“Pela primeira vez a nível mundial, um tribunal reconhece uma relação causal entre o uso inapropriado do telemóvel e um tumor cerebral”, frisam os advogados dos arguidos
por Alexandre Costa in: Expresso, 21.04.2017
Num veredicto inédito, um tribunal da cidade italiana de Ivrea determinou esta quinta-feira a atribuição de uma pensão de 500 euros mensais a um executivo, por considerar que os longos períodos passados por este a falar ao telemóvel, por causa do seu trabalho, lhe causaram um tumor cerebral.
Roberto Romeo, de 57 anos, testemunhara no julgamento que ao longo de 15 anos passou diariamente cerca de três horas ao telemóvel devido ao seu trabalho na Telecom Italia. “Não tive alternativa senão usar o telemóvel para falar com colegas e organizar o trabalho – durante 15 anos, fazia chamadas o tempo todo, de casa e do trabalho”, afirmou.
“A determinada altura, comecei a sentir o meu ouvido direito a ficar bloqueado o tempo todo e o tumor foi diagnosticado em 2010. Felizmente era benigno, mas eu já não consigo ouvir nada do lado direito porque na operação tiveram de remover o meu nervo acústico”, acrescentou.
Um especialista médico calculou que com o tumor Romeo tenha perdido 23% das suas funções corporais, o que levou o juiz a determinar que passe a beneficiar da pensão atribuída a acidentes de trabalho.
“Pela primeira vez a nível mundial, um tribunal reconhece uma relação causal entre o uso inapropriado do telemóvel e um tumor cerebral”, referem os seus advogados Stefano Bertone e Renato Ambrosio, numa declaração.
Sem querer demonizar os telemóveis, Romeo considera que “todos nós temos de estar mais conscientes sobre o modo como os utilizamos”.
A maioria dos estudos sobre este tema refere que o uso moderado dos telemóveis não representa risco substancial para a saúde, mas alguns especialistas frisam que ainda é cedo para se saber dos efeitos de uso intensivo a longo prazo.
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