento inteiramente improvável […] foi-se andando, fez-se o caminho-de-ferro para o Alentejo, e agora quer-se um que garanta um bom rendimento ao caminho que tem de atravessar um perfeito descampado….»
Que ainda hoje, Lisboa se esqueça do Algarve nós não aceitamos mas ainda percebemos, mas que os deputados eleitos pelo Algarve o façam , não só não aceitamos como não podemos continuar a tolerar!
terça-feira, 23 de junho de 2009
PAISAGENS DE IMI
Se o solo é um direito de todos e se está disponível para todos, porque é tributado o direito à sua utilização?
Se o direito à habitação é constitucionalmente garantido, porque pagamos IMI?
A Constituição da República Portuguesa prevê que o sistema fiscal serve para satisfazer as necessidades do Estado e para distribuir riqueza.
Temos, assim, duas vertentes do sistema fiscal, uma mais económica que se prende com a satisfação das necessidades do Estado e outra mais social consubstanciada na distribuição da riqueza.
Claro que a vertente de satisfação das necessidades do Estado pode revestir uma face mais ou menos social, consoante o Estado for mais ou menos previdência.
Colocando-se as necessidades do Estado ao nível da educação, da saúde, da justiça, tudo o que é providenciado pelos impostos reverterá para os cidadãos, com mais ou menos incidência, consoante estes sejam mais ou menos necessitados. Por isso, a própria satisfação das necessidades do Estado assegura uma função social, de redistribuição.
E o IMI é um imposto como qualquer outro do nosso sistema fiscal, com o mesmo escopo dos restantes, sejam sobre o rendimento, sobre o capital ou indirectos.
Por isso, ele é, também, um instrumento de satisfação de necessidades do Estado e de redistribuição de riqueza.
O IMI é um imposto municipal. Os municípios dispõem, assim, de um instrumento importante para regular a densidade habitacional que desejam, para atrair ou não pessoas, para estratificar socialmente, para além de ser uma receita importante, senão a mais importante, da maioria das atribuídas às Câmaras Municipais.
O facto de ser uma receita importante e certa, sabendo os municípios com o que podem contar, torna-se muitas vezes no “canto da sereia”.
Animadas por uma receita fácil, muitas edilidades permitem construção desregrada, polvilhando a nossa paisagem de autênticos “mamarrachos” plantados sem o mínimo ordenamento.
Por onde se deve então começar?
Em primeiro lugar os municípios devem planificar cuidadosamente o que querem para os seus concelhos.
Querem concelhos densamente urbanizados, querem atrair populações que se dediquem ao comércio, à indústria e aos serviços, ou querem, ao contrário, abraçar uma política de desenvolvimento rural e pecuário, menos habitada, direccionada para pessoas com outros interesses?
Nuns e noutros, há que criar condições para as pessoas se sentirem bem no sítio onde escolheram viver. E para isso é preciso escolas, centros de saúde ou hospitais, acessibilidades, jardins e parques lúdicos, bibliotecas, museus e, sobretudo, é preciso espaço para que haja qualidade de vida.
Só depois é que o IMI deverá entrar nesta equação.
Servindo este imposto como os outros para satisfação das necessidades do Estado, neste caso, na sua vertente municipal, e para a distribuição da riqueza, só após a planificação do que se pode construir e onde e de quantas pessoas se podem atrair por forma a garantir-lhes qualidade de vida, então se poderá provisionar a receita de IMI e o que este poderá satisfazer em termos de necessidades do município.
Muitas vezes, o que nos parece, quando percorremos este Portugal é que, o IMI foi o primeiro factor da equação. Primeiro autoriza-se a construção de forma a obter determinada receita de IMI que servirá para satisfazer necessidades dos municípios que muitas vezes nada têm a ver com o bem estar das populações e depois de com o bem estar das populações e depois de haver habitação, logo se atraem populações, estratificadas socialmente de acordo com as casas que se constroem, quer seja em função da localização, quer do tipo de construção.
Não existem razões objectivas para o preço do solo ser diferente de local para local. De facto, ele estava cá todo ao mesmo tempo e todo disponível.
E o facto de se estar mais perto ou mais longe da praia ou de paisagens deleitosas, ele há gostos para tudo e se uns gostam mais de praia, outros gostam mais de campo e de montanha.
Claro que a vida moderna se desenvolve mais à volta das cidades e que estas cresceram perto de rios, na confluência de caminhos e onde se faziam trocas.
Todas essas razões e decerto muitas mais compuseram ao longo do tempo e compõem ainda hoje, o preço do solo, mas dentro do mesmo concelho, a construção de determinados condomínios, com determinadas características, com diferenças, não só no preço de construção, mas também na sua composição com o factor solo, resulta numa estratificação social, geralmente sempre desejada.
E mais uma vez o factor IMI é importante. A liquidação do Imposto Municipal sobre Imóveis, assenta numa fórmula muito objectiva em que aos factores são atribuídas percentagens que nos dão o valor tributável e permitem a aplicação da taxa e a consequente cobrança.
Integram esta fórmula factores de conforto vários que vão indicar valores patrimoniais tributários diferentes, mesmo dentro do mesmo município, com valores de preço de solo pouco variáveis.
Claro que este tipo de habitação irá atrair pessoas de estratos sociais diferenciados e quanto mais alto o estrato social, maiores serão as necessidades que o município deverá satisfazer, a nível de educação, saúde, lúdico, cultura, recreativo e de acessibilidades.
E com isso também o município deverá contar quando planear.
Mas esse planeamento deverá ser integrado. Não quereremos certamente um país cheio de assimetrias com concelhos para ricos e concelhos para pobres
segunda-feira, 22 de junho de 2009
40.000 VISITAS E MOTIVOS PARA CELEBRAÇÃO
quinta-feira, 18 de junho de 2009
sábado, 13 de junho de 2009
CIDADÃOS PLENOS: UM CAMINHO LENTO MAS SEGURO!
Um dia, deslocando-me pela Rua Augusta - já lá irão uns quinze anos - puxando daquele Marlboro pela derradeira vez visando consumir o ultimo cigarro, em acto reflexo, amachuquei a embalagem com a mão direita e abandonei-a no chão!
Passados alguns segundos fui abordado por uma adolescente que se cruzava comigo, a qual com um ar simultaneamente educado e simpático, abordando-me com a postura genuína de quem me está a surpreender com a boa noticia que se dá a quem, desatento, perdeu um objecto pessoal de valor, disse:
- O Senhor deixou cair isto!
Exibindo-me na sua mão o maço Marlboro amachucado.
O significado que este pequeno episódio teve na minha disciplina ecológica, e do qual me recordo sempre que me ocorre o tema da cidadania, acrescida da sua própria pedagogia, e ao caso concreto, em poesia, não é mensurável!
Na verdade, surtiu o efeito, condensado, de mil lugares comuns, acerca da importância da preservação do ambiente. Considerei a intervenção de que fui destinatário, em primeiro lugar, duma oportunidade extraordinária e no caso concreto, de uma eficácia exemplar. Enfim um veiculo pedagógico único!
Alertou-me, por outro lado, e naquilo que aqui mais interessa, para as vantagens do ensino enquanto veiculo transmissor de instrução, educação e valores da comunidade e sobretudo do efeito indutor que tal veiculo pode atingir, na melhor idade para certas aprendizagens.
Com a generalização do ensino básico, o analfabetismo foi significativamente reduzido em Portugal, mas a iliteracia atinge cerca de oitenta por cento da população. A democracia instalou-se, mas a educação cívica e a cidadania constituem horizontes longínquos que não integram ainda a realidade do português médio, quanto a nós, em percentagem superior à da iliteracia.
Para a construção do País que os de boa fé procuram, quanto a nós, a educação pública deveria preocupar-se tanto com disciplinas como o Português e a Matemática, como com a disciplina da Cidadania.
De facto a história politica do País justifica, desde Abril, a implementação acelerada da generalização da educação democrática de todos, com a dignidade de integrar todos os curriculum do ensino público e privado, como disciplina tão nuclear quanto o Português e a Matemática, do primeiro ano de escolaridade obrigatória ao último ano do ensino superior.
Incorporando matérias tão aparentemente distantes como o código da estrada e a administração de um condomínio, os direitos dos consumidores e a fiscalidade e os direitos do contribuinte, os direitos de personalidade e a ecologia, do associativismo e do cooperativismo, do ambiente ao planeamento familiar, ao sistema politico, a serem devidamente organizadas e leccionadas ao longo da carreira escolar do cidadão.
Em Portugal nunca houve democracia digna desse nome, não existem portanto sequer avós que expliquem aos seus netos como foi a sua experiência numa sociedade democrática em tempos idos e que agora voltaram.
Esperar placidamente que os portugueses se auto eduquem democraticamente é cinismo se não for intencional para conservá-los abstencionistas e não participativos.
Disseram-nos há dias que na Noruega todos os meses as crianças ocupam uma fracção do seu horário escolar em acções práticas de natureza ambiental na sua Vila ou cidade. É natural esperar que fiquem educadas nesta sede e preparadas para lidar com a coexistência pacifica com o meio e os elementos.
Estamos convictos que muito da distância, da irresponsabilidade e do autoritarismo que ainda caracteriza as relações do Estado e de muitos dos seus órgãos, com os cidadãos, se esbateria por passar a realmente compreender-se, quer do lado de dentro, quer do lado de fora do balcão respectivo, que ambos os interlocutores se encontram perante um membro da comunidade, um cidadão com direitos e deveres e informado dos mesmos, designadamente do dever dos cidadãos ao serviço da administração do Estado, de conviver e respeitar os direitos dos seus pares com a responsabilidade que lhes pode ser exigida, a eficiência, o civismo e a urbanidade e que o exercício de um direito por parte dos mesmos não pode ser tido como um atrevimento, um desafio, ou um enfado.
Um Estado pode ter recursos limitados e as elites económicas também, ao ponto de não conseguirem dinamizar uma economia sustentável que propicie uma existência economicamente digna aos seus cidadãos. Não tem é razões sustentáveis para não promover e assegurar uma educação para a cidadania e dignidade civil dos seus cidadãos para que o sejam de corpo inteiro, como pares e não como súbditos.
Suprir o défice de cidadania, por esta via (haverá outra?), poderá ser demorado, mas também pode constituir o caminho mais curto para suprir todos(muitos) os outros défices da sociedade portuguesa.
O mínimo que se poderá dizer acerca do contributo da gestão democrática do pais para uma reestruturação da escala dos valores comuns típicos da democracia, é de que foi muito reduzido. O mesmo não se poderá dizer da influência que a prática politica democrática tem desencadeado ao nível do incremento de muitos desvalores, em sede politica e também social.
Passados alguns segundos fui abordado por uma adolescente que se cruzava comigo, a qual com um ar simultaneamente educado e simpático, abordando-me com a postura genuína de quem me está a surpreender com a boa noticia que se dá a quem, desatento, perdeu um objecto pessoal de valor, disse:
- O Senhor deixou cair isto!
Exibindo-me na sua mão o maço Marlboro amachucado.
O significado que este pequeno episódio teve na minha disciplina ecológica, e do qual me recordo sempre que me ocorre o tema da cidadania, acrescida da sua própria pedagogia, e ao caso concreto, em poesia, não é mensurável!
Na verdade, surtiu o efeito, condensado, de mil lugares comuns, acerca da importância da preservação do ambiente. Considerei a intervenção de que fui destinatário, em primeiro lugar, duma oportunidade extraordinária e no caso concreto, de uma eficácia exemplar. Enfim um veiculo pedagógico único!
Alertou-me, por outro lado, e naquilo que aqui mais interessa, para as vantagens do ensino enquanto veiculo transmissor de instrução, educação e valores da comunidade e sobretudo do efeito indutor que tal veiculo pode atingir, na melhor idade para certas aprendizagens.
Com a generalização do ensino básico, o analfabetismo foi significativamente reduzido em Portugal, mas a iliteracia atinge cerca de oitenta por cento da população. A democracia instalou-se, mas a educação cívica e a cidadania constituem horizontes longínquos que não integram ainda a realidade do português médio, quanto a nós, em percentagem superior à da iliteracia.
Para a construção do País que os de boa fé procuram, quanto a nós, a educação pública deveria preocupar-se tanto com disciplinas como o Português e a Matemática, como com a disciplina da Cidadania.
De facto a história politica do País justifica, desde Abril, a implementação acelerada da generalização da educação democrática de todos, com a dignidade de integrar todos os curriculum do ensino público e privado, como disciplina tão nuclear quanto o Português e a Matemática, do primeiro ano de escolaridade obrigatória ao último ano do ensino superior.
Incorporando matérias tão aparentemente distantes como o código da estrada e a administração de um condomínio, os direitos dos consumidores e a fiscalidade e os direitos do contribuinte, os direitos de personalidade e a ecologia, do associativismo e do cooperativismo, do ambiente ao planeamento familiar, ao sistema politico, a serem devidamente organizadas e leccionadas ao longo da carreira escolar do cidadão.
Em Portugal nunca houve democracia digna desse nome, não existem portanto sequer avós que expliquem aos seus netos como foi a sua experiência numa sociedade democrática em tempos idos e que agora voltaram.
Esperar placidamente que os portugueses se auto eduquem democraticamente é cinismo se não for intencional para conservá-los abstencionistas e não participativos.
Disseram-nos há dias que na Noruega todos os meses as crianças ocupam uma fracção do seu horário escolar em acções práticas de natureza ambiental na sua Vila ou cidade. É natural esperar que fiquem educadas nesta sede e preparadas para lidar com a coexistência pacifica com o meio e os elementos.
Estamos convictos que muito da distância, da irresponsabilidade e do autoritarismo que ainda caracteriza as relações do Estado e de muitos dos seus órgãos, com os cidadãos, se esbateria por passar a realmente compreender-se, quer do lado de dentro, quer do lado de fora do balcão respectivo, que ambos os interlocutores se encontram perante um membro da comunidade, um cidadão com direitos e deveres e informado dos mesmos, designadamente do dever dos cidadãos ao serviço da administração do Estado, de conviver e respeitar os direitos dos seus pares com a responsabilidade que lhes pode ser exigida, a eficiência, o civismo e a urbanidade e que o exercício de um direito por parte dos mesmos não pode ser tido como um atrevimento, um desafio, ou um enfado.
Um Estado pode ter recursos limitados e as elites económicas também, ao ponto de não conseguirem dinamizar uma economia sustentável que propicie uma existência economicamente digna aos seus cidadãos. Não tem é razões sustentáveis para não promover e assegurar uma educação para a cidadania e dignidade civil dos seus cidadãos para que o sejam de corpo inteiro, como pares e não como súbditos.
Suprir o défice de cidadania, por esta via (haverá outra?), poderá ser demorado, mas também pode constituir o caminho mais curto para suprir todos(muitos) os outros défices da sociedade portuguesa.
O mínimo que se poderá dizer acerca do contributo da gestão democrática do pais para uma reestruturação da escala dos valores comuns típicos da democracia, é de que foi muito reduzido. O mesmo não se poderá dizer da influência que a prática politica democrática tem desencadeado ao nível do incremento de muitos desvalores, em sede politica e também social.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
ISABEL SOARES: UM MAL MUITO ANTIGO E DESDE SEMPRE IDENTIFICADO!
Durante este fim de semana prolongado, pudemos ter uma perspectiva do que vai ser esta época balnear em Armação de Pêra.
Este estaleiro sobrelotado de veraneantes permite-nos algumas conclusões.
Por um lado a confirmação do que se esperava: um verdadeiro atoleiro onde as pessoas se passeiam, aparentemente indiferentes às barreiras geradas pelo estado do chão, às dificuldades e riscos na deslocação, à poeira, enfim dispostas a verdadeiros crosses, pés torcidos e lesões musculares.
Mas só aparentemente! Na verdade, quem veio na busca de um cheirinho de verão e praia, desde que possa, pela certa não vai voltar...
A Isabel Soares por seu turno está-se bem borrifando para isso... À sua maneira, se a questionarem, adiantará que está bem de ver que o atraso nas obras, pela afluência que se vê, não constituiu qualquer prejuízo para a terra sua economia e futuro.
Existem no entanto práticas dos utentes que parecem justificar a politica de Isabel Soares.
Surpreendidos com as limitações no estacionamento não hesitaram em invadir as futuras zonas de não circulação, parqueando os automóveis, onde sempre o fizeram, indiferentes às novas limitações em estado de incubação.
Agindo como predadores de espaço para estacionamento das suas viaturas, contribuem para integrar a anarquia do estaleiro, como se estivessem em harmonia com a desordem em que toda a frente mar se encontra.
Se fosse possível levar o automóvel para a praia, fá-lo-iam sem qualquer remorso. Basta dar-se uma oportunidade ao selvagem que existe em qualquer de nós, para o selvagem de muitos de nós aparecer exuberante, à superfície.
É para esta gente que Isabel Soares faz a sua gestão e é ela que sustenta o seu sucesso eleitoral. É do seio desta gente que recolhe, por acção e muito mais por omissão, os votos favoráveis e a abstenção perante as medidas aberrantes que toma ou as obrigações que não cumpre ou não empreende.
Ela conhece muito bem a sua base de apoio, melhor: ela conhece muito bem a maioria silenciosa e indiferente que, por omissão, permitiu que fosse eleita duas vezes.
Por isso, como dizia Eça de Queirós: “Este governo não cairá porque não é um edifício; sai com benzina porque é uma nódoa." , já que, segundo o mesmo autor:
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."
Algo nos diz que de duas, uma, ou Eça de Queirós conheceu Isabel Soares ou conheceu muito bem exemplares do mesmo mal...
E deixou-nos um alerta cheio de oportunidade:
«Suas Excelências estão contemplando ou estão simplesmente dormindo?
Seria talvez tempo de sairmos desta dúvida, apoderando-nos dos narizes das classes dirigentes, e sacudindo-lhes por algum tempo com o respeito vigoroso, profundo e tenaz que todos os narizes altamente colocados devem merecer à crítica e à opinião das massas»
Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, in As Farpas.
Este estaleiro sobrelotado de veraneantes permite-nos algumas conclusões.
Por um lado a confirmação do que se esperava: um verdadeiro atoleiro onde as pessoas se passeiam, aparentemente indiferentes às barreiras geradas pelo estado do chão, às dificuldades e riscos na deslocação, à poeira, enfim dispostas a verdadeiros crosses, pés torcidos e lesões musculares.
Mas só aparentemente! Na verdade, quem veio na busca de um cheirinho de verão e praia, desde que possa, pela certa não vai voltar...
A Isabel Soares por seu turno está-se bem borrifando para isso... À sua maneira, se a questionarem, adiantará que está bem de ver que o atraso nas obras, pela afluência que se vê, não constituiu qualquer prejuízo para a terra sua economia e futuro.
Existem no entanto práticas dos utentes que parecem justificar a politica de Isabel Soares.
Surpreendidos com as limitações no estacionamento não hesitaram em invadir as futuras zonas de não circulação, parqueando os automóveis, onde sempre o fizeram, indiferentes às novas limitações em estado de incubação.
Agindo como predadores de espaço para estacionamento das suas viaturas, contribuem para integrar a anarquia do estaleiro, como se estivessem em harmonia com a desordem em que toda a frente mar se encontra.
Se fosse possível levar o automóvel para a praia, fá-lo-iam sem qualquer remorso. Basta dar-se uma oportunidade ao selvagem que existe em qualquer de nós, para o selvagem de muitos de nós aparecer exuberante, à superfície.
É para esta gente que Isabel Soares faz a sua gestão e é ela que sustenta o seu sucesso eleitoral. É do seio desta gente que recolhe, por acção e muito mais por omissão, os votos favoráveis e a abstenção perante as medidas aberrantes que toma ou as obrigações que não cumpre ou não empreende.
Ela conhece muito bem a sua base de apoio, melhor: ela conhece muito bem a maioria silenciosa e indiferente que, por omissão, permitiu que fosse eleita duas vezes.
Por isso, como dizia Eça de Queirós: “Este governo não cairá porque não é um edifício; sai com benzina porque é uma nódoa." , já que, segundo o mesmo autor:
"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."
Algo nos diz que de duas, uma, ou Eça de Queirós conheceu Isabel Soares ou conheceu muito bem exemplares do mesmo mal...
E deixou-nos um alerta cheio de oportunidade:
«Suas Excelências estão contemplando ou estão simplesmente dormindo?
Seria talvez tempo de sairmos desta dúvida, apoderando-nos dos narizes das classes dirigentes, e sacudindo-lhes por algum tempo com o respeito vigoroso, profundo e tenaz que todos os narizes altamente colocados devem merecer à crítica e à opinião das massas»
Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, in As Farpas.
domingo, 7 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Não guarde os seus telemóveis velhos, tinteiros e toners usados.
AMI apela à reutilização de consumíveis informáticos e de telemóveis. A reutilização destes equipamentos permite poupar matérias-primas e energia, ao mesmo tempo que reduz o volume de resíduos produzido
A actual produção de resíduos e o consumo de matérias-primas e de energia não são comportáveis com as capacidades do planeta para os regenerar, e este problema torna-se ainda mais insustentável à medida que novos países se juntam ao grupo dos industrializados e consumistas, como é o caso actual da China e da Índia.
A solução para este problema pode passar por acções tão simples como reencher os seus tinteiros e toners vazios ou como enviar o seu telemóvel velho para países menos desenvolvidos, onde este será reutilizado.
A AMI desenvolveu um projecto que serve de exemplo àquilo que pode ser feito. O encaminhamento de 440 mil consumíveis informáticos e telemóveis para reutilização permitiu angariar 220 mil euros, mostrando assim que este problema pode ao mesmo tempo ser uma oportunidade. Estes fundos foram utilizados no financiamento das Equipas de Rua da AMI, que prestam apoio social e psicológico aos sem-abrigo com o objectivo de melhorar a sua qualidade de vida.
Para além de 6.000 empresas que participam neste projecto através dos seus escritórios, vários estabelecimentos e juntas de freguesia já se disponibilizaram para ajudar a AMI na recolha dos equipamentos:
Assista aqui
Para saber como reutilizar os seus consumíveis informáticos e telemóveis, contacte: reciclagem@ami.org.pt.
Fundação AMI
Rua José do Patrocínio, 49 | 1949-008 Lisboa | Tel. 218 362 100 | Fax 218 362 199
E-Mail: reciclagem@ami.org.pt | Internet: www.ami.org.pt
segunda-feira, 1 de junho de 2009
O mistério do despacho que ninguém conhecia e revela tudo o que já sabiamos!
A vida de advogado deve ser, muitas vezes, bem difícil. E no caso dos advogados da PLMJ, ainda mais.
Ser advogado de banqueiros (nos dias que correm) e de políticos (sempre) deve ser tarefa árdua e complexa. Sobram é certo boas remunerações e, com os anos até talvez, um talento para escritor.
Isto a propósito do teor da Resolução Fundamentada de 25 de Maio de 2009, assinada por Isabel Soares, visando sustentar a continuidade da execução da obra do famigerado Apoio de Praia, depois da mesma ter sido suspensa por ordem do Tribunal em consequência da providência cautelar requerida pela associação Amigos de Armação.
É que a quantidade de argumentos alinhavados naquela Resolução, tendentes a convencer o Tribunal do interesse público na continuidade da obra, na boca de Isabel Soares, parecem coisa de um autor de textos humorísticos do tipo Nuno Markl, dos gatos fedorentos.
As preocupações evidenciadas a propósito da iminência do inicio da época alta balnear e os riscos para Armação, o seu turismo, os seus comércios e até para o pais, todos eles ameaçados pela suspensão da obra aberrante, depois de ter transformado Armação num mega estaleiro em toda a época balnear de 2009, por irresponsabilidade patente, geradora do atraso no inicio das obras da requalificação da frente mar, constituem um verdadeiro e sublime monumento...
Um monumento à distorção voluntária dos factos e seu impacte, à desconsideração pela inteligência dos cidadãos em geral e dos juízes em particular, à perfeita consciência dos valores que a administração de Silves realmente deveria prosseguir e não prossegue!
Com este documento fica patente, caso ainda subsistissem dúvidas, que Isabel Soares sabe ou tem quem saiba, quais os caminhos que a sua politica deveria percorrer e não percorre.
Deles só deita mão para contrariar a única reação séria (legitima e legal) conhecida da população do concelho a uma das suas mais inoportunas asneiras: o licenciamento do apoio de praia em causa, a poucos meses das eleições.
Concluí esgrimindo a “régua dos cinco olhos” à boa maneira da professora de outros tempos que Isabel Soares nunca deixou de ser, ameaçando responsabilizar quem exerceu legitimamente um direito, o qual, para ela se trata “do uso indevido e abusivo de meios judiciais”.
É que o respeitinho é muito bonito e quem não o tiver leva pela medida grossa!
Não é que a senhora não se enxerga mesmo!
“Em claro detrimento dos interesses da população local” termina, sem qualquer remorso por todos os interesses da população local que tem ignorado, uns conscientemente, por incompetência, outros inconscientemente, por mera ignorância.
Ser advogado de banqueiros (nos dias que correm) e de políticos (sempre) deve ser tarefa árdua e complexa. Sobram é certo boas remunerações e, com os anos até talvez, um talento para escritor.
Isto a propósito do teor da Resolução Fundamentada de 25 de Maio de 2009, assinada por Isabel Soares, visando sustentar a continuidade da execução da obra do famigerado Apoio de Praia, depois da mesma ter sido suspensa por ordem do Tribunal em consequência da providência cautelar requerida pela associação Amigos de Armação.
É que a quantidade de argumentos alinhavados naquela Resolução, tendentes a convencer o Tribunal do interesse público na continuidade da obra, na boca de Isabel Soares, parecem coisa de um autor de textos humorísticos do tipo Nuno Markl, dos gatos fedorentos.
As preocupações evidenciadas a propósito da iminência do inicio da época alta balnear e os riscos para Armação, o seu turismo, os seus comércios e até para o pais, todos eles ameaçados pela suspensão da obra aberrante, depois de ter transformado Armação num mega estaleiro em toda a época balnear de 2009, por irresponsabilidade patente, geradora do atraso no inicio das obras da requalificação da frente mar, constituem um verdadeiro e sublime monumento...
Um monumento à distorção voluntária dos factos e seu impacte, à desconsideração pela inteligência dos cidadãos em geral e dos juízes em particular, à perfeita consciência dos valores que a administração de Silves realmente deveria prosseguir e não prossegue!
Com este documento fica patente, caso ainda subsistissem dúvidas, que Isabel Soares sabe ou tem quem saiba, quais os caminhos que a sua politica deveria percorrer e não percorre.
Deles só deita mão para contrariar a única reação séria (legitima e legal) conhecida da população do concelho a uma das suas mais inoportunas asneiras: o licenciamento do apoio de praia em causa, a poucos meses das eleições.
Concluí esgrimindo a “régua dos cinco olhos” à boa maneira da professora de outros tempos que Isabel Soares nunca deixou de ser, ameaçando responsabilizar quem exerceu legitimamente um direito, o qual, para ela se trata “do uso indevido e abusivo de meios judiciais”.
É que o respeitinho é muito bonito e quem não o tiver leva pela medida grossa!
Não é que a senhora não se enxerga mesmo!
“Em claro detrimento dos interesses da população local” termina, sem qualquer remorso por todos os interesses da população local que tem ignorado, uns conscientemente, por incompetência, outros inconscientemente, por mera ignorância.