terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Fábrica do Inglês:AMOR PLATÓNICO VERSUS AMOR OPERÁRIO...
Lemos com atenção o post do Ex Vereador, acerca do interesse museológico e cultural da Fábrica do Inglês.
Foi útil! De facto completámos a informação genérica de que dispúnhamos acerca do local. Não porque necessitássemos dela para concluir da importância do Museu, quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista turístico, quer numa óptica nacional, quer sobretudo regional e concelhia, a qual reconhecemos desde a nossa primeira intervenção neste blog.
Foi ainda pedagógica a noção do todo que a Fábrica constitui do ponto de vista museológico, o que torna fácil compreender a importância da sua conservação, no estado em que se encontra!
Assim fosse tão fácil perceber os males que a afligem e ameaçam..., sobre os quais não se pronunciou, nem teria, provavelmente, de se pronunciar.
Para além da explicita e implícita declaração de amor ao sítio museológico, revela-nos ainda alguns pormenores históricos acerca da requalificação do espaço e dos protagonistas da mesma que a recuperaram do esquecimento, da degradação, da extinção.
As eles e ao ex-Vereador, todos estaremos, ou deveremos estar, agradecidos!
Nós, pela parte que nos toca, estamos, sem margem para dúvidas, por todas as razões já invocadas preteritamente.
Reconhecemos no entanto a todos o direito inalienável a terem a sua opinião e a manifestá-la quando muito bem entende!
E se parte dos protagonistas do resgate da Fábrica do Inglês realizaram uma obra de mérito, provavelmente realizaram outras de mérito discutível, o que os poderá converter, agora, nos coveiros da obra resgatada, a caminho do retorno ao esquecimento.
Sucede porém que o problema com que se debate a Fábrica do Inglês, infelizmente, não se esgota na importância cultural do seu acervo, na importância turística da sua existência num concelho com tão pouca e inqualificada oferta, e tão dependente economicamente do turismo...
O problema é mais elementar e comezinho, é de dinheiro!...aquilo com que se compram os melões...
E todos sabemos que o dinheiro tem a sua própria lógica e mecanismos, compadecendo-se nada perante os valores invocados e em causa!
Face a este problema, hoje como sempre, as soluções não variam muito: Ou o tens, ou o pedes a quem tenha! Excluído que se encontra o primeiro, só restará por conseguinte pedir...
E sendo aqui que reside o busílis da questão, é também aqui que ela se torna fracturante!
Na verdade os habituais desmandos da despesa orçamental, quer concelhia quer nacional, são os responsáveis, na parte que toca ao Estado, da situação delapidada da nossa economia. A crise internacional só veio pôr a nú este facto, de forma mais despudorada, por não permitir as cosméticas habituais que “dão vida aos mortos”.
De entre as razões históricas que estão na origem deste cenário encontra-se, sem qualquer margem para dúvidas, a vontade daqueles que tendo as rédeas do poder, sem curar de saber da capacidade do Estado para fazer face aos seus compromissos, assumem-nos em crescendo para pagamento de tributos políticos e com vista à reeleição, durante o seu mandato, sistematicamente.
Atravessamos assim, provavelmente, a maior crise estrutural, da nossa economia enquanto pais.
Os recursos são escassos por natureza e hoje em dia, por maioria de razão, ainda mais.
Tendo o cidadão-contribuinte esta noção, sabendo das crescentes solicitações sociais a que o orçamento se encontra sujeito em razão da crise, nacional e internacional, será responsável, sugerir sequer, à Câmara, este novo encargo?
Mas, ainda que se tenha a temeridade de pedir, será séria e legal a atitude de quem de direito, de inscrever no orçamento delapidado, este novo encargo?
Sucede que o Estado não esgota a iniciativa da sociedade civil, nem se pretende que o faça. Daí que gostássemos de ver, porquanto se justificaria ver, sobretudo por parte dos arautos da salvação da Fábrica do Inglês, a liderança de uma iniciativa da sociedade civil, com vista a tal desiderato...
Isso sim, seria um acto de amor à Fábrica do Inglês, à museologia, à cultura e à economia da região, em sintonia com as graves dificuldades que os orçamentos concelhio e nacional necessariamente estão e continuarão a atravessar.Não um amor platónico, mas um amor operário!
A natureza fracturante das posições das partes que vieram a terreiro esbater-se-ia certamente e poderíamos começar a ver uma luz ao fundo do túnel que a Fábrica do Inglês atravessa.
Claro que a autarquia tem o seu concurso a dar para esta empreitada! A classificação de interesse municipal que, provavelmente, ainda não se encontra concedida deveria ser seguida do desenvolvimento de instância junto dos ministérios competentes e de um movimento de opinião que concedesse ao imóvel e seu acervo uma classificação nacional em sede de património, o que, apoucando (do ponto de vista da especulação imobiliária) o preço do imóvel face aos credores hipotecários, criaria melhores condições de realização para o seu almejado resgate.
A criação de uma fundação da região do Algarve tendo como escopo a recuperação do património cultural do Algarve, permitiria uma associação de recursos públicos pouco significativa para cada um dos municípios mas substancial no seu todo, com vista ao resgate do património algarvio construído e em estado de degradação ou extinção, legitimando e enquadrando as iniciativas da sociedade civil tendentes à mesma finalidade e gozando de estatuto enquadrado na Lei do Mecenato.
Claro que desencadear este conjunto de acções é trabalhoso!
Mais fácil será mesmo que a Câmara adquira o imóvel, pelo preço que os credores reclamam, para não se perder muito tempo, sobrecarregando ad nauseam o esgotado orçamento municipal e, claro, os cidadãos-contribuintes que já não “podem com uma gata pelo rabo” e que para tanto “não são perdidos, nem achados”.
Porém, tão claro quanto isso, seria o resgate em resultado de um amor operário e de uma dinâmica da sociedade civil, eventualmente alanvacada por uma dinâmica criativa, associativa e nova dos municípios algarvios e respectivos orçamentos, a bem do património, do turismo e por via disso, da economia da região.
Neste assunto se o caso for de amor,não poderá ser nunca, nem platónico nem operário.
ResponderEliminarOlhemos para a esquerda ou para a direita,esbarramos sempre, com casos sérios de narcisismo.
No dia em que a cidade de Silves deixar de contar com os impostos arrecadados nas outras freguesias do concelho, sempre quero ver donde vêm o dinheiro para manter os museus, teatros, biblioteca, e outras mordomias que só por lá existem.
ResponderEliminarIsto de serem uns a pagar e outros a gozar dos rendimentos não está certo.
já agora quantas pesoas visitaram o museu e que receitas geram?
Ex-Vereadores directores de museus a botarem opiniões sobre o dinheiro que não é deles não é lá muito ético.
Em Janeiro CÂMARA MUNICIPAL DE SILVES APOIA “MARCHAS PASSEIO” DO IDP E ARCA
ResponderEliminarA Câmara Municipal de Silves (CMS) apoia a realização de diversas “marchas passeio”, durante este mês de Janeiro, nomeadamente a marcha organizada pelo Instituto de Desporto de Portugal (IDP) no dia 10 de Janeiro, durante a manhã. Esta Marcha terá início na Junta de Freguesia do Algoz, às 10h00. Por sua vez, no dia 31 de Janeiro, pelas 9h30, a autarquia apoia a Marcha organizada pela Associação Recreativa e Cultural da Amorosa (ARCA), que se integra no Projecto “Silves em Movimento”.
Quem desejar participar/inscrever-se deverá contactar o Sector de Desporto (Divisão de Desporto, Juventude e Acção Social), através dos telefones 282 440 800 e 282 440 270.
Pôr esta malta a trabalhar, mesmo com o dinheiro dos outros, é pedir demais.
ResponderEliminarCompreendendo as vossas boas intenções acho mesmo é qude devem ter juizo...
São os homens de esquerda do concelho de Silves........
ResponderEliminarA crise não é só económica,a coerência também anda pelas ruas da amargura......
Concluo que a maior das crises que estamos a enfrentar é a da perda de valores humanos.
A única forma de distinção entre seres humanos é a do poder de compra,vale tudo para quem pode pagar.
A honestide,a coerência,a sinceridade,a competência,o talento,a capacidade de acreditar que vale sempre a pena corrigir erros,a capacidade de honrar os compromissos assumidos,tudo valores que se perderam,esta é a grande crise que todos enfrentamos.
Temos assistido a todo o género de abusos,todos sabem onde estão os verdadeiros problemas,todos sabem as soluções,o problema são as prioridades desta canalha incosciente,irresponsável. Pior de tudo,canalha muito empenhada em deixar claro que quem pode pagar, manda,com ou sem razão,doa a quem doer.
A pior crise que enfrentamos é acima de tudo, a de termos deixado de acreditar que vale sempre a pena tentar fazer melhor ,a população não têm valor,o povo não tem voz,nem representantes à altura de respeitar as dificuldades que as populações enfrentam diáriamente.
No entanto eu continuo a acreditar que a única coisa que não vale a pena,é ficar calado.
Disparates?
Disparates fazem os nossos politicos,e saem limpinhos,duvido muito é que durmam descansadinhos.
Começo, claro, por agradecer ao autor do blogue a reflexão que aqui deixou sobre assunto que actualmente merece a minha maior preocupação. Não como ex-vereador, como repetidamente me designou, mas sobretudo por ser ainda (só em nome) director do museu da cortiça, seu co-fundador, enfim, munícipe preocupado com as questões patrimoniais que, para além de por interessse vocacional me ocuparem, considero centrais para o desenvolvimento sustentado de todo este concelho. Concordo, aliás, e de forma geral, com o que escreve sobre o assunto. Já o mesmo não digo em relação a alguns comentários...
ResponderEliminarSe quem tem preocupações destas, e responsabilidades sobre um acervo que considera em última instância público, e as divulga publicamente apelando ao debate das questões é narcisista, porque publicamente "bota opinião" (também já houve quem dissesse que pecou por tardia a opinião), então deixemos tudo na mão dos "treinadores de bancada".
Nunca apelei à compra da Fábrica por parte da autarquia, nem acho isso possível nas actuais condições financeiras em que esta se encontra. Mas sei que a solução tem a autarquia como parceira, seja hoje ou "amanhã"! É inevitável: pela importância e localização do espaço, pelas responsabilidades que esta tem em questões de licenciamento urbanístico e respeito pelo actual e futuro PDM, pela memória histórica que tem obrigação legal de preservar.
Não há dinheiro é bem verdade, mas isso é na autarquia. Mas quem são os principais credores, não são os bancos? E esses não têm dinheiro? E esses querem aquele "bebé" entre mãos? Não lhes faltam problemas com activos hipotecados bem mais fáceis de vender?
Então? E se lhes for apresentado um projecto de base que não assente em restauração e espectáculo, mas sim em cultura, património, investigação e desenvolvimento da cultura e "lobby" da cortiça, um produto e uma imagem que Portugal pode e deve apostar. Coruche apostou na construção de um Observatório da Cortiça, S. Brás aposta na Rota da Cortiça e Silves, ainda que tendo Isabel Soares no Conselho Fiscal da RETECORK (Rede Europeia de Territórios Corticeiros), pouco tem feito valer a sua história e património no assunto. As questões ambientais, e florestais (que aliás o concelho pode potenciar pelo seu extenso território e por possuir uma das maiores ZIFs do país entre três grandes barragens)estão na ordem do dia, e a cortiça, a inovação e as potencialidades que ela tem, devem e podem ser exponenciadas. Outros, só com um "ZOO" (marine) fazem a ordem do dia nos telejornais e em visitas porque desenvolvem projectos paralelos de investigação e inovação (I&D) e tornam-se assim centros de referência numa determinada área. O mesmo pode e deve ser feito tendo como base este espaço que é único, e num produto que é "português". Aliás, esse era a base do projecto base e de desenvolvimento deste museu. Assim não foi. Mas pode ainda ser...
Não acredito num projecto baseado na restauração (1000 lugares sentados!)ou no espectáculo (isso dão as autarquias em campanha de borla!). Acredito num projecto de grande afirmação cultural e referencial sobre a cortiça, a floresta, o ambiente e tudo que em redor deste produto se possa potenciar. Acredito até que este museu possa ser ampliado. O material em reserva chegaria para fazer outro museu igual. Vontades e know-how em Portugal para pôr em funcionamento um tal desiderato também não faltam. Sei disso, e agora, nestes momentos difíceis, felizmente, não faltou quem o manifestasse. Ainda que, e infelizmente, foram mais "os de fora do que os cá de dentro".
Desculpem este longo comentário.
Agradecendo o seu comentário que enriquece a informação sobre o assunto, muito gostariamos de saber o que se oferece sobre a nossa sugestão quanto à "solução" associação de municipios em Fundação que curasse do património algarvio.
ResponderEliminarO Sr. Manuel Ramos apresenta ideias, mas sem pirlimpimpim não há nada que se faça... Esta da Isabel Soares fazer parte de um Conselho Fiscal é gira... fiquei quatro minutos e trinta e sete segundos a rir sem parar... é mesmo gira!
ResponderEliminarA ideia da associação de municípios (e tb. privados que desse património beneficiam mas em nada para ele contribuem) em Fundação não é má, mas talvez só em teoria. O problema, e temos exemplo disso noutras áreas e questões, é o individualismo crónico dos algarvios, e o que atrás já apontei: a falta de vontade de muitos dos principais beneficiários do factor atractivo que é o património só estarem aí para dele tirar proveito, mas em nada quererem contribuir para a sua preservação. Vê-se isso quando querem aprovar projectos que esse mesmo património põe em causa, ou virarem costas quando toca a rebate, como temos exemplo no caso recente da antiga Sé de Silves, em que foi o cabo dos trabalhos para conseguir mecenato. Mas haveriam formas, assim politicamente se entendesse prioritário este aspecto para a competitividade algarvia no sector turístico. Fosse pela forma de taxas sobre a implementação de projectos turísticos que revertessem para a dita Fundação, como aliás já se faz pontualmente sobre os lucros do jogo nos Casinos, fosse por outras formas que levassem parte dos IMIs municipais pagos por essas entidades, maneiras haveria de orçamentar essa Fundação. Enfim, nada contra, antes pelo contrário, mas com as reservas apontadas.
ResponderEliminarAdão Myszak, dizia:
ResponderEliminar"A ilusão também existe nas realidades porque elas nascem da ilusão."
A Fábrica do Inglês, foice.
O Museu da Cortiça !!!!!!!??????????
A Autarquia ou as Autarquias do Algarve não têm "pilim", "cascanhol" aquela "coisa" com que se compram os melões.
O acervo é dos credores.
O futuro é negro e é pena.
Se me sair o Euromilhões, prometo que o Museu será nosso, pois comprarei o GRUPO, e a Administração, que passará a fazer parte do espólio, como testemunho do que é uma gestão moderna e eficiente.
Até já.