terça-feira, 29 de julho de 2025

“Quem Precisa de Toldo Quando se Tem Promessas?”

Há coisas em falta que quase ninguém nota. Um quadro na parede, uma tampa de esgoto, a paciência para ouvir discursos de campanha. Mas um toldo no parque infantil? Esse, meus caros, até as crianças percebem que faz falta. Desde que retiraram o dito cujo — há meses, sublinhe-se, porque na administração pública o tempo é uma entidade mística — os miúdos e os pais ficaram entregues à torreira do sol, como se estivessem a participar num reality show: “Quem derreter primeiro perde!” Dizem as más línguas que alguém na Câmara de Silves ou na Junta de Freguesia decidiu que o toldo já tinha cumprido o seu papel. Talvez porque não têm filhos nem netos. Ou, quem sabe, porque só passam pelo parque à noite, quando vêm de blazer engomado para se mostrar nos espetáculos em ano de eleições. O mais irónico? Se olhassem bem durante a noite perceberiam que o parque está tão mal iluminado que mais vale levar uma lanterna de campismo. Mas luz, sombra ou conforto para as pessoas? Isso não entra no cartaz eleitoral. Enquanto isso, as crianças continuam a brincar ao sol, os avós procuram sombra como nómadas no deserto e o tal toldo — que faria tanta falta — tornou-se uma lenda urbana.

Sem comentários:

Enviar um comentário