O espectáculo “Amália Hoje”, segundo se consta virá à Praia dos Pescadores, no próximo dia 6 de Setembro, a partir das 22 horas!
Este espectáculo pretende constituir uma homenagem à Diva do Fado e integra-se nas comemorações do “Dia da Cidade” de Silves.
A presença virtual de Amália em Armação de Pêra através de novas sonoridades da sua musica, obriga-nos a recordar aos mais novos, para que conste que Armação de Pêra já contou com a presença real de Amália que cantou para quem a podia ouvir, os seus temas originais.
Foi nos idos dos sessenta que Amália privilegiou Armação com a sua actuação.
Decorriam os anos áureos do Casino de Armação de Pêra, nos períodos estivais e a nata do Music-Hall nacional actuava com frequência pendular no salão do Casino.
Entretanto Amália já tinha atingido o estrelato internacional, sendo já considerada das maiores cantoras do mundo.
Então, provinda de uma deslocação para actuação em Quarteira, honrou o palco do Casino de Armação de Pêra com mais uma exibição.
Amália, de uma grande sensibilidade estética, apreciadora da beleza paisagística, desfrutou, antes do espectáculo e na companhia de, entre outros, o poeta José Carlos Ary dos Santos, designadamente no miradouro da Rocha da Palha, segundo uma testemunha da sua presença, a beleza da nossa baía.
A enchente foi tanta que Amália pediu para que se abrissem as portas ao público e assim se fez...
Mais um êxito na vida artística de Amália, um dia histórico para o Casino, um momento de êxtase para quem a apreciou e um registo artístico na memoria a preservar da história do desenvolvimento do turismo moderno em Armação de Pêra.
Já depois da publicação deste post, um visitante fez o favor de nos relatar os factos uma vez que os presenciou. Tais factor importam uma correcção ao teor do post.
De facto Amália actuou em Armação, estando previsto o espectáculo para o Casino. No entanto dada a enorme acorrência de público, a actuação veio a suceder em pleno MiniGolf. Estavamos no ano de 1962!
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
domingo, 30 de agosto de 2009
Ruralidade e Urbanidade
O binómio Ruralidade e Urbanidade que deveria ser um factor de equilíbrio dentro do Ordenamento do território, hoje só por sentimentos lúdicos, de bem-estar, na procura de sossego, na fuga ao bulício da cidade, ou pelo regresso às origens. No Algarve, e essencialmente na zona litoral, a luta pela Urbanização do espaço Rural, é feroz, dirigida pelas autarquias locais com o impulso dado pelos enormes lucros que proporciona, tanto aos promotores imobiliários, construção civil e banca (até agora!); diz-se que “vale mais uma licença que permita colocar tijolos no lugar das amendoeiras, que todas as amendoeiras que se consiga plantar”. Na prática o que isto significa? O valor de mercado de um terreno Urbano, onde se possa edificar prédios, fica valorizado de 1/20 em relação ao espaço Rural.
A luta pela alteração dos PDMs – Plano Director Municipal – para o aumento dos Perímetros Urbanos, para que sejam incluídos cada vez mais zonas Rurais no espaço Urbano é o objectivo permanente de todos os executivos camarários. É na promoção da construção desenfreada que vão buscar os valores que necessitam para a manutenção do excesso de funcionários e assessores, para as campanhas políticas, para as obras faraónicas etc.
Mas será que o Mundo Rural per si, não tem valores e força de afirmação para combater este flagelo?
Com a globalização dos bens e mercadorias, os centros urbanos deixaram de ficar na dependência das produções das zonas rurais limítrofes, regionais e até nacionais. Os produtos que as cadeias de distribuição comercializam são das mais diversas origens, os factores determinantes são a relação qualidade/ preço. Até nos mercados municipais dos aglomerados urbanos médios, a origem dos produtos não são da região.
Somos uma região de minifúndio, as poucas culturas agrícolas com expressão são os citrinos e agora a produção de algum vinho (porque há subsídios!). O resto são pequenos agricultores sem expressão no mercado, que nem chegam para abastecer os chamados Mercados dos Produtores, parte dos produtos ai comercializados são oriundos de outras origens.
A existência de alguns focos de Culturas Biológicas ou a experimentação do cultivo de cereais Transgénicos, são pouco mais do que actividades de subsistência e/ ou ocupação dos solos. Os rendimentos conseguidos se não tivessem uma componente subsidiária seriam insuficientes para a sua continuidade.
Quem tem um espaço rural na zona do litoral algarvio, que esteja abrangido pela REN, Reserva Ecológica Nacional, ou pela RAN, Reserva Agrícola Nacional, sem qualquer edificação ou espaço urbano, não se vai dedicar à agricultura, por muito que as suas raízes familiares lhe façam esse apelo, a crueza da realidade tiram-lhes quaisquer veleidades. Mesmo com os subsídios para a plantação de amendoeiras, figueiras e alfarrobeiras, a realidade virá ao de cima, os produtos de outras origens chegarão cá mais baratos e competitivos, as empresas de transformação ou comercialização optam por aquilo que os clientes exigem, mais barato e se possível melhor, se não for melhor paciência, a concorrência nivela-se pelo preço.
A solução não é pois plantar! É contactar um dos tais escritórios de promoção de interesses imobiliários – que abundam pelo Algarve – que eles movem-se com à vontade nos gabinetes que elaboram os PDMs, - Plano Director Municipal, PROTs – Plano Regional de Ordenamento do Território, e sabem como se consegue a implantação de PINs – Planos de Interesse Nacional, de núcleos de Turismo Rural, de Aldeias temáticas, enfim mil e uma formas que há para designar e enaltecer as virtudes do ambiente rural – mas com objectivo que é conseguir a tal autorização milagrosa que se chama Alvará de Loteamento, o tal que lhe irá permitir trocar a plantação de alfarrobeiras ou amendoeiras, por Tijolos. Fará com que o valor da propriedade passe de 1 para 20, e lhe permitirá ainda fazer de benemérito e grande defensor do meio ambiente, determinado que parte das áreas de cedência sejam utilizadas para Zonas Verdes. É claro que as vultuosas mais -valias que irão adquirir nesta operação, grande parte serão para distribuir pelos diversos intervenientes.
Se o seu espaço rural já contém alguma edificação ou número de matriz urbana, o processo torna-se mais simples, mas deve recorrer aos serviços dos mesmos intervenientes do processo anterior para ter sucesso nos seus objectivos, pois se o tentar individualmente, será boicotado logo a partida. Os circuitos e intervenientes são únicos, devidamente blindados e não permitem a intrusão de estranhos.
Isto é quase que um manual de como subornar para conseguir transformar uma propriedade Rural em espaço Urbano, mas infelizmente no Litoral do Algarve a realidade é esta.
Existem outros estratagemas ou habilidades que os promotores imobiliários em sintonia com as Câmaras Municipais, entidades responsáveis pela execução dos Planos Directores Municipais e Planos de Pormenor Sectoriais, que é aprovar zonas verdes - parques ecológicos, jardins, relvados – envolvidas em grandes densidades urbanas, e paulatinamente irem subtraindo esse espaço reservado à Natureza, para implementação de um equipamento público, umas rotundas, uns parque para desportos radicais (em betão) etc.
O exemplo da degradação urbana de Armação de Pêra, de como se fazem lindos projectos, Planos de Pormenor, Plano Director Municipal (PDM) e outros documentos de Administração e Gestão do Território que só servem para enganar quem os observa. Servindo de base para o estudo de “Como contornar as Leis”. Edificar aonde está prevista a “Zona verde”. De como se aumentam as volumetrias e densidade habitacionais propostas, transformar Zonas Rurais em Urbanas.
Em 1966 é feito um conjunto de estudos a fim de implementar novos pólos de desenvolvimento, ampliar a aldeia (Armação de Pêra) e melhorar a acessibilidade viária. São previstas as urbanizações dos pólos da Senhora da Rocha, Vila Lara, hotéis, a urbanização da praia da Galé assim como proposta de ampliação de Armação de Pêra para nascente, onde é proposta a construção de uma marina com urbanização. Este Plano, embora nunca eficaz, foi o instrumento de planeamento que norteou o desenvolvimento de toda esta zona que abrange 3 concelhos, Lagoa, Silves e Albufeira.
No final dos anos 90 já Armação de Pêra tinha rebentado pelas costuras, seguindo um plano megalómano de cérceas altas e muito denso (curiosamente o único aprovado superiormente). O senhor presidente da república (Dr. Jorge Sampaio) foi passar férias para a Vila Vita, e um dia terá descido á vila. Ficou horrorizado e mandou que se montasse um GTL (Gabinete Técnico Local) de forma a elaborar um plano de salvaguarda e requalificação. Não foram aplicadas medidas preventivas ao que já estava aprovado, com densidades muito mais baixas, menor volumetria e mais espaços públicos.
Aproveitaram a oportunidade para contornar a Lei e em vez de um Plano de Salvaguarda e Requalificação, foi feito um Plano de desenvolvimento e ampliação, cosendo interesses com influências, pensando em grande!
Durante o período que mediou a suspensão do PDM em 1998 e a aprovação do Plano de Pormenor aprovado em 2007, Armação de Pêra esteve sem qualquer instrumento legal que supervisionasse a construção, ocupações de solos, densidades e volumetrias.
Este é o famoso Plano de Pormenor que andou em roda livre durante quase 10 anos, o que estava previsto hoje alterava-se amanha para mais e maior. Transformaram Armação de Pêra no paradigma do que de pior se fez no Algarve.
Armação de Betão
A minha origem é da Ruralidade, anseio por ter casa no campo e fugir da Cidade, para usufruir do contacto com a Natureza, reencontrar-me, voltar a sentir os odores, os sons, os ciclos da vida nas árvores, nas plantas, nos bichos, no riacho, nas aves. Sentir a vida pulsar e ser parte integrante dela.
No meio das casas e ruas a vida é outra: são aberrações arquitectónicas, carros por todo o lado, mal estacionados pelos passeios ou a acelerar, são os aglomerados de lixo junto dos contentores, mesmo com eles vazios, é a caca dos cãezinhos, é a poluição, é a insegurança. E porquê viver na cidade com todos estes males? Porque é lá que está o que precisamos no dia-a-dia; É o Centro de Saúde, o Hospital, a Escola, a Farmácia, os Jornais do Dia – no campo nem há cobertura para o telefone, dizem – As Aldeias Rurais estão esvaziadas de tudo, só lá ficaram os velhos que os filhos ainda não puseram no Lar.
Há que dignificar as Aldeias. Mais do que pitorescos aglomerados para visitar ou elementos essenciais do nosso património cultural, justificação da nossa forma de ser, a ruralidade é um factor fundamental para o ordenamento do território, para a gestão do nosso espaço natural e construído - com regras e leis rígidas -.
É necessário potenciar os aglomerados rurais deforma a que estes ganhem de novo razão existencial, a recuperação dos pequenos núcleos urbanos dispersos e a sua adaptação a Núcleos de Turismo Rural, com recuperação de actividades económicas que permitam a sustentabilidade dos seus residentes, porque a sobrevivência baseada nos rendimentos do sector primário – agricultura, pecuária, produtos avícolas etc. – Deixou de ser possível, em virtude da industrialização e livre circulação dos produtos. A gestão dos recursos naturais e a relação das actividades produtivas com o ambiente é fundamental para que sejam adaptadas medidas que levem a fixação das populações rurais no seu meio.
A criação de actividades de prestação de serviços aos novos inquilinos temporários, desses espaços, bem como o escoamento dos produtos agrícolas produzidos – valorizados localmente, pela sua origem e qualidades – Trará forma de subsistência digna e compensadora aos habitantes permanentes das Aldeias Rurais.
O movimento de re-naturalização que valoriza o desenvolvimento sustentável e protecção à natureza; procura a autenticidade valorizando memórias e identidades capazes de se oporem à homogeneização que a globalização propõe; e a mercantilização das paisagens pela valorização das actividades de turismo e lazer.
Armação de Pêra, 13 Junho de 2009
Luís Patrício Pereira Ricardo
A luta pela alteração dos PDMs – Plano Director Municipal – para o aumento dos Perímetros Urbanos, para que sejam incluídos cada vez mais zonas Rurais no espaço Urbano é o objectivo permanente de todos os executivos camarários. É na promoção da construção desenfreada que vão buscar os valores que necessitam para a manutenção do excesso de funcionários e assessores, para as campanhas políticas, para as obras faraónicas etc.
Mas será que o Mundo Rural per si, não tem valores e força de afirmação para combater este flagelo?
Com a globalização dos bens e mercadorias, os centros urbanos deixaram de ficar na dependência das produções das zonas rurais limítrofes, regionais e até nacionais. Os produtos que as cadeias de distribuição comercializam são das mais diversas origens, os factores determinantes são a relação qualidade/ preço. Até nos mercados municipais dos aglomerados urbanos médios, a origem dos produtos não são da região.
Somos uma região de minifúndio, as poucas culturas agrícolas com expressão são os citrinos e agora a produção de algum vinho (porque há subsídios!). O resto são pequenos agricultores sem expressão no mercado, que nem chegam para abastecer os chamados Mercados dos Produtores, parte dos produtos ai comercializados são oriundos de outras origens.
A existência de alguns focos de Culturas Biológicas ou a experimentação do cultivo de cereais Transgénicos, são pouco mais do que actividades de subsistência e/ ou ocupação dos solos. Os rendimentos conseguidos se não tivessem uma componente subsidiária seriam insuficientes para a sua continuidade.
Quem tem um espaço rural na zona do litoral algarvio, que esteja abrangido pela REN, Reserva Ecológica Nacional, ou pela RAN, Reserva Agrícola Nacional, sem qualquer edificação ou espaço urbano, não se vai dedicar à agricultura, por muito que as suas raízes familiares lhe façam esse apelo, a crueza da realidade tiram-lhes quaisquer veleidades. Mesmo com os subsídios para a plantação de amendoeiras, figueiras e alfarrobeiras, a realidade virá ao de cima, os produtos de outras origens chegarão cá mais baratos e competitivos, as empresas de transformação ou comercialização optam por aquilo que os clientes exigem, mais barato e se possível melhor, se não for melhor paciência, a concorrência nivela-se pelo preço.
A solução não é pois plantar! É contactar um dos tais escritórios de promoção de interesses imobiliários – que abundam pelo Algarve – que eles movem-se com à vontade nos gabinetes que elaboram os PDMs, - Plano Director Municipal, PROTs – Plano Regional de Ordenamento do Território, e sabem como se consegue a implantação de PINs – Planos de Interesse Nacional, de núcleos de Turismo Rural, de Aldeias temáticas, enfim mil e uma formas que há para designar e enaltecer as virtudes do ambiente rural – mas com objectivo que é conseguir a tal autorização milagrosa que se chama Alvará de Loteamento, o tal que lhe irá permitir trocar a plantação de alfarrobeiras ou amendoeiras, por Tijolos. Fará com que o valor da propriedade passe de 1 para 20, e lhe permitirá ainda fazer de benemérito e grande defensor do meio ambiente, determinado que parte das áreas de cedência sejam utilizadas para Zonas Verdes. É claro que as vultuosas mais -valias que irão adquirir nesta operação, grande parte serão para distribuir pelos diversos intervenientes.
Se o seu espaço rural já contém alguma edificação ou número de matriz urbana, o processo torna-se mais simples, mas deve recorrer aos serviços dos mesmos intervenientes do processo anterior para ter sucesso nos seus objectivos, pois se o tentar individualmente, será boicotado logo a partida. Os circuitos e intervenientes são únicos, devidamente blindados e não permitem a intrusão de estranhos.
Isto é quase que um manual de como subornar para conseguir transformar uma propriedade Rural em espaço Urbano, mas infelizmente no Litoral do Algarve a realidade é esta.
Existem outros estratagemas ou habilidades que os promotores imobiliários em sintonia com as Câmaras Municipais, entidades responsáveis pela execução dos Planos Directores Municipais e Planos de Pormenor Sectoriais, que é aprovar zonas verdes - parques ecológicos, jardins, relvados – envolvidas em grandes densidades urbanas, e paulatinamente irem subtraindo esse espaço reservado à Natureza, para implementação de um equipamento público, umas rotundas, uns parque para desportos radicais (em betão) etc.
O exemplo da degradação urbana de Armação de Pêra, de como se fazem lindos projectos, Planos de Pormenor, Plano Director Municipal (PDM) e outros documentos de Administração e Gestão do Território que só servem para enganar quem os observa. Servindo de base para o estudo de “Como contornar as Leis”. Edificar aonde está prevista a “Zona verde”. De como se aumentam as volumetrias e densidade habitacionais propostas, transformar Zonas Rurais em Urbanas.
Em 1966 é feito um conjunto de estudos a fim de implementar novos pólos de desenvolvimento, ampliar a aldeia (Armação de Pêra) e melhorar a acessibilidade viária. São previstas as urbanizações dos pólos da Senhora da Rocha, Vila Lara, hotéis, a urbanização da praia da Galé assim como proposta de ampliação de Armação de Pêra para nascente, onde é proposta a construção de uma marina com urbanização. Este Plano, embora nunca eficaz, foi o instrumento de planeamento que norteou o desenvolvimento de toda esta zona que abrange 3 concelhos, Lagoa, Silves e Albufeira.
No final dos anos 90 já Armação de Pêra tinha rebentado pelas costuras, seguindo um plano megalómano de cérceas altas e muito denso (curiosamente o único aprovado superiormente). O senhor presidente da república (Dr. Jorge Sampaio) foi passar férias para a Vila Vita, e um dia terá descido á vila. Ficou horrorizado e mandou que se montasse um GTL (Gabinete Técnico Local) de forma a elaborar um plano de salvaguarda e requalificação. Não foram aplicadas medidas preventivas ao que já estava aprovado, com densidades muito mais baixas, menor volumetria e mais espaços públicos.
Aproveitaram a oportunidade para contornar a Lei e em vez de um Plano de Salvaguarda e Requalificação, foi feito um Plano de desenvolvimento e ampliação, cosendo interesses com influências, pensando em grande!
Durante o período que mediou a suspensão do PDM em 1998 e a aprovação do Plano de Pormenor aprovado em 2007, Armação de Pêra esteve sem qualquer instrumento legal que supervisionasse a construção, ocupações de solos, densidades e volumetrias.
Este é o famoso Plano de Pormenor que andou em roda livre durante quase 10 anos, o que estava previsto hoje alterava-se amanha para mais e maior. Transformaram Armação de Pêra no paradigma do que de pior se fez no Algarve.
Armação de Betão
A minha origem é da Ruralidade, anseio por ter casa no campo e fugir da Cidade, para usufruir do contacto com a Natureza, reencontrar-me, voltar a sentir os odores, os sons, os ciclos da vida nas árvores, nas plantas, nos bichos, no riacho, nas aves. Sentir a vida pulsar e ser parte integrante dela.
No meio das casas e ruas a vida é outra: são aberrações arquitectónicas, carros por todo o lado, mal estacionados pelos passeios ou a acelerar, são os aglomerados de lixo junto dos contentores, mesmo com eles vazios, é a caca dos cãezinhos, é a poluição, é a insegurança. E porquê viver na cidade com todos estes males? Porque é lá que está o que precisamos no dia-a-dia; É o Centro de Saúde, o Hospital, a Escola, a Farmácia, os Jornais do Dia – no campo nem há cobertura para o telefone, dizem – As Aldeias Rurais estão esvaziadas de tudo, só lá ficaram os velhos que os filhos ainda não puseram no Lar.
Há que dignificar as Aldeias. Mais do que pitorescos aglomerados para visitar ou elementos essenciais do nosso património cultural, justificação da nossa forma de ser, a ruralidade é um factor fundamental para o ordenamento do território, para a gestão do nosso espaço natural e construído - com regras e leis rígidas -.
É necessário potenciar os aglomerados rurais deforma a que estes ganhem de novo razão existencial, a recuperação dos pequenos núcleos urbanos dispersos e a sua adaptação a Núcleos de Turismo Rural, com recuperação de actividades económicas que permitam a sustentabilidade dos seus residentes, porque a sobrevivência baseada nos rendimentos do sector primário – agricultura, pecuária, produtos avícolas etc. – Deixou de ser possível, em virtude da industrialização e livre circulação dos produtos. A gestão dos recursos naturais e a relação das actividades produtivas com o ambiente é fundamental para que sejam adaptadas medidas que levem a fixação das populações rurais no seu meio.
A criação de actividades de prestação de serviços aos novos inquilinos temporários, desses espaços, bem como o escoamento dos produtos agrícolas produzidos – valorizados localmente, pela sua origem e qualidades – Trará forma de subsistência digna e compensadora aos habitantes permanentes das Aldeias Rurais.
O movimento de re-naturalização que valoriza o desenvolvimento sustentável e protecção à natureza; procura a autenticidade valorizando memórias e identidades capazes de se oporem à homogeneização que a globalização propõe; e a mercantilização das paisagens pela valorização das actividades de turismo e lazer.
Armação de Pêra, 13 Junho de 2009
Luís Patrício Pereira Ricardo
terça-feira, 25 de agosto de 2009
DIREITINHO MAS NADA CERTINHO!
A propósito dos comentários de um visitante recente
O nosso penúltimo post foi objecto de um comentário que nos prendeu especialmente a atenção.
Tratou-se do visitante que se auto apelidou de “certinho e direitinho”!
Porque teceu algumas considerações que merecem esclarecimento, passaremos em revista as suas afirmações mais candentes e tentaremos esclarecer o nosso visitante quanto a alguns aparentes equívocos acerca da natureza deste sitio.
Impõe-se antes de mais agradecer as felicitações pela criação do blog, o qual diz seguir com curiosidade desde há muito. Bem haja portanto!
Importa no entanto sugerir que reveja o teor dos posts, desde o seu inicio, para que, livremente, possa concluir que este sítio é clara e assumidamente politico.
Não politico no sentido partidário do termo, que o não é, mas sim no sentido do livre, autónomo e militante exercício dos poderes de cidadania.
Permita-nos a oportunidade de recordar o que a este propósito pensa Kant.
“Para Kant, cidadania é o mesmo que autonomia, aquilo que permite conciliar a ordem com a liberdade e que só pode efectivar-se através da subversão do direito. É a submissão à autoridade que cada um dá a si mesmo, pelo que importa rejeitar a liberdade sem ordem (anarquia), bem como a ordem sem liberdade (despotismo). Porque cada homem é um fim em si mesmo e nunca pode ser um meio que justifique qualquer fim que lhe seja alheio.
Assim, o contrato social constitui uma simples ideia da razão, um mero princípio a priori, uma pressuposição lógica e não um facto histórico ou empírico. Aliás, o “contractus originarius” não é o princípio que permite conhecer a origem do Estado, mas como ele deve ser. Mais: o contrato social é a regra e não a origem da Constituição do Estado; não é o princípio da sua fundação, mas o da sua administração e ilumina o ideal da legislação, do governo e da justiça pública. Nestes termos, proclama o contrato social como o contrato originário pelo qual todos os membros do povo (omnes et singuli) limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê‑la de novo como membros da comunidade, isto é, do povo olhado como Estado (universi). Na sua base, há um pactum unionis civilis que trata de organizar uma multidão de seres razoáveis e de instaurar um ser comum, o qual constitui uma espécie do imperativo categórico do político. Deste modo, o direito público é o conjunto das leis que necessitam de ser proclamadas universalmente para se gerar um estado jurídico. É um sistema de leis para um povo, isto é, uma multiplicidade de homens ou uma multiplicidade de povos que, estando numa relação recíproca de uns para com outros, têm necessidade, para poderem usar do seu direito, de um estado jurídico dependente de uma vontade que os unifica, isto é de uma constituição.
Logo, o Estado como república, como dizia Rousseau, é acção do todo sobre o todo, o tal ser comum feito de uma multidão de seres razoáveis. É, nas palavras de Raymond Aron, a colectividade considerada como um todo. Ou, para subirmos à perspectiva de Kant, um Estado-razão, o tal contrato original pelo qual todos os membros do povo limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê-la de novo como membros da comunidade, o povo olhado como universalidade.”
É assim, com estranheza, que tomamos a sua “descoberta” acerca da natureza politica deste sítio, “acusação” esta da qual nos confessamos desde já como “culpados”!
Já quanto ao pretenso propósito exclusivo de “atacar” a Senhora Isabel Soares, que também consta do libelo acusatório, a justificação é um pouco mais extensa.
Na verdade a destinatária de muitas das nossas criticas é a Presidência da Câmara de Silves, ou melhor a responsável primeira pela gestão da autarquia, por virtude das funções e poderes que exerce, ou não exerce e pelas escolhas que faz.
De facto a Senhora Isabel Soares não passa duma expressão conjuntural no exercício do poder concelhio do qual Armação de Pêra é destinatária.
E é precisamente nos caminhos da defesa dos interesses de Armação de Pêra que nos cruzamos, inevitavelmente, com a Câmara de Silves, com a sua (hoje) Presidenta e sobretudo com a sua gestão negligente e irresponsável desta Vila, “pérola” na expressão que utilizou.
Com efeito, de Armação de Pêra os seus bisnetos continuarão a ouvir falar, o mesmo não se podendo dizer de Isabel Soares, a qual, perdendo as eleições, como se espera, ou impedida de se recandidatar por atingir o limite legal de mandatos, ninguém mais se lembrará! Vai uma aposta?
Mais tarde refere acerca da (im)parcialidade do blog e do dever de “aplaudir” os criticados quando fazem bem, dando-lhes a palavra em posts que pugnassem em sua defesa.
Somos sensíveis ao tema da imparcialidade!
De facto não temos dado expressão ao pensamento Soarista! No entanto, cremos que justificadamente!
Em primeiro lugar porque não sabemos o que isso é!
Em segundo porque, a existir pensamento soarista, desconhecemos a sua fonte e ou expressão publica!
Em terceiro porque, apesar de termos bem evidenciado quer no inicio quer no fim do blog, o nosso endereço electrónico, nunca recebemos qualquer pedido de publicação que fosse expressão desse pensamento e desejo, com excepção da “famigerada terrorista” Adelina Capelo, que nos vai privilegiando com a sua presença tão frequente quanto fundamentalista nos comentários aos posts.
Já quanto à acusação de falta à verdade, esta é injusta e infundamentada.
Na verdade a actividade deste blog não é profissional, não visa cobrir acontecimentos e por isso mesmo é extremamente cuidadosa na invocação de factos cuja verificação não seja absolutamente objectiva. Por isso não desvendamos factos, nem damos cobertura ou fundamento a rumores. Limitamo-nos a exprimir opinião sobre factos cujo verificação é habitualmente, pacifica. Dai o total despropósito da acusação!
Quanto às observações que faz acerca da vocação de Armação para sustentar o resto do concelho, quanto a nós por incompetência patente da governo do mesmo, rejeitamos liminarmente tal concepção, como igualmente o seu conceito de progresso soarista, pelo que não nos merecem mais comentários!
Por tudo isto, o nosso visitante, será “direitinho”, mas de certeza que não é "certinho"!
O nosso penúltimo post foi objecto de um comentário que nos prendeu especialmente a atenção.
Tratou-se do visitante que se auto apelidou de “certinho e direitinho”!
Porque teceu algumas considerações que merecem esclarecimento, passaremos em revista as suas afirmações mais candentes e tentaremos esclarecer o nosso visitante quanto a alguns aparentes equívocos acerca da natureza deste sitio.
Impõe-se antes de mais agradecer as felicitações pela criação do blog, o qual diz seguir com curiosidade desde há muito. Bem haja portanto!
Importa no entanto sugerir que reveja o teor dos posts, desde o seu inicio, para que, livremente, possa concluir que este sítio é clara e assumidamente politico.
Não politico no sentido partidário do termo, que o não é, mas sim no sentido do livre, autónomo e militante exercício dos poderes de cidadania.
Permita-nos a oportunidade de recordar o que a este propósito pensa Kant.
“Para Kant, cidadania é o mesmo que autonomia, aquilo que permite conciliar a ordem com a liberdade e que só pode efectivar-se através da subversão do direito. É a submissão à autoridade que cada um dá a si mesmo, pelo que importa rejeitar a liberdade sem ordem (anarquia), bem como a ordem sem liberdade (despotismo). Porque cada homem é um fim em si mesmo e nunca pode ser um meio que justifique qualquer fim que lhe seja alheio.
Assim, o contrato social constitui uma simples ideia da razão, um mero princípio a priori, uma pressuposição lógica e não um facto histórico ou empírico. Aliás, o “contractus originarius” não é o princípio que permite conhecer a origem do Estado, mas como ele deve ser. Mais: o contrato social é a regra e não a origem da Constituição do Estado; não é o princípio da sua fundação, mas o da sua administração e ilumina o ideal da legislação, do governo e da justiça pública. Nestes termos, proclama o contrato social como o contrato originário pelo qual todos os membros do povo (omnes et singuli) limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê‑la de novo como membros da comunidade, isto é, do povo olhado como Estado (universi). Na sua base, há um pactum unionis civilis que trata de organizar uma multidão de seres razoáveis e de instaurar um ser comum, o qual constitui uma espécie do imperativo categórico do político. Deste modo, o direito público é o conjunto das leis que necessitam de ser proclamadas universalmente para se gerar um estado jurídico. É um sistema de leis para um povo, isto é, uma multiplicidade de homens ou uma multiplicidade de povos que, estando numa relação recíproca de uns para com outros, têm necessidade, para poderem usar do seu direito, de um estado jurídico dependente de uma vontade que os unifica, isto é de uma constituição.
Logo, o Estado como república, como dizia Rousseau, é acção do todo sobre o todo, o tal ser comum feito de uma multidão de seres razoáveis. É, nas palavras de Raymond Aron, a colectividade considerada como um todo. Ou, para subirmos à perspectiva de Kant, um Estado-razão, o tal contrato original pelo qual todos os membros do povo limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê-la de novo como membros da comunidade, o povo olhado como universalidade.”
É assim, com estranheza, que tomamos a sua “descoberta” acerca da natureza politica deste sítio, “acusação” esta da qual nos confessamos desde já como “culpados”!
Já quanto ao pretenso propósito exclusivo de “atacar” a Senhora Isabel Soares, que também consta do libelo acusatório, a justificação é um pouco mais extensa.
Na verdade a destinatária de muitas das nossas criticas é a Presidência da Câmara de Silves, ou melhor a responsável primeira pela gestão da autarquia, por virtude das funções e poderes que exerce, ou não exerce e pelas escolhas que faz.
De facto a Senhora Isabel Soares não passa duma expressão conjuntural no exercício do poder concelhio do qual Armação de Pêra é destinatária.
E é precisamente nos caminhos da defesa dos interesses de Armação de Pêra que nos cruzamos, inevitavelmente, com a Câmara de Silves, com a sua (hoje) Presidenta e sobretudo com a sua gestão negligente e irresponsável desta Vila, “pérola” na expressão que utilizou.
Com efeito, de Armação de Pêra os seus bisnetos continuarão a ouvir falar, o mesmo não se podendo dizer de Isabel Soares, a qual, perdendo as eleições, como se espera, ou impedida de se recandidatar por atingir o limite legal de mandatos, ninguém mais se lembrará! Vai uma aposta?
Mais tarde refere acerca da (im)parcialidade do blog e do dever de “aplaudir” os criticados quando fazem bem, dando-lhes a palavra em posts que pugnassem em sua defesa.
Somos sensíveis ao tema da imparcialidade!
De facto não temos dado expressão ao pensamento Soarista! No entanto, cremos que justificadamente!
Em primeiro lugar porque não sabemos o que isso é!
Em segundo porque, a existir pensamento soarista, desconhecemos a sua fonte e ou expressão publica!
Em terceiro porque, apesar de termos bem evidenciado quer no inicio quer no fim do blog, o nosso endereço electrónico, nunca recebemos qualquer pedido de publicação que fosse expressão desse pensamento e desejo, com excepção da “famigerada terrorista” Adelina Capelo, que nos vai privilegiando com a sua presença tão frequente quanto fundamentalista nos comentários aos posts.
Já quanto à acusação de falta à verdade, esta é injusta e infundamentada.
Na verdade a actividade deste blog não é profissional, não visa cobrir acontecimentos e por isso mesmo é extremamente cuidadosa na invocação de factos cuja verificação não seja absolutamente objectiva. Por isso não desvendamos factos, nem damos cobertura ou fundamento a rumores. Limitamo-nos a exprimir opinião sobre factos cujo verificação é habitualmente, pacifica. Dai o total despropósito da acusação!
Quanto às observações que faz acerca da vocação de Armação para sustentar o resto do concelho, quanto a nós por incompetência patente da governo do mesmo, rejeitamos liminarmente tal concepção, como igualmente o seu conceito de progresso soarista, pelo que não nos merecem mais comentários!
Por tudo isto, o nosso visitante, será “direitinho”, mas de certeza que não é "certinho"!
domingo, 23 de agosto de 2009
Pequena Monografia de Armação de Pêra, por um armacenense:Luís Patrício Pereira Ricardo
Foi com muito gosto que recebemos de Luís Patrício Pereira Ricardo uma pequena monografia de Armação de Pêra.
Com muito gosto porquanto se trata de um trabalho de investigação sobre a nossa Vila, o qual, tanto quanto sabemos é inédito. Com gosto redobrado dado tratar-se o investigador de um armacenense.
Posto isto, porque o trabalho sendo "pequeno" é longo, passamos de imediato ao tema que é de resto muito interessante e nalguns dados históricos que nos traz, premonitório de soluções tentadas e infelizmente goradas como é o caso da integração de Armação de Pêra da freguesia de Alcantarilha no concelho de Albufeira em 1834.
Vá lá saber-se porquê?
Eis então a Monografia:
INTRODUÇÃO
Todas as referências históricas sobre a antiguidade da Vila de Armação de Pêra, tem como ponto em comum, ou referencial a antiguidade da fortaleza, ou amuralhamento da costa, ao qual se referem ter acontecido por volta do ano de 1661 ou 1667, data inscrita na Pedra de Armas que encima o arco de entrada da referida fortaleza. Pelas minhas pesquisas e intuição, considero ser um erro crasso considerar essa data como ponto de referência correcto. Em seguida passo a descrever, comentar e documentar, cronologicamente, todas as referências históricas sobre o passado desta povoação, dita de Armação de Pêra, ou Santo António das Areias, ou Santo António de Pêra, ou ainda Pêra de Baixo.
Capítulo I
As primeiras referências ao sítio, onde hoje se encontra Armação de Pêra, datam de 14 de Julho de 1559. Na altura havia algumas casas de madeira, cobertas por colmo, utilizadas por pescadores que faziam ai a sua faina; a sua utilização não era de permanência. Por a praia ser muito exposta aos ataques dos piratas “mouros”, também durante o período de invernia, cessavam as suas actividades piscatórias.
As povoações mais próximas, com construções sólidas, --alvenaria- e torres de vigia, para que os agressores pudessem ser detectados a tempo de se poderem salvaguardar as pessoas e bens, eram: Alcantarilha, Pêra, Canelas ou Montes Canelas e Vale do Olival.
O primeiro, e fundamental registo, é uma carta dirigida a Rainha D. Catarina de Áustria, regente do reino, em que se dava conta de uma investida de piratas nesta zona. – Diz a referida carta -
O capitão Pedro da Silva, começa por dizer que estando ele em Porches-o-Velho, antiga povoação perto da costa, onde residia habitualmente no verão. De por ser esta a época do ano de maior recrudescimento da pirataria. Fora ali dado o rebate, logo as três horas da madrugada do dia 13 de Julho de 1559, de 13 galés de turcos terem aparecido naquele mar.
Por sua ordem, as mulheres e crianças de Porches-o-Velho e de outros lugares vizinhos, próximos da costa, como Pêra, Alcantarilha e Canelas, foram imediatamente evacuados para Silves, e dado o rebate não só a esta cidade, mas também às vintenas (Bymtenas), às dos besteiros do conto e às dos homens do mar.
Foi no Vale do Olival, naturalmente já perto do mar, que foram avistados pelo referido capitão e sua gente, as galés dos piratas.
Vieram também auxiliá-lo, e ficaram logo sob o seu comando, os cavaleiros das bandeiras de Alcantarilha, Pêra e Canelas, além de gente válida dos dois Porches, Porches-o-Velho e Porches-o-Novo.
As chamadas Casas ou Montes de Canelas – dos seus 20 moradores, chegaram a ser saqueadas pelos turcos, com o emprego de muita arcabuzaria, por aqueles não terem posto logo a salvo os seus haveres, embora tivessem disposto de tempo para o fazer.
O capitão Pedro da Silva calculou o número destes audaciosos assaltantes num milhar, 800 «em esquadrão» e 200 «estreuaguamtes», mas pouco afoitos, apesar de numerosos. E foi o que na ocasião valeu também aos nossos, naturalmente perturbados pelo inesperado desembarque e surpresa do ataque.
O capitão Pedro da Silva conta, a propósito, como valeu, ele próprio, acompanhado dos seus, a uma bandeira de Lagoa, a qual caminhava em direcção ao local da costa onde estavam as galés, - «Já muito desbaratada, mesmo antes da batalha.»
Referindo-se aos seus companheiros da árdua luta para repelir os piratas, o capitão Pedro Silva, menciona dois filhos e dois genros de um tal Jorge Lopes, que foi almoxarife da Rainha, e diz que todos ficaram roucos, como ele, quando nessa ocasião, mas em outra situação difícil valeram aos nossos.
Apesar de tudo, apenas sofremos, milagrosamente, a perda de dois homens; um cativo e um morto, por não serem obedientes e disciplinados.
Mas diz o capitão Pedro da Silva que, se tivesse então feito como ele havia já requerido três anos antes, isto é «dar rebates de noyte com foguos e de dia com fachos», aqueles piratas turcos ter-se-iam perdido ou ao menos vencido.
Ficamos agora a saber, pela carta quinhentista em análise, que nesse verão de 1559 o número de vizinhos de Alcantarilha era de 200, o de Pêra 30 e o de Canelas 20.
Todos estes lugares, por estarem junto à costa, corriam sempre grande risco, consequência de ficarem mais expostos aos frequentes assaltos e desembarques dos piratas. A tal ponto flagelados, que nesta carta, o capitão Pedro da Silva se faz eco do desejo de tis moradores se mudarem para outros locais ou disporem de fortificações para sua melhor defesa.
Por isso o capitão lembrava à Rainha D. Catarina a conveniência da construção, ali em Nossa Senhora de Porches, de uma torre, cuja traça a Regente lhe mandara entregar a Álvaro Pires. Essa torre, que seria de «poquo custo e muito forte», com a necessária artilharia, poderia assim valer «a muitos moradores que espalhados perto daly vyuem» e, simultaneamente, impedir «quatro ou symquo desembarcações aos Jmjguos...».
De pôr aqui em relevo o conceito do capitão Pedro da Silva, sargento-mor de Silves, que não era certamente do Algarve, acerca da psicologia e do valor dos Algarvios, embora então mal exercitados nas coisas da guerra.
Escrevia ele à Rainha D. Catarina...«.a gemte deste Reyno / {do Algarve] anjmoza me parece / mas he muito oupiniatyva e soberba / e todos querem ser capitães he muito mal eyxarçitada / nas cousas da guerra ...»
E não menos digna de ser sublinhada me parece também a opinião daquele sargento-mor de Silves, quando ao referir-se à demora do juiz de fora daquela cidade em acorrer ao rebate, e já no final da sua carta diz ainda à Regente «ho juiz não poderia vyr mais cedo que estava lomge dizem que ele deu ho samtyago / mas ser capitão não se Aprende em Coymbra...».
O capitão Pedro da Silva era naturalmente ainda jovem, com muitas qualidades militares e já com bons serviços prestados no Algarve e fora dele. E assim, na sua carta, aproveita o ensejo e pede à Rainha D. Catarina que «como moço», lhe faça alguma mercê, a fim de melhor a servir então «com mais guosto...» Mas pede à soberana que se informe dele junto dos próprios moradores do Algarve e do Bispo da diocese, cuja sede ainda era em Silves. – Transferida para Faro em 1579, sendo o bispo do Algarve D. Jerónimo Osório. 1
A transcrição desta carta, para além de retratar de forma tão peculiar, os personagens, sítios e características da época. Marca a data exacta, em que é pedido para que sejam construídos muros de defesa junto ao mar.
Mas só em 1573, na transcrição do cronista João Cascão 2
Que relata a viagem ao Alentejo e Algarve de D. Sebastião.
Planta da Fortaleza, executada por Alexandre Massai em 1617.
Os brasões das famílias Galego e Soromenho, donatários da Fortaleza de Armação de Pêra.
Diz... «4ª feira, 28 de Janeiro, partiu El-Rei de Silves às 6 horas para vila de Albufeira, que são três léguas de jornada, passou pela Alcantarilha, aldeia de 150 vizinhos, que ora se cerca de muros em toda a roda, e com baluartes em lugares convenientes, por ser perto da costa. Fora deste lugar recebeu-o o Juiz com 7 ou 8 a cavalo, com suas lanças e adargas, e uma bandeira de Ordenança, de 250 soldados. Entrou El-Rei pela principal rua da aldeia que, de uma banda a outra, estava cheia de gente, e às janelas algumas moças bem- parecidas.
O Senhor D. Duarte e o Duque de Aveiro, vieram ambos todo o caminho sem El-Rei, e andaram na Alcantarilha , vendo o novo edifício.»
No ano de 1577, numa transcrição da corografia do Reino do Algarve,de Frei João de S. José, diz: «Do lugar de Alcantarilha . a duas léguas de Silves, para sueste, está o lugar de Alcantarilha , em um outeiro. É de duzentos moradores, foi mandado cercar de muros; tem um pedaço cercado da parte do mar, corre ao longo de ûa ribeira de Inverno, e tem este lugar muitas figueiras, de cujo figo se faz carregação, muitas vinhas e outras fazendas. Junto a este lugar da parte ocidente, esteve ûa povoação chamada Canelas, e ora está desabitada. Um quarto de légua deste lugar, para sudoeste, está na costa do mar a armação da Pedra da Galé, ao longo de um pequeno rio.»
No ano de 1617/1618, em plena Dinastia Filipina, o italiano Alexandre Massai, arquitecto e engenheiro militar, na sua obra Discripcão do Reino do Algarve faz um esboço da fortaleza de Alcantarilha, «a que juntamos cópia, cedida pelo Arquivo Histórico Militar».
A freguesia de Armação de Pêra é criada em 1933, sendo desanexada da de Alcantarilha, pelo Dec. 22.430, de 10 de Abril.
Na informação veiculada pela “wikipédia” 5 diz textualmente: A «Fortaleza de Armação de Pêra, foi construída em 1571 na altura com o nome de Forte de Santo António da Pedra da Galé, a sua construção deve-se essencialmente à defesa do local, como também das suas gentes, que se deslocavam de Alcantarilha, para ai se dedicarem à pesca».
Todos estes dados vêem confirmar que a edificação da fortaleza é anterior às datas até agora sustentadas. Uns defendem ter sido a família de João Galego Soromenho, de origem andaluza e residentes na freguesia de Pêra, «juntamos os brasões de armas»: um dos seus antepassados, por volta do ano 1623, teria mandado erigir a fortaleza, tendo sido nomeado seu governador no ano 1683 (data da criação da freguesia de Pêra, desanexada da freguesia de Alcantarilha).
E os outros dizem ser a data esculpida na Pedra de Armas, do pórtico de entrada, 1661/1667, o ano exacto da sua edificação.
Capítulo II
Só vamos encontrar mais registos históricos relativos a este povoado, por volta do ano 1720, em que é referida a construção dentro da fortaleza da Capela de Santo António, nome dado em invocação ao padroeiro do forte.
É do triste ano de 1755, e pelo relato dos trágicos efeitos do tremor de terra, seguido de um maremoto, que assolou estas paragens, bem como todo o Sul de Portugal e sobretudo Lisboa. Relata, o pároco de Alcantarilha, «em relatório depositado na Torre do Tombo».Que em Pêra de Baixo, ou da Armação, situada na praia a borda do mar a ¼ de légua da outra, Pêra de cima. O mar deixou só uma casa em pé, no dia do terramoto, avançou mais de ½ légua inundando tudo, deixando em salgado umas grandes várzeas, que ficaram reduzidas a ilha, afogando 84 pessoas, a Capela teria sido arrancada pelos alicerces.
No ano de 1841, vamos encontrar registos que se referem a Armação, Armação de Pêra, ou Pêra de Baixo, nos seguintes termos: Esta povoação está a 1.500 metros de Pêra de Cima. Tem uma das praias mais extensas e próprias para banhos.
Pesca-se aqui muito e vário peixe, principalmente sardinha, em 1820, era apenas uma pobre aldeia, composta exclusivamente de cabanas de pescadores e actualmente é uma bonita povoação com boas casas. A 1.500 metros, no sítio da Ponta da Galé, houve antigamente uma grande armação para pesca do atum. Há aqui 24 botes ou lanchas, exclusivamente destinada ao serviço da pesca. Cada um d’estes barcos é tripulado por 6 ou 7 pessoas. Quase sempre saem juntos, de madrugada, para o mar, e vão as vezes a 24 quilómetros de distância, chegam quase todos juntos. É bonito ver navegar, na sua ida e no regresso, esta esquadra em miniatura.
O peixe que pescam, é vendido em lotes (em lotas, dizem elles), e comprado pelos «revendões». Há aqui uns 50 d’estes que não têm outro modo de vida, e vão vender o peixe até à distância de, 16 a 18 quilómetros. Outros negociantes há também aqui, que no tempo da fartura, compram e salgam o peixe, para o venderem seco, no Inverno.
Os pescadores da Armação, são musculosos, óptimos marinheiros, de uma coragem a toda a prova, trabalhadores e bons.
Estas qualidades são comuns a todos os marítimos algarvios. As mulheres são em geral bonitas, asseadas e presumidas.
Como todos os pescadores das nossas costas, não costumam guardar no tempo da abundância, para o da escassez; por isso de Inverno, chegam por muitas vezes a lutar contra os horrores da fome; mas têm sentimentos tão elevados, que raro é o que na máxima extremidade, estende a mão a caridade pública.
É também uma praia de banhos muito concorrida na estação própria, sendo às vezes igual à permanente, a população flutuante.
Não resisti a transcrever o texto acima, que me parece de uma beleza tão ingénua, como uma pintura naif.
No ano de 1834, as freguesias de Alcantarilha e Pêra, são retiradas do concelho de Silves, e incorporadas no de Albufeira. Voltaram a ser reintegradas em 1836, pela reforma Administrativa levada a cabo por Passos Manuel. A Freguesia de Armação de Pêra é criada em 1933, assinaram o acto de posse e assumiram a direcção da junta recém criada: João de Almeida Mira, Francisco Anastácio Pereira, Álvaro Duarte Gomes (exonerado em 30/8/933), José Guerreiro de Moura Lapa (em 30/8/1933).
Já no ano de 1923, na sequência de um decreto-lei aprovado dois anos antes, o turismo nasce oficialmente no Algarve, com a criação da Comissão de Iniciativa e Turismo de Armação de Pêra, mais tarde transformada em Junta de Turismo de Armação de Pêra., que virá a ser extinta em 1970 com a criação da Região de Turismo do Algarve (RTA).
Fotos antigas de Armação de Pêra, tiradas por volta de 1933, retratam a degradação da fortaleza e mostram a edificação de alguns chalés de bom gosto arquitectónico.
Vista da rua principal e única com piso tratado, à época.
Imagem do Casino, pouco tempo após a sua inauguração.
Na fotografia de cima, o maravilhoso chalé do Dr. Patrício, sacrificado por um “caixote” em nome do “progresso”.
Imagens do final dos anos 60. Na primeira a Av. Beira-Mar ainda não existia.
Na de baixo, é de salientar o edifício da Casa dos Pescadores, ao fundo da Fortaleza.
Capítulo III
Por iniciativa da Junta de Turismo nos anos 50 é construído um moderno edifício para instalar o Casino Turismo, na falésia sobranceira a praia. É cedido a preço simbólico, terrenos para a construção do Hotel Garbe, o maior e mais moderno na época. Foi neste Hotel, que no decorrer de um curso para oficiais do exercito português, que ali se alojavam e faziam de quartel-general, que em Abril de 1961, foi abortado o golpe de estado em preparação pelo General Botelho Moniz, ministro da Defesa Nacional.
Até o 25 de Abril de 1974, o crescimento urbanístico era pouco, mas com os critérios de qualidade e embelezamento; toda a avenida Beira-Mar, era ladeada por chalés de veraneantes residentes, com estética e bom gosto. A preocupação principal da Junta de Turismo, era o embelezamento da praia e seus acessos, dos balneários e vestiários de apoio aos banhistas. Mas em 1975, as câmaras municipais recuperam a autonomia administrativa que haviam perdido com a criação em 1970, da Região de Turismo do Algarve, organismo que se esvazia de competências e passa a ter uma função eminentemente promocional.
Com a desagregação da pirâmide autarquias-RTA-Governo, o turismo algarvio perde o senso e caminha para o caos. Cada câmara cresce e desenvolve-se por si. Para os municípios, desenvolvimento turístico e crescimento urbanístico parecem querer dizer a mesma coisa. Armação de Pêra, não foi só assolada por estes males, como ainda, e porque a construção civil, é a maior fonte de receitas directas para a câmara de Silves. A construção em massa e desordenada, é um flagelo que vem descaracterizando esta, que já foi uma das mais belas praias do Algarve.
Armação de Pêra, 27 de Dezembro de 2008
Luís Patrício Pereira Ricardo
Bibliografia
1) Alberto Iria – Da importância geo-política do Algarve na defesa marítima de Portugal nos séculos XV a XVIII.
2) Francisco de Sales Loureiro – Uma jornada ao Alentejo e Algarve
3) Duas descrições do Algarve no século XVI – Cadernos da Revista económica e social
4) Alexandre Massai- Descrição do Reino do Algarve
5) Wikipédia – sites de busca
Com muito gosto porquanto se trata de um trabalho de investigação sobre a nossa Vila, o qual, tanto quanto sabemos é inédito. Com gosto redobrado dado tratar-se o investigador de um armacenense.
Posto isto, porque o trabalho sendo "pequeno" é longo, passamos de imediato ao tema que é de resto muito interessante e nalguns dados históricos que nos traz, premonitório de soluções tentadas e infelizmente goradas como é o caso da integração de Armação de Pêra da freguesia de Alcantarilha no concelho de Albufeira em 1834.
Vá lá saber-se porquê?
Eis então a Monografia:
INTRODUÇÃO
Todas as referências históricas sobre a antiguidade da Vila de Armação de Pêra, tem como ponto em comum, ou referencial a antiguidade da fortaleza, ou amuralhamento da costa, ao qual se referem ter acontecido por volta do ano de 1661 ou 1667, data inscrita na Pedra de Armas que encima o arco de entrada da referida fortaleza. Pelas minhas pesquisas e intuição, considero ser um erro crasso considerar essa data como ponto de referência correcto. Em seguida passo a descrever, comentar e documentar, cronologicamente, todas as referências históricas sobre o passado desta povoação, dita de Armação de Pêra, ou Santo António das Areias, ou Santo António de Pêra, ou ainda Pêra de Baixo.
Capítulo I
As primeiras referências ao sítio, onde hoje se encontra Armação de Pêra, datam de 14 de Julho de 1559. Na altura havia algumas casas de madeira, cobertas por colmo, utilizadas por pescadores que faziam ai a sua faina; a sua utilização não era de permanência. Por a praia ser muito exposta aos ataques dos piratas “mouros”, também durante o período de invernia, cessavam as suas actividades piscatórias.
As povoações mais próximas, com construções sólidas, --alvenaria- e torres de vigia, para que os agressores pudessem ser detectados a tempo de se poderem salvaguardar as pessoas e bens, eram: Alcantarilha, Pêra, Canelas ou Montes Canelas e Vale do Olival.
O primeiro, e fundamental registo, é uma carta dirigida a Rainha D. Catarina de Áustria, regente do reino, em que se dava conta de uma investida de piratas nesta zona. – Diz a referida carta -
O capitão Pedro da Silva, começa por dizer que estando ele em Porches-o-Velho, antiga povoação perto da costa, onde residia habitualmente no verão. De por ser esta a época do ano de maior recrudescimento da pirataria. Fora ali dado o rebate, logo as três horas da madrugada do dia 13 de Julho de 1559, de 13 galés de turcos terem aparecido naquele mar.
Por sua ordem, as mulheres e crianças de Porches-o-Velho e de outros lugares vizinhos, próximos da costa, como Pêra, Alcantarilha e Canelas, foram imediatamente evacuados para Silves, e dado o rebate não só a esta cidade, mas também às vintenas (Bymtenas), às dos besteiros do conto e às dos homens do mar.
Foi no Vale do Olival, naturalmente já perto do mar, que foram avistados pelo referido capitão e sua gente, as galés dos piratas.
Vieram também auxiliá-lo, e ficaram logo sob o seu comando, os cavaleiros das bandeiras de Alcantarilha, Pêra e Canelas, além de gente válida dos dois Porches, Porches-o-Velho e Porches-o-Novo.
As chamadas Casas ou Montes de Canelas – dos seus 20 moradores, chegaram a ser saqueadas pelos turcos, com o emprego de muita arcabuzaria, por aqueles não terem posto logo a salvo os seus haveres, embora tivessem disposto de tempo para o fazer.
O capitão Pedro da Silva calculou o número destes audaciosos assaltantes num milhar, 800 «em esquadrão» e 200 «estreuaguamtes», mas pouco afoitos, apesar de numerosos. E foi o que na ocasião valeu também aos nossos, naturalmente perturbados pelo inesperado desembarque e surpresa do ataque.
O capitão Pedro da Silva conta, a propósito, como valeu, ele próprio, acompanhado dos seus, a uma bandeira de Lagoa, a qual caminhava em direcção ao local da costa onde estavam as galés, - «Já muito desbaratada, mesmo antes da batalha.»
Referindo-se aos seus companheiros da árdua luta para repelir os piratas, o capitão Pedro Silva, menciona dois filhos e dois genros de um tal Jorge Lopes, que foi almoxarife da Rainha, e diz que todos ficaram roucos, como ele, quando nessa ocasião, mas em outra situação difícil valeram aos nossos.
Apesar de tudo, apenas sofremos, milagrosamente, a perda de dois homens; um cativo e um morto, por não serem obedientes e disciplinados.
Mas diz o capitão Pedro da Silva que, se tivesse então feito como ele havia já requerido três anos antes, isto é «dar rebates de noyte com foguos e de dia com fachos», aqueles piratas turcos ter-se-iam perdido ou ao menos vencido.
Ficamos agora a saber, pela carta quinhentista em análise, que nesse verão de 1559 o número de vizinhos de Alcantarilha era de 200, o de Pêra 30 e o de Canelas 20.
Todos estes lugares, por estarem junto à costa, corriam sempre grande risco, consequência de ficarem mais expostos aos frequentes assaltos e desembarques dos piratas. A tal ponto flagelados, que nesta carta, o capitão Pedro da Silva se faz eco do desejo de tis moradores se mudarem para outros locais ou disporem de fortificações para sua melhor defesa.
Por isso o capitão lembrava à Rainha D. Catarina a conveniência da construção, ali em Nossa Senhora de Porches, de uma torre, cuja traça a Regente lhe mandara entregar a Álvaro Pires. Essa torre, que seria de «poquo custo e muito forte», com a necessária artilharia, poderia assim valer «a muitos moradores que espalhados perto daly vyuem» e, simultaneamente, impedir «quatro ou symquo desembarcações aos Jmjguos...».
De pôr aqui em relevo o conceito do capitão Pedro da Silva, sargento-mor de Silves, que não era certamente do Algarve, acerca da psicologia e do valor dos Algarvios, embora então mal exercitados nas coisas da guerra.
Escrevia ele à Rainha D. Catarina...«.a gemte deste Reyno / {do Algarve] anjmoza me parece / mas he muito oupiniatyva e soberba / e todos querem ser capitães he muito mal eyxarçitada / nas cousas da guerra ...»
E não menos digna de ser sublinhada me parece também a opinião daquele sargento-mor de Silves, quando ao referir-se à demora do juiz de fora daquela cidade em acorrer ao rebate, e já no final da sua carta diz ainda à Regente «ho juiz não poderia vyr mais cedo que estava lomge dizem que ele deu ho samtyago / mas ser capitão não se Aprende em Coymbra...».
O capitão Pedro da Silva era naturalmente ainda jovem, com muitas qualidades militares e já com bons serviços prestados no Algarve e fora dele. E assim, na sua carta, aproveita o ensejo e pede à Rainha D. Catarina que «como moço», lhe faça alguma mercê, a fim de melhor a servir então «com mais guosto...» Mas pede à soberana que se informe dele junto dos próprios moradores do Algarve e do Bispo da diocese, cuja sede ainda era em Silves. – Transferida para Faro em 1579, sendo o bispo do Algarve D. Jerónimo Osório. 1
A transcrição desta carta, para além de retratar de forma tão peculiar, os personagens, sítios e características da época. Marca a data exacta, em que é pedido para que sejam construídos muros de defesa junto ao mar.
Mas só em 1573, na transcrição do cronista João Cascão 2
Que relata a viagem ao Alentejo e Algarve de D. Sebastião.
Planta da Fortaleza, executada por Alexandre Massai em 1617.
Os brasões das famílias Galego e Soromenho, donatários da Fortaleza de Armação de Pêra.
Diz... «4ª feira, 28 de Janeiro, partiu El-Rei de Silves às 6 horas para vila de Albufeira, que são três léguas de jornada, passou pela Alcantarilha, aldeia de 150 vizinhos, que ora se cerca de muros em toda a roda, e com baluartes em lugares convenientes, por ser perto da costa. Fora deste lugar recebeu-o o Juiz com 7 ou 8 a cavalo, com suas lanças e adargas, e uma bandeira de Ordenança, de 250 soldados. Entrou El-Rei pela principal rua da aldeia que, de uma banda a outra, estava cheia de gente, e às janelas algumas moças bem- parecidas.
O Senhor D. Duarte e o Duque de Aveiro, vieram ambos todo o caminho sem El-Rei, e andaram na Alcantarilha , vendo o novo edifício.»
No ano de 1577, numa transcrição da corografia do Reino do Algarve,de Frei João de S. José, diz: «Do lugar de Alcantarilha . a duas léguas de Silves, para sueste, está o lugar de Alcantarilha , em um outeiro. É de duzentos moradores, foi mandado cercar de muros; tem um pedaço cercado da parte do mar, corre ao longo de ûa ribeira de Inverno, e tem este lugar muitas figueiras, de cujo figo se faz carregação, muitas vinhas e outras fazendas. Junto a este lugar da parte ocidente, esteve ûa povoação chamada Canelas, e ora está desabitada. Um quarto de légua deste lugar, para sudoeste, está na costa do mar a armação da Pedra da Galé, ao longo de um pequeno rio.»
No ano de 1617/1618, em plena Dinastia Filipina, o italiano Alexandre Massai, arquitecto e engenheiro militar, na sua obra Discripcão do Reino do Algarve faz um esboço da fortaleza de Alcantarilha, «a que juntamos cópia, cedida pelo Arquivo Histórico Militar».
A freguesia de Armação de Pêra é criada em 1933, sendo desanexada da de Alcantarilha, pelo Dec. 22.430, de 10 de Abril.
Na informação veiculada pela “wikipédia” 5 diz textualmente: A «Fortaleza de Armação de Pêra, foi construída em 1571 na altura com o nome de Forte de Santo António da Pedra da Galé, a sua construção deve-se essencialmente à defesa do local, como também das suas gentes, que se deslocavam de Alcantarilha, para ai se dedicarem à pesca».
Todos estes dados vêem confirmar que a edificação da fortaleza é anterior às datas até agora sustentadas. Uns defendem ter sido a família de João Galego Soromenho, de origem andaluza e residentes na freguesia de Pêra, «juntamos os brasões de armas»: um dos seus antepassados, por volta do ano 1623, teria mandado erigir a fortaleza, tendo sido nomeado seu governador no ano 1683 (data da criação da freguesia de Pêra, desanexada da freguesia de Alcantarilha).
E os outros dizem ser a data esculpida na Pedra de Armas, do pórtico de entrada, 1661/1667, o ano exacto da sua edificação.
Capítulo II
Só vamos encontrar mais registos históricos relativos a este povoado, por volta do ano 1720, em que é referida a construção dentro da fortaleza da Capela de Santo António, nome dado em invocação ao padroeiro do forte.
É do triste ano de 1755, e pelo relato dos trágicos efeitos do tremor de terra, seguido de um maremoto, que assolou estas paragens, bem como todo o Sul de Portugal e sobretudo Lisboa. Relata, o pároco de Alcantarilha, «em relatório depositado na Torre do Tombo».Que em Pêra de Baixo, ou da Armação, situada na praia a borda do mar a ¼ de légua da outra, Pêra de cima. O mar deixou só uma casa em pé, no dia do terramoto, avançou mais de ½ légua inundando tudo, deixando em salgado umas grandes várzeas, que ficaram reduzidas a ilha, afogando 84 pessoas, a Capela teria sido arrancada pelos alicerces.
No ano de 1841, vamos encontrar registos que se referem a Armação, Armação de Pêra, ou Pêra de Baixo, nos seguintes termos: Esta povoação está a 1.500 metros de Pêra de Cima. Tem uma das praias mais extensas e próprias para banhos.
Pesca-se aqui muito e vário peixe, principalmente sardinha, em 1820, era apenas uma pobre aldeia, composta exclusivamente de cabanas de pescadores e actualmente é uma bonita povoação com boas casas. A 1.500 metros, no sítio da Ponta da Galé, houve antigamente uma grande armação para pesca do atum. Há aqui 24 botes ou lanchas, exclusivamente destinada ao serviço da pesca. Cada um d’estes barcos é tripulado por 6 ou 7 pessoas. Quase sempre saem juntos, de madrugada, para o mar, e vão as vezes a 24 quilómetros de distância, chegam quase todos juntos. É bonito ver navegar, na sua ida e no regresso, esta esquadra em miniatura.
O peixe que pescam, é vendido em lotes (em lotas, dizem elles), e comprado pelos «revendões». Há aqui uns 50 d’estes que não têm outro modo de vida, e vão vender o peixe até à distância de, 16 a 18 quilómetros. Outros negociantes há também aqui, que no tempo da fartura, compram e salgam o peixe, para o venderem seco, no Inverno.
Os pescadores da Armação, são musculosos, óptimos marinheiros, de uma coragem a toda a prova, trabalhadores e bons.
Estas qualidades são comuns a todos os marítimos algarvios. As mulheres são em geral bonitas, asseadas e presumidas.
Como todos os pescadores das nossas costas, não costumam guardar no tempo da abundância, para o da escassez; por isso de Inverno, chegam por muitas vezes a lutar contra os horrores da fome; mas têm sentimentos tão elevados, que raro é o que na máxima extremidade, estende a mão a caridade pública.
É também uma praia de banhos muito concorrida na estação própria, sendo às vezes igual à permanente, a população flutuante.
Não resisti a transcrever o texto acima, que me parece de uma beleza tão ingénua, como uma pintura naif.
No ano de 1834, as freguesias de Alcantarilha e Pêra, são retiradas do concelho de Silves, e incorporadas no de Albufeira. Voltaram a ser reintegradas em 1836, pela reforma Administrativa levada a cabo por Passos Manuel. A Freguesia de Armação de Pêra é criada em 1933, assinaram o acto de posse e assumiram a direcção da junta recém criada: João de Almeida Mira, Francisco Anastácio Pereira, Álvaro Duarte Gomes (exonerado em 30/8/933), José Guerreiro de Moura Lapa (em 30/8/1933).
Já no ano de 1923, na sequência de um decreto-lei aprovado dois anos antes, o turismo nasce oficialmente no Algarve, com a criação da Comissão de Iniciativa e Turismo de Armação de Pêra, mais tarde transformada em Junta de Turismo de Armação de Pêra., que virá a ser extinta em 1970 com a criação da Região de Turismo do Algarve (RTA).
Fotos antigas de Armação de Pêra, tiradas por volta de 1933, retratam a degradação da fortaleza e mostram a edificação de alguns chalés de bom gosto arquitectónico.
Vista da rua principal e única com piso tratado, à época.
Imagem do Casino, pouco tempo após a sua inauguração.
Na fotografia de cima, o maravilhoso chalé do Dr. Patrício, sacrificado por um “caixote” em nome do “progresso”.
Imagens do final dos anos 60. Na primeira a Av. Beira-Mar ainda não existia.
Na de baixo, é de salientar o edifício da Casa dos Pescadores, ao fundo da Fortaleza.
Capítulo III
Por iniciativa da Junta de Turismo nos anos 50 é construído um moderno edifício para instalar o Casino Turismo, na falésia sobranceira a praia. É cedido a preço simbólico, terrenos para a construção do Hotel Garbe, o maior e mais moderno na época. Foi neste Hotel, que no decorrer de um curso para oficiais do exercito português, que ali se alojavam e faziam de quartel-general, que em Abril de 1961, foi abortado o golpe de estado em preparação pelo General Botelho Moniz, ministro da Defesa Nacional.
Até o 25 de Abril de 1974, o crescimento urbanístico era pouco, mas com os critérios de qualidade e embelezamento; toda a avenida Beira-Mar, era ladeada por chalés de veraneantes residentes, com estética e bom gosto. A preocupação principal da Junta de Turismo, era o embelezamento da praia e seus acessos, dos balneários e vestiários de apoio aos banhistas. Mas em 1975, as câmaras municipais recuperam a autonomia administrativa que haviam perdido com a criação em 1970, da Região de Turismo do Algarve, organismo que se esvazia de competências e passa a ter uma função eminentemente promocional.
Com a desagregação da pirâmide autarquias-RTA-Governo, o turismo algarvio perde o senso e caminha para o caos. Cada câmara cresce e desenvolve-se por si. Para os municípios, desenvolvimento turístico e crescimento urbanístico parecem querer dizer a mesma coisa. Armação de Pêra, não foi só assolada por estes males, como ainda, e porque a construção civil, é a maior fonte de receitas directas para a câmara de Silves. A construção em massa e desordenada, é um flagelo que vem descaracterizando esta, que já foi uma das mais belas praias do Algarve.
Armação de Pêra, 27 de Dezembro de 2008
Luís Patrício Pereira Ricardo
Bibliografia
1) Alberto Iria – Da importância geo-política do Algarve na defesa marítima de Portugal nos séculos XV a XVIII.
2) Francisco de Sales Loureiro – Uma jornada ao Alentejo e Algarve
3) Duas descrições do Algarve no século XVI – Cadernos da Revista económica e social
4) Alexandre Massai- Descrição do Reino do Algarve
5) Wikipédia – sites de busca
sábado, 22 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Contributos para a História de Armação de Pêra
Depois de termos tentado encontrar fontes sobre a história de Armação de Pêra, sem grande sucesso, fomos surpreendidos com dois artigos no blog de História e Estórias, cujo endereço electrónico aqui deixamos:
http://blog-de-historia.blogspot.com/search/label/Armação de Pêra.
Um sobre a fortaleza e ermida da Senhora da Rocha, cuja origem tão remota nos surpreendeu (entre 551 e 624 d.c.), e outro sobre Armação de Pêra que nos surpreendeu igualmente pelo resultado trágico para a aldeia em que importou o maremoto de 1755, o qual se saldou, em vida humanas, em 84 mortes, tendo ficado uma única casa de pé.
Pela sua importância e raridade, mas também pelas fontes enumeradas, não resistimos a transcrevê-los integralmente, na expectativa de que os elementos constantes dos textos possam motivar outras investigações que permitam um levantamento histórico mais perene.
“A fortaleza e ermida da Snra da Rocha
A fortaleza de Sr.ª da Rocha (freguesia de Porches, concelho de Lagoa), distante 3 Kms de Armação de Pêra para ocidente, situada no centro de um pequeno e estreito promontório do barlavento algarvio é bastante antiga. Há quem afirme ser de origem bizantina, quando os exércitos de Império Romano do Oriente ocuparam o litoral do sul da Península Ibérica, incluíndo o território hoje chamado Algarve entre os anos 551 e 624 d.C. A Prof.ª Teresa Júdice Gamito, sobre o sistema defensivo bizantino no Algarve, escreve o seguinte: « Outro ponto de interesse a assinalar neste esquema defensivo entre Ossonoba [Faro] e Lacobriga [Lagos] seria o forte de Sr.ª da Rocha, ponta avançada e dominando toda a costa entre uma e outra cidade, onde aparecem vestígios de uma fortaleza, tendo tido ao centro uma torre octogonal posteriormente aproveitada para a capela da Sr.ª da Rocha, de grande devoção entre os pescadores. De assinalar um pequeno átrio com três arcos redondos, assentes em colunelos rematados com três capitéis de decoração fitomórfica, confirmando a origem bizantina do templo, tal como encontramos por exemplo em S. Pedro Balsemão, constituindo a forma característica das capelas designadas por «visigóticas» e dando este átrio o acesso à capela propriamente dita.» concluíndo «Parece-nos que, de facto, podemos detectar nas muralhas antigas da cidade de Faro e na capela da Sr.ª da Rocha a presença Bizantina no Algarve, não de um modo forte e imponente, pois o tempo disponível não foi muito, mas subtil, efectivo e funcional no reforço das suas defesas e dos pontos chave do território.» (GAMITO, 1996, p. 263).
A descrição mais antiga conhecida da fortaleza de Sr.ª da Rocha é redigido pela mão de Henrique Fernandes Sarrão na obra História do Reino do Algarve escrita por volta de 1600, onde observa: «[...] E mea légua de Porches o Velho, para a parte austral, está ua inexpugnável fortaleza, que tem dentro ua igreja, que se chama Nossa Senhora de Porches, ou da Rocha, em ua ponta de rocha muito alta, e pela banda do norte, que é da terra, na entrada, tem um muro, que a atravessa, e fica a ponta no mar, com a sua ponte levadiça, em que tem sua cava, e está bem artelhada, e dentro tem ua cisterna de boa água. Nesta fortaleza há capitão e condestable.» (SARRÃO, [imp.] 1983, p. 157). Actualmente a fortaleza de Sr.ª da Rocha já não existe, havendo apenas o fosso e restos de muralha. A ermida que estava no seu interior está totalmente conservada, bem como uma casa anexa que muito possivelmente servira de armazém ou de aquartelamento para a guarnição da fortaleza.
Bibliografia:
.
GAMITO, Teresa Júdice (1996) - As muralhas de Faro e os vestígios bizantinos da ocupação da cidade e do seu sistema defensivo in Miscellanea em Homenagem ao Professor Bairão Oleiro. Lisboa: Edições Colibri
.
SARRÃO, Henrique Fernandes (1983) - História do Reino do Algarve in Duas Descrições do Algarve do Século XVI, apresentação, leitura, notas e glossário de Manuel Viegas Guerreiro e Joaquim Romero Magalhães. Lisboa: Sá da Costa Editora “
Por Rui Manuel C. Prudêncio
“Armação de Pêra (1577 - 1886): notas históricas
Armação de Pêra, conhecida estância de veraneio, alberga nas férias de Verão milhares de pessoas de todo o país à procura do sol, da praia e das águas tépidas do oceano. É também um exemplo flagrante do desordenamento urbanístico que assolou extensas áreas do Algarve desde a década de 60 do século passado.
Tal como outros centros urbanos do litoral algarvio, Armação de Pêra desenvolveu-se a partir de uma pequena comunidade piscatória, cuja primeira referência escrita conhecida remonta a 1577 na obra Corografia do Reino do Algarve, de Fr. João de São José que ao descrever a aldeia de Pêra observa o seguinte: «Pera é um lugar junto de Alcantarilha, não longe do mar. [...]. Faz o mar defronte dela ua fermosa praia da banda do sul, na qual está ua armação de atuns que se chama a armação de Pera.» (S. JOSÉ, imp. 1983, p. 58). A existência de uma armação de pesca do atum perto de Pêra, na zona de costa hoje conhecida como baía de Pêra, para além de explicar a origem do nome da Armação de Pêra actual, denota que já em 1577 existiria uma pequena comunidade de pescadores sazonalmente ou permanentemente fixada neste território
Quando por ordem de Filipe II o engenheiro militar italiano Alexandre Massai percorreu a costa do Algarve em 1621 no âmbito de uma viagem de inspecção das infraestruturas defensivas, encontrou no termo da vila de Albufeira « [...] duas Armassois de Atuns mais álem das ásima dittas q se dizem hua dellas pedra de gúale, a otra pera, e a gente e os barquos dellas no tenpo de necessidade se vão âo emparo desta V.ª e portanto digo serem neçess.ºs os mosquettes E a sobreditta Artelharia, estas dittas Armassois ja forão roubadas E saquiadas por falta de defenção, E com perda da faz.da de Sua mag.de [...]» (GUEDES, 1988, p. 115). A comunidade piscatória de Armação de Pêra, não obstante as ameaças dos corsários magrebinos que saqueavam as armações de pesca, parece ter continuado entre 1577 e 1621, ou até se reforçado, visto Alexandre Massai mencionar mais uma armação de pesca na baía de Pêra em 1621 (Pedra da Galé) que Fr. João de São José em 1577 não referencia. Não é possível aferir se a presença piscatória em Armação de Pêra estaria somente restrita à época de pesca do atum (Abril a Agosto), ou se permaneceria no local durante o resto do ano, dedicando-se a outros tipos de pesca. Por factores demográficos, económicos ou por ambos, construiu-se uma pequena fortaleza em 1667, que com a sua guarnição militar reforçou a presença humana em Armação de Pêra.
Planta da fortaleza de Santo António de Pêra (Armação de Pêra) desenhada pelo Tenente Coronel Engenheiro José Sande de Vasconcelos entre 1784 e 1790 e publicada no Mappa da configuração de todas as praças fortalezas e baterias do Reyno do Algarve ordenado para ser prezente ao Principe Nosso Senhor pello Conde d' Val d' Reys Governador e Cappitam General do mesmo Reyno. (CALLIXTO, Carlos Pereira - Apontamentos para a História das Fortificações do Reino do Algarve: o mapa das fortificações do Algarve desenhado por José Sande de Vasconcelos in Anais do Município de Faro, n.º XII (1982))
Aquando do maremoto de 1755, morreram 84 pessoas em Armação de Pêra, tendo ficado de pé apenas uma casa (LOPES, 1989 [2.ª ed.], p. 290). O estudioso das pescas em Portugal, Constantino Botelho de Lacerda Lobo, na Memória sobre o estado das pescarias do Algarve no ano de 1790, escreve sobre Pêra de Santo António (termo que designava Armação de Pêra na época): «Compõe-se esta povoação de um ajuntamento de cabanas de pescadores que vivem perto do mar em uma praia arreenta; confina do nascente com uma alagoa formada por águas vertentes das colinas vizinhas: ao norte com uma aldeia chamada Pêra de Cima [sendo Armação de Pêra também conhecida como Pêra de Baixo] [...].
Contavam-se no ano de 1790 cento e cinquenta pescadores, os quais trabalham na armação do atum o tempo competente desta pescaria, depois na de diversos peixes do mar com os covãos, nos lugares pedregosos da costa: findas as pescarias feitas com estes aparelhos, gastam o resto do ano em arrastar as xávegas para terra. [...].
Em o ano de 1790 havia oito barcos, de que somente faziam uso para a pescaria daquela costa, em cada um dos quais iam oito ou dez pescadores, e os outros costumam ficar em terra para arrastar os aparelhos.
[...] tem tido aumento a pescaria nesta costa; porque no ano de 1790 contavam-se oito barcos, quando em outro tempo somente havia quatro. Também tinha crescido o número dos pescadores, e xávegas.» (LOBO, 1991 [2ª ed.], p. 82, 83). Segundo o registo deste académico, Armação de Pêra recuperou rapidamente da devastação que sofreu com o maremoto de 1755.
João Baptista da Silva Lopes descreveu em 1841 Armação de Pêra com estas palavras: « Hoje terá hum terço da povoação da outra aldeia [daquela destruída em 1755], composta de pescadores e gente que se emprega no mar; os quaes tem para as suas pescarias 5 lanchas e 4 artes: a mais dominante he a das sardinhas no tempo da passagem, [...] poucos annos ha, ainda era formada só de cabanas, hoje tem boas casas e algumas ricas. [...] Os moradores, fóra da temporada da sardinha, apanhão com os covãos e anzol algum peixe que vendem em fresco; são hum pouco desmazelados, e não se afastão da costa; dão-se a alguns trabalhos do campo, e as mulheres empregão-se em obras de palma. De verão concorrem aqui muitas pessoas a tomar banhos do mar.» (LOPES, 1989 [2.ª ed.], p. 290, 291) Este testemunho contém alguns dados interessantes. Entre 1790 e 1841 Armação de Pêra passa de um agrupamento de cabanas para uma aldeia de casas de alvenaria, facto que pode indiciar um aumento do poder económico dos seus habitantes e a consequente subida da qualidade de vida. Também nestes 50 anos, deixou-se de pescar o atum como ocorria em 1577, 1621 e 1790. Por fim, em 1841, Armação de Pêra já se prefigurava como um destino balnear «pois concorrem aqui muitas pessoas a tomar banhos do mar.»
Em 1885/86 A. A. Baldaque da Silva, no levantamento efectuado sobre o estado das pescas em Portugal, contabiliza em Armação de Pêra 27 embarcações e 176 pescadores. A espécie de maior rendimento económico é a sardinha (7 665$940 réis em 1885 e 6 068$920 réis em 1886), capturada principalmente através das artes de arrastar (xávegas). Regista ainda a existência de uma fábrica de conserva de peixe e a reactivação da armação do atum da Pedra da Galé, cujo pescado dava entrada em Armação de Pêra. Acrescenta Baldaque da Silva que «Alem das pessoas indicadas no mappa antecedente, ha mais um certo numero, não pequeno, de homens e mulheres e menores, que coadjuvam o arrastamento das artes, a conducção da pescaria e muitos outros trabalhos inherentes a esta industria.» (SILVA, 1891, p. 152). Estes números indicam que a comunidade piscatória armacenence reforçou-se demográficamente ao longo de oitocentos, chegando a ter uma vertente industrial com a fábrica de conserva de peixe.
Bibliografia:
LOBO, Constantino Botelho de Lacerda (1991) - Memória sobre o estado das pescarias da costa do Algarve no ano de 1790 in Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa: 1789 - 1815, [2.ª ed.]. Lisboa: Banco de Portugal, tomo V
.
LOPES, João Baptista da Silva (1989) - Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve, [2.ª ed.]. Faro: Algarve em Foco Editora, vol. 1
.
GUEDES, Lívio da Costa (1988) - Aspectos do Reino do Algarve nos séculos XVI e XVII: a «Descripção» de Alexandre Massaii (1621), pref. de Carlos Bessa. Lisboa: Arquivo Histórico Militar
.
SÃO JOSÉ, Fr. João de (imp. 1983) - Corografia do Reino do Algarve dividida em quatro livros (1577), apresentação, leitura, notas e glossário de Manuel Viegas Guerreiro e de Joaquim Romero Magalhães. Lisboa: Sá da Costa Editora
.
SILVA, António Artur Baldaque da (1891) - Estado actual das pescas em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional “
Por Rui Manuel C. Prudêncio
http://blog-de-historia.blogspot.com/search/label/Armação de Pêra.
Um sobre a fortaleza e ermida da Senhora da Rocha, cuja origem tão remota nos surpreendeu (entre 551 e 624 d.c.), e outro sobre Armação de Pêra que nos surpreendeu igualmente pelo resultado trágico para a aldeia em que importou o maremoto de 1755, o qual se saldou, em vida humanas, em 84 mortes, tendo ficado uma única casa de pé.
Pela sua importância e raridade, mas também pelas fontes enumeradas, não resistimos a transcrevê-los integralmente, na expectativa de que os elementos constantes dos textos possam motivar outras investigações que permitam um levantamento histórico mais perene.
“A fortaleza e ermida da Snra da Rocha
A fortaleza de Sr.ª da Rocha (freguesia de Porches, concelho de Lagoa), distante 3 Kms de Armação de Pêra para ocidente, situada no centro de um pequeno e estreito promontório do barlavento algarvio é bastante antiga. Há quem afirme ser de origem bizantina, quando os exércitos de Império Romano do Oriente ocuparam o litoral do sul da Península Ibérica, incluíndo o território hoje chamado Algarve entre os anos 551 e 624 d.C. A Prof.ª Teresa Júdice Gamito, sobre o sistema defensivo bizantino no Algarve, escreve o seguinte: « Outro ponto de interesse a assinalar neste esquema defensivo entre Ossonoba [Faro] e Lacobriga [Lagos] seria o forte de Sr.ª da Rocha, ponta avançada e dominando toda a costa entre uma e outra cidade, onde aparecem vestígios de uma fortaleza, tendo tido ao centro uma torre octogonal posteriormente aproveitada para a capela da Sr.ª da Rocha, de grande devoção entre os pescadores. De assinalar um pequeno átrio com três arcos redondos, assentes em colunelos rematados com três capitéis de decoração fitomórfica, confirmando a origem bizantina do templo, tal como encontramos por exemplo em S. Pedro Balsemão, constituindo a forma característica das capelas designadas por «visigóticas» e dando este átrio o acesso à capela propriamente dita.» concluíndo «Parece-nos que, de facto, podemos detectar nas muralhas antigas da cidade de Faro e na capela da Sr.ª da Rocha a presença Bizantina no Algarve, não de um modo forte e imponente, pois o tempo disponível não foi muito, mas subtil, efectivo e funcional no reforço das suas defesas e dos pontos chave do território.» (GAMITO, 1996, p. 263).
A descrição mais antiga conhecida da fortaleza de Sr.ª da Rocha é redigido pela mão de Henrique Fernandes Sarrão na obra História do Reino do Algarve escrita por volta de 1600, onde observa: «[...] E mea légua de Porches o Velho, para a parte austral, está ua inexpugnável fortaleza, que tem dentro ua igreja, que se chama Nossa Senhora de Porches, ou da Rocha, em ua ponta de rocha muito alta, e pela banda do norte, que é da terra, na entrada, tem um muro, que a atravessa, e fica a ponta no mar, com a sua ponte levadiça, em que tem sua cava, e está bem artelhada, e dentro tem ua cisterna de boa água. Nesta fortaleza há capitão e condestable.» (SARRÃO, [imp.] 1983, p. 157). Actualmente a fortaleza de Sr.ª da Rocha já não existe, havendo apenas o fosso e restos de muralha. A ermida que estava no seu interior está totalmente conservada, bem como uma casa anexa que muito possivelmente servira de armazém ou de aquartelamento para a guarnição da fortaleza.
Bibliografia:
.
GAMITO, Teresa Júdice (1996) - As muralhas de Faro e os vestígios bizantinos da ocupação da cidade e do seu sistema defensivo in Miscellanea em Homenagem ao Professor Bairão Oleiro. Lisboa: Edições Colibri
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SARRÃO, Henrique Fernandes (1983) - História do Reino do Algarve in Duas Descrições do Algarve do Século XVI, apresentação, leitura, notas e glossário de Manuel Viegas Guerreiro e Joaquim Romero Magalhães. Lisboa: Sá da Costa Editora “
Por Rui Manuel C. Prudêncio
“Armação de Pêra (1577 - 1886): notas históricas
Armação de Pêra, conhecida estância de veraneio, alberga nas férias de Verão milhares de pessoas de todo o país à procura do sol, da praia e das águas tépidas do oceano. É também um exemplo flagrante do desordenamento urbanístico que assolou extensas áreas do Algarve desde a década de 60 do século passado.
Tal como outros centros urbanos do litoral algarvio, Armação de Pêra desenvolveu-se a partir de uma pequena comunidade piscatória, cuja primeira referência escrita conhecida remonta a 1577 na obra Corografia do Reino do Algarve, de Fr. João de São José que ao descrever a aldeia de Pêra observa o seguinte: «Pera é um lugar junto de Alcantarilha, não longe do mar. [...]. Faz o mar defronte dela ua fermosa praia da banda do sul, na qual está ua armação de atuns que se chama a armação de Pera.» (S. JOSÉ, imp. 1983, p. 58). A existência de uma armação de pesca do atum perto de Pêra, na zona de costa hoje conhecida como baía de Pêra, para além de explicar a origem do nome da Armação de Pêra actual, denota que já em 1577 existiria uma pequena comunidade de pescadores sazonalmente ou permanentemente fixada neste território
Quando por ordem de Filipe II o engenheiro militar italiano Alexandre Massai percorreu a costa do Algarve em 1621 no âmbito de uma viagem de inspecção das infraestruturas defensivas, encontrou no termo da vila de Albufeira « [...] duas Armassois de Atuns mais álem das ásima dittas q se dizem hua dellas pedra de gúale, a otra pera, e a gente e os barquos dellas no tenpo de necessidade se vão âo emparo desta V.ª e portanto digo serem neçess.ºs os mosquettes E a sobreditta Artelharia, estas dittas Armassois ja forão roubadas E saquiadas por falta de defenção, E com perda da faz.da de Sua mag.de [...]» (GUEDES, 1988, p. 115). A comunidade piscatória de Armação de Pêra, não obstante as ameaças dos corsários magrebinos que saqueavam as armações de pesca, parece ter continuado entre 1577 e 1621, ou até se reforçado, visto Alexandre Massai mencionar mais uma armação de pesca na baía de Pêra em 1621 (Pedra da Galé) que Fr. João de São José em 1577 não referencia. Não é possível aferir se a presença piscatória em Armação de Pêra estaria somente restrita à época de pesca do atum (Abril a Agosto), ou se permaneceria no local durante o resto do ano, dedicando-se a outros tipos de pesca. Por factores demográficos, económicos ou por ambos, construiu-se uma pequena fortaleza em 1667, que com a sua guarnição militar reforçou a presença humana em Armação de Pêra.
Planta da fortaleza de Santo António de Pêra (Armação de Pêra) desenhada pelo Tenente Coronel Engenheiro José Sande de Vasconcelos entre 1784 e 1790 e publicada no Mappa da configuração de todas as praças fortalezas e baterias do Reyno do Algarve ordenado para ser prezente ao Principe Nosso Senhor pello Conde d' Val d' Reys Governador e Cappitam General do mesmo Reyno. (CALLIXTO, Carlos Pereira - Apontamentos para a História das Fortificações do Reino do Algarve: o mapa das fortificações do Algarve desenhado por José Sande de Vasconcelos in Anais do Município de Faro, n.º XII (1982))
Aquando do maremoto de 1755, morreram 84 pessoas em Armação de Pêra, tendo ficado de pé apenas uma casa (LOPES, 1989 [2.ª ed.], p. 290). O estudioso das pescas em Portugal, Constantino Botelho de Lacerda Lobo, na Memória sobre o estado das pescarias do Algarve no ano de 1790, escreve sobre Pêra de Santo António (termo que designava Armação de Pêra na época): «Compõe-se esta povoação de um ajuntamento de cabanas de pescadores que vivem perto do mar em uma praia arreenta; confina do nascente com uma alagoa formada por águas vertentes das colinas vizinhas: ao norte com uma aldeia chamada Pêra de Cima [sendo Armação de Pêra também conhecida como Pêra de Baixo] [...].
Contavam-se no ano de 1790 cento e cinquenta pescadores, os quais trabalham na armação do atum o tempo competente desta pescaria, depois na de diversos peixes do mar com os covãos, nos lugares pedregosos da costa: findas as pescarias feitas com estes aparelhos, gastam o resto do ano em arrastar as xávegas para terra. [...].
Em o ano de 1790 havia oito barcos, de que somente faziam uso para a pescaria daquela costa, em cada um dos quais iam oito ou dez pescadores, e os outros costumam ficar em terra para arrastar os aparelhos.
[...] tem tido aumento a pescaria nesta costa; porque no ano de 1790 contavam-se oito barcos, quando em outro tempo somente havia quatro. Também tinha crescido o número dos pescadores, e xávegas.» (LOBO, 1991 [2ª ed.], p. 82, 83). Segundo o registo deste académico, Armação de Pêra recuperou rapidamente da devastação que sofreu com o maremoto de 1755.
João Baptista da Silva Lopes descreveu em 1841 Armação de Pêra com estas palavras: « Hoje terá hum terço da povoação da outra aldeia [daquela destruída em 1755], composta de pescadores e gente que se emprega no mar; os quaes tem para as suas pescarias 5 lanchas e 4 artes: a mais dominante he a das sardinhas no tempo da passagem, [...] poucos annos ha, ainda era formada só de cabanas, hoje tem boas casas e algumas ricas. [...] Os moradores, fóra da temporada da sardinha, apanhão com os covãos e anzol algum peixe que vendem em fresco; são hum pouco desmazelados, e não se afastão da costa; dão-se a alguns trabalhos do campo, e as mulheres empregão-se em obras de palma. De verão concorrem aqui muitas pessoas a tomar banhos do mar.» (LOPES, 1989 [2.ª ed.], p. 290, 291) Este testemunho contém alguns dados interessantes. Entre 1790 e 1841 Armação de Pêra passa de um agrupamento de cabanas para uma aldeia de casas de alvenaria, facto que pode indiciar um aumento do poder económico dos seus habitantes e a consequente subida da qualidade de vida. Também nestes 50 anos, deixou-se de pescar o atum como ocorria em 1577, 1621 e 1790. Por fim, em 1841, Armação de Pêra já se prefigurava como um destino balnear «pois concorrem aqui muitas pessoas a tomar banhos do mar.»
Em 1885/86 A. A. Baldaque da Silva, no levantamento efectuado sobre o estado das pescas em Portugal, contabiliza em Armação de Pêra 27 embarcações e 176 pescadores. A espécie de maior rendimento económico é a sardinha (7 665$940 réis em 1885 e 6 068$920 réis em 1886), capturada principalmente através das artes de arrastar (xávegas). Regista ainda a existência de uma fábrica de conserva de peixe e a reactivação da armação do atum da Pedra da Galé, cujo pescado dava entrada em Armação de Pêra. Acrescenta Baldaque da Silva que «Alem das pessoas indicadas no mappa antecedente, ha mais um certo numero, não pequeno, de homens e mulheres e menores, que coadjuvam o arrastamento das artes, a conducção da pescaria e muitos outros trabalhos inherentes a esta industria.» (SILVA, 1891, p. 152). Estes números indicam que a comunidade piscatória armacenence reforçou-se demográficamente ao longo de oitocentos, chegando a ter uma vertente industrial com a fábrica de conserva de peixe.
Bibliografia:
LOBO, Constantino Botelho de Lacerda (1991) - Memória sobre o estado das pescarias da costa do Algarve no ano de 1790 in Memórias Económicas da Academia Real das Ciências de Lisboa: 1789 - 1815, [2.ª ed.]. Lisboa: Banco de Portugal, tomo V
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LOPES, João Baptista da Silva (1989) - Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve, [2.ª ed.]. Faro: Algarve em Foco Editora, vol. 1
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GUEDES, Lívio da Costa (1988) - Aspectos do Reino do Algarve nos séculos XVI e XVII: a «Descripção» de Alexandre Massaii (1621), pref. de Carlos Bessa. Lisboa: Arquivo Histórico Militar
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SÃO JOSÉ, Fr. João de (imp. 1983) - Corografia do Reino do Algarve dividida em quatro livros (1577), apresentação, leitura, notas e glossário de Manuel Viegas Guerreiro e de Joaquim Romero Magalhães. Lisboa: Sá da Costa Editora
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SILVA, António Artur Baldaque da (1891) - Estado actual das pescas em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional “
Por Rui Manuel C. Prudêncio
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
O QUE ISABEL SOARES NÃO SABE!!!!
Se Isabel Soares se preocupasse realmente com Armação de Pêra:
O caos que se verifica na circulação de viaturas em Armação de Pêra não existia.
Mas ela deve desconhecer que a maioria dos acidentes mortais acontecem no interior das cidades e que as vitimas são jovens e idosos.
Que o estacionamento em fila dupla pode provocar acidentes e uma rua bloqueada durante 10 minutos provoca um engarrafamento monstruoso.
Ela não sabe que a causa principal da poluição do ar em Armação se deve à circulação automóvel.
Ela desconhece que o estacionamento de viaturas em cima dos passeios além de dificultar a circulação dos peões, especialmente aqueles que tem mobilidade reduzida, pode provocar roturas na rede de distribuição de água, sendo locais preferenciais de infiltração de água, e que a reparação dos pavimentos danificados é onerosa...
Se o dinheiro dos contribuintes fosse bem aplicado, seria possível fazer muito melhor!
Deixasse a Sr.ª Presidente de gastar o dinheiro dos contribuintes em festarolas cujo único objectivo é a caça ao voto,
fosse o nosso dinheiro investido na elaboração de um plano de mobilidade para Armação de Pêra, e num plano eficiente de informação a destinado a quem nos visita, com indicação das vias de circulação e locais de estacionamento e certamente não se observaria o caos actual.
Deprimente é a negligência da nossa Presidenta!
Masoquismo, será elegê-la de novo!
O caos que se verifica na circulação de viaturas em Armação de Pêra não existia.
Mas ela deve desconhecer que a maioria dos acidentes mortais acontecem no interior das cidades e que as vitimas são jovens e idosos.
Que o estacionamento em fila dupla pode provocar acidentes e uma rua bloqueada durante 10 minutos provoca um engarrafamento monstruoso.
Ela não sabe que a causa principal da poluição do ar em Armação se deve à circulação automóvel.
Ela desconhece que o estacionamento de viaturas em cima dos passeios além de dificultar a circulação dos peões, especialmente aqueles que tem mobilidade reduzida, pode provocar roturas na rede de distribuição de água, sendo locais preferenciais de infiltração de água, e que a reparação dos pavimentos danificados é onerosa...
Se o dinheiro dos contribuintes fosse bem aplicado, seria possível fazer muito melhor!
Deixasse a Sr.ª Presidente de gastar o dinheiro dos contribuintes em festarolas cujo único objectivo é a caça ao voto,
fosse o nosso dinheiro investido na elaboração de um plano de mobilidade para Armação de Pêra, e num plano eficiente de informação a destinado a quem nos visita, com indicação das vias de circulação e locais de estacionamento e certamente não se observaria o caos actual.
Deprimente é a negligência da nossa Presidenta!
Masoquismo, será elegê-la de novo!
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
“Nenhum partido fez o diagnóstico sério do país”
Em entrevista ao Diário Económico, António Barreto dá-lhes pela medida grossa:
..."Quando a crise económica e financeira rebentou, os países mais afectados criaram pacotes de emergência para salvar as economias, os bancos e as empresas. Nos senados e nos parlamentos, Governos e oposição discutiram exaustivamente como canalizar as ajudas financeiras e que empresas nacionalizar."
"Em Portugal não chegou a haver um debate sério sobre o pacote de medidas" e na Assembleia da República "houve berraria pegada, de manhã à noite". A comparação é feita por António Barreto e ilustra aquilo que para o sociólogo é a falta de respeito que os deputados portugueses têm pelo Parlamento e pelos cidadãos que os elegeram.
..."Quando a crise económica e financeira rebentou, os países mais afectados criaram pacotes de emergência para salvar as economias, os bancos e as empresas. Nos senados e nos parlamentos, Governos e oposição discutiram exaustivamente como canalizar as ajudas financeiras e que empresas nacionalizar."
"Em Portugal não chegou a haver um debate sério sobre o pacote de medidas" e na Assembleia da República "houve berraria pegada, de manhã à noite". A comparação é feita por António Barreto e ilustra aquilo que para o sociólogo é a falta de respeito que os deputados portugueses têm pelo Parlamento e pelos cidadãos que os elegeram.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és, ou a triste familia politica de Isabel Soares...
Um estudo sobre a evolução da despesa do Estado em Portugal entre 1985 e 2009, da autoria do professor da Universidade de Columbia (Nova Iorque, Estados Unidos) Ricardo Reis concluiu que foram os governos de Durão Barroso, de Pedro Santana Lopes e de Cavaco Silva quem mais fez aumentar a despesa do Estado em Portugal e que foi o actual executivo de José Sócrates o único que a terá conseguido reduzir entre 2005 e 2008.
O ensaio "prova que, com o PSD no poder, a despesa cresce em média 0,35 do Produto Interno Bruto (PIB) por ano".
De acordo com a mesma fonte, o estudo permite também concluir que "o maior aumento da despesa registou-se com os governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, quando [a actual líder social-democrata] Manuela Ferreira Leite desempenhava as funções de ministra de Estado e das Finanças".
"O crescimento da despesa foi de 0,48 por cento na altura dos governos de Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes, seguindo-se os governos de Cavaco Silva com 0,32 por cento, de António Guterres com 0,31 por cento e de José Sócrates com apenas 0,14 por cento"
Fica agora provado que foi um Governo que teve a drª Manuela Ferreira Leite como ministra das Finanças que criou o maior monstro e o maior défice dos últimos 24 anos.
Se o ditado é verdadeiro e muitas vezes é, em politica é uma excelente bussola, que aponta sempre o Norte e nunca se engana...
domingo, 2 de agosto de 2009
ISABEL SOARES com "Armação no Coração"
Isabel Soares diz que tem Silves no coração!
De duas, uma: ou se refere a Silves, cidade,o mais provável, ou se refere ao concelho de Silves, o que faria qualquer candidato à presidência da Câmara do concelho!
Se se refere a Silves, concelho, do qual faz parte Armação de Pêra, de duas, uma. Ou Isabel Soares não tem coração, ou tendo-o, por se encontrar empedrenido, nele não cabe Armação de Pêra.
Facto é que a despesa realizada em Armação, é pouca e ainda assim malbaratada!
Se assim é, que razão teremos para a voltar a colocar num posto que lhe permite continuar a delapidar o orçamento do concelho, para o qual Armação, os Armacenenses e os investidores, são os principais contribuintes?
sábado, 1 de agosto de 2009
Isabel Soares no seu melhor
Segundo o Diário Económico:
São cada vez menos os turistas que nos vêm visitar. Por falta de dinheiro, por causa da pandemia da gripe, ou simplesmente porque são ingleses e a libra está a valer cada vez menos.
O sector, já em desespero, está a promover uma verdadeira época de saldos nos hotéis, com alguns descontos a chegar aos 50%. Os números do INE também traduzem o vazio que se vive nalgumas praias do Algarve. As últimas estatísticas publicadas mostram que as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros licenciados registaram uma quebra superior a 15%, o que se deveu, essencialmente, ao comportamento dos turistas que vêm de fora.
São números preocupantes para um sector que deveria ser cada vez mais uma aposta nacional. Se David Ricardo voltasse hoje a publicar a teoria das vantagens comparativas - em que usou o exemplo das trocas comerciais precisamente entre o Reino Unido e Portugal - não iria com certeza usar o vinho e os têxteis, mas sim o turismo onde temos uma vantagem relativa e absoluta. Ainda recentemente foi publicado um inquérito a 314 gestores em Portugal, no qual 63% considera que Turismo e Restauração é o sector com maior potencial na economia portuguesa, enquanto 42% diz que é o sector que tem o maior potencial de geração de emprego.
É neste sector que somos mais competitivos e, num mundo globalizado onde todos os países tentam vender aquilo que têm de melhor, Portugal terá de apostar cada vez mais no turismo, sobretudo pelo impacto que tem na nossa economia e no emprego. É preciso "vender" mais o país, "vender" mais o "Allgarve", criar mais linhas de crédito como aquela que foi anunciada na semana passada por Teixeira dos Santos, ensaiar novos modelos de gestão, novas formas de combater a sazonalidade e maior qualificação. Só com sol e praia não vamos lá.
Dizemos nós:
Com a superior interpretação do senso comum que lhe é caracteristica, Isabel Soares, adepta ferrenha do "Sol e Praia chega muito bem" vai-se encarregando muito bem de delapidar todo o potencial do concelho e mais concretamente do da praia de Armação de Pêra, como facilmente se deduz do pequeno filme que hoje trazemos a público.
O único consolo (que preferiamos não ter) é o de que a História, a lembrar-se dela, será, sem dúvida, pelas piores razões!