quinta-feira, 26 de abril de 2012
Reformar ou não reformar, eis a questão!
São já, digamos que inúmeros, os economistas, estrangeiros e nacionais, de pequeno, médio e grande prestigio, que vaticinam, perante a evidência dos números, o facto de Portugal vir a necessitar muito proximamente de novo empréstimo, o qual, se Deus quiser (e só se Ele quiser, atente-se!)terá outras condições, sobretudo em matéria de prazo para o respectivo reembolso.
O Governo insiste em que não vai ser necessário e que tudo vai bem no quartel de Abrantes!
Portugal e os portugueses em geral são um pais e um povo fiel(e tementes) a Deus, razão pela qual, acreditamos que tal venha a suceder!
Com a mesma "fezada"acreditamos que Portugal ainda venha a surpreender (uma vez mais...) o mundo, com a descoberta (uma vez mais...) de petróleo no seu território.
Alguma coisa nos diz que, prestes que se encontra do esgotamento a última colónia - a teta europeia - ainda não é desta o fim da linha. É uma fezada está claro! Mas, na costa algarvia, já dispomos de gás natural para quinze anos de consumo. É um sinal que, se não é Divino é pelo menos divinal para a nossa balança comercial.
E o mesmo virá a suceder com o ouro negro. Acreditem! E não só por razões religiosas...mas também, e sobretudo!
Na verdade, se este povo que é o nosso, tem conseguido, ao longo destes últimos 900 anos (com uma pesada mas curta excepção- os espanhois, lembram-se-)independente politicamente, sem ter uma classe política especialmente dotada para a gestão da coisa pública, sem uma classe empresarial especialmente poderosa, numa palavra: sem elites, e só (o que neste pais parece ser o suficiente) com um povo especialmente sereno e tolerante (com algumas, firmes e sintomáticas, excepções que confirmam a regra), tem razões para se sentir tão angustiado quanto orgulhoso.
Orgulhoso porque, sem elites verdadeiramente à altura do seu percurso e realizações históricas, conservou a sua independência, respondendo -sempre- aos desafios históricos que a ameaçaram com empenho e sucesso.Entretanto, com uma capacidade de resistência incrível, vai conseguindo sobreviver à incompetência habitual e, a espaços, à verdadeira imbecilidade das suas elites.
Angustiado porque as suas "elites" nunca foram capazes de estruturar e desenvolver uma economia forte, malbarataram sistematicamente a enormidade de recursos que tiveram à sua disposição ao longo de séculos de exploração das riquezas coloniais, as quais fizeram encaminhar, pela via do consumo e do novo-riquismo, para a sustentabilidade da industria europeia, a quem também ofereceram outras enormidades de, por exemplo, conhecimento cientifico, que nem aproveitaram, nem venderam sequer.
Estas riquezas extremas e as extraordinárias condições competitivas que os recursos disponíveis permitiam e que diferenciaram o poder régio português ( A Coroa portuguesa ao tempo de Manuel I era mais rica que a Coroa inglesa e, naturalmente a mais rica da Europa), não contribuiram para melhor bem estar dos portugueses, o que, atenta a época, é compreensível.
Já completamente incompreensível é o facto de não terem contribuído de forma decisiva para a criação de uma elite económica que pudesse vir a promover o desenvolvimento e a sustentabilidade do pais.
Igualmente incompreensivel foi o facto do poder real, dispondo de tamanhos meios, pouco ou nada ter feito para alicerçar e estruturar um estado economicamente forte, pouco ou nada tenha feito para incrementar a educação do seu povo, malbaratando a suas riquezas no pérfido caminho da afirmação efémera do seu poder económico (D. João V, deu instruções ao embaixador de Portugal em Roma nos seguintes termos: Gastai!Gastai!Gastai! e se não houverde onde gastar deitai o dinheiro ao Tibre para que se saiba em Roma da grandeza (da estupidez dizemos nós) do Rei de Portugal!)(Os escultores de Roma estiveram a trabalhar durante oito anos, em exclusivo, para o Rei de Portugal)
Nesta mesma altura, para construir o Aqueduto das Águas Livres, D. João V não hesitou em aumentar os impostos ao Povo!
A Republica politicamente carregada de bons princípios, não logrou proporcionar uma alteração substancial na economia e trouxe para as lides democráticas e para a dinâmica do poder a dimensão miope de uma classe política inculta, provinciana e paroquial, com honrosas mas insuficientes excepções.
A ditadura salazarista pela via da autoridade e do terror, saneou a democracia, arrumou a casa, alicerçou e estruturou, pela primeira vez, um Estado moderno, com as contas em dia e conservou com orgulho a dinâmica rural da nossa economia.
A esperança da liberdade política nascida com Abril mantem-se, mas a esperança de sermos uma economia europeia esfumou-se depois de esgotados os fundos europeus, malbaratados pela incompetência das mesmas elites.
O que tem sido comum em todas estas fases, aquelas aqui grosseiramente divididas, por parte das elites, tem sido o transversal abuso das nossas inteligências!
Como, atento o passado histórico das mesmas, não é expectável que melhorem significativamente e dado o facto de termos evidenciado, ao longo de 900 anos, não sermos assim tão idiotas, não será altura dessa gentinha, comprovadamente poucochinha, propondo-se reformar o pais, começar por se nos dirigir com outro respeito pelas nossas inteligências?
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