sábado, 7 de maio de 2011

A questão da qualidade da intervenção da reabilitação da Fortaleza de Armação de Pêra







É necessário assegurar a qualidade das intervenções de reabilitação em geral e a das realizadas em monumentos históricos, em particular.

A falta de qualidade das intervenções em monumentos históricos, pode traduzir-se em danos irreversíveis ao património histórico-arquitectónico.

Um monumento ou um edifício histórico é, ao mesmo tempo, uma construção e um bem cultural.
As intervenções que o envolvam pressupõem conhecimentos técnicos dos materiais e sistemas construtivos tradicionais e contemporâneos: por um lado, as velhas "artes e ofícios" e os materiais originais são, muitas vezes, preferíveis às tecnologias que hoje têm mais peso nos hábitos dos construtores; por outro lado, pode haver vantagem em lançar mão de materiais e tecnologias avançadas, que ainda não entraram nesses hábitos.

Tratando-se de intervenções sobre bens culturais, elas devem respeitar os princípios da conservação, pressupõem uma filosofia própria e métodos especializados de estudo, avaliação e intervenção multidisciplinares, capazes de se adaptarem a cada caso concreto.

As intervenções de conservação do património histórico-arquitectónico são sempre perturbadoras do equilíbrio em que ele se encontra, representando um risco para a sua integridade e autenticidade. Devem, por consequência, cingir-se ao mínimo necessário para atingir, com eficácia, os objectivos preconizados.

Pelo que observamos, as obras que decorrem na Fortaleza de Armação de Pêra não tem em atenção os sistemas construtivos tradicionais, nomeadamente na aplicação dos materiais utilizados.
Não queremos pôr em causa a bondade da realização das obras, dada a sua evidente necessidade, mas, perguntamos nós, tratando-se de um monumento classificado o cuidado na realização das obras não deveria ter sido outro?

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