sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Resíduos em Armação de Pêra: problema sem solução ou falta de vontade política?

Temos-nos debruçado diversas vezes sobre o tema dos resíduos nesta página. Já o fizemos de forma mais formal, outras vezes com algum sarcasmo — afinal, estamos no verão e até os problemas parecem pedir um tom mais descontraído. No entanto, a realidade das ruas de Armação de Pêra não permite grande humor: há lixo espalhado, contentores a transbordar e um odor desagradável que se torna inevitável para quem por ali passa. Pelos comentários dos leitores, ficou claro que existe consenso: há, de facto, um problema sério na gestão dos resíduos sólidos, não só em Armação de Pêra, mas em todo o concelho de Silves. Muitos justificam a situação com o aumento populacional que ocorre nesta época do ano — a vila praticamente quadruplica em habitantes. Será inevitável, então, que o lixo se acumule e que as ruas fiquem sujas? Outros cidadãos, porém, como Mário Nobre, ex-vogal da Junta de Freguesia de Armação de Pêra e atualmente deputado municipal, discordam dessa fatalidade. Nobre apresentou propostas concretas, quer na Assembleia de Freguesia, quer na Assembleia Municipal, para mitigar o problema que todos vemos diariamente. O que lhes aconteceu? Foram prontamente arquivadas, sem debate, sem abertura, sem qualquer tentativa de aproveitamento das ideias apresentadas. Infelizmente, parece ser essa a postura dos responsáveis executivos, tanto na Junta de Freguesia como na Câmara Municipal de Silves: ouvidos fechados às sugestões da oposição e dos próprios munícipes. Fechados nos gabinetes — ou ocupados noutras profissões —, estes autarcas só parecem lembrar-se das pessoas num momento muito específico: o dia da eleição. Armação de Pêra, é bom lembrar, é um contribuinte líquido para o orçamento da Câmara de Silves. A vila gera receitas, atrai turismo, cria riqueza para o concelho. Em troca, os moradores e visitantes esperam, no mínimo, serviços públicos eficientes e uma governação mais próxima e transparente. Ter ruas limpas e um sistema de recolha de resíduos eficaz não devia ser um luxo, mas sim uma obrigação. O verão pode justificar mais movimento, mas não justifica o abandono. Falta estratégia? Falta planeamento? Ou, simplesmente, falta vontade política?

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