quinta-feira, 25 de agosto de 2011
O ministro das finanças...
É natural também que muitos de V. Exas. tivessem curiosidade em conhecer o Ministro das Finanças… Aqui está e é, como vêem, uma bem modesta pessoa. Tem uma saúde precária e nunca está doente; tem uma capacidade limitada de trabalho e trabalha sem descanso.
Porquê este milagre? Porque muito boas almas de Portugal oram, anseiam por que continue neste lugar.
Represento nele determinado princípio: represento uma politica de verdade e de sinceridade, contraposta a uma politica de mentira e de segredo.
Advoguei sempre que se fizesse a política da verdade, dizendo-se claramente ao povo a situação do País, para o habituar à ideia dos sacrifícios que haviam um dia de ser feitos, e tanto mais pesado quanto mais tardios.
Advoguei sempre a politica do simples bom senso contra a dos grandiosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.
Advoguei sempre uma politica de administração, tão clara e tão simples como a pode fazer qualquer boa dona de casa – política comezinha e modesta que consiste em se gastar bem o que se possui e não se despender mais do que os próprios recursos.
(…)
Têm os trabalhadores direito a uma melhoria na sua vida, na sua condição? a melhor casa? a mais e melhor instrução? Sem dúvida alguma. O operário português é sóbrio, inteligente, disciplinado, vigoroso, trabalhador, mas inferior muitas vezes sob o ponto de vista técnico. Daqui provém uma reduzida produtividade, também resultante da inferioridade técnica de muitas indústrias.
Para que o trabalho possa ser mais bem retribuído, é pois necessário organizar, intensificar, valorizar a produção e obter nesta mais elevado rendimento, numa palavra, resolver o problema económico, aumentando as riquezas, para que a todos caiba maior quinhão. Sem isso a legislação de carácter social e de protecção operária será quasi inútil ou poucas vantagens trará.
(…)
De modo que toda a questão está em pedir sacrifícios claros, que podem salvar-nos, ou disfarçados, que custam o mesmo e em geral não resolvem nada.
De mais, não se pense que o Ministro das Finanças os pode evitar e fazer sozinho as economias necessárias: ele pouco mais pode fazer do que cortes. As economias têm de ser feitas por todos os que estão à frente de serviços, quem quer que sejam: grandes economias provenientes de reorganizações ou pequenas economias provenientes do aproveitamento de pequenas coisas. São estas pequenas economias, multiplicadas por milhares, por milhões, que permitirão ao Ministro das Finanças manter os mesmos serviços com menores despesas.
Mas não tenhamos ilusões: as reduções de serviços e despesas importam restrições na vida privada, sofrimentos, portanto. Teremos de sofrer em vencimentos diminuídos, em aumento de impostos, em carestia de vida. Sacrifícios e grandes temos nós já feito até hoje, e infelizmente perdidos para a nossa salvação; façâmo-los agora com finalidade definida, integrados em planos de conjunto, e serão sacrifícios salutares.
É a ascensão dolorosa dum calvário. Repito: é a ascensão dolorosa dum calvário. No cimo podem morrer os homens, mas redimem-se as pátrias!
António Oliveira Salazar – Condições da reforma financeira
Discurso no acto da posse do Ministro das Finanças, sala do Conselho de Estado, 27 de Abril de 1928
Necessitamos de novas políticas de de novos políticos.
ResponderEliminarAdere ao movimento de cidadania do Diniz.
Rua Rainha Santa