Caro concidadão e Snr. António Carneiro Jacinto,
Li e reli o seu comentário à postagem do artigo ”Ainda os vestígios do Rei-Sol”, no nosso blog: http://armacaodepera.blogspot.pt/ .
Confesso que fiquei perplexo quanto ao conteúdo do mesmo, designadamente quanto ao convite que me endereçou publicamente para director da sua campanha!
Numa primeira abordagem ao texto, pareceu-me que ficara incomodado, parecendo-me que, provavelmente tomara o nosso comentário como pretensioso, reagindo “britanicamente” pela via da ironia!
Nessa senda, porém, voltei atrás, quando afirmou que falava a sério!
Voltei a questionar o verdadeiro sentido (declaração séria?/declaração fantasiosa?) do seu comentário, quando me “desafia” a demonstrar que teria legitimidade legal, enquanto candidato a candidato, para pedir a intervenção dos Ministros referidos, no pressuposto da verificação dos desmandos orçamentais então referidos.
Em novo esforço interpretativo, ainda cogitei que a ironia seria mais bizarra, colocando o convite de forma condicional e redundante, isto é: sei que não tenho legitimidade, mas se você me demonstrar que estou enganado, até lhe concedo a direcção da campanha!
Concluindo, educadamente, que nos agradecia que lhe fosse indicado o caminho.
Mais imputa o mesmo sentido da sua intervenção primeira no que à análise técnica competente dos dados orçamentais tínhamos referido. Adiantando porém que fizera o seu “trabalho de casa” competentemente, “desafia” de novo, aparentemente incomodado, a que lhe expliquemos, caso a haja, melhor forma de o fazer, como se nos tivéssemos arrogado a um conhecimento superior, indisponível para o comum dos mortais.
Nesta senda interpretativa, de novo, voltei atrás, quando, terminando, me dá conta de que o orçamento não fora aprovado, e simpaticamente afirma vir a dar maior atenção às verbas orçamentais relativas a Armação de Pêra (que sabe ser a nossa focalização primeira) e às outras freguesias, concluindo, polidamente, reafirmando a seriedade do seu convite, através da solicitação de resposta ao mesmo.
Decidimos aceitar o comentário, não em função das duvidas que nos suscitou, mas sim em consonância com os princípios que afirmou terem norteado a sua candidatura, com os valores que declarou pautarem a sua conduta enquanto pessoa e candidato e com aquilo que nos pareceu ser a autenticidade da sua generosidade na manifestada intenção de participar, de intervir na melhoria da gestão da coisa pública, de exercer os seus direitos de cidadania em consciência.
Com base nestes pressupostos, agradecemos o amável convite!
Só que, o amável convite para nós, a extraordinária oportunidade para muitos dos protagonistas da cena politica nacional, não nos move.
Lisonjeia-nos, mas não nos estimula ou motiva à sua aceitação!
Resposta negativa esta para o qual a sua pessoa ou candidatura em nada contribuem!
Sem prejuízo de voltarmos, noutra ocasião, às questões concretas e porque achamos que a sua candidatura merece uma explicação consistente tentaremos fazê-lo:
Porque não temos preparação para entender e lidar com a pequena pratica politica, a gestão politica dos bastidores e das suas múltiplas “mercearias”, a vulgaridade das temáticas mais determinantes, as abordagens insípidas ou omissões aberrantes às questões realmente importantes, a idolatria do acessório, enfim com tudo o que estimula a generalidade dos protagonistas de primeira, segunda ou mesmo terceira linhas, da militância politica, neste ou em qualquer outro processo eleitoral.
Porque, não acreditamos que pelos caminhos que a pratica politica em geral e em particular a politica autárquica, têm percorrido, algum dia possa vir a mudar-se realmente o que quer que seja de essencial.
Porque não acreditamos que este nosso cepticismo, e um discurso político diferenciado, no contexto político em que se insere a sua candidatura, lhe possa trazer algum benefício de relevo, sendo que, esta nossa condicionante perceptiva pode distorcer leituras e análises da realidade que o poderiam prejudicar.
Porque, ao arrepio do que constitui o lugar comum da intervenção pública, queremos pautar a nossa intervenção cívica (neste sitio insignificante) pelos princípios e não pela oportunidade e, tanto quanto nos parece, o convite que nos endereçou, destina-se a quem saiba gerir sobretudo bem a dinâmica destas que a ortodoxia daqueles!
E porque a realidade implicitamente descrita só é possível porque a sociedade civil o permite, por omissão, decidimos dar o nosso modesto contributo cívico, colocando a tónica na cidadania militante, a única que poderá, um dia, alterar o rumo das coisas.
Temos para nós como certo que é no défice de cidadania que reside a razão de ser da maior parte de todos os outros défices!
Acreditamos vivamente que os eleitos serão sempre e tendencialmente dignos mandatários, mas não podem nem devem esquecer-se que não passam disso, de mandatários dos mandantes eleitores.
Que não são proprietários nem dos votos nem dos eleitores e muito menos das suas vontades!
Que, nunca lhes tendo sido conferidos poderes para confundir autoridade com autoritarismo, poder com arbitrariedade, interpretação com manipulação, interesse público com o seu próprio interesse, trabalho com propaganda, violam habitual, sistemática e, muitas vezes freneticamente o mandato conferido.
Temos para nós, igualmente como certo que é no aprofundamento da cidadania que se delimitará o conteúdo dos mandatos conferidos aos eleitos, se determinará uma prática politica nova, saneada e baseada no respeito devido aos cidadãos, à sua inteligência, aos seus direitos, à comunidade que constituem e à sua sustentabilidade em harmonia com o planeta que habita.
Aprofundamento este que deverá motivar um contrato de cidadania a celebrar entre eleitores e eleitos e não numa adesão pura e simples a uma proposta eleitoral, cujo incumprimento sendo habitualmente inconsequente para o eleito, deixa para os eleitores, através da depreciação da coisa pública que uma gestão irresponsável implica, a frustração como paradigma.
Caro concidadão e snr. A. Carneiro Jacinto, é por estas águas que navegamos, com a noção de que o caminho se faz caminhando!...
Se a sua candidatura prosseguir por este mesmo caminho, seremos certamente “compagnons de route”!
Li e reli o seu comentário à postagem do artigo ”Ainda os vestígios do Rei-Sol”, no nosso blog: http://armacaodepera.blogspot.pt/ .
Confesso que fiquei perplexo quanto ao conteúdo do mesmo, designadamente quanto ao convite que me endereçou publicamente para director da sua campanha!
Numa primeira abordagem ao texto, pareceu-me que ficara incomodado, parecendo-me que, provavelmente tomara o nosso comentário como pretensioso, reagindo “britanicamente” pela via da ironia!
Nessa senda, porém, voltei atrás, quando afirmou que falava a sério!
Voltei a questionar o verdadeiro sentido (declaração séria?/declaração fantasiosa?) do seu comentário, quando me “desafia” a demonstrar que teria legitimidade legal, enquanto candidato a candidato, para pedir a intervenção dos Ministros referidos, no pressuposto da verificação dos desmandos orçamentais então referidos.
Em novo esforço interpretativo, ainda cogitei que a ironia seria mais bizarra, colocando o convite de forma condicional e redundante, isto é: sei que não tenho legitimidade, mas se você me demonstrar que estou enganado, até lhe concedo a direcção da campanha!
Concluindo, educadamente, que nos agradecia que lhe fosse indicado o caminho.
Mais imputa o mesmo sentido da sua intervenção primeira no que à análise técnica competente dos dados orçamentais tínhamos referido. Adiantando porém que fizera o seu “trabalho de casa” competentemente, “desafia” de novo, aparentemente incomodado, a que lhe expliquemos, caso a haja, melhor forma de o fazer, como se nos tivéssemos arrogado a um conhecimento superior, indisponível para o comum dos mortais.
Nesta senda interpretativa, de novo, voltei atrás, quando, terminando, me dá conta de que o orçamento não fora aprovado, e simpaticamente afirma vir a dar maior atenção às verbas orçamentais relativas a Armação de Pêra (que sabe ser a nossa focalização primeira) e às outras freguesias, concluindo, polidamente, reafirmando a seriedade do seu convite, através da solicitação de resposta ao mesmo.
Decidimos aceitar o comentário, não em função das duvidas que nos suscitou, mas sim em consonância com os princípios que afirmou terem norteado a sua candidatura, com os valores que declarou pautarem a sua conduta enquanto pessoa e candidato e com aquilo que nos pareceu ser a autenticidade da sua generosidade na manifestada intenção de participar, de intervir na melhoria da gestão da coisa pública, de exercer os seus direitos de cidadania em consciência.
Com base nestes pressupostos, agradecemos o amável convite!
Só que, o amável convite para nós, a extraordinária oportunidade para muitos dos protagonistas da cena politica nacional, não nos move.
Lisonjeia-nos, mas não nos estimula ou motiva à sua aceitação!
Resposta negativa esta para o qual a sua pessoa ou candidatura em nada contribuem!
Sem prejuízo de voltarmos, noutra ocasião, às questões concretas e porque achamos que a sua candidatura merece uma explicação consistente tentaremos fazê-lo:
Porque não temos preparação para entender e lidar com a pequena pratica politica, a gestão politica dos bastidores e das suas múltiplas “mercearias”, a vulgaridade das temáticas mais determinantes, as abordagens insípidas ou omissões aberrantes às questões realmente importantes, a idolatria do acessório, enfim com tudo o que estimula a generalidade dos protagonistas de primeira, segunda ou mesmo terceira linhas, da militância politica, neste ou em qualquer outro processo eleitoral.
Porque, não acreditamos que pelos caminhos que a pratica politica em geral e em particular a politica autárquica, têm percorrido, algum dia possa vir a mudar-se realmente o que quer que seja de essencial.
Porque não acreditamos que este nosso cepticismo, e um discurso político diferenciado, no contexto político em que se insere a sua candidatura, lhe possa trazer algum benefício de relevo, sendo que, esta nossa condicionante perceptiva pode distorcer leituras e análises da realidade que o poderiam prejudicar.
Porque, ao arrepio do que constitui o lugar comum da intervenção pública, queremos pautar a nossa intervenção cívica (neste sitio insignificante) pelos princípios e não pela oportunidade e, tanto quanto nos parece, o convite que nos endereçou, destina-se a quem saiba gerir sobretudo bem a dinâmica destas que a ortodoxia daqueles!
E porque a realidade implicitamente descrita só é possível porque a sociedade civil o permite, por omissão, decidimos dar o nosso modesto contributo cívico, colocando a tónica na cidadania militante, a única que poderá, um dia, alterar o rumo das coisas.
Temos para nós como certo que é no défice de cidadania que reside a razão de ser da maior parte de todos os outros défices!
Acreditamos vivamente que os eleitos serão sempre e tendencialmente dignos mandatários, mas não podem nem devem esquecer-se que não passam disso, de mandatários dos mandantes eleitores.
Que não são proprietários nem dos votos nem dos eleitores e muito menos das suas vontades!
Que, nunca lhes tendo sido conferidos poderes para confundir autoridade com autoritarismo, poder com arbitrariedade, interpretação com manipulação, interesse público com o seu próprio interesse, trabalho com propaganda, violam habitual, sistemática e, muitas vezes freneticamente o mandato conferido.
Temos para nós, igualmente como certo que é no aprofundamento da cidadania que se delimitará o conteúdo dos mandatos conferidos aos eleitos, se determinará uma prática politica nova, saneada e baseada no respeito devido aos cidadãos, à sua inteligência, aos seus direitos, à comunidade que constituem e à sua sustentabilidade em harmonia com o planeta que habita.
Aprofundamento este que deverá motivar um contrato de cidadania a celebrar entre eleitores e eleitos e não numa adesão pura e simples a uma proposta eleitoral, cujo incumprimento sendo habitualmente inconsequente para o eleito, deixa para os eleitores, através da depreciação da coisa pública que uma gestão irresponsável implica, a frustração como paradigma.
Caro concidadão e snr. A. Carneiro Jacinto, é por estas águas que navegamos, com a noção de que o caminho se faz caminhando!...
Se a sua candidatura prosseguir por este mesmo caminho, seremos certamente “compagnons de route”!
a arte de muito dizer sem dizer nada. fantástico.
ResponderEliminarApesar do comentarista sin ce não perceber o conteúdo da carta, eu entendi! E aplaudo a escrita e nomeadamente o seu conteúdo. Resposta excelente, imparcial, cívica, nada materialista, profunda relativamente ao sentir a coisa pública e à maneira de fazer politica através da simples convicção que todos devemos participar, e se tivermos uma sociedade participativa, teremos melhores politico, governantes, e resultados…enfim, melhor qualidade de vida, melhor economia, melhor estado social, melhor país.
ResponderEliminarÉ incrível como ainda há gente que se preocupa, age/participa de alguma forma, tenta dinamizar (através do seu blog) a participação alheia e partilhar as suas preocupações, e o mais incrível, de forma gratuita, sem interesses materiais, particulares, recusando inclusivamente a proposta feita, por um politico candidato a exercer um mandato como presidente da câmara de Silves. Quem é que recusaria tal proposta, conseguindo desta forma um tacho?! Provavelmente poucos! Não ponho em causa, que se tivesse aceite, os seus princípios se alterassem, mas ainda assim demonstra a convicção dos mesmos e não compactua com poluída forma de fazer politica em Portugal. Os meus Parabéns! Talvez quando tivermos muitos como você, e a sociedade em massa a participar, isto melhore!
O meu caro amigo é um sonhador, ainda acredita em fadas e julga que o mundo só tem uma cor a rosa
ResponderEliminarAssino em baixo de Poirot, fazendo minhas as suas palavras! Parabéns, JJJ!
ResponderEliminarDepois de ler o texto e compulsados os comentários, logo de inicio um tal "sin ce" recorda-me a fábula da raposa vendo as uvas penduradas na parreira e fora do seu alcançe:"Estão verdes, ninguém a traga!
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