domingo, 30 de maio de 2010
A imbecilização
Há uma expressão em inglês que vai direita ao nó do problema:”dumb down” um jornal ou uma coluna. “Dumb down” significa “imbecilizar” ou “estupidificar”.
Um jornal, ou uma coluna, que se torna voluntariamente “imbecil” é um “jornal”, ou uma “coluna”, que trata a sério assuntos sem importância e dá importância a personagens sem consequência. Os grandes jornais de Inglaterra, do Times ao Daily Telegraph, já estão larga e generosamente “imbecilizados”; as colunas não. Em Portugal quase nenhum jornal resistiu; e diminui o número de colunas que resistem.
A ideia do exercício, da “imbecilização”, consiste naturalmente em conservar e atrair leitores. Partindo da permissa de que o leitor evoluiu para um estado critico de irracionalidade e grosseria, a oferta trabalha para se fazer, pelo menos, tão irracional e grosseira como a procura. Quem aceite esta lógica acaba fatalmente a escrever sobre o lixo do mundo e, muito pior, a “moralizar” sobre ele.
...
Verdade que a plebe gosta do que gosta. Mas não se pode aceitar passivamente o gosto da plebe. A democracia não exige a “imbecilização” colectiva do pais. Nem sequer o “sucesso” de uma coluna ou um jornal. Ainda existem ilhas de inteleigência e sanidade. A prazo, não compensa ir atrás desta maré, em nome de um “modernismo” apatetado e espúrio. Uma incondicional rendição à vulgaridade não serve ninguém. Abundam imbecis para fornecer o mercado de imbecilidades. E não sobra geste que ajude a conservar uns restos de uma sociedade civilizada e simpática.
Vasco Pulido Valente, in DN, 07-05-2004
Imbecis é o que mais proliferam neste mundo de faz de conta em que se vive. Nunca esperei foi que houvesse tanta imbecilidade descarada. Eu acho que já é mesmo chuva ácida. Corrói a alma ver tanta gente a correr à frente da sua imbecilidade, tropeçando nela e aspirando-a como se fosse o seu maior tesouro.
ResponderEliminar