sábado, 19 de maio de 2007

Ser ou não ser candidato a melhorar realmente, eis a questão (I)…

NUNCA FIZEMOS CAMPANHA ELEITORAL autárquica e por conseguinte não temos experiência que sustente qualquer autoridade à nossa opinião.

Todos conhecemos os lugares comuns das campanhas eleitorais, os quais, habitualmente desinteressantes, em muitos casos nauseabundos, vão preenchendo as propostas públicas dos candidatos a eleitos.

Os eleitores vão cumprindo o seu direito/dever de votar concorrendo, no mesmo acto, com a abstenção. Estes grupos (os que votam e os que se abstêm) vão-se debatendo em cada acto eleitoral, e, cada vez que o segundo ganha terreno, o primeiro e os defensores do exercício do voto a qualquer preço, vão invocando a mais diversa sorte de argumentos justificando o elevado dever de cidadania que o exercício do voto representa.

Estamos, provavelmente todos, de acordo!

Estamos igualmente convictos que os números elevados do abstencionismo, preocupam os verdadeiros democratas em geral e os políticos de gabarito em particular.
Mas sucede que os políticos de gabarito não são muitos e não consta que os meios de comunicação em geral e os opinion makers em particular, ponham o dedo na ferida que constituiu o essencial desta questão.
Um comentador dizia no outro dia que as pessoas não tinham interesse na política porque a politica não era interessante. Estamos, uma vez mais, de acordo.

A DIFERENÇA ENTRE O MERCADO POLITICO e o mercado empresarial por exemplo reside no facto de uma empresa que venda um produto sem grande qualidade, vendendo pouco, cai inevitavelmente numa situação de insolvência e mais tarde ou mais cedo vem a morrer.
Um partido politico que não seja veiculo de uma proposta de gestão da coisa pública que satisfaça as necessidades apesar de se candidatar a isso, independentemente da adesão que as suas propostas tiverem em termos absolutos, desde que venda mais, em termos relativos, que o seu concorrente, mantêm-se no poder e na roda do mercado “ad eternun”.

Isto é, os partidos continuam activos e, ciclicamente, em cada campanha eleitoral, vão-se repetindo em propostas eleitorais, formais, fugazes que assentam e muitas vezes se esgota na própria propaganda eleitoral que muito poucos conhecem, crentes na opção do eleitorado do tipo “clubista” e sabendo que alguns adeptos vão também ciclicamente mudando de clube em função do numero de vitimas que as suas politicas no ultimo governo fizeram.

Conhecendo bem este comportamento do eleitorado, os sucessivos governos vão compensando as vitimas ou mesmo comprando, este ou aquele sector do eleitorado (os reformados têm sido instrumento privilegiado destas politicas), sobrecarregando o orçamento do Estado para além da exaustão, como está evidenciado pela actual caça à receita, em muitos casos, a qualquer preço.

As oposições, não tendo a mão na massa, fazem propostas eleitorais ainda mais ousadas, candidatando-se a intensificar a pressão sobre o dito cujo orçamento do Estado.

E ALEGREMENTE ASSIM TEMOS ASSISTIDO a esta sucessiva sucessão de sucessos que se sucedem sem cessar.

Enquanto tristemente temos vindo a ser sucessivamente destinatários de maior pressão fiscal, abusos de cobrança, aumento de impostos e taxas que são verdadeiros impostos, redução de direitos, etc. etc., tudo para manter os níveis da despesa sem que haja necessidade de alterar a forma de fazer politica por parte dos candidatos e seus partidos.

A disciplina e responsabilidade que a gestão da despesa exigem não é compatível com a forma como a politica é feitas pelos nossos partidos.
O equilíbrio orçamental exige uma reformulação na despesa pública. É certo!
Mas mais certo ainda é que exige uma profunda reformulação da classe politica e sobretudo dos seus mecanismos de captura eleitoral!
Se calhar, muitos abstencionistas, não se dispõem a ser tratados como idiotas.
Será que os políticos já pensaram nisto? Claro que sim!
Será que os políticos precisam de levar em conta estas reflexões? Claro que não!

O SISTEMA POLITICO, CONTRÁRIAMENTE AO DO MERCADO, não carece de grande esforço por parte dos seus agentes, para serem glorificados com a vitória e a manutenção cíclica da mesma. Para quê então mudar?
Uma qualquer candidatura ou pré-candidatura, e por maioria de razão, autárquica, carecerá em nosso entender de materialidade.
Se por um lado não deve abstrair-se das incursões necessárias na política nacional, por outro deve ser atenta e informada sobre as realidades locais, as quais deverão ter um tratamento atento e competente. Tudo em ordem a dar enquadramento nacional às opções locais, conquistando a credibilidade enquanto candidatura.
Sabemos que é comum aos eruditos da política regional afirmarem que a personalidade do candidato e da sua ligação à terra é essencial?
Perguntamos, se assim é, que ligação especial tinha a Dra Isabel Soares ao Concelho real, à sua vida económica, à sua vida social. Que propostas de qualidade fez ao eleitorado?
Bom, se não a tinha ou não as fez, conquistou a Câmara, sobretudo pelos quilómetros percorridos, pela quantidade de apertos de mão que deu, pelo folclore que dançou e pelas promessas públicas e privadas que fez, à boca cheia e à boca pequena, mas também pelas baixas performances do Presidente que depôs, certamente, como é habitual.

E, para a reeleição, quantos votos pagou, do orçamento das receitas de todos nós através de despesa não prioritária ou mal aplicada segundo critérios de racionalidade?
Quem reconhece que a mesma não venceu pelo exercício destas rotinas, mas pelas ideias e projectos que propôs realizar?
Qualquer candidato ao mesmo modelo de Presidência, não deverá hesitar em ir pelo mesmo caminho!
Mas um candidato a uma intervenção politica diferenciada dificilmente arrastará os abstencionistas indo pelo mesmo caminho!

4 comentários:

  1. É bem verdade neste concelho já existe um candidato que se diz diferente mas pelo que tenho visto guia-se pela mesma cartilha.

    Todos diferentes todos iguais, no final o que interessa é ser eleito.

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  2. A dr.ª Isabel Soares ganhou a câmara, não foi pelos km percorridos, nem pela quantidade de apertos de mão que deu.

    Ela está hoje à frente dos destinos do Município porque teve a confiança dos eleitores que reconheceram o seu trabalho.
    A sr.ª presidente construiu realmente muitos km de estradas e isso pode ser visto por todos que vivem neste concelho.

    Só não vê quem é cego ou é mal formado. Abram os olhos não vão em cantigas.

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  3. Obrigado Dona Adelina pelos momentos de humor extraordinário que trouxe à blogosfera !!!

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