segunda-feira, 8 de agosto de 2016
É bonita a festa, pá! Fico contente, mas quanto baste!
Diz o povo que “Quem em Agosto ara, riquezas prepara”, mas é a mesma sabedoria popular que adverte que: “Por um cravo se perde uma ferradura, por uma ferradura um cavalo, por um cavalo um cavaleiro, por um cavaleiro um exército inteiro”
Isto a propósito do clima de festa permanente que hoje em dia se vive nas noites de Armação!
O clima de festa é bem vindo sobretudo durante o mês de Agosto, aquele que, sem qualquer dúvida, reúne a preferência dos portugueses –a larguíssima maioria dos “banhistas” - para recarregar baterias.
Tal clima é igualmente bem vindo em Armação de Pêra que de há muito tem sido caracterizada por uma certa incapacidade de retribuir aos seus inúmeros simpatizantes demonstração suficiente de como são importantes para a sua economia, deixando para o “sol e mar” toda a despesa de representação, promoção e gratidão. Apesar dos muitos “handycaps” que o modelo de desenvolvimento por que optou lhe deixaram.
Sem pretender curar de saber que orçamento da Junta de Freguesia comporta esta despesa e que receita a sustenta, acreditamos que um bom gestor de eventos poderá conseguir uma realização sustentável que não ameaçe o equilíbrio orçamental que, hoje em dia, constitui preocupação de todos nós.
O nosso foco é outro!
Sabemos que a restauração constitui, hoje mais que nunca dada a crise da construção civil, certamente o maior numero de empresas locais, certamente o maior empregador, certamente o sector empresarial maior contribuinte liquido directo, seja de IVA, seja de IRC, seja da Segurança Social, e indirecto, seja por via do IRS dos empregados e senhorios que retem e entrega ao erário público.
Sem esquecer os direitos de autor e a derrama municipal (A taxa geral de Derrama, lançada pelos diferentes municípios, pode ascender até 1,50%, sobre o lucro tributável do exercício, antes da dedução de prejuízos fiscais reportáveis,
hoje em dia não incidente no conselho de Silves, mas tal circunstância não constitui garantia para o futuro)
Sabemos também que o arrendamento estável dos estabelecimentos permite ao senhorios o pagamento do IMI sem sobressalto e nesse sentido, como nos outros já referidos, a sustentabilidade das empresas da Vila, aquelas que asseguram as receitas que referimos, são desejáveis e absolutamente necessárias à despesa pública realizada na mesma.
Sabemos igualmente que a intervenção do Estado na economia já teve melhores dias, mas não esquecemos que, atenta a importância, infelizmente não decisiva, das elites económicas nacionais para inverterem o curso da recessão que objectivamente vive a nossa economia, “isto sem o Estado não vai lá”, quer gostem os neo liberais quer não gostem, é um facto!
E a intervenção do Estado na economia não tem necessariamente de colidir com a sacramental “economia de mercado” ou determinar maior despesa, isto é, determinar mais empréstimos externos para sustentar os desmandos da despesa pública como muitos neo liberais gostam de apregoar, com fundamento ou não, com justificação ou não.
Aterrando na incipiente economia da Vila e na aplicação de todos estes factos ou conjecturas às festas de Armação, ocorre-nos perguntar aos organizadores dos eventos porque razão são emitidas tantas licenças para tendas de restauração, com esplanadas e tudo o resto?
Para explorarem o mercado exactamente no mês de Agosto, mês durante o qual a grande maioria dos empreendedores locais – precisamente neste sector - se desforra de um ano habitualmente parco de receita que os sustente e aos seus inúmeros compromissos, o que aliás motiva, em geral, o seu encerramento sazonal?
Sabem os organizadores dos eventos que até o Snr. Belmiro de Azevedo, nos seus Centros Comerciais, não aceita qualquer número de comerciantes por sector de actividade?
É que para um empreendedor profissional e de sucesso, o êxito dos seus clientes é o seu próprio êxito!
Não seria curial pensar e agir em conformidade com estes princípios salutares do capitalismo, para beneficio da sustentabilidade das empresas da Vila e com ela da economia local e da receita pública?
Será que a motivação da festa é tão só a própria festa?
Ou será que a festa não visa, no essencial a economia da Vila quer mediata quer imediatamente, mas sim outras finalidades, designadamente de performance pessoal que nada têm que ver com a Vila e muito menos com a sua economia, preparatórias de outras festas?
É que mesmo a política do Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, sendo o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio [frase com origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento] carece de pão.
E, convenhamos,por esta via cá dê o pão para a economia de Armação?
A concorrência é saudável, os donos dos restaurantes foram convidados pela organização do evento, mas dava muito trabalho.
ResponderEliminarPor isso vieram os de fora.
Ouvi dizer que preferem os de fora, porque nesses sacam à bruta. do tipo 2050,00 por cada comes e bebes! Isto é o euromilhões para uns e outros são entregues a pão e água durante o inverno, porque tiram-lhes os clientes no verão!
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