quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Entrevista (Parte II):O xico-espertismo é a contrafacção da inteligência!



BC – Mas os partidos são um mal necessário?
X – Claro que são necessários. Não há democracia sem partidos ou sem classe politica. O problema não reside nas instituições democráticas, e seus modelos de abordagem dos problemas. O mal está nos vícios e descaminhos das suas vocações. O mal é, se quiser, da contrafacção!

BC – Mas, como é possível, “furar” esse cerco da contrafacção?
X – Pelo trabalho sério, dedicado e esclarecido. Se assim não for não teremos futuro!

BC – Mesmo na Oposição?
X – Sobretudo na oposição. Quem se pretende candidatar tem de conhecer os “dossiês” e conhecendo-os...não há como não tomar posição. Os governos tem de se preparar exactamente na oposição.

BC – E no poder?
X – No poder haverá que agir atacando, com seriedade e elevado sentido de responsabilidade, os problemas e, avaliando sempre com rigor os interesses predominantes em causa, agir em conformidade com os mesmos, na medida do orçamentalmente possível.
Só uma pedagogia do exemplo, tão participada quanto possível, permitirá augurar um futuro melhor, designadamente através de representantes do povo mais fieis aos mandatos.

BC – Você é um ingénuo ou um candidato sem qualquer perspectiva de êxito?
X – Nem uma coisa, nem outra, se me permite. É precisamente na centração nessa dualidade que se perde o concurso de excelentes mandatários para a causa pública.
Até quando vamos conceder ao xico-espertismo a aura de inteligência? O xico-espertismo é a contrafacção da inteligência!

BC – Mas convenhamos que quem não promete não augura uma conquista eleitoral. É uma regra de ouro na politica, ou não?
X – É verdade que assim costuma ser, sobretudo ao nível nacional. Os nossos dois últimos primeiros-ministros prometeram não aumentar os impostos e foi o que se viu. Porém, ao nível local, sobretudo ao nível da Freguesia, penso que o “pulso” do candidato é medido, ou pode, ou deve, ser medido com outro rigor.

BC- Mas, olhemos o exemplo de Armação de Pêra, o Presidente da Junta, que será um bom homem, jamais revelou qualquer competência para o cargo, jamais apresentou quaisquer resultados, nem as contas dentro dos prazos legalmente estipulados apresenta, para além de absolutamente ausente no que às principais questões da Vila diz respeito, será que os eleitores de Armação lhe mediram o pulso, para usar a sua terminologia, e o reelegeram por mérito?
X – Claro que não. O efeito das marcas partidárias e do posicionamento das pessoas em função de lealdades ao emblema não são bons conselheiros e só por sorte correm o risco de acertar.
Este é um dos “handicap” gerado pela “clubite” partidária, isto é, alguma falta de maturidade democrática.
Com o peso da má gestão dos Governos a entrar pelo bolso adentro dos portugueses, acredito que esta maturidade vai sofrer um aperfeiçoamento rápido.
As pessoas vão passar a querer saber melhor o que os eleitos fazem com o seu dinheiro! Melhor ainda: as pessoas começam a saber agora que é o seu dinheiro que mantém todo o circo em que as gestões perdulárias têm vivido. Que é em si e na sua capacidade de contribuir que assenta o pais. E que se se desperdiça é sempre o mesmo que paga: o cidadão-contribuinte.
O futuro é inevitavelmente mais participativo. E esses senhores começam a perceber que o exercício dos cargos vai passar a fiar mais fino!

BC – Mas vai demorar certamente?
X – Só demorará o que a comunidade dos cidadãos permitir!

BC – Voltemos a Armação. Se vier a candidatar-se e tiver êxito, vai ser o Vítor Gaspar da nossa história?
X – Não. Longe disso. Pode ser-se rigoroso nas contas sem se ser financeiro! Isto é: economicamente míope.

Sem comentários:

Enviar um comentário